Impressões - Ano 2 - N°5 - Ucg
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NOME DA SEÇÃO<br />
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS / GOIÂNIA .SETEMBRO. 2007<br />
NO JARDIM DA INFÂNCIA<br />
Reportagem: Karolinne<br />
Rodrigues, Lara Machado e Wilson<br />
Fernandes<br />
Edição: Ludmilla Borguês e<br />
Ivana Michelli<br />
Diagramação:<br />
Alexandre Rissate e Jeyce Sousa<br />
Asala de aula não parece o<br />
lugar ideal para namoros.<br />
Mas para Geovana Áurea a<br />
história é outra. Ela tem cinco anos,<br />
faz o Jardim II na Escola Intelectual<br />
e tem três namorados. Dos três<br />
escolhidos, dois são mais novos e<br />
ainda usam fraldas no maternal. A<br />
pequena diz que com Macsander e<br />
Ernane prefere brincadeiras na hora<br />
do recreio. Já com João Pedro, o<br />
mais novo de todos, ela tem o<br />
namoro mais duradouro, passa de<br />
um ano e os beijinhos rolam soltos.<br />
Nana, como é chamada pela família,<br />
diz que se a mãe proibir, vai<br />
namorar escondido.<br />
A mãe de Geovana, a funcionária<br />
pública Gilvânia Ferreira, diz que<br />
não acha certo o namoro na idade de<br />
Nana. "Não apoio, mas minha filha<br />
é influenciada pelas novelas, quando<br />
ela vê os personagens se aproximarem,<br />
já espera pela<br />
cena do beijo", relata.<br />
Esse romantismo na<br />
infância é natural.<br />
Segundo especialistas,<br />
as crianças repetem<br />
comportamentos acompanhados<br />
nas músicas,<br />
programas televisivos e<br />
histórias de princesas<br />
retratadas em filmes.<br />
Afinal, elas também<br />
querem um príncipe. A<br />
arma dos pais é tratar<br />
com naturalidade, apoiar e se interessar<br />
pelo assunto, mas com limites.<br />
Carlos Henrique Alves só tem qua-<br />
tro anos e já se revela o príncipe das<br />
mulheres. Na escola onde faz o<br />
Jardim II conta que tem duas<br />
namoradas e não saberia escolher se<br />
tivesse que ficar<br />
somente com uma<br />
delas. "As duas são<br />
bonitas e gosto delas".<br />
O garoto diz já ter tido<br />
a experiência do<br />
primeiro beijo, mas<br />
sabe que não deve contar<br />
pra ninguém. "A<br />
professora não pode<br />
saber que já chamei a<br />
Mariana pra beijar e<br />
que ainda vou falar<br />
com a Layane", declara<br />
preocupado.<br />
Os pais de Carlos Henrique dizem<br />
ter ciência do que acontece com o<br />
5 A 10<br />
Se apaixonar pelo amiguinho, sentimento natural da criança pode se tornar um<br />
problema para os pais. Segundo especialistas, o melhor é não incentivar<br />
"Não apoio, mas<br />
minha filha é<br />
influenciada pelas<br />
novelas, quando<br />
ela vê os personagens<br />
se aproximarem,<br />
já espera<br />
pela cena do<br />
beijo"<br />
Com apenas<br />
cinco anos,<br />
Geovana Áurea<br />
cativa três<br />
namorados<br />
filho e incentivam o "namoro ingênuo".<br />
"Um dia desses, ele chegou da<br />
escola muito feliz contando que<br />
estava namorando. Pedimos para<br />
que relatasse a história e achamos<br />
muito engraçado aquela euforia<br />
toda".<br />
A pedagoga Camila Lima convive<br />
diariamente com essas situações<br />
entre os alunos. "Sempre me avisam<br />
que estão namorando, apenas digo<br />
que não se trata de namorados, mas<br />
sim de amigos especiais", explica.<br />
Segundo Camila, é comum a<br />
mudança de comportamento quando<br />
a criança está namorando. Ela<br />
ressalta que normalmente os alunos<br />
ficam mais agressivos e agitados,<br />
mas não acredita ser esse um fator<br />
negativo no andamento das atividades,<br />
e sim um sentimento natu-<br />
3<br />
ral da criança, que com diálogo<br />
pode ser resolvido.<br />
Mais conservadores<br />
Mas nem todos os pais gostam dessa<br />
idéia de namoro na infância. A atendente,<br />
Rose América Ribeiro, tem<br />
uma filha de sete anos e não admite<br />
esse comportamento. "Criança tem<br />
é que brincar e estudar, namorar só<br />
na hora certa", esbraveja Rose. Para<br />
ela, a idade ideal para que uma pessoa<br />
comece a namorar é com 15<br />
anos.<br />
A psicóloga Elisângela Ferreira<br />
explica que a criança nessa idade<br />
não tem o sentimento de amor. Na<br />
infância é algo inocente, apenas<br />
afeto e carinho. Elisângela adverte<br />
que os pais devem estar atentos para<br />
que esses "namoros" não atrapalhem<br />
na educação da criança.