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O sigma ea suástica no Brasil dos anos 30 - Cebela

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Artigo<br />

Natalia <strong>dos</strong> Reis Cruz<br />

56<br />

integralista faziam críticas às mi<strong>no</strong>rias étnicas e à não-assimilação de<br />

estrangeiros. Gustavo Barroso afirmava o seguinte: “Não precisamos<br />

de estrangeiros que não querem se assimilar e que em <strong>no</strong>sso<br />

próprio solo apenas pensam em outras pátrias. Precisamos de pessoas<br />

que queiram tornar-se brasileiros, re<strong>no</strong>vando <strong>no</strong>sso sangue em<br />

troca da hospitalidade que concedemos.” (Apud GERTZ, op. cit:48)<br />

A colaboração entre nazistas e integralistas era, inclusive, negada<br />

com o argumento de que o integralismo sempre se dedicou à<br />

nacionalização <strong>dos</strong> elementos estrangeiros, impedindo a formação<br />

de quistos raciais que pudessem ser utiliza<strong>dos</strong> pelo imperialismo<br />

nazista. (IDEM:49) Esta posição fica clara <strong>no</strong> seguinte discurso de<br />

Plínio Salgado, em que o líder integralista procura negar a aproximação<br />

e a colaboração com os nazistas, referindo-se à tentativa nazista<br />

de formar “quistos raciais” <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:<br />

“É preciso lembrar que, quando o integralismo surgiu <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a<br />

<strong>no</strong>ssa Pátria estava am<strong>ea</strong>çada pela infiltração de doutrinas estrangeiras,<br />

a tal ponto que os nazistas usavam impunemente os seus<br />

distintivos, as suas bandeiras e as suas camisas cáqui, chegando<br />

mesmo a fazer desfiles em certos pontos do país, sob os olhos complacentes<br />

das autoridades, o que lhes facilitava conquistar prosélitos<br />

entre elementos descendentes da raça alemã, o que por sua vez fez<br />

com que os antitotalitários nacionalistas (os integralistas – REG)<br />

fizessem uso de exterioridades semelhantes para captar, nacionalizar<br />

brasileiramente tais elementos e impedi-los de formar quistos<br />

raciais que poderiam ser utiliza<strong>dos</strong> pelo imperialismo nazista. Assim,<br />

quando iniciei forte concorrência em Santa Catarina, os meus<br />

perseguidores foram os nazistas alia<strong>dos</strong> aos políticos dominantes,<br />

políticos que mantinham em todo o Estado, à custa <strong>dos</strong> cofres municipais,<br />

escolas em que só se ensinava em língua alemã. Assim, fomos<br />

ali muitas vezes proibi<strong>dos</strong> de desfilar com a camisa verde<br />

brasileira, mas vimos cheios de revolta os nazistas promoverem suas<br />

festas ostensivamente, usando suas camisas pardas. Naquele Estado,<br />

fundei inúmeras escolas para ensinar a língua portuguesa, e<br />

quando conseguimos eleger várias câmaras municipais substituí as<br />

escolas alemãs mantidas pelos cofres das câmaras anteriores por

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