O sigma ea suástica no Brasil dos anos 30 - Cebela
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Artigo<br />
Natalia <strong>dos</strong> Reis Cruz<br />
46<br />
que havia uma orientação oficial do Reich alemão <strong>no</strong> sentido de se<br />
unir ao integralismo com vistas a dominar o Sul do <strong>Brasil</strong>. Este fato<br />
não foi comprovado até hoje, assim como não se pode desconsiderar<br />
que a relação entre o nazismo e o integralismo também era marcada<br />
por desconfianças mútuas, já que o integralismo, como movimento<br />
extremamente nacionalista, temia a influência imperialista do<br />
Reich alemão, e o nazismo não simpatizava com a idéia integralista<br />
de nacionalização das mi<strong>no</strong>rias étnicas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o que incluiria a<br />
assimilação cultural <strong>dos</strong> alemães residentes <strong>no</strong> país.<br />
Os estu<strong>dos</strong> que vêem o integralismo simplesmente como representante<br />
do nazismo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, e totalmente submetido aos interesses<br />
imperialistas do Reich alemão, não levam em conta os conflitos<br />
que havia entre nazistas e integralistas por conta da questão étnica<br />
e nacional, fazendo uma análise completamente empobrecida da<br />
AIB, sem atentar para as suas especificidades e a sua relação com o<br />
contexto brasileiro do período. A tentativa de explicar a adesão <strong>dos</strong><br />
teutos ao integralismo, partindo do pressuposto de que a AIB se<br />
identificava plenamente com o nazismo, dá margem à hipótese<br />
simplista de que todo teuto-brasileiro, por ser alemão, era automaticamente<br />
nazista, o que também não condiz com a r<strong>ea</strong>lidade.<br />
Devemos enfatizar a colaboração e a aproximação que havia<br />
entre nazistas e integralistas, o compartilhamento de inimigos e<br />
de uma visão de mundo bas<strong>ea</strong>da na intolerância e <strong>no</strong>s princípios<br />
antidemocráticos. Mas esta colaboração deve ser colocada <strong>no</strong> seu<br />
devido lugar: como aproximação ideológica e até mesmo estratégica.<br />
Era natural que o integralismo buscasse apoio junto aos gover<strong>no</strong>s<br />
nazi-fascistas estabeleci<strong>dos</strong> na Europa do período, visto<br />
que lutavam contra os mesmos inimigos e se identificavam em<br />
muitos princípios de suas respectivas doutrinas. Porém, não se<br />
pode concluir que, por conta dessa aproximação, o integralismo<br />
representasse apenas um apêndice do nazi-fascismo. Era um movimento<br />
autô<strong>no</strong>mo, surgido das circunstâncias históricas, sociais<br />
e políticas da sociedade brasileira da época, tinha toda uma doutrina<br />
adaptada a esta r<strong>ea</strong>lidade, o que o diferenciava em muitos<br />
pontos do nazismo. Identificar características comuns e contatos<br />
entre nazismo e integralismo não <strong>no</strong>s permite traçar uma aproxi-