BRUNO DE MENEZES: PRESENCA DO SIMBOLISMO - Unama

Neste soneto, Bruno de Menezes revela muito da influência simbolista que recebera dos autores
europeus, já referidos anteriormente.
O poema é uma canção ao mar e às “suas angústias” guardadas no infinito de suas profundezas.
Há uma correspondência marcante entre o mundo da Natureza e o mundo “real”, do homem, à medida
que o eu-lírico evidencia e questiona ao mar sentimentos e ações inerentes ao homem, tais como
instintos, gemidos, revoltas.
Observa-se, de início, que o soneto é marcado por características peculiares à estética do
Simbolismo (Portugal 1890 – 1915; Brasil 1893 – 1902). Este movimento estético refletiu um momento
histórico que marcaria a transição para o século XX e a definição de um novo mundo. Negando o estilo
anterior (o Realismo), o Simbolismo valoriza as manifestações metafísicas e espirituais. A realidade
objetiva não mais interessa; o homem volta para a realidade subjetiva; porém como lembra ERNANI &
NÍCOLA¹:
“Como conseqüência desse subjetivismo, da valorização do
inconsciente e do subconsciente, dos estados d´alma, da busca do vago, do
diáfano, do sonho e da loucura, o Simbolismo desenvolve uma linguagem
carregada de simbolos, em clara oposição à literatura de linguagem mais
impessoal e, portanto, universal. A musicalidade é outra característica
marcante dessa estética, seguindo os ensinamentos dos mestres do Simbolismo
Francês. No Simbolismo tudo é sugestão. As palavras transcendem o
significado, ao mesmo tempo que apelam para a totalização de nossa
percepção. Daí ser constante o uso de sinestesias.”
Na primeira estrofe do poema À Lua e ao Mar II percebe-se uma espécie de tentativa do eu-lírico em
caracterizar alguns elementos que compõem ou que estão presentes nessa imensidão que é o mar; assim
revela-se a hesitação do eu-lírico, através das reticências, em chegar às
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¹ ERNANI, Terra & NÍCOLA, José de – Curso Prático de LÍNGUA, LITERATURA & REDAÇÃO – Vol. 2 – São Paulo,
Scipione , 1994.