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– Vai agora, vai! Vai mais! Vai! Vai!<br />

Suas ordens eram imperativas, e minha ânsia e meu desejo eram também os<br />

dela, devo ter dado um urro quando ela executou uma última explosão de força em<br />

que nos pressionamos avidamente até nos deixar cair completamente relaxados. Colei<br />

o rosto no de minha doce Maria Clara, e ali ficamos a acariciar e sentir os corpos um<br />

do outro.<br />

Minha psicanalista<br />

Eu sabia que estava surtado, invadido, tomado pela tensão extrema que me<br />

impedia pensar; os mesmos estranhos pensamentos retornando, retornando,<br />

incontroláveis e intensos. A confusão me invadia, a razão ia me abandonando e eu me<br />

fixava em uma única certeza para me agarrar ao mundo: minha psicanalista.<br />

Tinha passado a tarde inquieto, aguardando a hora marcada com ela, a tensão<br />

constante me torturando, os minutos arrastados, imensos, que nunca passavam. Mas<br />

eu estava atrasado. Como poderia estar atrasado? Tinha passado toda a longa tarde<br />

torturante esperando a hora de sair.<br />

Corri para o carro; liguei a ignição e saí apressado. O trânsito estava bom, e eu<br />

autorizado a usar minhas habilidades mágicas para contornar eventuais percalços.<br />

Conferi o relógio pela trigésima vez: atrasado. A estranha contração do tempo me<br />

intrigava, procurava uma explicação.<br />

Cheguei rapidamente à grande reta que me levava à casa da psicanalista,<br />

acelerei de verdade, quase 200 na pista vazia.<br />

Estacionei e bati a porta do carro com mais força que o necessário. Entrei pela<br />

porta secundária que dava para o consultório, colado na casa da psicanalista. 13<br />

minutos de atraso, dentro da tolerância de 15, após os quais eu perderia a consulta.<br />

Cruzei a sala de espera, bati à porta e entrei simultaneamente no consultório, para<br />

minha surpresa, vazio. Ela deveria estar ali me esperando.<br />

A tensão tornou a me inundar; qual o significado daquela ausência? Por que ela<br />

não estava me aguardando no consultório? Impedido de sentar, pela tensão, percorria<br />

o vasto consultório, indo e voltando como animal enjaulado. Consultei o relógio uma<br />

vez mais, a tolerância de 15 minutos estava prestes a se esgotar; a tensão atingiu<br />

extremos; coloquei a mão na maçaneta da porta que dava para o interior da casa e<br />

testei: estava aberta.<br />

Nunca havia entrado lá, era a casa da psicanalista. A sala estava vazia. Chameia<br />

pelo nome, timidamente, e entrei. Dei mais uns passos até a sala seguinte,<br />

chamando-a uma vez mais com a voz insegura. Adentrei a sala, encontrando-a<br />

deitada no sofá, com uma das pernas repousando acima do encosto; os olhos<br />

fechados. Caminhei até ela sem saber o que fazer, ela dormia.<br />

Sentei ao seu lado, com os olhos grudados no peitão insolente apenas meio<br />

coberto pela blusa decotada. Analisei a coxa desnuda subindo pelo encosto do sofá. O

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