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pré-história gestos intemporais - Museu do Côa

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<strong>pré</strong>-<strong>história</strong> <strong>gestos</strong> <strong>intemporais</strong> | vol. 01 67<br />

sabi<strong>do</strong> que existiam alguns moinhos na zona da embocadura <strong>do</strong> <strong>Côa</strong> (García Diez e Luís,<br />

2003: 222), e esta casa poderia servir de apoio ou controlar essa exploração. Mas, talvez mais<br />

importante, o antigo caminho entre Vila Nova de Foz <strong>Côa</strong> e Castelo Melhor, de que existem<br />

ainda alguns troços de calçada (conheci<strong>do</strong> localmente como “Estrada Romana”, mas que<br />

deverá ser de época moderna, talvez remontan<strong>do</strong> à Idade Média), passava literalmente à porta<br />

desta casa, embora na zona já não existam vestígios. Tanto quanto se sabe, nunca aqui existiu<br />

uma ponte antes da actual, e a passagem <strong>do</strong> <strong>Côa</strong> e também <strong>do</strong> Douro era aqui feita em barca.<br />

Assim, parece-nos provável que esta casa estivesse associada à estrada e às barcas de<br />

passagem, sen<strong>do</strong> possível que tivesse funciona<strong>do</strong> também como venda e/ou albergue, algo<br />

que talvez a <strong>do</strong>cumentação local possa elucidar.<br />

Um outro motivo de interesse deste conjunto é a sua relação com a arte rupestre da Foz <strong>do</strong><br />

<strong>Côa</strong>. To<strong>do</strong>s os três casebres se associam directamente a gravuras, um porque as pedras<br />

usadas na construção das suas paredes têm diversas gravuras, e os outros <strong>do</strong>is porque as<br />

paredes de fun<strong>do</strong> são superfícies verticais historiadas, uma com gravuras modernas pouco<br />

relevantes, mas a outra com excelentes gravuras paleolíticas. Por outro la<strong>do</strong>, é nas imediações<br />

destas construções que se encontra um grupo de rochas com motivos picota<strong>do</strong>s de época<br />

moderna, as seis que se encontram submersas e uma outra que apareceu em prospecção, e<br />

parece-nos muito provável que a localização particular destas gravuras se deva à existência<br />

no local de um foco de actividade importante, <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> por todas estas estruturas.<br />

Podemos referir por fim outros <strong>do</strong>is acha<strong>do</strong>s, de natureza mais propriamente “arqueológica”, e<br />

que são um fragmento cerâmico <strong>do</strong> bor<strong>do</strong> de um pequeno recipiente semiesférico, de<br />

provável cronologia calcolítica, que poderá indiciar a existência de ocupação antiga na<br />

plataforma entre roche<strong>do</strong>s onde apareceu; e um pequeno abrigo (que corresponde também à<br />

Rocha 134 da Foz <strong>do</strong> <strong>Côa</strong>) em cujo canto mais interior apareceu um único fragmento de<br />

cerâmica de fabrico manual, de características algo indefinidas, que poderá ser da Idade <strong>do</strong><br />

Ferro.<br />

4.2 A Arte rupestre<br />

Quanto à arte rupestre propriamente dita, este trabalho de prospecção superou bastante as já<br />

de si elevadas expectativas que tínhamos, ten<strong>do</strong>-se descoberto cento e sessenta e nove<br />

novas rochas gravadas, que se juntaram às dezassete já conhecidas, perfazen<strong>do</strong> um total de<br />

cento e oitenta e seis rochas com gravuras inventariadas no núcleo da Foz <strong>do</strong> <strong>Côa</strong>. Este é<br />

assim o núcleo da Arte <strong>do</strong> <strong>Côa</strong> com mais rochas registadas, a grande distância <strong>do</strong> seguinte, a<br />

Canada <strong>do</strong> Inferno, que conta com 43 rochas inventariadas. Consideran<strong>do</strong> que a parte<br />

submersa <strong>do</strong> núcleo poderá ter ainda grande quantidade de gravuras por revelar, admitimos<br />

que o número total de rochas gravadas poderá superar as duas centenas.<br />

Às rochas com motivos grava<strong>do</strong>s temos que juntar mais <strong>do</strong>is acha<strong>do</strong>s fortuitos de arte<br />

rupestre, inventaria<strong>do</strong>s separadamente, uma vez que já não se trata propriamente de “rochas”,<br />

mas sim de pedras soltas com vestígios de gravuras, partidas e extraídas intencionalmente de<br />

afloramentos, e utilizadas para construção, estan<strong>do</strong> assim deslocadas da sua posição original.<br />

Em ambos os casos, supomos que os afloramentos originais se situariam bastante próximo de<br />

onde foram encontradas. O primeiro destes acha<strong>do</strong>s consiste em duas pedras com gravuras<br />

filiformes paleolíticas, utilizadas na construção de um pequeno murete de suporte de uma<br />

oliveira. Uma das pedras tem uma figura incompleta de um equídeo inciso em traço simples, e<br />

a outra tem só alguns traços lineares, de motivos não identificáveis. O outro acha<strong>do</strong> encontra-<br />

-se nas paredes de um <strong>do</strong>s casebres <strong>do</strong> núcleo agrícola acima referi<strong>do</strong>, e consiste em cerca<br />

de vinte pedras (fragmentos) com diversas gravuras em traço filiforme. Ao contrário <strong>do</strong> caso<br />

anterior, a cronologia destas gravuras não é inteiramente clara, até por não conseguirmos

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