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Impressões - Ano 2 - N°5 - Ucg

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NOME DA SEÇÃO<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />

17<br />

Diferentes formas de amar<br />

Oclair e Maria são completamente diferentes nas escolhas amorosas, mas têm algo em comum: são<br />

felizes. Uma no aconchego do "casamento", outra, solteira, na vida agitada e surpreendente dos<br />

"ficantes". Maria, apesar de se divertir muito, acredita que chegou a hora de ter alguém do seu lado<br />

Reportagem:<br />

Galvão, Carolina Rodrigues e<br />

Giulliana Fagundes<br />

Edição:<br />

Diagramação:<br />

Luciana Castro<br />

Ahistória de amor de<br />

Oclair da Silva Brito, 54<br />

anos, é semelhante à de<br />

muitas mulheres de sua idade. A<br />

rigidez e a vigilância da tradicional<br />

família mineira apressaram<br />

o casamento de Oclair<br />

com Alípio Gomes de Brito. Aos<br />

14 anos, Oclair começou a<br />

namorar escondido com Alípio.<br />

Certo dia, uma vizinha descobriu<br />

sobre os dois e contou para a<br />

família da moça. A maneira<br />

despojada de se vestir, os cabelos<br />

longos e o emprego na televisão<br />

de Alípio eram vistos com<br />

desconfiança pela família de<br />

Oclair. Assim que descobriu o<br />

namoro, o pai, caminhoneiro,<br />

conservador, aplicou logo "o<br />

corretivo". Dias depois da surra<br />

em Oclair, o pretendente apresentou-se<br />

à família de cabelos<br />

curtos, barba feita, traje social, e<br />

pediu permissão para continuar<br />

com o romance.<br />

O pedido foi aceito com a<br />

condição de que o casal só se<br />

encontrasse aos sábados, das sete<br />

às oito horas da noite, dentro da<br />

casa da namorada. Depois de um<br />

ano de idas e vindas da casa de<br />

Oclair, Alípio desapareceu, retornando<br />

dias depois com um buquê<br />

de rosas, um vidro de perfume e<br />

uma proposta de casamento. Aos<br />

15 anos Oclair já estava noiva.<br />

Mas, apesar da preparação para a<br />

vida adulta, a menina ainda dividiu<br />

sua rotina entre as tarefas<br />

domésticas, a escola e as brin-<br />

cadeiras de amarelinha no quintal<br />

de casa.<br />

Felizes para sempre<br />

Atualmente, Oclair, que é<br />

pedagoga, trabalha como coordenadora<br />

em uma escola e como<br />

diretora em outra. Alípio, hoje<br />

com 64 anos, é técnico em audiovisual.<br />

Após 35 anos juntos, três<br />

filhos e uma neta de um ano, eles<br />

se consideram um casal feliz. O<br />

que, para eles, é fruto dos valores<br />

conservadores, preservados ao<br />

longo desses anos. Fidelidade<br />

conjugal, dedicação a casa e aos<br />

filhos, estabelecimento de rotinas,<br />

diálogo, sinceridade e hierarquia<br />

familiar são os alicerces do relacionamento.<br />

Segundo Oclair, a relação<br />

melhorou com o passar dos anos<br />

e com a entrada dos filhos na<br />

fase adulta. "É quando sobra<br />

tempo para aproveitarmos a<br />

companhia um do outro", diz<br />

sorrindo. "Nesta fase da vida<br />

conjugal, a paixão da juventude<br />

dá lugar à segurança do amor<br />

amadurecido pelos anos de companheirismo<br />

e de cumplicidade",<br />

revela. Para a esposa de Alípio,<br />

os pontos negativos da relação,<br />

na verdade, não são da relação.<br />

Ela aponta, principalmente, a<br />

inveja das outras pessoas como<br />

algo que atrapalha o relacionamento.<br />

"Muitas pessoas se sentem<br />

incomodadas com a nossa<br />

felicidade, em vez de se inspirar<br />

no nosso casamento como modelo<br />

a ser seguido", afirma.<br />

Dia de Maria<br />

Em termos de vida amorosa,<br />

Maria Gomes de Brito é o oposto<br />

de Oclair. Com 56 anos, Maria<br />

Crédito Foto:<br />

Espaço reservado para legenda da fotografia.<br />

não é casada e sai toda semana<br />

com seus amigos para contar<br />

piadas e conversar. Muitas<br />

vezes, o lugar escolhido para o<br />

encontro é uma roda de samba.<br />

"O pique não é mais o mesmo de<br />

quando eu era jovem, mas ainda<br />

adoro sair", afirma Maria. Ela<br />

passou 11 anos sem sair para<br />

cuidar da mãe, que ficou muito<br />

doente e dependente dela. Agora<br />

que a mãe faleceu, Maria sai<br />

todas às sextas-feiras com a<br />

turma. Para ela, os "amigos são<br />

como se fosse uma família".<br />

Maria sempre quis se<br />

realizar como mãe e não como<br />

esposa, por isso aos 34 anos<br />

encarou sozinha uma gravidez.<br />

O filho, Rafael, hoje com 24<br />

anos, não gostava das saídas de<br />

Maria no início, mas agora vai,<br />

junto com mãe, aos encontros<br />

com a turma. Recentemente,<br />

Maria conheceu Rui, de 70 anos,<br />

numa de suas saídas. Ele bem<br />

que tentou, mas ela não queria<br />

nada sério. Na semana passada,<br />

Maria conheceu outro homem,<br />

que despertou seu interesse.<br />

"Ele é viúvo, cavalheiro e rico",<br />

conta. Agora, ela quer dar novo<br />

rumo para seus relacionamentos.<br />

"Quero um namorado, não dá<br />

mais para ser "ficante", a idade<br />

está chegando...", diz ela e cai<br />

na gargalhada.<br />

A ciência explica<br />

De acordo com a<br />

pesquisadora Kláudia Yared,<br />

em seu "Estudo dos critérios de<br />

eleição de parceria amorosa em<br />

mulheres de 40 a 60 anos de<br />

idade", na faixa etária de Oclair<br />

e Maria foi constatado que a<br />

maioria (71,9%) está vivendo<br />

relacionamento fixo e 6,3%<br />

eventual e as características<br />

mais usadas para selecionar<br />

parceiros são companheirismo,<br />

sentimento, afetividade, lealdade,<br />

cumplicidade, confiança<br />

e respeito.

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