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a multiplicidade de linguagens poéticas no interior da

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poemas são divulgados pela prestigiosa revista Presença, mas o único livro<br />

publicado em sua vi<strong>da</strong> foi Mensagem.<br />

Uma agu<strong>da</strong> crise <strong>de</strong> cirrose hepática o mataria aos 47 a<strong>no</strong>s. Apesar <strong>da</strong> relativa<br />

obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong> em que veio a falecer, era certamente uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s vozes <strong>da</strong><br />

poesia oci<strong>de</strong>ntal do século XX.<br />

Também escreveu Quinto Império, on<strong>de</strong> transparece seu sonho sebastianista e<br />

monarquista. Escreveu ain<strong>da</strong>: Cancioneiro, on<strong>de</strong> se apresenta lírico e <strong>de</strong>sencantado;<br />

Poemas Dramáticos; e 35 Sonnets, on<strong>de</strong> se revela ocultista, abúlico, amante do<br />

mistério.<br />

Através <strong>de</strong> sua poética, revela-se dialético, quando trabalha um simbolismo lúcido e<br />

consciente, aperfeiçoa mais o simbolismo através <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> excessiva, <strong>da</strong><br />

síntese eleva<strong>da</strong> ao máximo e através do exagero <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> estática e <strong>da</strong> mescla <strong>de</strong><br />

sensações; lúcido, e angustiado por ser lúcido; e Platônico: Cultivador do vago, do<br />

complexo e do sutil.<br />

Mais que os heterônimos, o ortônimo tem uma atitu<strong>de</strong> perspicaz <strong>de</strong> ver as coisas.<br />

Também ten<strong>de</strong> para o gosto pelo que é maneirista pelo uso do paradoxo, <strong>da</strong>í<br />

apresentar-se tradicional e mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> ao mesmo tempo. O ortônimo <strong>no</strong>s mostra como<br />

sentir a paisagem, pois, para ele, todo objetivo é uma sensação <strong>no</strong>ssa, to<strong>da</strong> arte é<br />

conversão <strong>da</strong> sensação em objeto, to<strong>da</strong> arte é conversão <strong>da</strong> sensação em<br />

sensação. O próprio Pessoa apresenta cinco condições ou quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s para enten<strong>de</strong>r<br />

os símbolos do ortônimo: a simpatia, a intuição, a inteligência, a compreensão e a<br />

graça. Depois conclui que:<br />

Todo estado <strong>de</strong> alma é uma paisagem.<br />

Uma tristeza é um lago morto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós.<br />

Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior<br />

e do <strong>no</strong>sso espírito, e sendo <strong>no</strong>sso espírito uma paisagem,<br />

temos ao mesmo tempo consciência <strong>de</strong> duas paisagens. (PESSOA, 1997,<br />

p.165)<br />

Como vemos um espírito tão rico e até paradoxal como o <strong>de</strong> Pessoa, apaixonado<br />

por ocultismo, filosofia, estudos <strong>de</strong> psiquiatria, e psicanálise, autodi<strong>da</strong>ta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

erudição, não podia se resumir numa só personali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Daí o surgimento <strong>de</strong> muitos<br />

heterônimos, principalmente o <strong>de</strong> Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro <strong>de</strong> Campos.<br />

“Eu vejo diante <strong>de</strong> mim, <strong>no</strong> espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos <strong>de</strong><br />

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