16.04.2013 Views

prosa - Academia Brasileira de Letras

prosa - Academia Brasileira de Letras

prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A língua literária<br />

to, <strong>de</strong> vigência. Assim, um dialeto local tem vigência no âmbito local; e o estilo<br />

familiar, no âmbito da família; não também fora <strong>de</strong>sses âmbitos. A esfera <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong><br />

da língua comum abrange virtualmente toda a comunida<strong>de</strong> idiomática. E a<br />

língua exemplar (ou “língua padrão”) é uma segunda língua comum que se estabelece<br />

por cima da língua comum (no caso duma língua comum diferenciada regionalmente<br />

e/ou socialmente), como forma i<strong>de</strong>almente unitária da mesma, pelo<br />

menos para aquelas tarefas é ativida<strong>de</strong>s (culturais, políticas, sociais, educacionais)<br />

que são (i<strong>de</strong>almente) tarefas e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> idiomática.<br />

Com isto, a língua exemplar confirma a coesão e a individualida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong><br />

correspon<strong>de</strong>nte a uma língua históricaeéaexpressão mais eloqüente da unida<strong>de</strong><br />

étnico-cultural da comunida<strong>de</strong> idiomática. A língua literária, finalmente, é o<br />

estilo – ou, melhor, o “registro” (conjunto <strong>de</strong> estilos) – mais elevado da língua<br />

exemplar; nas nossas comunida<strong>de</strong>s é também a oficina on<strong>de</strong> constantemente se<br />

experimenta e se elabora a exemplarida<strong>de</strong> idiomática e, ao mesmo tempo, a concreção<br />

por antonomásia da língua exemplar.<br />

A congruência, a correção, a solidarieda<strong>de</strong> e o apropriado são valores culturais<br />

(ou socioculturais) do falar, mas são valores <strong>de</strong> signo zero ou <strong>de</strong> simples<br />

suficiência, já que, em cada caso, não implicam nada mais do que a conformida<strong>de</strong><br />

com uma norma: com um “<strong>de</strong>ver ser” suficiente. A exemplarida<strong>de</strong> idiomática<br />

– pelo prestígio <strong>de</strong> que goza e as funções a que está <strong>de</strong>stinada a língua<br />

padrão – é um valor sociocultural autônomo. Em particular, a língua literária<br />

po<strong>de</strong> representar, na forma mais evi<strong>de</strong>nte e imediata, a coesão com a tradição<br />

cultural da comunida<strong>de</strong> e, ao mesmo tempo, o dinamismo interno da língua –<br />

a enérgeia ou criativida<strong>de</strong> ínsita em todo sistema lingüístico – além do “<strong>de</strong>ver<br />

ser” suficiente, é um valor cultural pela língua exemplar e pela língua literária –<br />

preferência não imposta por “autorida<strong>de</strong>s”, mas espontânea em todo falante<br />

“reflexivo” e, no plano metalingüístico, a normativida<strong>de</strong> e a planificação lingüística<br />

(a construção <strong>de</strong>liberada da língua exemplar).<br />

A hierarquização ingênua das línguas (e das modalida<strong>de</strong>s internas das línguas<br />

históricas) e a normativida<strong>de</strong> dogmática e vulgar são, sem dúvida, atitu<strong>de</strong>s<br />

errôneas e criticáveis. A hierarquização ingênua interpreta erroneamente a<br />

197

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!