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Elizete-Lit-Exercícios Exercícios de Recuperação<br />
Recuperação-<strong>1ª</strong> <strong>série</strong><br />
Questão 01<br />
A peça O pagador de promessas, de Dias Gomes tem nítidos propósitos de evidenciar certas<br />
questões sócio-culturais culturais da vida brasileira, em detrimento do aprofundamento psicológico de<br />
seus personagens. Portanto, quanto uanto à função da Literatura, predomina no texto de Dias Gomes<br />
Questão 02<br />
a) A função engajada, uma função ética, utilitária e prática porque é a função do<br />
engajamento, da denúncia, da crítica.<br />
b) A função metalingüística, capaz de levar o texto a ultrapassar as barreiras do tempo e<br />
do espaço.<br />
c) A função lúdica. que é o texto literário como forma dde<br />
e brinquedo, diversão,<br />
entretenimento, jogo, despertar de emoções agradáveis, distração, sem qualquer<br />
finalidade prática e utilitária.<br />
d) A função evasiva, , a literatura funcionando como um elemento de evasão do “eu”,<br />
permitindo-lhe lhe a fuga à realidade concreta que o cerca.<br />
Quanto ao gênero literário, podemos afirmar que a obra O pagador de promessas<br />
Questão 03<br />
Texto I<br />
a) Pertence ao gênero lírico.<br />
b) Possui multiplicidade de gênero.<br />
c) Pertence ao gênero ênero dramático.<br />
d) Pode ser classificado como prosa poética.<br />
Alma minha gentil, que te partiste<br />
Tão cedo desta vida descontente,<br />
Repousa lá no Céu eternamente,<br />
E viva eu cá na terra sempre triste.<br />
(Camões)<br />
Texto II<br />
Fulana, como é sadia!<br />
Os enfermos somos nós.<br />
Sou eu, o poeta precário<br />
Que fez de Fulana um mito,<br />
Nutrindo-me de Petrarca,<br />
Ronsard, Camões e Capim.<br />
(Carlos Drummond de Andrade)
Sobre os textos, assinale a alternativa correta.<br />
a) O tom altivo, presente nos dois textos, é coerente com o uso do padrão culto da língua e<br />
com o modelo formal adotado: em I, o decassílabo e, em II, o verso pentassílabo<br />
(redondilha menor).<br />
b) Em I, a presença de antítese (v. 3 e 4) já antecipa na poesia camoniana, traço estilístico<br />
típico da próxima escola literária, o Barroco; em II, a irreverência clássica está entrevista<br />
nas ousadas inversões sintáticas.<br />
c) Os seguimentos ‘Repousa lá no céu’ (texto I) e ‘fez de Fulana um mito’ (texto II)<br />
comprovam que nos dois textos o eu lírico valoriza, por influência da cultura clássica, a<br />
concepção platônica do amor.<br />
d) Em I, a referência à amada é feita em linguagem elevada (Alma minha gentil), seguindo<br />
os preceitos clássicos; em II, o emprego de Fulana, por exemplo, sugere atitude que nega<br />
idealizações.<br />
Questão 04<br />
“Vistes que, com grandíssima ousadia,<br />
Foram já cometer o Céu supremo;<br />
Vistes aquela insana fantasia<br />
De tentarem o mar com vela e remo;<br />
Vistes, e ainda vemos cada dia,<br />
Soberbas e insolências tais, que temo<br />
Que do Mar e do Céu, em poucos anos<br />
Venham Deuses a ser, e nós, humanos.”<br />
“Oh! Ditosos aqueles que puderam<br />
Entre as agudas lanças Africanas<br />
Morrer, enquanto fortes sustiveram<br />
A santa Fé nas terras Mauritanas!<br />
De quem feitos ilustres se souberam,<br />
De quem ficam memórias soberanas,<br />
De quem se ganha a vida, com perdê-la,<br />
Doce fazendo a morte as honras dela!”<br />
Luís de Camões – Os Lusíadas<br />
mauritano: relativo à Mauritânia (norte da África); o mesmo que mouro.<br />
O poema épico Os Lusíadas foi uma das melhores representações do Classicismo português<br />
projetando a literatura portuguesa entre as mais significativas do cenário europeu durante o<br />
Renascimento. O fragmento apresentado projeta desse momento histórico<br />
a) Um cristianismo acentuadamente teocêntrico ao colocar os portugueses como mártires<br />
das guerras santas.<br />
b) O antropocentrismo, que contesta as capacidades físicas e intelectuais do ser humano.<br />
c) Uma visão humanista, pois o homem é considerado capaz de superar todas as<br />
dificuldades ao desbravar o mar.<br />
d) Um profundo misticismo teológico ao configurar os seres humanos como deuses.
Questão 05<br />
"Amor é fogo que arde sem se ver;<br />
É ferida que dói e não se sente;<br />
É um contentamento descontente;<br />
É dor que desatina sem doer;<br />
É um não querer mais que bem querer;<br />
É solitário andar por entre a gente;<br />
É nunca contentar-se de contente;<br />
É cuidar que se ganha em se perder;<br />
É querer estar preso por vontade;<br />
É servir a quem vence, o vencedor;<br />
É ter com quem nos mata lealdade.<br />
Mas como causar pode seu favor<br />
Nos corações humanos amizade,<br />
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”<br />
Luís de Camões. Obra completa.<br />
Soneto do amor maior<br />
“Maior amor nem mais estranho existe<br />
Que o meu, que não sossega a coisa amada<br />
E quando a sente alegre, fica triste<br />
E se a vê descontente, dá risada.<br />
E que só fica em paz se lhe resiste<br />
O amado coração, e que se agrada<br />
Mas da eterna aventura em que persiste<br />
Que de uma vida mal aventurada.<br />
Louco amor meu que, quando toca, fere<br />
E quando fere, vibra, mas prefere<br />
Ferir a fenecer — e vive a esmo<br />
Fiel à sua lei de cada instante<br />
Desassombrado, doido, delirante<br />
Numa paixão de tudo e de si mesmo.”<br />
Vinicius de Moraes. Obra completa.<br />
Vinicius de Moraes (séc. XX) e Luís de Camões (séc. XVI) são representantes de estilos<br />
literários distintos, no entanto, observa-se um diálogo entre os textos. Em ambos<br />
a) Há a abordagem de um amor físico, natural, espontâneo, presente em todas as gerações<br />
literárias, ao mesmo tempo uma coincidência estética pois em ambos os versos são<br />
alexandrinos.<br />
b) Nota-se uma aproximação em relação à forma poética e o uso da antítese para construir<br />
a imagem do amor como sentimento contraditório.<br />
c) Percebe-se a generalização acerca dos efeitos que o amor causa nos seres humanos.
d) Revela-se o racionalismo do amor como sentimento que harmoniza e conforta os<br />
corações humanos.<br />
Questão 06<br />
Texto I - Mar portuguez<br />
(Fernando Pessoa)<br />
Ó mar salgado, quanto do teu sal<br />
São lágrimas de Portugal!<br />
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,<br />
Quantos filhos em vão resaram!<br />
Quantas noivas ficaram por casar<br />
Para que fosses nosso, ó mar!<br />
Valeu a pena? Tudo vale a pena<br />
Se a alma não é pequena.<br />
Quem quere passar além do Bojador<br />
Tem que passar além da dor.<br />
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,<br />
Mas nelle é que espelhou o céu.<br />
Texto II<br />
(Camões)<br />
“Em tão longo caminho e duvidoso<br />
Por perdidos as gentes nos julgavam,<br />
As mulheres co’um choro piedoso,<br />
Os homens com suspiros que arrancavam.<br />
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso<br />
Amor mais desconfia, acrescentavam<br />
A desesperação e frio medo<br />
De já nos não tornar a ver tão cedo."<br />
A partir dos trechos e de seus conhecimentos de Os Lusíadas, assinale a alternativa incorreta.<br />
a) O texto II pertence ao episódio “O velho do Restelo”, de Os Lusíadas, em que Camões<br />
indica uma crítica às pretensões expansionistas de Portugal, nos séculos XV e XVI.<br />
b) Apesar das diferenças de estilo, tanto o texto de Camões quanto o de Fernando Pessoa<br />
indicam uma mesma idéia: a de que o caráter heróico das descobertas marítimas exige e<br />
justifica riscos e sofrimentos.<br />
c) O fato de Camões, em Os Lusíadas, lançar dúvidas sobre a adequação das conquistas<br />
ultramarinas – o assunto principal do poema – contrapõe-se ao modelo clássico da<br />
epopéia.<br />
d) Ainda que abordem uma mesma circunstância histórica e ressaltem as mesmas reações<br />
humanas, o texto de Fernando Pessoa e o episódio “O velho do Restelo” chegam a<br />
conclusões diferentes sobre a validade das navegações portuguesas.<br />
Questão 07
Tanto de meu estado me acho incerto<br />
que em vivo ardor tremendo estou de frio;<br />
sem causa, juntamente choro e rio;<br />
o mundo todo abarco e nada aperto.<br />
[...]<br />
Se me pergunta alguém por que assim ando,<br />
respondo que não sei; porém suspeito<br />
que só porque vos vi, minha Senhora.<br />
Camões<br />
O excerto acima corresponde à primeira e última estrofes de conhecido soneto camoniano.<br />
Depreende-se de sua leitura que:<br />
a) o poeta, ao usar o vocativo minha Senhora, explicita o fato de ter como interlocutora uma<br />
mulher já madura e experiente, capaz, portanto, de lhe aliviar a dor.<br />
b) um antigo envolvimento amoroso é agora relembrado com alegria, provocando no poeta<br />
prazerosas e variadas sensações.<br />
c) o poeta, ao manifestar à Senhora seu estado de espírito, faz indiretamente uma<br />
declaração amorosa.<br />
d) a insegurança do poeta se deve ao fato de ter sido rejeitado, conforme se explicita no<br />
verso que só porque vos vi, minha Senhora (última estrofe).<br />
Questão 08<br />
Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás.<br />
Ainda que os tupinambás se dividiram em bandos, e se inimizaram uns com outros, todos falam<br />
uma língua que é quase geral pela costa do Brasil, e todos têm uns costumes em seu modo de<br />
viver e gentilidades; os quais não adoram nenhuma coisa, nem têm nenhum conhecimento da<br />
verdade, nem sabem mais que há morrer e viver; e qualquer coisa que lhes digam, se lhes mete<br />
na cabeça, e são mais bárbaros que quantas criaturas Deus criou. Têm muita graça quando<br />
falam, mormente as mulheres; são mui compendiosas na forma da linguagem, e muito copiosos<br />
no seu orar; mas faltam-lhes três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa<br />
muito para se notar; porque, se não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adorem;<br />
nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus<br />
Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não<br />
têm L na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem preceitos para se<br />
governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis<br />
com que se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm esta letra R na sua<br />
pronunciação, é porque não têm rei que os reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a<br />
ninguém, nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade; para<br />
dizerem Francisco dizem Pancico, para dizerem Lourenço dizem Rorenço, para dizerem Rodrigo<br />
dizem Rodigo; e por este modo pronunciam todos os vocábulos em que entram essas três letras.
(SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587- Capítulo CL – Em que se<br />
declara o modo e a linguagem dos tupinambás. In: VILLA, Marco Antonio e OLIVIERI, Antonio<br />
Carlos. Cronistas do Descobrimento. São Paulo: Ática, 1999, p. 144).<br />
GLOSSÁRIO:<br />
Gentilidades: paganismo, religião dos gentios.<br />
Compendiosas: resumidas, sintéticas.<br />
Copiosos: abundantes, grandes, extensos.<br />
Leia o fragmento.<br />
“[...] nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em<br />
Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem.”<br />
(linhas 7 a 9)<br />
A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor<br />
a) considera eficaz a ação dos jesuítas na conversão dos indígenas.<br />
b) mostra surpresa diante do fato de os índios não terem fé em Deus, mesmo sendo<br />
doutrinados no cristianismo.<br />
c) defende, em princípio, que não se deve cobrar dos índios a fé em Deus.<br />
d) ressalta a presença das doutrinas cristãs nas práticas religiosas dos índios.<br />
Questão 09<br />
O texto, escrito no Brasil colonial,<br />
a) pertence a um conjunto de documentos da tradição histórico-literária brasileira, cujo<br />
objetivo principal era apresentar à metrópole as características da colônia recémdescoberta.<br />
b) já antecipa, pelo tom grandiloqüente de sua linguagem, a concepção idealizadora que os<br />
românticos brasileiros tiveram do indígena.<br />
c) é exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascentista<br />
transfigura os dados de uma realidade objetiva.<br />
d) é exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeticamente o<br />
“bom selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século XVIII.<br />
Questão 10<br />
“Ao desconcerto do mundo<br />
Os bons vi sempre passar<br />
No mundo graves tormentos;<br />
E, para mais me espantar,<br />
Os maus vi sempre nadar<br />
Em mar de contentamentos.<br />
Cuidando alcançar assim<br />
O bem tão mal ordenado<br />
Fui mau, mas fui castigado.<br />
Assim que, só para mim<br />
Anda o mundo concertado.”
A afirmação que evidencia a temática sugerida pelo poeta no texto é o(a):<br />
a) acentuado pessimismo e a valorização da religiosidade mística.<br />
b) instabilidade e fugacidade da vida e dos bens materiais.<br />
c) sofrimento pela indiferença e pela espiritualização do amor.<br />
d) desproporção entre o merecimento humano e o destino.<br />
Questão 11<br />
MAR PORTUGUEZ<br />
Ó mar salgado, quanto do seu sal<br />
São lágrimas de Portugal!<br />
Por te cruzarmos, quantas mãe choraram,<br />
Quantos filhos em vão rezaram!<br />
Quantas noivas ficaram por casar<br />
Para que fosses nosso, ó mar!<br />
Valeu a pena? Tudo vale a pena<br />
Se a alma não é pequena.<br />
Quem quer passar além do Bojador<br />
Tem que passar além da dor.<br />
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,<br />
Mas nele é que espelhou o céu.<br />
(Fernando Pessoa – Poeta Modernista do século XX)<br />
a) Bojador é um cabo localizado na costa oeste da África e era, até meados do século XV, o<br />
ponto mais ao sul conhecido do território africano. Com essas informações, explique os<br />
versos: “Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor.”<br />
b) O Texto centra-se numa interrogativa: “Valeu a pena?”. Explique os motivos que levam a<br />
esta pergunta e a resposta dada.<br />
Questão 12<br />
Camões em Os Lusíadas, traz à sua obra o espírito nacionalista que se verificava em Portugal<br />
entre os séculos XV e XVI. Justifique esta afirmativa com os conhecimentos estudados sobre a<br />
referida obra.<br />
Questão 13<br />
“Ao desconcerto do mundo<br />
Os bons vi sempre passar<br />
No mundo graves tormentos;<br />
E, para mais me espantar,<br />
Os maus vi sempre nadar<br />
Em mar de contentamentos.<br />
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado<br />
Fui mau, mas fui castigado.<br />
Assim que, só para mim<br />
Anda o mundo concertado.”<br />
O curto poema de Camões compõe-se de partes correspondentes ao destaque dado às<br />
personagens (o eu poemático e os outros). Quanto ao significado, o poema baseia-se em<br />
antíteses desdobradas, de tal maneira trançadas que parecem refletir o "desconcerto do<br />
mundo". Posto isso:<br />
Identifique a antítese básica do poema e mostre os seus desdobramentos.<br />
Questão 14<br />
Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho<br />
Destemperada e a voz enrouquecida,<br />
E não do canto, mas de ver que venho<br />
Cantar a gente surda e endurecida.<br />
O favor com que mais se acende o engenho,<br />
Não no dá a Pátria, não, que está metida<br />
No gosto da cobiça e na rudeza<br />
Duma austera, apagada e vil tristeza<br />
Explique a o tom desiludido que Camões assume no texto acima, que faz parte do Canto X do<br />
poema Os Lusíadas.<br />
Questão 15<br />
Leia o poema de Oswald de Andrade, poeta brasileiro do século XX, a respeito do<br />
descobrimento:<br />
Erro de português<br />
Quando o português chegou<br />
Debaixo duma bruta chuva<br />
Vestiu o índio<br />
Que pena!<br />
Fosse uma manhã de sol<br />
O índio tinha despido o português.<br />
No poema, há uma correlação entre as condições do tempo e os elementos humanos.<br />
a) Indique o elemento da natureza que simboliza o colonizador e o colonizado.<br />
b) Se as condições do tempo fossem diferentes, quais seriam as consequências.<br />
Questão 16<br />
Nossa visão de mundo está formada a partir da cultura que assimilamos. Isso determina o “filtro”<br />
através do qual enxergamos e analisamos a novidade, o desconhecido. Que “filtro” seria esse no<br />
caso do seguinte trecho da carta de Caminha? Explique.
E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para batizar, porque já então terão<br />
mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados que aqui entre eles ficam, os quais hoje<br />
também comungaram ambos.<br />
Questão 17<br />
Busque Amor novas artes, novo engenho,<br />
Para matar-me, e novas esquivanças;<br />
Que não pode tirar-me as esperanças,<br />
Que mal me tirará o que eu não tenho.<br />
Olhai de que esperanças me mantenho!<br />
Vede que perigosas seguranças!<br />
Que não temo contrastes nem mudanças,<br />
Andando em bravo mar, perdido o lenho.<br />
Mas, conquanto não pode haver desgosto<br />
Onde esperança falta, lá me esconde<br />
Amor um mal que mata e não se vê;<br />
Que dias há que na alma me tem posto<br />
Um não sei quê, que nasce não sei onde,<br />
Vem não sei como, e dói não sei por quê.<br />
(Luís de Camões)<br />
Faça um parágrafo explicitando o conceito que o eu lírico desenvolve sobre o amor.<br />
Questão 18<br />
Leia o fragmento abaixo retirado de Os Lusíadas, de Camões.<br />
As armas e os barões assinalados<br />
Que da Ocidental praia Lusitana,<br />
Por mares nunca dantes navegados<br />
Passaram ainda além da Taprobana,<br />
Em perigos e guerras esforçados<br />
Mais do que prometia a força humana<br />
E entre gente remota edificaram<br />
Novo Reino, que tanto sublimaram;<br />
A literatura clássica surge com o desenvolvimento do comércio e das cidades. Nascia, assim,<br />
um espírito de otimismo, de confiança no homem (antropocentrismo) e no futuro. A estrofe acima<br />
exemplifica essa visão antropocêntrica do período? Explique.<br />
Questão 19<br />
Na obra O pagador de promessas, de Dias Gomes, o enfoque principal do autor não é, portanto,<br />
a questão religiosa. Não obstante, as personagens, diálogos e contexto sócio-político, também<br />
permitem a reflexão nesta perspectiva. O próprio autor admite que “há também a intolerância, o
sectarismo, o dogmatismo, que fazem com que vejamos inimigos naqueles que, de fato estão do<br />
nosso lado” (id.). Sua preocupação não se restringe à intolerância religiosa, como podemos<br />
deduzir a partir do confronto entre o Padre Olavo e Zé-do-Burro, mas abarca a intolerância<br />
universal. Os preconceitos que produzem a intolerância se nutrem de diversos alimentos. A<br />
intolerância tem várias faces e se faz presente em qualquer época e território onde pise o ser<br />
humano. A história da humanidade é também a história da sua incapacidade de conviver com o<br />
outro, com o diferente.<br />
Questão 20<br />
Com base na leitura da obra faça um parágrafo justificando essa afirmativa.<br />
REPÓRTER – Seu Zé-do-Burro, o senhor será eleito com burro e tudo. (Confidencial) Escute<br />
aqui, será que essa história de promessa não é um golpe para impressionar o eleitorado?...<br />
ZÉ – Golpe?!<br />
REPÓRTER – E de mestre! Avalio a agitação que o senhor fez com isso. Pelas estradas, no<br />
caminho até aqui, deve ter-se juntado uma verdadeira multidão para vê-lo passar... E imagine a<br />
volta à sua cidade, em carro aberto, banda de música, foguetes!<br />
ZÉ – O senhor está maluco? Não vai haver nada disso.<br />
REPÓRTER – Vai. Vai porque o meu jornal vai promover. Só faço questão de uma coisa: que o<br />
senhor nos dê exclusividade. Que não conceda entrevistas a mais ninguém. É claro que o<br />
senhor terá uma compensação... (com os dedos, faz o sinal de dinheiro) e também a<br />
publicidade. Primeira página, com fotografias do senhor e sua senhora; mandaremos fotografar<br />
também o burro – em poucas horas o senhor será um herói nacional.<br />
ZÉ – (contrariado) Moço, eu acho que o senhor não me entendeu. Ninguém ainda me<br />
entendeu...<br />
Tendo dividido suas terras entre outros lavradores e cumprindo o sacrifício pela salvação do<br />
burro Nicolau, o personagem Zé do Burro, confessando-se ignorante em questões de política,<br />
desempenha um papel ideológico criado intencionalmente pelo autor Dias Gomes. Que papel é<br />
esse?
Respostas<br />
Questão 01<br />
Letra A<br />
Questão 02<br />
Letra C<br />
Questão 03<br />
Letra D<br />
Questão 04<br />
Letra C<br />
Questão 05<br />
Letra B<br />
Questão 06<br />
Letra B<br />
Questão 07<br />
Letra C<br />
Questão 08<br />
Letra B<br />
Questão 09<br />
Letra A<br />
Questão 10<br />
Letra D<br />
Questão 11<br />
a) Fernando Pessoa deixa claro que, se o objetivo da viagem é a grandeza da pátria, não<br />
importam os sacrifícios impostos a todos, a solidão, a morte, o medo do desconhecido.<br />
b) Fernando Pessoa refere-se à conquista portuguesa, se valeu a pena as lágrimas das<br />
mulheres, dos filhos e das noivas dos navegadores que se lançaram ao mar, e, na<br />
resposta, o autor busca reafirmar o destino e a grandiosidade da terra e do povo<br />
português, portanto, tudo vale a pena quando a alma não é pequena, mesquinha, pouco<br />
ambiciosa.<br />
Questão 12<br />
No final do século XV e início do século XVI, Portugal estava em plena expansão marítima e,<br />
como forma de exaltar a coragem e a bravura dos portugueses, Camões em Os Lusíadas, narra<br />
o maior feito dos lusitanos, a viagem de Vasco da Gama às Índias. Além disso, conta a história<br />
dos portugueses desde a Idade Média, destacando o heroísmo de seu povo
Questão 13<br />
A antítese básica do poema é a contradição entre a conduta e o merecimento. Os bons sofrem<br />
graves tormentos e os maus nadam em mar de contentamentos. O eu lírico tentou alcançar o<br />
contentamento sendo mau, no entanto, foi castigado. Assim, para ele, o mundo mostrou-se<br />
concertado.<br />
Questão 14<br />
Camões anuncia que cessará o canto. A glória da pátria estava no passado; agora, dominada<br />
pela cobiça e mergulhada na tristeza, ela não lhe dá mais razão para continuar um canto de<br />
glorificação.<br />
Questão 15<br />
a) O português (colonizador) é simbolizado pela chuva e o índio (colonizado) pelo sol.<br />
b) De acordo com o texto, se o português tivesse chegado ao Brasil numa manhã de sol<br />
teria aderido à cultura indígena e não o contrário<br />
Questão 16<br />
O filtro seria a catequização. Foi através da catequese que os portugueses aproximaram-se dos<br />
índios; poemas e peças de teatro foram usados para “filtrar” a cultura indígena.<br />
Questão 17<br />
No texto o amor é personificado como uma divindade que busca estratégias para dominar eu<br />
lírico que se sente desesperançoso. Nas duas últimas estrofes percebe-se que o Amor<br />
conseguiu atingir seu objetivo.<br />
Questão 18<br />
Sim, o trecho ressalta a coragem e a ousadia dos portugueses que enfrentaram o<br />
desconhecido (Por mares nunca dantes navegados) e correram riscos superando a força<br />
humana (antropocentrismo), para conquistarem as Índias.<br />
Questão 19<br />
Na obra, Dias Gomes supera o simplismo de atribuir somente à intolerância religiosa a tragédia<br />
de Zé-do-Burro. Personagens como o Repórter, o Policial e Bonitão, entre outros, tentam se<br />
aproveitar da situação como lhes convém, sem se importarem com o drama do sertanejo.<br />
Apresenta-se então, outras faces da intolerância que ganha ares sócio-culturais, enfatizando a<br />
incapacidade do ser humano em respeitar o outro.<br />
Questão 20<br />
A obra tem forte conotação político-social, pois o autor aborda um tema há muito em evidência<br />
no Brasil: a reforma agrária; na obra, Zé do Burro distribuiu parte de sua terra e sugere que a
terra deve ser de quem nela trabalha, ou seja, ele representa todas as pessoas que ainda hoje,<br />
lutam contra os latifundiários pela distribuição das terras.