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mais cândida alegria. Enfiou-se na cama, e enquanto se esforçava por se cobrir,<br />
bisonhamente vexado, a menina se empenhava em fazer o exato contrário, expondo-o<br />
o mais que pudesse, até que não restasse outra opção que não a rendição. Ainda<br />
encolhido, buscou coragem para fixar os olhos medrosos e arregalados na menina,<br />
que na maior desfaçatez perguntou:<br />
– Para que esses olhos tão grandes, vovó?<br />
Ao que, com voz trêmula e em falsete, e depois de uma pausa que lhe pareceu<br />
absurdamente longa e torturante, Lobão se viu compelido a responder:<br />
– São para te ver melhor.<br />
Certas vicissitudes acabam por se revelar tremendamente apropriadas, e os<br />
brevíssimos segundos necessários para a resposta foram suficientes para que Lobão<br />
finalmente tomasse pé da situação e prestasse atenção ao generoso decote de<br />
Chapeuzinho que, sentada a seu lado, se debruçava sobre seu corpo seminu coberto<br />
por um lençol. Confiante e ousada, a moça retirou abruptamente o lençol que o<br />
cobria, deixando à mostra o corpanzil do rapaz, coberto apenas pelo ínfimo roupão<br />
muito leve. Foi a vez de Chapeuzinho surpreender-se. Toda arregalada a jovem<br />
exclamou:<br />
– Hã, Lobão...<br />
E com os olhos cravados no volume que começava a se destacar do corpo do<br />
rapaz, perguntou:<br />
– E para que esse negócio tão grande?<br />
Nesse mesmo instante a coisa pareceu ter crescido ainda mais, até escapulir<br />
repentinamente brotando fora do minúsculo traje do rapaz, enquanto ele respondia<br />
com voz grave e rouca:<br />
– É pra te comeeeer!<br />
E puxou a menina arregaladíssima pelos ombros, para mordiscar-lhe o pescoço<br />
enquanto a apalpava inteira, e a comprimia com avidez por sobre seu corpo.<br />
Sobre o olhar de Carmem<br />
Para todos os que não conhecem Carmem, parecerá absolutamente<br />
inacreditável e remota a possibilidade de que seus olhos sejam a origem do fogo do<br />
sol, e assim, consequente e indiretamente, a fonte de toda a luz que ilumina, e do<br />
calor que aquece a totalidade das coisas em torno. Tal consideração, racional e justa,<br />
se baseia simplesmente no pressuposto indiscutível de que a consequência não pode<br />
nunca superar a causa, o que torna inverossímil a suposição de que o simples olhar de<br />
algum ser mortal pudesse originar tão portentosa fonte de luz e energia.<br />
Os que conhecem Carmem e viram seus olhos, no entanto, considerarão a<br />
plausibilidade de conjetura tão insólita, e, não sendo cegos, concederão que o breve<br />
argumento exposto acima, que aduz à preponderância do mais forte sobre o mais<br />
fraco, não se impõe com absoluta confiança quando se compara o sol e o olhar de<br />
Carmem.