17.04.2013 Views

FACULDADE CÁSPER LÍBERO Tatiana Pacheco Benites ...

FACULDADE CÁSPER LÍBERO Tatiana Pacheco Benites ...

FACULDADE CÁSPER LÍBERO Tatiana Pacheco Benites ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

gosto ou para ser independente. Hoje, muitas procuram um trabalho como condição para<br />

realizar-se.<br />

famílias:<br />

Entre os fatores estruturais que contribuíram para precipitar o declínio do estereótipo<br />

da esposa-dona-de-casa, impossível não sublinhar, em primeiro lugar, a importância<br />

da escola. O século XX se caracteriza, com efeito, por uma forte progressão das<br />

matrículas e dos diplomas femininos, tanto no secundário quanto no superior: desde<br />

1971, as moças alcançaram os rapazes no nível do ensino médio e do ensino<br />

superior (2007b: 226).<br />

Para Lipovetsky, essa evolução fez com que os costumes mudassem em todas as<br />

O “além da mulher no lar” designa o ciclo histórico que coincide com o<br />

reconhecimento social do trabalho das mulheres e com seu acesso às atividades e<br />

formações do outrora território reservado aos homens. Mas essas mudanças fazem<br />

parte de um conjunto mais amplo, em que figuram três fenômenos de fundo: o poder<br />

feminino sobre a procriação, a “desinstitucionalização” da família e a promoção do<br />

referencial igualitário no casal. O que equivale a dizer que a pós-mulher no lar<br />

significa muito mais que uma nova fase na história da vida doméstica e econômica<br />

das mulheres. O que se manifesta concretiza, mais profundamente, uma ruptura<br />

histórica na maneira pela qual é construída a identidade feminina, bem como as<br />

relações entre os sexos. Nossa época iniciou uma transformação sem precendente no<br />

modo de socialização e de individualização do feminino, uma generalização do<br />

princípio de livre governo de si, uma nova economia dos poderes femininos: é esse<br />

novo modelo histórico que chamamos de a terceira mulher (2007b: 231).<br />

A segunda mulher é considerada a “bela”, a princesa de conto de fadas que, apesar de<br />

se importar com seu charme e beleza, ainda se subordinava às ordens e vontades do homem.<br />

A figura da primeira mulher se insere na longuíssima duração histórica: perdurou,<br />

em certas camadas de nossas sociedades, até a aurora do século XIX. Contudo,<br />

desde a segunda Idade Média, apareceu um outro modelo que, longe de entoar a<br />

eterna litania das invectivas dirigidas às mulheres, aplicou-se ao contrário, em pôr<br />

nas nuvens seus papéis e seus poderes. A partir do século XII, o código cortês<br />

desenvolve o culto da Dama amada e de suas perfeições; nos séculos XV e XVI, a<br />

Bela é levada ao pináculo; do século XVI ao XVIII, multiplicam-se os discursos dos<br />

“partidários das mulheres”, que incensam seus méritos e suas virtudes e fazem<br />

panegírico das mulheres ilustres; com as Luzes, admiram-se os efeitos benéficos da<br />

mulher sobre os costumes, a polidez, a arte de viver; no século XVIII e sobretudo no<br />

XIX, sacraliza-se a esposa-mãe-educadora. (...) O “belo sexo” é proclamado mais<br />

próximo da divindade do que do homem (...) (2007b: 234-235).<br />

É claro que, mesmo modificando aos poucos seu comportamento, no século XVIII, as<br />

mulheres ainda respeitavam a hierarquia social dos sexos, tendo o homem como soberano.<br />

Assuntos importantes eram tratados pelos homens; a mulher, que não desempenhava nenhum<br />

papel na vida política, devia obediência ao marido. O autor afirma: “O poder do feminino<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!