pré-história gestos intemporais - Museu do Côa
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A Arte Rupestre da Foz<br />
<strong>do</strong> <strong>Côa</strong><br />
74<br />
III congresso de arqueologia trás-os-montes, alto <strong>do</strong>uro e beira interior | actas<br />
gravuras paleolíticas e as poucas que há são de reduzida importância. Outra diferença<br />
importante tem a ver com a distribuição ao longo da encosta, estan<strong>do</strong> a maior concentração<br />
de rochas em ambos os perío<strong>do</strong>s no sector médio/inferior da encosta, mas com uma ampla<br />
dispersão das rochas paleolíticas desde a parte mais alta da encosta até à margem <strong>do</strong> <strong>Côa</strong>,<br />
contrariamente à reduzida dispersão das rochas proto-históricas. As rochas situadas nas<br />
cotas mais elevadas são quase todas paleolíticas, incluin<strong>do</strong> a mais alta, a Rocha 18, e são<br />
relativamente abundantes as rochas paleolíticas junto à actual linha de água, tu<strong>do</strong> indican<strong>do</strong><br />
que a tendência se mantenha na parte submersa da encosta.<br />
No entanto, mesmo com esta relativamente ampla dispersão, há uma evidente maior<br />
concentração de rochas paleolíticas na parte média/inferior da encosta, numa faixa entre os 30<br />
e os 50 metros acima da actual linha de água. É também nesta estreita faixa de terreno que se<br />
encontram a maioria das rochas mais interessantes, isto é, as que apresentam mais e<br />
melhores motivos, incluin<strong>do</strong> todas as escassas rochas <strong>do</strong> núcleo mais complexas, ou seja,<br />
que se caracterizam por apresentar densas sobreposições de motivos paleolíticos um pouco<br />
por to<strong>do</strong> o painel. Assim, a principal zona da encosta para a implantação das gravuras<br />
paleolíticas não é o mais perto possível de água, mas tem um pico de concentração numa<br />
determinada faixa intermédia, sen<strong>do</strong> essa concentração tanto em quantidade como em<br />
qualidade. Mas, mais uma vez, não conhecemos as rochas paleolíticas que possam existir na<br />
parte terminal e submersa da encosta, e se poderão ou não alterar substancialmente a ideia<br />
aqui transmitida.<br />
1. Rochas de cronologia indeterminada<br />
Na sua maioria, as trinta e duas rochas da Foz <strong>do</strong> <strong>Côa</strong> de cronologia indeterminada são<br />
bastante desinteressantes, embora por razões diversas. Algumas, ainda que inventariadas,<br />
apresentam apenas simples traços avulsos. No entanto, alguns destes traços poderão<br />
eventualmente formar motivos (mesmo antigos) o que só a limpeza das superfícies e o<br />
levantamento das gravuras poderá ou não confirmar. Noutros casos é possível reconhecer<br />
motivos, mas a sua atipicidade não permite uma classificação. De entre todas estas rochas,<br />
destacaríamos apenas uma, a Rocha 134, pelas suas características pouco habituais. Trata-se<br />
em primeiro lugar de um abrigo sob rocha, algo bastante raro em toda a Arte <strong>do</strong> <strong>Côa</strong>, e onde<br />
se encontrou um pequeno fragmento de cerâmica de fabrico manual, que poderá até talvez<br />
ser da Idade <strong>do</strong> Ferro, o que a confirmar-se seria um factor de interesse acresci<strong>do</strong>. Outra<br />
raridade é que apresenta <strong>do</strong>is painéis distintos com gravuras, ambos com disposições muito<br />
pouco frequentes, um painel lateral e outro horizontal. Infelizmente, as gravuras que ambos<br />
apresentam são pouco características e expressivas. No painel lateral surgem alguns traços<br />
talvez da Idade <strong>do</strong> Ferro, e no painel horizontal há um peculiar conjunto de traços que<br />
parecem ser pequenos caracteres cursivos, fortemente patina<strong>do</strong>s, mas onde não<br />
reconhecemos qualquer senti<strong>do</strong> aparente.<br />
2. A Época Moderna/Contemporânea<br />
Identificaram-se quarenta e cinco rochas com gravuras modernas ou contemporâneas,<br />
incluin<strong>do</strong> alguns graffiti recentes, com uma tipologia pouco variada.<br />
Exceptuan<strong>do</strong> alguns graffiti, apenas registamos duas rochas com inscrições de época<br />
moderna na Foz <strong>do</strong> <strong>Côa</strong>. Uma é a da Rocha 97, datada de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, obtida por<br />
abrasão, em que surgem alguns nomes de pessoas associadas às datas <strong>do</strong>s seus<br />
nascimentos. A outra encontra-se na Rocha 49, e tem tão só a data de 1762, obtida por<br />
picotagem e sobreposta a gravuras paleolíticas. O seu principal interesse é estar integrada no