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Download do Livro - Moa Sipriano

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O Homem <strong>do</strong> Cemitério sorriu, satisfeito pelo seu número de circo ter da<strong>do</strong> certo. Ele nos<br />

deixou a sós, in<strong>do</strong> se refugiar na minha cozinha, fechan<strong>do</strong> com delicadeza a porta de vidro que<br />

separava os <strong>do</strong>is ambientes.<br />

Eu olhava para Sepp e precisava tirar a prova <strong>do</strong>s nove. Ajoelhei-me junto daquele corpo que<br />

tinha textura, cheiro, cor, brilho e amor, muito amor.<br />

Não perdi tempo em indagações filorreligiocientíficas. Tasquei um beijo naquela boca e fui<br />

agracia<strong>do</strong> com uma língua quente, quase ferina, a perscrutar toda a extensão <strong>do</strong>s meus lábios,<br />

boca, queixo, olhos, pescoço e adjacências.<br />

Rolamos pelo chão, derruban<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> o que se encontrava em nosso caminho. Chorávamos e<br />

ríamos e nos uníamos como se fosse a primeira e a última vez. Naquele raro momento, o mun<strong>do</strong><br />

realmente podia ser dizima<strong>do</strong> por um arsenal de bombas nucleares, pois nada no universo seria<br />

capaz de estragar algo tão puro e tão... mágico que ocorria entre <strong>do</strong>is homens que tanto se amam,<br />

se desejam, se completam!<br />

Rasgamos nossas roupas e descobrimos juntos os prazeres <strong>do</strong>s nossos corpos sela<strong>do</strong>s numa<br />

união perfeita. Deixamos de la<strong>do</strong> a necessidade <strong>do</strong> meter para nos deliciarmos unicamente com<br />

nossas bocas e línguas famintas a devorar nossos corpos etéreos.<br />

Senti o gozo mais puro a descer pela minha garganta. Sepp degustou o mesmo de-leite na<br />

mesma sincronia em que nossos corpos despejavam nossas mais puras essências para fora e para<br />

dentro de nós mesmos – tu<strong>do</strong> ao mesmo tempo agora.<br />

Embebi<strong>do</strong>s na alquimia <strong>do</strong> suor, esquecemos o tempo e os limites <strong>do</strong> espaço, e<br />

aproveitávamos ao máximo a oportunidade de um recomeço, nem que para isso tivéssemos que<br />

passar mais alguns anos a aguardar o Grande Retorno.<br />

* * *<br />

Um “rã-rã” pronuncia<strong>do</strong> por uma voz que – definitivamente – não era desse mun<strong>do</strong> desfez<br />

nossa magia. Encobertos pela vergonha, tratei de cobrir a nudez <strong>do</strong> meu menino quan<strong>do</strong> nos<br />

deparamos frente a frente com o Homem <strong>do</strong> Cemitério.<br />

“Temos obrigações para cumprir. Sepp... está na hora!”, disse nosso protetor.<br />

Sepp me abraçou com força, quase que imploran<strong>do</strong> através <strong>do</strong> olhar de menino triste por<br />

mais alguns segun<strong>do</strong>s ao meu la<strong>do</strong>.<br />

Toma<strong>do</strong> por uma serenidade completamente fora da minha compreensão, me antevi aos fatos<br />

e pedi perdão pela confusão que eu havia causa<strong>do</strong>, culminan<strong>do</strong> com a morte física <strong>do</strong> meu ama<strong>do</strong>.<br />

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