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Untitled - Kyokushinkaikan

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Munisai fora a personificação da severidade, frio como as geadas de<br />

outono. Em sua infância, Takezo vivera ansiando pela presença da mãe, da<br />

qual fora afastado ainda muito novo. Pelo pai, ao contrário, não nutrira<br />

afeição: ele havia sido apenas um indivíduo temível, em cuja presença sentira<br />

desconforto. Fugira para perto da mãe, em Banshu, aos nove anos de idade,<br />

movido apenas pelo desejo de ouvir sua voz terna dizendo: “Como cresceu,<br />

querido!”<br />

Mas Munisai havia se separado dela por motivos desconhecidos. A mãe<br />

casara-se posteriormente com um samurai de Sayogo, em Banshu, e nessa<br />

ocasião já tinha dois filhos do novo casamento.<br />

— Vá embora, volte para a casa de seu pai, meu filho! — Ainda hoje,<br />

Takezo conseguia evocar nitidamente a imagem da mãe que assim lhe falava<br />

em prantos, abraçando-o fortemente, ambos escondidos num bosque junto a<br />

um templo deserto.<br />

Pouco depois, fora alcançado pelos mandatários do pai, atado às<br />

costas de um cavalo em pêlo e reconduzido à aldeia Miyamoto em Mimasaka.<br />

“Atrevido, atrevido!”, vociferara Munisai, vergastando-o repetidamente.<br />

Também este episódio ficara marcado indelevelmente no espírito infantil.<br />

— Não a procure nunca mais; caso contrário, não respondo por mim —<br />

ameaçara o pai.<br />

Decorrido certo tempo, Takezo tomou conhecimento da doença e<br />

posterior morte da mãe. De criança introvertida e sombria, repentinamente<br />

Takezo tornou-se violento, incontrolável. Até mesmo Munisai por fim calou-se,<br />

pois se erguia um bastão com a intenção de castigá-lo, Takezo o enfrentava<br />

empunhando um bordão. Chefiava o bando de desordeiros da localidade,<br />

sendo Matahachi, da mesma aldeia, o único capaz de confrontá-lo.<br />

Aos treze anos já era quase tão alto quanto um adulto. Nessa época,<br />

surgiu numa vila próxima, à procura de oponentes para um duelo, um samurai<br />

peregrino 5 de nome Arima Kihei, portando uma placa que o anunciava como<br />

polidor de metais. Na ocasião, Takezo abateu-o num duelo realizado no<br />

interior de uma arena. Os aldeões exaltaram então sua valentia, dizendo:<br />

— É corajoso o boa-safra Take-yan!<br />

Contudo, ao notar no decorrer dos anos que sua violência não conhecia<br />

limites, os aldeões passaram a temê-lo e a evitá-lo:<br />

— Aí vem Takezo, não o provoquem — diziam. Desse modo, o menino<br />

passou a sentir sobre si apenas a indiferença do povo. Também o pai em<br />

breve partiu deste mundo, mantendo-se severo e frio até o final de seus dias.<br />

Em conseqüência, a brutalidade do gênio de Takezo só aumentou.<br />

5 Samurai peregrino: aquele que percorria terras distantes buscando continuamente aperfeiçoar suas habilidades;<br />

para sobreviver, muitos se dedicavam esporadicamente a outros ofícios

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