18.04.2013 Views

O sigma ea suástica no Brasil dos anos 30 - Cebela

O sigma ea suástica no Brasil dos anos 30 - Cebela

O sigma ea suástica no Brasil dos anos 30 - Cebela

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Artigo<br />

Natalia <strong>dos</strong> Reis Cruz<br />

60<br />

Alemanha desde que ele se constitua de alemães e nunca <strong>Brasil</strong>eiros”.<br />

(Apud ROCHA, s.d: 87) 6<br />

O trecho acima mostra que os teuto-brasileiros, por possuírem<br />

a cidadania brasileira, deviam fidelidade ao Estado nacional, o que<br />

pressupunha abrir mão da cultura alemã, que possibilitava aos alemães<br />

continuarem mantendo um vínculo afetivo com a Alemanha.<br />

A assimilação cultural era, portanto, um importante meio de fazer<br />

<strong>dos</strong> descendentes de alemães nasci<strong>dos</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> verdadeiros brasileiros.<br />

A persistência em preservarem suas especificidades culturais<br />

entrava em conflito com a cultura nacional. O integralismo<br />

considerava que os teuto-brasileiros, por serem cidadãos brasileiros,<br />

deveriam se assimilar culturalmente, não aceitando a idéia da<br />

convivência com culturas distintas que am<strong>ea</strong>çassem o projeto de<br />

homogeneização étnica e cultural do povo brasileiro.<br />

A manutenção <strong>dos</strong> quistos raciais era um empecilho para o projeto<br />

integralista de branqu<strong>ea</strong>mento da população. Era necessário<br />

que os alemães se integrassem cultural e etnicamente à nação brasileira,<br />

para que o sangue mestiço fosse ‘lavado’ pelo sangue europeu,<br />

pois o movimento integralista compartilhava da tese defendida<br />

pelos principais teóricos racistas brasileiros do período, que viam a<br />

miscigenação racial como uma solução para o futuro da nação. Dessa<br />

forma, as lideranças integralistas defendiam a proposta de branqu<strong>ea</strong>mento<br />

da população, mas apresentavam um discurso específico,<br />

retirando a discussão sobre a questão racial do campo das ciências<br />

e da razão, e a transportando para o campo da moral e <strong>dos</strong> valores,<br />

dando-lhe um aspecto humanitarista. Essa operação ideológica possibilitou<br />

ao movimento combinar a defesa de princípios racistas e<br />

excludentes com a negação do racismo enquanto parte integrante<br />

de seu ideário.<br />

Os germanistas percebiam o viés da intolerância cultural <strong>dos</strong><br />

integralistas, e manifestavam preocupação com o problema. O Pastor<br />

Hermann Dohms, presidente do Sí<strong>no</strong>do Riograndense – conside-<br />

6 SALGADO, Plínio. “A poeira da estrada”, in A Ofensiva, 27 de maio de 1936.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!