17.04.2013 Views

POEMAS IRÔNICOS, VENENOSOS E SARCÁSTICOS Álvares de ...

POEMAS IRÔNICOS, VENENOSOS E SARCÁSTICOS Álvares de ...

POEMAS IRÔNICOS, VENENOSOS E SARCÁSTICOS Álvares de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

À or<strong>de</strong>m, Musa! Canta agora como<br />

O poeta Ali-Moon no harém entrando<br />

Como um poeta que enamora a lua,<br />

Ou que beija uma estátua <strong>de</strong> alabastro,<br />

Suando <strong>de</strong> calor... <strong>de</strong> sol e amores...<br />

Cantava no alaú<strong>de</strong> enamorado,<br />

E como ele saiu-se do namoro.<br />

Assunto bem moral, digno <strong>de</strong> prêmio,<br />

E interessante como um catecismo,<br />

Que tem ares até <strong>de</strong> ladainha!<br />

Quem não sonhou a terra do Levante?<br />

As noites do Oriente, o mar, as brisas,<br />

Toda aquela sua natureza<br />

Que amorosa suspira e encanta os olhos?<br />

Principio no harém. Não é tão novo.<br />

Mas esta vida é sempre <strong>de</strong>leitosa.<br />

As almas d'homem ao harém se voltam —<br />

Ser um dia sultão quem não <strong>de</strong>seja?<br />

Quem não quisera das sombrias folhas<br />

Nas horas do calor, junto do lago<br />

As odaliscas espreitar no banho<br />

E mais bela a sultana entre as formosas?<br />

Mas ah! o plágio nem perdão merece!<br />

Digam — pega ladrão! — Confesso o crime,<br />

Não é Ovídio só que imito e sonho,<br />

Quando pinta Acteon fitando os olhos<br />

Nas formas nuas <strong>de</strong> Diana virgem!<br />

Não! embora eu aqui não fale em ninfas,<br />

Essa idéia é do cônego Filipe!<br />

TERZA RIMA<br />

É belo <strong>de</strong> entre a cinza ver ar<strong>de</strong>ndo<br />

Nas mãos do fumador um bom cigarro,<br />

Sentir o fumo em névoas recen<strong>de</strong>ndo,<br />

Do cachimbo alemão no louro barro<br />

Ver a chama vermelha estremecendo<br />

E até... perdoem... respirar-lhe o sarro!<br />

Porém o que há mais doce n’esta vida,<br />

O que das mágoas <strong>de</strong>svanece o luto<br />

E dá som a uma alma empobrecida,<br />

49<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!