O sigma ea suástica no Brasil dos anos 30 - Cebela
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Artigo<br />
Natalia <strong>dos</strong> Reis Cruz<br />
62<br />
integralismo, como o uniforme, a saudação, os desfiles e os cantos.<br />
Era preciso, porém, afirmar que o integralismo se distinguia fundamentalmente<br />
do nazismo, por partir do Estado como r<strong>ea</strong>lidade<br />
básica, enquanto o nazismo parte do conceito de povo. Este fato,<br />
de acordo com Kahle, trazia conseqüências perigosas para a etnia<br />
alemã <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, pois, <strong>no</strong> Estado integralista, a língua em todas as<br />
escolas será o português e o alemão será tolerado, <strong>no</strong> máximo, como<br />
“língua estrangeira”. Já a questão racial permanecia imprecisa e o<br />
nativismo pressionava para uma miscigenação de to<strong>dos</strong> os grupos<br />
étnicos, admitindo-se até negros e judeus. A partir dessas considerações<br />
Kahle concluía:<br />
“Temos forte motivos para acompanhar com preocupações a evolução<br />
do integralismo e devemos procurar esclarecer <strong>no</strong>ssos companheiros<br />
<strong>no</strong> além-mar sobre as diferenças entre o nacional-socialismo<br />
alemão – que não é artigo de exportação – e outros movimentos que<br />
lhe são semelhantes em aspectos exter<strong>no</strong>s e mesmo em alguns pontos<br />
de seu programa.” (Apud IDEM:153/154) 7<br />
É certo que os líderes integralistas, em geral, evitavam fazer ataques<br />
frontais ao Deutschum e nas regiões de colonização alemã procurava-se,<br />
por motivos táticos, abafar um pouco o nativismo, dando<br />
respostas pouco precisas sobre as escolas particulares e a língua<br />
alemã. Mas a posição <strong>dos</strong> militantes integralistas das bases era explicitamente<br />
nativista e muitos reconheciam como uma clivagem<br />
fundamental a existência de integralismo e Deutschum nas colônias<br />
alemãs. Um luso-brasileiro escreveu:<br />
“O que é a colônia alemã? Milhares de pessoas, arrancadas de sua<br />
pátria, que tomam conhecimento do gover<strong>no</strong> somente na época das<br />
eleições, quando lhe dão os votos, e <strong>no</strong>vamente quando ele lhes vem<br />
cobrar impostos; que falam um dialeto singular (...), que levam<br />
uma vida totalmente isolada do povo brasileiro, com uma imprensa<br />
7 KAHLE, Maria. Neue Heimat in <strong>Brasil</strong>ien, p. 114.