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Juliana<br />
Um escritor costuma usufruir poucas e merecidas regalias. Certa noite eu<br />
conversava pela rede com uma moça ao meu modo usual, jogando umas iscas<br />
eventuais aqui e ali, e a conversa começou a ficar mais interessante que de costume,<br />
quando ela me disse que iria ler minhas histórias eróticas na cama, considerando esse<br />
o local mais apropriado para tal leitura. Emendei dizendo que eu bem poderia ler para<br />
ela, e quando respondeu dizendo adorar que lessem para ela na caminha, fui<br />
imediatamente tomado pelo arrebatamento que me controla em tais ocasiões.<br />
Só posso inferir o que se passa comigo em tais momentos. Tenho a forte<br />
suspeita de que minha natureza símia se apossa de mim, guiando minhas ações e<br />
gestos. Imagino a mim mesmo transtornado, transformado em um ser atávico, uma<br />
criatura simiesca a emitir ruídos rústicos e a saltitar selvagemente, tudo isso<br />
inebriado, descontrolado por umas poucas palavras pronunciadas ou escritas.<br />
Suponho-me, nesses casos, um troglodita a emitir os mesmos grunhidos ancestrais,<br />
talvez babando boquiaberto, tomado por sentimentos bestiais.<br />
Juliana era uma gostosa de 1,74 m, jogadora de vôlei, bonitona, deliciosa.<br />
Enquanto conversávamos à distância, comecei a imaginá-la deitada em minha cama,<br />
à espera da historinha erótica. Fantasiei-a vestida em uma roupinha meio infantil, um<br />
baby-doll incapaz de conter seu corpanzil exuberante, a transbordar por toda a roupa.<br />
Imaginava a gatona coberta apenas por uma tênue camisola, curtíssima, até a barriga,<br />
e uma calcinha do mesmo tecido, translúcida, aguardando minha historinha, semiencoberta<br />
por lençóis movediços e não muito atentos às suas partes, permitindo a<br />
exposição de coxas e barriga, além de eventuais aparições da bunda e dos peitinhos<br />
suculentos, buscando acomodação na roupinha ao mesmo tempo pequenina, solta e<br />
transparente. Outras visões ainda mais enlouquecedoras se insinuariam de maneira<br />
fugaz, ocultando-se sob o lençol pouquíssimo categórico.<br />
Enquanto eu delirava com as possibilidades sugeridas pela gostosa, deixando<br />
minha mente explorar possibilidades fantásticas, a conversa se estendeu tomando<br />
rumos cada vez mais palpáveis e alucinantes. Vi-me convidando a gostosa para ouvir,<br />
em minha cama, a história que eu escreveria especialmente para a ocasião!<br />
Não sei se Juliana sabia o quanto me conturbava com aquela conversa, se<br />
percebia que quase me afogava, descompassando minha respiração, roubando meu<br />
fôlego, alucinando minha mente, controlando meu corpo, transformando-me em um<br />
zumbi, um autômato guiado por suas palavras, seus sorrisos, seus olhares e gestos,<br />
vistos ou apenas imaginados, e que apenas uma simples sugestão de seu sorriso<br />
expressa em letras na tela me fazia derreter até o chão, mas sou capaz de apostar que<br />
ela sabia exatamente o quanto me controlava.<br />
Assim, eu me vi compelido a escrever a história. De um modo geral, prefiro<br />
não planejar o que escrevo, deixando ao sabor dos delírios momentâneos o desenrolar<br />
dos enredos grafados por meus dedos de uma maneira, usualmente, quase<br />
psicográfica. Tinha certeza de que a presença da gostosa me arrebataria e me levaria a<br />
imaginar as mais deleitosas sensações, no entanto, me via obrigado a escrever algo<br />
com base apenas na imaginação. De qualquer forma, o plano era simples: iniciar uma