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A moça pensava no rapaz: moço direto, talentoso, misterioso... nunca tinha<br />

visto seu rosto, nem em fotos, o que atiçava a curiosidade até quase o insuportável.<br />

Quem seria ele? Seria mesmo um rapaz? um senhor?<br />

A continuação do texto chegou pelo correio eletrônico já no dia seguinte.<br />

Sentiu ter recebido a bola como havia tocado, bem redondinha; estavam começando<br />

uma história juntos, agora eram os sonhos!<br />

Criou um corpo para ela, só lhe conhecia o rosto, e sonhou; imaginou a moça<br />

morena e bonita que aparecia confiante e segura na única foto que dispunha...<br />

Chegava na praia quase deserta de um dia nublado. Caminhou obliquamente na<br />

direção da desnecessária barraca azul fincada na areia a funcionar como senha:<br />

aquele era ele.<br />

Encontros às cegas trazem certa apreensão: o risco de as expectativas fundadas<br />

em sonhos superarem a realidade nua é grande; muito provável que ao menos um dos<br />

dois idealize o melhor de todos os mundos. Mas não era o caso, e lá estava a morena<br />

caminhando decididamente em sua direção. Cumprimentaram-se com grande<br />

curiosidade, analisando e sorvendo cada detalhe do outro: rosto, corpo, gestos.<br />

Sorrisos e alegria; pareciam se conhecer havia tempos e já sentiam enorme<br />

intimidade.<br />

Ela tirou a roupa com certo vagar, dando um tempo para ser observada com<br />

atenção. Foi talvez nesse momento que algo estranho começou a ocorrer: a respiração<br />

do homem descompassava nitidamente, parecendo faltar-lhe ar, o que não passou<br />

despercebido pela moça, embora ela nada tenha comentado; mesmo assim pareceu ter<br />

sido levada pela mesma falta de ritmo que agora embalava o peito de ambos.<br />

Estendeu uma canga na areia e o convidou a sentar ao seu lado.<br />

A conversa era composta mais por risos que por palavras, cujo sentido parecia<br />

diluído pela curta distância entre ambos. Mas havia um encantamento, e as palavras<br />

soavam como música, melodia dulcíssima acompanhada pelo som das ondas.<br />

Embora nenhum dos dois percebesse o dia era frio, mas se eles não o notavam,<br />

seus corpos percebiam e se encolhiam, e quando estavam quase juntos sentiram o<br />

agradável calor um do outro. Então os dois se tocaram gerando um turbilhão de<br />

emoções impulsionadas por corações indomáveis a querer roubar a cena, pulsando<br />

intensamente e muito acima do local devido, ocluindo o pescoço e impedindo com<br />

isso a articulação das palavras, que findaram deixando a percussão marcante do<br />

coração determinar o ritmo dos acontecimentos, marcado também pelo marulho e<br />

pelos lábios entreabertos.<br />

E nesse ritmo ambas as bocas se buscaram e se encontraram, enquanto as mãos<br />

acariciaram freneticamente os corpos, e os puxaram no intuito absurdo de se<br />

diluírem, de se entranharem até mesclá-los ali sobre a areia, fundindo-os em um<br />

único ser a delirar de prazer.<br />

Redigiu convite muito simples para um encontro na praia e o enviou à moça,<br />

juntamente com a história ao mesmo tempo sonhada e escrita.<br />

O convite dizia:<br />

Oi Nathalia,<br />

Não revi esse texto que deve conter erros e certamente pode ser melhorado.

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