Mulheres negras e não negras vivendo com HIV ... - Nepaids - USP
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morbidade, invalidez ou morte, variável em função inversa ao amparo social e<br />
assistencial de que dispõem; 3. as condições que afetam a vulnerabilidade individual<br />
são de ordem cognitiva (informação, consciência do problema e das formas de<br />
enfrentá-lo), <strong>com</strong>portamental (interesse e habilidade para transformar atitudes e<br />
ações a partir daqueles elementos cognitivos) e social (acesso a recursos e poder para<br />
adotar <strong>com</strong>portamentos protetores).<br />
A dimensão programática da vulnerabilidade pode ser caracterizada pelos<br />
investimentos em ações e programas de informação e educação preventivas; a<br />
existência de serviços sociais e de saúde de fácil acesso, <strong>com</strong> alta qualidade,<br />
democraticamente delineados, periodicamente retro-alimentados e avaliados, além da<br />
adoção de mecanismos de <strong>não</strong> discriminação (Mann e col. 1993; Ayres e col., 1999).<br />
A força do ambiente sociopolítico-econômico-cultural determina o sucesso<br />
dos programas e, em última instância, seu impacto sobre as pessoas. Diante disso o<br />
<strong>com</strong>ponente social da vulnerabilidade pode ser caracterizado: 1. pelo acesso que as<br />
pessoas e os grupos têm à (in)formação, aos serviços de saúde e a outros<br />
equipamentos sociais; 2. pelo nível de liberdade de expressão, representação e<br />
decisão que usufruem; 3. pelos indicadores de saúde, educação e renda; 4. pelo<br />
índice de desenvolvimento humano e pelo índice de pobreza e miséria. De acordo<br />
<strong>com</strong> Ayres e col. (1999), esse plano também considera as estruturas de governo; o<br />
repertório de crenças e valores relacionados à saúde e sexualidade; as relações de<br />
raça, etnia, gênero e geração.<br />
1.4.4 Horizontes práticos do conceito e demais aspectos agregados<br />
De forma sintética, a vulnerabilidade poderia ser definida, então, <strong>com</strong>o o<br />
conjunto de aspectos individuais e coletivos relacionados ao grau e modo de exposição a uma<br />
dada situação e, de modo indissociável, ao maior ou menor acesso a recursos adequados para<br />
se proteger tanto do agravo quanto de suas conseqüências indesejáveis (Ayres, 2002).<br />
Assim, os estudos de vulnerabilidade apresentam-se <strong>com</strong>o recursos<br />
interpretativos da condição da pessoa humana nas sociedades modernas e seus<br />
horizontes práticos são de natureza político-cultural, pois desafiam seus condutores a<br />
denunciar os determinantes sociais do agravo; a “coletivizar” os <strong>com</strong>promissos<br />
políticos <strong>com</strong> o controle e enfrentamento do mesmo e a construir estratégias de<br />
intervenção que atinjam, produtivamente, esses determinantes (Ayres e col., 1999,<br />
2003).<br />
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