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Mulheres negras e não negras vivendo com HIV ... - Nepaids - USP

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homens, <strong>com</strong>o sujeitos que detêm o poder da vontade e, ao mesmo tempo, a<br />

limitação da liberdade de cada um, à condição de sua concordância <strong>com</strong> a liberdade<br />

de todos. O sentido relacional que pressupõe a noção de direito é o mesmo que<br />

pressupõe a vulnerabilidade: uma vez respeitados, promovidos ou efetivados os<br />

direitos, as vulnerabilidades tendem a minimização ou erradicação.<br />

Ao afirmar que as pessoas <strong>não</strong> são vulneráveis, elas estão vulneráveis,<br />

sempre a algo, em algum grau e forma, e em certo ponto do tempo e espaço, Ayres e<br />

col. (2003) explicitam, mais uma vez, a necessidade de um raciocínio sistemático<br />

anterior à ação. No tocante a essa “preparação”, a caracterização das desigualdades<br />

sociais, geracionais, raciais, étnicas e de gênero e a análise crítica das situações<br />

discriminatórias desencadeadas por elas, são de suma importância. Com a finalidade<br />

de responder à necessidade premente de contextualização e para alcançar os<br />

objetivos do presente trabalho, os conceitos de raça e racismo são incorporados ao<br />

arcabouço teórico da vulnerabilidade.<br />

1.4.4.1 O conceito de raça<br />

De acordo <strong>com</strong> alguns autores, a idéia de raça <strong>não</strong> pode ser considerada<br />

universal por <strong>não</strong> prescindir de uma fundamentação objetiva, “natural” ou biológica<br />

(Goodman, 1995, 2000; Frota Pessoa, 1996; Santos RV, 1996). Para eles, a<br />

“fragilidade” terminológica e conceitual pode dificultar sua aplicação em estudos e<br />

pesquisas sobre saúde.<br />

Aqueles que defendem o uso do conceito reiteram seu caráter mutável e<br />

afirmam que sua utilidade analítica está centrada exatamente na negação de uma<br />

fundamentação biológica e na confirmação de sua propriedade social e política plena<br />

(Fanon, 1983; Guimarães, 1995; Hasenbalg, 1996; Maggie,1996; López, 2000a,<br />

2000b; Perea, 2000; Goodman, 2000; Delgado, 2000). De acordo <strong>com</strong> os autores, a<br />

utilização científica do conceito permite <strong>com</strong>preender e intervir em certas ações<br />

(inter)subjetivamente intencionadas e orientadas, suas implicações e desfechos.<br />

Para Cashmore (2000), o conceito de raça poderia ser definido sob três<br />

prismas: 1. da classificação; 2. da significância; 3. da sinonímia. Do prisma da<br />

classificação, o termo designaria um grupo ou categoria de pessoas conectadas por<br />

uma origem <strong>com</strong>um; do prisma da significância, ele seria uma expressão, som ou<br />

imagem cujos significados, viabilizados somente por meio da aplicação de regras e<br />

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