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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO – RECUPERAÇÃO REDAÇÃO O ...

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<strong>EXERCÍCIOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FIXAÇÃO</strong> <strong>–</strong> <strong>RECUPERAÇÃO</strong><br />

<strong>REDAÇÃO</strong><br />

Professora Raquel Solange Pinto<br />

Conteúdo da recuperação: tipo narrativo - relato pessoal, lenda urbana, livro<br />

“Memórias de um sargento de Milícias “ (Manuel Antônio de Almeida).<br />

Trabalhando o gênero<br />

Em 28 de fevereiro de 1955,<br />

noticiou-se que oito tripulantes de<br />

um navio da Marinha de Guerra da<br />

Colômbia que viajava de Móbile,<br />

Estados Unidos, para o porto<br />

colombiano de Cartagena, haviam<br />

caído no mar e desaparecido por<br />

causa de uma tormenta no mar do<br />

Caribe. A busca dos náufragos<br />

iniciou-se assim que o navio chegou<br />

a seu destino, duas horas depois do<br />

acidente. Após quatro dias, a busca<br />

foi dada por encerrada e os<br />

marinheiros desaparecidos<br />

declarados mortos. Dez dias depois,<br />

o marinheiro Luís Alexandre<br />

Velasco, de 20 anos, apareceu<br />

moribundo numa praia deserta do<br />

norte da Colômbia. O livro Relato de<br />

um náufrago é a reconstituição<br />

jornalística do qu Luís contou ao<br />

autor Gabriel García Márquez, na<br />

época jornalista do El Espectador,<br />

um jornal de Bogotá.<br />

O RELATO PESSOAL<br />

Observe a trajetória do navio da Marinha de<br />

Guerra da Colômbia e a trajetória da balsa<br />

do marinheiro Luís Alexandre Velasco, que<br />

chegou a Uraba, mar do Caribe, dez das<br />

depois do naufrágio.<br />

O texto que segue é um fragmento desse livro. Leia-o e, a seguir, responda às<br />

questões propostas.<br />

Eu era um morto<br />

Não me lembro do amanhecer do sexto dia. Tenho uma ideia nebulosa de<br />

que, durante toda a manhã, fiquei prostrado no fundo da balsa, entre a vida e a<br />

morte. Nesses momentos, pensava em minha família e a via tal como me contaram<br />

agora que esteve durante os dias do meu desaparecimento. Não fiquei surpreso<br />

com a notícia de que tinham me prestado homenagens fúnebres. Naquela sexta<br />

manhã de solidão no mar, pensei que tudo isso estava acontecendo. Sabia que<br />

haviam comunicado à minha família o meu desaparecimento. Como os aviões não<br />

voltaram, sabia que tinha desistido da busca e que haviam me declarado morto.<br />

1


Nada disso era errado, até certo ponto. Em todos os momentos, tratei de me<br />

defender. Encontrei sempre um meio de sobreviver, um ponto de apoio, por<br />

insignificante que fosse, para continuar esperando. No sexto dia, porém, já não<br />

esperava mais nada. Eu era um morto na balsa.<br />

À tarde, pensando que logo seriam cinco horas e os tubarões voltariam, fiz um<br />

desesperado esforço pra me levantar e me amarrar à borda. Em Cartagena, há dois<br />

anos, vi na praia os restos de um homem destroçado por tubarão. Não queria<br />

morrer assim. Não queria ser repartido em pedaços entre um montão de animais<br />

insaciáveis.<br />

Eram quase cinco horas. Pontuais, os tubarões estavam ali, rondando a balsa.<br />

Levantei-me penosamente para desatar os cabos do estrado. A tarde era fresca. O<br />

mar, tranqüilo. Senti-me ligeiramente fortalecido. Subitamente, vi outra vez as sete<br />

gaivotas do dia anterior e essa visão infundiu em mim renovados desejos de viver.<br />

Nesse instante teria comido qualquer coisa. A fome me incomodava. Mas o pior<br />

era a garganta e a dor nas mandíbulas, endurecidas pela falta de exercício.<br />

Precisava mastigar qualquer coisa. Tentei arrancar tiras de borracha dos sapatos,<br />

mas não tinha com que cortá-las. Foi então que me lembrei dos cartões da loja de<br />

Móbile.<br />

Estavam num dos bolsos da calça, quase completamente desfeitos pela<br />

umidade. Rasguei-os, levei-os à boca e comecei a mastigar. Foi um milagre: a<br />

garganta se aliviou um pouco e a boca se encheu de saliva. Lentamente continuei<br />

mastigando, como se aquilo fosse chiclete. [...] Pensava continuar mastigando os<br />

cartões indefinidamente para aliviar a dor das mandíbulas e até achei que seria<br />

desperdício jogá-los no mar. Senti descer até o estômago a minúscula papa de<br />

papelão moído e desde esse instante tive a sensação de que me salvaria, de que<br />

não seria destroçado pelos tubarões [...]<br />

Afinal, amanheceu o meu sétimo dia no mar. Não sei por que estava certo de<br />

que esse não seria o último. O mar estava tranqüilo e nublado, e quando o sol saiu,<br />

mais ou menos às oito da manhã, eu me sentia reconfortado pelo bom sono da<br />

noite. Contra o céu cinza e baixo passaram sobre a balsa as sete gaivotas.<br />

Dois dias antes eu sentira uma grande alegria vendo as sete gaivotas. Mas<br />

quando as vi pela terceira vez, depois de tê-las visto durante dois dias consecutivos,<br />

senti o terror renascer. “São sete gaivotas perdidas”, pensei, com desespero. Todo<br />

marinheiro sabe que, às vezes, um bando de gaivotas se perde no mar e voa sem<br />

direção do porto, durante vários dias, até encontrar a seguir um barco que lhes<br />

indique a direção do porto. Talvez aquelas gaivotas que vira durante três dias<br />

fossem as mesmas todos os dias, perdidas no mar. Isso significa que eu me<br />

distanciava cada mais da terra.<br />

(Gabriel García Márquez. Relato de um náufrago. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1970, 1970, p. 70-73)<br />

2


INTERPRETAÇÃO <strong>DE</strong> TEXTO<br />

1. Nesse fragmento, o marinheiro relata como foram os dias que, como<br />

náufrago, passou numa balsa à deriva no mar.<br />

a) A quais dos dias de permanência no mar o relato se refere?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

b) Duas coisas particularmente atormentavam o marinheiro: os tubarões e a<br />

fome. Apesar de não esperar mais nada, o que ele fez?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

2. A visão das sete gaivotas infundiu no narrador um desejo intenso de viver.<br />

a) Por que, na sua opinião, as gaivotas lhe deram esperanças de vida?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

b) No sétima dia, entretanto, já era a terceira vez que ele as via. Por que esse<br />

fato levou o narrador a sentir-se novamente aterrorizado?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

3. Observe os verbos e os pronomes empregados no relato.<br />

a) Em que pessoa os fatos são relatados?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

3


) Conclua: o narrador é protagonista ou observador?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

c) Em que tempo e modo está a maioria dos verbos?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

4. No relato, normalmente se emprega a variedade padrão da língua, que pode<br />

ser formal ou informal, dependendo de quem é o narrador-protagonista e seu<br />

ouvinte ou leitor. No relato em estudo, que variedade lingüística foi<br />

empregada?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

5. Conclua: quais são as características do relato pessoal?<br />

___________________________________________________________________<br />

___________________________________________________________________<br />

1.<br />

PROPOSTAS <strong>DE</strong> <strong>REDAÇÃO</strong><br />

Suponha que você seja parente de um dos 33 mineiros presos no interior de uma mina no<br />

norte do Chile, acidente que ocorreu no dia 5 de agosto de 2010 na jazida de cobre e ouro de<br />

San José, cujo acesso foi bloqueado por um desmoronamento de terra. Imagine em que isso<br />

alterou seu dia-a-dia, desde o cotidiano familiar até o trabalho, sua vida social, seus planos de<br />

futuro. Escreva um depoimento (um parágrafo de 15 linhas) narrando como você soube do<br />

4


desastre, os primeiros 17 dias antes de se saber que os mineiros estavam vivos e presos a 700<br />

metros de profundidade.<br />

2.<br />

Leia o texto abaixo:<br />

GUIA DO SOBREVIVENTE<br />

MANUAL<br />

COMO CRIAR UMA LENDA URBANA EFICAZ<br />

INGREDIENTES<br />

Invente uma história factível. “Mas sem deixar de<br />

colocar o pé no absurdo”, diz Heloisa Prieto, autora<br />

de Rotas Fantásticas, livro sobre lendas nacionais.<br />

Se não for impressionante, ninguém vai querer<br />

espalhar a lorota. Para chegar lá, persista nestas 3<br />

máximas:<br />

1. Rechear a história de detalhes.<br />

2. Basear-se em fatos do presente.<br />

3. Mexer com o oculto ou com o desconhecido.<br />

Lenda: Depois da história com as minhocas, o McDonald’s<br />

foi acusado de modificar geneticamente seus bois para fazer<br />

os animais renderem mais carne. O conto dizia que bovinos<br />

sem ossos eram alimentados por tubos. Ao atingir o tamanho<br />

ideal, iam para o matadouro e, de lá, direto para o seu Big<br />

Mac. Veja as dicas aplicadas:<br />

TEMPERE A GOSTO<br />

Tenha certeza de que a lenda, por mais absurda<br />

que pareça, seja quase impossível de ser<br />

comprovada. “O gosto de muito bom pra ser<br />

verdade deve acompanhar um fato difícil de ser<br />

checado”, afirma o especialista em lendas urbanas<br />

Jan Harold Brunvand.<br />

Lenda: Se rodadas ao<br />

contrário, músicas de<br />

um dos discos da<br />

apresentadora Xuxa<br />

trazem mensagens<br />

ocultas e de apologia ao<br />

demônio. A música<br />

Ilariê oculta a palavra<br />

“sangue”.<br />

Use a tecnologia a seu favor. A maioria das<br />

lendas atuais surgiu pela troca de e-mails. As<br />

vantagens são duas: o uso da imagem e a<br />

repetição. Nada melhor do que a internet para<br />

ela circular rapidinho.<br />

Lenda: Mapas dos livros<br />

infantis americanos registram<br />

a região amazônica como<br />

território internacional (veja a<br />

ilustração no e-mail<br />

anexado).<br />

Seu herói não precisa fazer nada além de<br />

sobreviver. Passar pela experiência, qualquer<br />

que seja, é o suficiente para dar credibilidade<br />

a uma lenda. Afinal, se ele morreu, como<br />

pôde contar a história?<br />

Lenda: Um cara vai para<br />

uma festa, apaga e acorda no<br />

dia seguinte dentro de uma<br />

banheira com gelo. Um de<br />

seus rins foi retirado. Mas<br />

ele passa bem.<br />

5


REQUENTE Você nunca ouviu uma lenda parecida com uma história que você mesmo contou tempos<br />

atrás? Contos sobre objetos domésticos que matam seus donos, por exemplo, são sucesso no mundo todo. Por<br />

isso, alguns aspectos da narrativa mudam, mas sem alterar a fórmula. Veja abaixo:<br />

O liquidificador ficou descontrolado e picotou a<br />

mão da dona de casa.<br />

Em 1904, houve um boato de que a vacinação<br />

obrigatória contra a varíola, era na verdade, um<br />

plano para dizimar a população pobre do Rio de<br />

Janeiro. A lenda teve uma conseqüência a Revolta<br />

da Vacina.<br />

Uma gangue distribuía, nas portas das escolas,<br />

tatuagens adesivas impregnadas de LSD para<br />

viciar criancinhas.<br />

Versão inventada X Versão reciclada<br />

Ventilador de teto assassino se desprega e degola uma<br />

criança.<br />

Noventa e cinco anos depois, o governo lança uma<br />

campanha de vacinação de idosos contra a gripe. Dessa<br />

vez, as vacinas seriam usadas para matar os velhinhos por<br />

causa do déficit da Previdência Social.<br />

Quase na mesma época, mas em bairros diferentes, um<br />

pipoqueiro sacana salgava a sua mercadoria com cocaína<br />

com o mesmo intuito.<br />

(PASES <strong>–</strong> Triênio 2007-2009) Seguindo as orientações propostas pelo “Supermanual <strong>–</strong> Guia<br />

do Sobrevivente” da revista Superinteressante, produza um texto narrativo, entre 20 e 25<br />

linhas, criando “uma lenda urbana eficaz”.<br />

QUESTÕES <strong>–</strong> MÚLTIPLA ESCOLHA<br />

1. (FUVEST) Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagonista de<br />

Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:<br />

a) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço<br />

de driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa<br />

sorte.<br />

b) Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo nos diálogos, nos quais revela<br />

ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico que busca<br />

ocultar.<br />

c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico,<br />

genuinamente puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.<br />

d) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral<br />

sempre emerge, condenado o prõprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da<br />

expiação.<br />

e) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão<br />

mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.<br />

6


2. (UFRS-RS) Leia o texto abaixo, extraído do romance Memórias de um Sargento<br />

de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.<br />

“Desta vez porém Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço, como este<br />

último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso,<br />

vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. E ingenuamente não<br />

sabemos se se poderá aplicar com razão ao Leonardo.”<br />

Considere as afirmações abaixo sobre o comentário feito em relação à palavra<br />

ingenuamente na última frase do texto:<br />

I. O narrador aponta para a ingenuidade da personagem frente à vida e às<br />

experiências desconhecidas do primeiro amor.<br />

II. O narrador, por saber quem é Leonardo, põe em dúvida o caráter da personagem<br />

e as suas intenções.<br />

III. O narrador acentua o tom irônico que caracteriza o romance.<br />

Quais estão corretas?<br />

a) Apenas I<br />

b) Apenas II<br />

c) Apenas III<br />

d) Apenas II e III<br />

e) I, II e III<br />

3. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em<br />

Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui<br />

chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos<br />

empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com<br />

ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira<br />

das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe<br />

justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era<br />

maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo<br />

fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma<br />

valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se<br />

como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando<br />

beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo<br />

7


os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se<br />

a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco<br />

mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares,<br />

que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um<br />

sargento de milícias)<br />

Glossário:<br />

1 algibebe: mascate, vendedor ambulante.<br />

2 saloia: aldeã das imediações de Lisboa.<br />

3 maganão: brincalhão, jovial, divertido.<br />

Neste excerto, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre<br />

Leonardo e Maria<br />

a) manifesta os sentimentos antilusitanos do autor, que enfatiza a grosseria dos<br />

portugueses em oposição ao refinamento dos brasileiros.<br />

b) revela os preconceitos sociais do autor, que retrata de maneira cômica as classes<br />

populares, mas de maneiras respeitosa a aristocracia e o clero.<br />

c) reduz as relações amorosas a seus aspetos sexuais e fisiológicos, conforme os<br />

ditames do Naturalismo.<br />

d) opõe-se ao tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas,<br />

dominante do Romantismo.<br />

e) evidencia a brutalidade das relações inter-raciais, própria do contexto colonial<br />

escravista.<br />

4. (UNESP) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando<br />

estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o<br />

mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos<br />

dar. Vamos agora cumprir a promessa.<br />

Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu<br />

nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se<br />

recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar<br />

acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que<br />

nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por<br />

que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a<br />

curiosidade de indagá-lo.<br />

8


Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever.<br />

Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de outro nome,<br />

uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por<br />

outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor<br />

sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e<br />

morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.<br />

_____________________<br />

(*) fâmulo: empregado, criado<br />

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)<br />

Neste excerto, mostra-se que o compadre provinha de uma situação de família<br />

irregular e ambígua. No contexto do livro, as situações desse tipo:<br />

a) caracterizam os costumes dos brasileiros, por oposição aos dos imigrantes<br />

portugueses.<br />

b) são apresentadas como conseqüência da intensa mestiçagem racial, própria da<br />

colonização.<br />

c) contrastam com os rígidos padrões morais dominantes no Rio de Janeiro<br />

oitocentista.<br />

d) ocorrem com freqüência no grupo social mais amplamente representado.<br />

e) começam a ser corrigidas pela doutrina e pelos exemplos do clero católico.<br />

5. (PUC) Das alternativas abaixo, indique a que contraria as características mais<br />

significativas do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio<br />

de Almeida:<br />

a) Romance de costumes que descreve a vida da coletividade urbana do Rio de<br />

Janeiro, na época de D. João VI.<br />

b) Narrativa de malandragem, já que Leonardo, personagem principal, encarna o<br />

tipo do malandro amoral que vive o presente, sem qualquer preocupação com o<br />

futuro.<br />

c) Livro que se liga aos romances de aventura, marcado por intenção crítica contra a<br />

hipocrisia, a venalidade, a injustiça e a corrupção social.<br />

d) Obra considerada de transição para um novo estilo de época, ou seja, o<br />

Realismo/Naturalismo.<br />

e) Romance histórico que pretende narrar fatos de tonalidade heróica da vida<br />

brasileira, como os vividos pelo Major Vidigal, ambientados no tempo do rei.<br />

9


6. FUVEST) O enterro saiu acompanhado pela gente da amizade: os escravos da<br />

casa fizeram uma algazarra tremenda. A vizinhança pôs-se toda à janela, e tudo foi<br />

analisado, desde as argolas e galões do caixão, até o número e qualidade dos<br />

convidados; e sobre cada um dos pontos apareceram três ou quatro opiniões<br />

diversas. (Manuel Antônio de Almeida <strong>–</strong> Memórias de um sargento de milícias)<br />

O trecho acima exemplifica uma das características fundamentais do romance que<br />

é:<br />

a) o retrato fiel dos usos e costumes do Rio de Janeiro no segundo reinado.<br />

b) o caráter mórbido dos personagens sempre envolvidos com a morte.<br />

c) sentimentalismo comum aos romances escritos durante o Romantismo.<br />

d) o destino comum do personagem picaresco: o seu encontro com a morte.<br />

e) a descrição de fatos relacionados à cultura e ao comportamento popular.<br />

7. (FUVEST) Memórias de um Sargento de Milícias não apresenta a idealização e<br />

sentimentalismo comuns ao Romantismo. É uma obra excêntrica, bastante diferente<br />

das narrativas dessa escola literária.<br />

Assinale a alternativa em que se evidencia o anti-sentimentalismo, o distanciamento<br />

do lugar-comum romântico. a) "Isto tudo vem para dizermos que Maria Regalada<br />

tinha um verdadeiro amor ao major Vidigal."<br />

b) "Não é também pequena desventura o cairmos nas mãos de uma mulher a quem<br />

deu na veneta querer-nos bem deveras."<br />

c) "O Leonardo estremeceu por dentro, e pediu ao céu que a lua fosse eterna;<br />

virando o rosto, viu sobre seus ombros aquela cabeça de menina iluminada."<br />

d) "Sem saber como, unia-se ao Leonardo, firmava-se com as mãos sobre os seus<br />

ombros para se poder sustentar mais tempo nas pontas dos pés, falava-lhe e<br />

comunicava-lhe a sua admiração."<br />

e) "Leonardo ficou também por sua vez extasiado; pareceu-lhe então o rosto mais<br />

lindo que jamais vira."<br />

8. (FUVEST) Assinale a alternativa em que aparece fragmento que se refere ao<br />

protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias.<br />

a) "Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria;aborrecera-se porém do negócio e<br />

viera ao Brasil.Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o<br />

emprego de que o vemos empossado."<br />

b) "Era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de<br />

administração: era o juiz que julgava e distribuía a pena."<br />

10


c) "Quando passou de menino a rapaz, e chegou a saber barbear e sangrar<br />

sofrivelmente, foi obrigado a manter-se à sua custa."<br />

d) "Era este um homem todo em proporções infinitesimais, baixinho, magrinho, de<br />

carinha estreita e chupada, excessivamente calvo, tinha pretensões de latinista."<br />

e) "Digamos unicamente que durante todo este tempo o menino não desmentiu<br />

aquilo que anunciara desde que nasceu: atormentava a vizinhança."<br />

9. (UNIBAN) Sobre Memórias de um Sargento de Milícias, só não se pode afirmar<br />

que:<br />

a) A obra tem como protagonista um anti-herói de características picarescas, o que<br />

afasta o livro dos padrões de idealização românticos.<br />

b) À parte a dimensão fantasiosa de que se revestem as peripécias de Leonardo, o<br />

livro pode ser considerado realista devido à análise crítica dos costumes da corte.<br />

c) O final do protagonista é bem sucedido, visto que ele se curva ao universo da<br />

ordem e das regras sociais.<br />

d) O livro não apresenta perspectiva moralista, pois o “herói malandro“ não é<br />

castigado, mas premiado, e o narrador não emite juízos de valor sobre o que narra.<br />

e) A ausência de polarização maniqueísta entre o que é considerado correto ou<br />

incorreto, moral ou imoral, pode ser verificada na caracterização dos personagens,<br />

em que redomina o humor sobre a idealização.<br />

10. (UNIBAN) Leia a seguinte afirmação crítica a respeito de Memórias de um<br />

Sargento de Milícias:<br />

“Diversamente de todos os romances brasileiros do século XIX, mesmo os que<br />

formam a pequena minoria dos romances cômicos, as Memórias de um Sargento de<br />

Milícias criam um universo que parece liberto do peso do erro e do pecado.“<br />

Assinale a alternativa que não apresenta um fato relacionado ao universo<br />

mencionado na afirmação acima:<br />

a) Luisinha prometera casamento a Leonardo, o que não a impede de trair o<br />

juramento sem remorsos, casando-se com José Manuel.<br />

b) A comadre forja uma calúnia para afastar do caminho José Manuel, antagonista<br />

de Leonardo, visando à felicidade do afilhado.<br />

c) O mestre-de-reza vale-se de sua intimidade junto à casa de D. Maria para reverter<br />

a maledicência criada para denegrir José Manuel.<br />

11


d) O patrimônio do compadre, que viria a servir de amparo ao afilhado abandonado,<br />

origina-se de um juramento rompido desonestamente.<br />

e) Leonardo Pataca expulsa de casa o próprio filho, para depois dar-lhe abrigo,<br />

afastando-o da vida desregrada.<br />

12


1.<br />

QUESTÕES DISCURSIVAS <strong>–</strong> RESPOSTAS ESPERADAS<br />

a) O relato se refere ao sexto e ao sétimo dia.<br />

b) O marinheiro amarrou-se à borda da balsa, mastigou cartões de uma loja e os<br />

engoliu.<br />

2.<br />

a) As gaivotas lhe deram esperança porque elas significam a proximidade da terra.<br />

b) O narrador voltou a sentir-se aterrorizado porque um bando de gaivotas pode se<br />

perder no mar e voar dias até encontrar um barco que lhe indique a direção do porto.<br />

3.<br />

a) Os fatos são relatados na 1ª pessoa.<br />

b) O narrador é protagonista.<br />

c) A maioria dos verbos estão no pretérito perfeito.<br />

4. No relato foi empregada a variedade padrão.<br />

5. É um texto que narra episódios marcantes na vida de uma pessoa. O narrador é<br />

protagonista. Os verbos são empregados predominantemente na 1ª pessoa e<br />

predomina o tempo passado. A linguagem empregada é compatível com os<br />

interlocutores, sendo normalmente a variedade padrão da língua.<br />

QUESTÕES GABARITO<br />

01 A<br />

02 B<br />

03 D<br />

04 D<br />

05 E<br />

06 E<br />

07 B<br />

08 E<br />

09 B<br />

10 A<br />

QUESTÕES FECHADAS <strong>–</strong> GABARITO<br />

13

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