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Rubem Braga<br />

Choro<br />

Eram todos negros: uma viola, um clarinete, um pandeiro e uma cabaça.<br />

Juntaram-se na varandinha de uma casa abandonada e ali ficaram chorando valsas,<br />

repinicando sambas. E a gente veio se ajuntando, calada, ouvindo. Alguém mandou no<br />

botequim da esquina trazer cerveja e cachaça. E em pé na calçada, ou sentados no<br />

chão da varanda, ou nos canteiros do jardinzinho, todos ficamos em silêncio ouvindo os<br />

negros.<br />

Os que ouviam não batiam palmas nem pediam música nenhuma; ficavam<br />

simplesmente bebendo em silêncio aquele choro, o floreio do clarinete, o repinicado vivo e<br />

triste da viola.<br />

Trabalho de recuperação final - 4º bimestre – Professora Keila Nascimento<br />

Só essa música que nos arrasta e prende, nos dá alegria e tristeza, nos leva a<br />

outras noites de emoções – e grátis. Ainda há boas coisas grátis, nesta cidade de coisas tão<br />

caras e de tanta falta de coisas. Grátis – um favor dos negros.<br />

Alma grátis, poesia grátis, duas horas de felicidade grátis – sim, só da gente<br />

do povo podemos esperar uma coisa assim nesta cidade de ganância e de injustiça.<br />

Só o pobre tem tanta riqueza para dar de graça.<br />

Texto adaptado de BRAGA, Ru bem. Um pé de milho. 5 ed., Rio de Janeiro: Record, 1 9 93, p p. 1 0 4-1 05.<br />

1. O texto acima é, do início ao fim, repleto de imagens, conforme atestam os<br />

trechos que se seguem, com EXCEÇÃO de:<br />

a) “Eram todos negros: uma viola, um clarinete, um pandeiro e uma cabaça.”<br />

b) “. .. e al i ficaram chorando valsas, repinicando sambas.”<br />

c) “Alguém mandou no botequim da esquina trazer cerveja e cachaça.”


d) “. .. ficavam simplesmente bebendo em silêncio aquele choro, o floreio do clarinete,<br />

o<br />

repinicado vivo e triste da viola.”<br />

e) “Alma grátis, poesia grátis, duas horas de felicidade grátis. . .”<br />

2. No texto II, observa-se que o discurso do cronista Rubem Braga apresenta<br />

procedimentos relacionados ora com a descrição, ora com a narração, ora com a<br />

dissertação. A linguagem empregada de forma argumentativa, conforme convém à<br />

dissertação, ocorre em:<br />

a) “. .. sim, só da gente do povo podemos esperar uma coisa assim nesta cidade de<br />

ganância<br />

e de injustiça. Só o pobre tem tanta riqueza para dar de graça.”<br />

b) “Alguém mandou no botequim da esquina trazer cerveja e cachaça.”<br />

c) “Os que ouviam não batiam palmas nem pediam música nenhuma;”<br />

d) “Juntaram-se na varandinha de uma casa abandonada. . .”<br />

e) “Eram todos negros: uma viola, um clarinete, um pandeiro e uma cabaça.”<br />

3. As afirmativas abaixo relacionam-se com o texto Choro. Todas são<br />

verdadeiras, com EXCEÇÃO de:<br />

a) A riqueza de elementos do universo musical tais como o clarinete, a viola, o<br />

pandeiro e a cabaça reflete a relação desses elementos com a cultura negra.<br />

b) A referência ao vocábulo choro traz simultaneamente a idéia de desabafo,<br />

através de lágrimas der ramadas e de choro como estilo musical de caráter<br />

sentimental.<br />

c) A dor vivida é suavizada pela presença dos amigos e pela música.<br />

d) No texto, percebem-se reflexões sobre a política social e o modo de viver do<br />

brasileiro.<br />

e) O autor ressalta que, na cidade, apesar de tantas coisas caras, ainda há muitas


coisas grátis em favor dos negros.<br />

4. Sobre o emprego dos conectores (conjunções) destacados no texto, pode-se<br />

afirmar:<br />

I. e (linha 1) liga dois propósitos que ocorrem numa situação simultânea.<br />

II. mas (linha 4) estabelece uma relação semântica de oposição em relação à idéia<br />

presente em “um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde;”.<br />

III. como (linha 6) é um marcador de comparação entre a tinta e a idade do narrador.<br />

Está(ão) cor reta(s) apenas:<br />

a) I b) I I c) I I I d) I e I I e) I I e I I I<br />

A língua, em sua infinitude, em sua heterogeneidade e em seu constante processo<br />

de mudança, é, no fundo, incontornável. Isto é, não dispomos de meios para cercá-la, para<br />

riscar um traço a seu redor, para desenhar uma linha que a contenha.<br />

Claro, a nossa cultura linguística tradicional tem enormes dificuldades para conviver<br />

com essas características da língua. Diante do infinito, do heterogêneo e do sempre<br />

mutante, muitas pessoas clamam por regras categóricas. Surgem, então, aqueles que se<br />

arrogam o direito de ditar tais regras. Como não há um papa ou um supremo tribunal federal<br />

linguístico, alguns se acham no direito de assumir o papel de autoridade: inventam regras e<br />

proibições, condenam usos normais e ficam execrando e humilhando os falantes. E, pior,<br />

nunca admitem contestação.<br />

Infelizmente, esse autoritarismo gramatical, essas atitudes autocráticas têm grande<br />

prestígio na nossa sociedade, em especial entre alguns dos nossos intelectuais. No entanto,<br />

um dos efeitos desse autoritarismo linguístico tem sido justamente bloquear o amplo<br />

acesso social a um bom domínio da língua. Inibe e constrange. De um lado, porque instaura<br />

uma insegurança nos falantes. De outro, porque se aproxima dos fatos da língua sempre de<br />

modo fragmentário (arrolam picuinhas sobre picuinhas – alguns chegam até a ultrapassar a<br />

casa do milhar), sem nunca oferecer uma perspectiva de conjunto da nossa realidade<br />

linguística, em particular da norma culta/comum/standard.<br />

Se não dispomos de uma autoridade suprema em matéria de língua, como podemos<br />

dirimir dúvidas ou arbitrar polêmicas? Não temos alternativa, a não ser observar criteriosa e


sistematicamente os usos. No caso da norma culta/comum/standard, os bons dicionários e<br />

as boas gramáticas devem registrar e consolidar os usos observados. Não cabe a eles criar<br />

regras, mas – observando os usos – cabe a eles descrever e consolidar os fatos dessa<br />

norma.<br />

FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira. Desatando alguns nós. São Paulo: Parábola, 2008, p.104-105. Adaptad<br />

5. A análise de aspectos linguísticos presentes no Texto 1 nos leva a concluir que:<br />

1) Logo no primeiro parágrafo, identificam-se palavras formadas pelo prefixo in-, com<br />

sentido de „inclusão‟: „infinitude‟ e „incontornável‟.<br />

2) No trecho: “arrolam picuinhas sobre picuinhas”, a preposição contribui para expressar a<br />

idéia de quantidade: “arrolam picuinhas e mais picuinhas”.<br />

3) No trecho: “Surgem, então, aqueles que se arrogam o direito de ditar tais regras.”, a<br />

próclise é opcional; a opção pela ênclise seria igualmente aceita pela norma padrão da<br />

língua.<br />

4) No trecho: “Não cabe a eles criar regras, mas – observando os usos – cabe a eles<br />

descrever e consolidar os fatos dessa norma.”, o uso dos travessões tem o efeito de<br />

enfatizar o trecho „observando os usos‟, garantindo-lhe saliência informativa.<br />

Estão corretas:<br />

A) 1 e 3, apenas.<br />

B) 1 e 4, apenas.<br />

C) 2 e 4, apenas.<br />

D) 2 e 3, apenas.<br />

E) 1, 2, 3 e 4.<br />

6. A utilização do sinal indicativo de crase tem relação, também, com a regência dos<br />

verbos. Sabendo disso, assinale a alternativa na qual esse sinal foi corretamente<br />

utilizado.<br />

A) Quando fala em „infinitude da língua‟, o autor se refere à incalculáveis usos possíveis da<br />

língua.<br />

B) Algumas „proibições‟ na língua atrelam-se mais à preconceito do que à reflexões sobre<br />

os usos.


C) Há regras gramaticais absurdas, que chegam à proibir certos usos que já são correntes.<br />

D) A atitude de „autoritarismo linguístico‟, à qual o autor alude no texto, está longe de ser<br />

superada.<br />

E) No texto, o autor dirige sua crítica à todos que adotam uma visão normativa da<br />

gramática.<br />

Cidadania e igualdade<br />

Mais do que em outras épocas da nossa história, o momento em que ingressamos num novo<br />

século exige a construção da cidadania e a implementação dos direitos humanos como tarefa de<br />

urgência. Realizá-la implica uma série de atitudes que envolvem, antes de mais nada, o indivíduo, o<br />

seu grupo, a comunidade e os diversos segmentos da sociedade. Impõe-se a cada pessoa o desafio<br />

de acreditar – ou voltar a acreditar, se perdeu tal crença – na possibilidade de uma sociedade justa e<br />

solidária, exercitando uma nova consciência crítica,conhecendo a realidade em suas várias<br />

nuances e mudando o que precisa ser mudado para uma vida melhor.<br />

Ter consciência crítica significa também saber analisar, com realismo, as causas e os efeitos<br />

das situações que precisam ser enfrentadas, para, a partir dessa atitude, descobrir os melhores<br />

caminhos na busca da transformação social, política, econômica e cultural.<br />

Significa, do mesmo modo, abrir-se para as mudanças e capacitar-se, de todas as formas, para<br />

absorvê-las. Há hoje cada vez mais espaços para ações de parceria voltadas ao desenvolvimento<br />

sustentado e à realização dos direitos humanos.<br />

O desafio apresenta-se de duas formas. De um lado, é preciso abrir-se para além dos círculos<br />

fechados em que as pessoas normalmente vivem, estimulando o respeito e a cooperação por<br />

uma sociedade com menores desigualdades, e de outro, para exercer o direito de cobrar das<br />

instituições do Estado a sua responsabilidade na preservação dos direitos humanos. O desafio<br />

essencial de cada um de nós é e sempre será fazer respeitar a nossa condição de ser humano<br />

vocacionado a uma vida digna e solidária.<br />

O princípio de igualdade é a base da cidadania e fundamenta qualquer constituição<br />

democrática que se proponha a valorizar o cidadão. Não é diferente com a nossa. Na Constituição de<br />

1988, o direito à igualdade destaca-se como tema prioritário logo em seu artigo 5 o :<br />

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros<br />

e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à<br />

segurança e à propriedade (...)” (Guia Cidadania e Comunidade)


7 - A realização da "tarefa de urgência", de que trata o primeiro parágrafo do texto, exige<br />

a) iniciativas enérgicas por parte do poder estatal.<br />

b) a defesa do convívio em círculos sociais restritos.<br />

c) uma nova reforma constitucional.<br />

d) uma alteração no fundamento da Constituição de 1988.<br />

e) novas atitudes dos indivíduos e dos grupos sociais.<br />

8 - Considere as seguintes afirmações: I. As "duas formas" de desafio de que trata o 32 parágrafo<br />

acentuam a importância do papel da iniciativa do Estado. I I. A frase Não é diferente com a nossa, no<br />

penúltimo parágrafo, lembra que o princípio da igualdade é básico também na Constituição brasileira.<br />

III. O direito à igualdade, tratado no artigo 52 da Constituição de 1988, é amplo em relação aos<br />

cidadãos brasileiros e restrito em relação a todos os demais. Em relação ao texto, está correto o que<br />

se afirma em<br />

a) I, somente.<br />

b) II, somente.<br />

c) I e II, somente.<br />

d) II e III, somente.<br />

e) I,II e III.<br />

9 - 0 texto manifesta a necessidade premente de se evitar<br />

a) uma análise realista das causas e efeitos das situações que precisam ser enfrentadas.<br />

b) a prática de cobrar de setores do Governo suas responsabilidades constitucionais.<br />

c) a tendência de se viver no interior de círculos sociais fechados e estanques.<br />

d) a discriminação social, a não ser nos casos previstos no artigo citado da atual Constituição.<br />

e) qualquer desafio que diga respeito a mudança de atitude ou de hábitos tradicionais.<br />

10 - No contexto do 12 parágrafo, os elementos que constituem a enumeração o indivíduo, o seu<br />

grupo, a comunidade e os diversos segmentos sociais<br />

a) estão dispostos numa ordem casual e arbitrária.<br />

b) obedecem à sequência lógica do mais geral para o mais particular.<br />

c) são todos eles alternativos e excludentes entre si.<br />

d) estão dispostos numa progressão do particular para o geral.<br />

e) são todos eles sinônimos entre si.<br />

PROPOSTA DE REDAÇÃO<br />

Com base na leitura na leitura prévia seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de<br />

sua formação, redija texto dissertativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema VIVER<br />

EM REDE NO SÉCULO XXI: OS LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO, apresentando<br />

proposta de conscientização social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e<br />

relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Escolha


um dos esquemas estudados para organizar seu texto, este deve está em 3ª pessoa. Sua redação<br />

deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas.<br />

Liberdade sem fio<br />

A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano – assim<br />

como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados<br />

de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e<br />

regiões onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito.<br />

ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. Nº 240, jul. 2011 (fragmento).<br />

Internet tem ouvidos e memória<br />

Uma pesquisa da consultoria Forrester Research revela que, nos Estados Unidos, a<br />

população já passou mais tempo conectada à internet do que em frente à televisão. Os hábitos estão<br />

mudando. No Brasil, as pessoas já gastam cerca de 20% de seu tempo on-line em redes sociais. A<br />

grande maioria dos internautas (72%, de acordo com o Ibope Mídia) pretende criar, acessar e manter<br />

um perfil em rede. “Faz parte da própria socialização do indivíduo do século XXI estar numa rede<br />

social. Não estar equivale a não ter uma identidade ou um número de telefone no passado”, acredita<br />

Alessandro Barbosa Lima, CEO da e.Life, empresa de monitoração e análise de mídias.<br />

As redes sociais são ótimas para disseminar idéias, tornar alguém popular e também arruinar<br />

reputações. Um dos maiores desafios dos usuários de internet é saber ponderar o que se publica<br />

nela. Especialistas recomendam que não se deve publicar o que não se fala em público, pois a<br />

internet é um ambiente social e, ao contrário do que se pensa, a rede não acoberta anonimato, uma<br />

vez que mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo ser rastreado e identificado. Aqueles<br />

que, por impulso, se exaltam e cometem gafes podem pagar caro.<br />

Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 30 jun. 2011 (adaptado)

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