prosa - Academia Brasileira de Letras
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A língua literária<br />
lícito empregar em qualquer âmbito as formas “corretas” num âmbito <strong>de</strong>terminado:<br />
que cada qual seja “livre <strong>de</strong> falar como quiser” em qualquer circunstância<br />
e em qualquer âmbito, também no âmbito e ao nível próprios da língua<br />
exemplar.<br />
O “liberalismo” lingüístico é, no fundo, um falso liberalismo; não promove<br />
a liberda<strong>de</strong>, mas sim o arbítrio. E não é, como alguns pensam (ou dizem sem<br />
pensar) uma atitu<strong>de</strong> “progressista”, “tolerante” e “<strong>de</strong>mocrática”, mas sim uma<br />
atitu<strong>de</strong> reacionária e profundamente anti<strong>de</strong>mocrática, já que ignora a dimensão<br />
<strong>de</strong>ôntica da linguagem (ignora e <strong>de</strong>spreza a aspiração a falar “melhor” e<br />
“como os melhores”, aspiração genuína <strong>de</strong> todo falante consciente do seu ser<br />
histórico) e aceita tacitamente a exclusão dos falantes <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s não<br />
exemplares da cultura maior da nação.<br />
Em suma, parafraseando uma sentença <strong>de</strong> Ortega: muito pior do que as<br />
normas rigorosas é a ausência <strong>de</strong> normas, que é barbárie.<br />
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