Ana Sofia Costa Nunes.pdf - Universidade do Minho
Ana Sofia Costa Nunes.pdf - Universidade do Minho
Ana Sofia Costa Nunes.pdf - Universidade do Minho
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
I. Motivação e Objetivos<br />
Bacterial Cellulose as a Nanostructured Functional Material for Biomedical Applications<br />
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO<br />
Atualmente, muita atenção tem si<strong>do</strong> dedicada à cromatografia por membranas de afinidade devi<strong>do</strong> ao<br />
seu princípio de separação simples mas eficiente. Este processo foi referi<strong>do</strong> pela primeira vez em 1988,<br />
num artigo científico publica<strong>do</strong> por Brandt e colabora<strong>do</strong>res.<br />
As membranas de afinidade têm sofri<strong>do</strong> um incremento bastante acentua<strong>do</strong> no que diz respeito à gama<br />
de aplicações em que estão envolvidas. Hoje em dia, o seu campo de intervenção inclui áreas como a<br />
biotecnologia, indústria biofarmacêutica, bioengenharia, aplicações clínicas, investigação científica,<br />
imunoterapia, entre outras.<br />
A constante inovação e aperfeiçoamento <strong>do</strong> processo e a descoberta de novas e melhores matrizes de<br />
afinidade são as bases para a evolução <strong>do</strong> processo e são <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s pontos que fazem das membranas de<br />
afinidade um méto<strong>do</strong> de elevada produtividade e rendimento.<br />
Neste trabalho, pretende-se avaliar o potencial da Celulose bacteriana (CB) como um possível e inova<strong>do</strong>r<br />
material a ser usa<strong>do</strong> como membrana de afinidade para a separação e purificação de determinadas<br />
proteínas. Esta eleição baseou-se, entre outros pontos, nas propriedades singulares e promissoras da CB,<br />
para este processo de afinidade.<br />
A Celulose Bacteriana é produzida pela bactéria gram-negativa e aeróbia obrigatória Gluconacetobacter<br />
xylinus. Assim, apenas as bactérias na proximidade da superfície e que têm acesso ao oxigénio<br />
conseguem manter a sua atividade e produzirem extracelularmente celulose, em apenas alguns dias.<br />
Este biomaterial é um polissacarídeo composto por uma cadeia linear de moléculas de β-D-glicose unidas<br />
por ligações β(1→4) glicosídicas.<br />
A película gelatinosa de celulose formada pela fermentação da bactéria é inerte, insolúvel, permeável a<br />
líqui<strong>do</strong>s e gases e também resistente à tração e alongamento. Adicionalmente, este polímero de glicose<br />
possui uma enorme capacidade de retenção de água, elevada cristalinidade, pureza e hidrofilicidade. De<br />
realçar que, em condições de cultura estática, a celulose sintetizada pela bactéria, organiza-se<br />
extracelularmente sob a forma de nanofibras, que se organizam numa matriz 3D. A natureza nanofibrilar<br />
destas fibras e a sua organização matricial, conferem ao material uma elevada superfície específica,<br />
permitin<strong>do</strong> assim equacionar a sua exploração como membrana de afinidade. Adicionalmente, é possível<br />
modificar in situ, durante a biossíntese, a formação (diâmetro), a organização e a porosidade 3D das<br />
nanofibras, pelo que, potencialmente, existe a capacidade de regular as propriedades da membrana<br />
celulósica.<br />
Devi<strong>do</strong> então às suas propriedades únicas a CB oferece uma vasta gama de aplicações, nas mais<br />
diversas áreas, destacan<strong>do</strong>-se o seu enorme potencial na área biomédica, ten<strong>do</strong> já si<strong>do</strong> utilizada em<br />
inúmeras aplicações na área de engenharia de teci<strong>do</strong>s. Dentro desta área, este biomaterial já foi<br />
estuda<strong>do</strong> por inúmeros grupos de investigação nas áreas de cicatrização de feridas, implantes dentários,<br />
1