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Mulheres negras e não negras vivendo com HIV ... - Nepaids - USP

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estringe as possibilidades de <strong>com</strong>preensão e intervenção na relação parasita-<br />

hospedeiro.<br />

No contexto das interações sociais, homens e mulheres estão vulneráveis à<br />

infecção pelo <strong>HIV</strong> e ao adoecimento por aids devido a determinações histórico-<br />

culturais, sobretudo no que diz respeito às noções de gênero e sujeito por eles<br />

apreendidas.<br />

O termo gênero foi inicialmente utilizado por feministas norte-americanas<br />

para introduzir uma noção relacional no vocabulário analítico. O uso do conceito,<br />

segundo elas, permitiria descobrir a amplitude dos papéis sexuais e do simbolismo<br />

sexual nas várias sociedades e épocas; permitiria identificar o sentido e o<br />

funcionamento da ordem social e, mais do que isso, a incorporação da categoria<br />

gênero ao escopo analítico dos estudos e pesquisas possibilitaria dar novos rumos à<br />

história das relações sociais (Scott, 1995). Embora tivessem aspirações ousadas, as<br />

teorizações feministas sobre gênero, até bem pouco tempo, utilizavam formulações<br />

antigas que propunham explicações causais universais e, por conseguinte, reduziam o<br />

sentido da <strong>com</strong>plexidade e impediam o engajamento feminista na elaboração de<br />

análises que levariam à mudança sócio-histórica na realidade de homens e mulheres.<br />

Para Scott (1995), gênero é um elemento constitutivo de relações sociais –<br />

baseado nas diferenças percebidas entre os sexos – e uma forma primeira de<br />

significar as relações de poder. Segundo a autora, a propriedade constitutiva do<br />

conceito está representada pela interação contínua, mas <strong>não</strong> simultânea, de 4<br />

subelementos: 1. os símbolos culturalmente disponíveis que evocam representações<br />

múltiplas – freqüentemente contraditórias; 2. os conceitos normativos que colocam<br />

em evidência interpretações do sentido dos símbolos e que tentam limitar e conter<br />

suas possibilidades metafóricas; 3. a conveniência do termo para a análise e<br />

interpretação das sociedades modernas, dos sistemas políticos, de parentesco, do<br />

mercado de trabalho e da educação; 4. a identidade subjetiva relacionada <strong>com</strong> as<br />

organizações sociais e representações culturais historicamente situadas a partir dessa<br />

perspectiva.<br />

Ainda citando Scott (1995), o conceito de gênero estrutura a percepção e a<br />

organização da vida social. Na medida em que a distribuição de poder é definida a<br />

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