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Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder Florianópolis ... - UFSC

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2.2 Principais fatores limitantes ao exercício da liderança feminina<br />

Todas as mulheres entrevistadas apontaram na dificuldade em compatibilizar vida pessoal,<br />

vida familiar e vida profissional/pública, como sendo o maior obstáculo ao exercício da liderança.<br />

As entrevistadas ou são solteiras, ou separadas, ou então se declaram como “sortudas” e exceções<br />

por seus companheiros e demais familiares compreenderem seu envolvimento em atividades sociais<br />

e de liderança.<br />

Algumas mulheres reconhecem a discriminação de gênero. Uma delas relata que logo no<br />

princípio, ao entrar no movimento era considerada despolitizada e fraca para atuar, se sentia vista<br />

como alguém que “não tem visão política, não tem visão das coisas (...), fraquinha” (Anelise). Por<br />

considerá-las “fraquinhas” a tendência é segundo elas, o isolamento, o não-apoio. Segundo Carla,<br />

quando chega em um evento “[...] eles te olham, te deixam lá no cantinho, tu chegou, tu fica lá no<br />

cantinho, alguns vêm te cumprimentar, outros te olham indiferente, mas tu tem que ter muita garra,<br />

porque tu tem que ficar ali, eu não sou de falar muito, eu analiso muito, observo muito, e noto<br />

muito isto [...]”.<br />

E finalmente o grande inimigo, ao lado do machismo e da discriminação – o tempo, ou a<br />

falta dele. Cabe aqui uma rápida reflexão, quando dissemos “ao lado” do machismo e da<br />

discriminação, é porque no ranking dos principais inimigos à liderança feminina, segundo as<br />

entrevistadas, estes três apareceram em igual proporção. Porém, entende-se que tanto as<br />

discriminações, quanto à falta de tempo decorrente das duplas, triplas e até quádruplas jornadas, são<br />

frutos das desigualdades de gênero. Estas destinam o universo privado à mulher, delegando o<br />

espaço público aos homens, e controversamente faz com que as mulheres adentrem o mercado<br />

[público] de trabalho e sobreponham jornadas. Desta maneira, todos os três obstáculos têm a mesma<br />

nascente: a iniqüidade de gênero.<br />

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Dentre diversas questões levantadas por esta pesquisadora, viu-se que mesmo com tantas<br />

dificuldades as mulheres conseguem desdobrarem-se para desempenharem da melhor forma todos<br />

os papéis que lhes são designados. Porém um deles acaba ficando de lado, o papel de mulher<br />

enquanto sujeito que merece um tempo para cuidados pessoais e lazer. Ocorre que elas costumam<br />

não demonstrar isto, mascarando as próprias atividades profissionais e de liderança como seus<br />

lazeres. É fato que constitui uma conquista adentrar este mundo tão “predestinado” aos homens e<br />

como qualquer conquista é justo ou compreensivo que seja encarada com certo grau de prazer,<br />

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