LITERATURA LATINA II - Universidade Castelo Branco
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apresentando-se personagens burlescas e inverossímeis<br />
– partiu, provavelmente, da análise do próprio<br />
Satiricon. Por essa razão, porque nos faltam<br />
informações sobre tal gênero e por encontrarmos<br />
na obra de Petrônio características da narrativa<br />
ficcional em prosa, preferimos considerá-la como<br />
romance.<br />
O Romance de Apuleio<br />
Além do Satiricon, a literatura latina oferece mais<br />
um curioso exemplo de narrativa novelística. Trata-se<br />
do texto de Apuleio (Lucíus Apuleíus - 125?-<br />
170?), Metamorfoses (Líbrí Metamorphoseon), conhecido<br />
também como O asno de ouro.<br />
Profundamente interessado em cultos misteriosos,<br />
no maravilhoso e no sobrenatural, autor de obras<br />
fi losófi cas, oratórias e científi cas, Apuleio fez das<br />
Metamorfoses uma autêntica obra-prima em que se<br />
revela preocupação com a ornamentação da frase,<br />
embora sem sobrecarga de recursos estilísticos, com<br />
o realismo descritivo e a força da expressão.<br />
Composto de onze livros, o texto conta as aventuras<br />
do jovem Lúcio, metamorfoseado em burro em<br />
Exercícios de Autoavaliação<br />
1. Que obra poderia ser considerada o primeiro romance? Justifi que a sua resposta.<br />
2. Cite alguns personagens do Satiricon, tecendo comentários dos mesmos.<br />
3. Como pode ser considerada a descrição da ceia oferecida por Trimalquião?<br />
4. De que forma foi considerado Apuleio por alguns?<br />
5. Cite uma das passagens curiosas na obra de Apuleio.<br />
virtude de um engano: durante uma viagem à Grécia<br />
hospedara-se na casa de uma feiticeira e experimentara<br />
uma de suas pomadas, acreditando que poderia<br />
transformar-se em um pássaro. Ao tornar-se burro,<br />
todavia, conservou seu espírito crítico e seu pensamento<br />
humano; foi iniciado na vida reservada aos<br />
animais, da qual veio a conhecer os aspectos mais<br />
miseráveis. Passou por donos sucessivos, serviu a<br />
um sacerdote, um moleiro, um jardineiro, um confeiteiro<br />
e um cozinheiro, até que Ísis, em sonhos,<br />
lhe ensinou como retomar à forma humana. Consagrou-se,<br />
então, ao serviço da deusa e de seu esposo<br />
Osíris.<br />
Há passagens curiosas na obra, como aquela que<br />
Lúcio ouve, no interior de uma caverna habitada por<br />
salteadores, a história de Cupido e Psiquê, contada<br />
por uma velhinha.<br />
Embora recheada de passagens dignas de um romance<br />
picaresco, nas quais não faltam alegria, espírito<br />
e até mesmo algum erotismo, a obra de Apuleio<br />
foi considerado por alguns como uma representação<br />
alegórica do mito platônico de Fedro: a alma deve<br />
morrer para chegar à concepção do divino e sofrer<br />
duras provas para elevar-se a deus.<br />
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