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Untitled - Kyokushinkaikan

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todo, tornando-se indistinguíveis. Este retrato de Musashi pode não estar<br />

longe da verdade histórica. Sabe-se que Musashi foi pintor habilidoso e<br />

consumado escultor, assim como espadachim.<br />

O Japão do começo do século XVII, que Musashi tipificou, permaneceu<br />

vivo na consciência dos japoneses. O longo e relativamente estático governo<br />

Tokugawa resguardou em boa parte sua forma e espírito, embora de modo<br />

um tanto estratificado, até meados do século XIX, não mais do que há um<br />

século. O próprio Yoshikawa era filho de um antigo samurai que não<br />

conseguiu, como a maioria dos membros de sua classe, realizar uma<br />

transição financeiramente bem-sucedida para a nova era. Embora a maioria<br />

dos samurais submergisse na obscuridade no novo país, uma grande parcela<br />

dos novos líderes surgiu dessa classe feudal, tendo seu “ethos” sido<br />

popularizado através de um novo sistema educacional compulsório que se<br />

transformaria em base espiritual e ética de toda a nação japonesa. Romances<br />

como Musashi e filmes e peças teatrais deles derivados ajudaram no<br />

processo.<br />

A época de Musashi é tão próxima e real para o japonês moderno como<br />

o é a Guerra Civil para o norte-americano. Deste modo, a comparação com o<br />

romance E o Vento Levou não é, de modo algum, forçada. A era dos samurais<br />

permanece ainda muito viva na mente dos japoneses. Contrariando o<br />

estereótipo de “animal econômico” de orientação coletiva do japonês<br />

moderno,, muitos preferem ver-se como modernos Musashis, ferozmente<br />

individualistas, de princípios elevados, autodisciplinados e esteticamente<br />

sensíveis. Ambos os quadros têm certo valor, ilustrando a complexidade da<br />

alma japonesa sob um exterior aparentemente afável e uniforme.<br />

Musashi é bem diferente dos romances marcadamente psicológicos e<br />

freqüentemente neuróticos que compõem o núcleo das obras da literatura<br />

japonesa moderna traduzidas para o inglês. Situa-se, não obstante, no centro<br />

da ficção tradicional e do modo de pensar popular dos japoneses. Sua<br />

apresentação em episódios não é mero resultado do formato folhetinesco<br />

original, mas técnica favorita de narração que data do início da história das<br />

narrativas japonesas. Sua visão romantizada do nobre espadachim é um<br />

estereótipo do passado feudal, cultuado em centenas de outras histórias e<br />

filmes de samurais. Sua ênfase ao cultivo do autocontrole e da força interior<br />

através de uma autodisciplina austera estilo zen é um aspecto importante da<br />

personalidade dos japoneses de hoje. Assim também é seu difuso amor pela<br />

natureza e seu sentido de proximidade com ela. Musashi não é só uma<br />

grande história de aventura. Mais do que isso, oferece uma rápida visão da<br />

história do Japão e uma perspectiva da imagem idealizada que o japonês<br />

contemporâneo faz de si mesmo.<br />

Janeiro de 1981

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