Revista de Estudos Anglo-Portugueses - Numero 3 - RUN UNL ...
Revista de Estudos Anglo-Portugueses - Numero 3 - RUN UNL ...
Revista de Estudos Anglo-Portugueses - Numero 3 - RUN UNL ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Cities, Towns and Remarkable Places of Europe (1743) <strong>de</strong> Thomas<br />
Nugent.(5) À medida que o Grand Tour se foi popularizando proliferou<br />
também este tipo <strong>de</strong> obras que cada vez mais eram reconhecidas como<br />
preciosos auxiliares <strong>de</strong> viagem. Ao longo do século XIX serão postos à<br />
venda em Inglaterra variadíssimos guias e itinerários, sendo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />
car a publicação em Londres, em 1836, <strong>de</strong> A Hand-Bookfor Travellers<br />
on the Continent, da -<br />
responsabilida<strong>de</strong> do editor Murray. Multiplicaram<br />
se os mapas, os horários das diligências e dos novos comboios. Em 1 84 1<br />
é a vez <strong>de</strong> Thomas Cook lançar a sua famosa agência <strong>de</strong> viagens e, em<br />
1851, três anos antes da vinda a Portugal dos dois pastores anglicanos<br />
<strong>de</strong> que nos vamos ocupar, era fundado The British Alpine Club, prova do<br />
entusiasmo que as montanhas, e sobretudo os Alpes, <strong>de</strong>spertavam nos<br />
britânicos que então se <strong>de</strong>slocavam ao Continente.<br />
Ao viajante oitocentista em busca da imensidão das assombrosas<br />
a oferecer. As Serras da<br />
paisagens sublimes (6) Portugal tinha algo<br />
Estrela, Arrábida, Monchique e, especialmente, Sintra, que tanto<br />
fascínio exerceu sobre os britânicos que no Romantismo a visitaram (7)<br />
— Lord<br />
Byron é apenas o mais célebre dos muitos exemplos que<br />
po<strong>de</strong>ríamos apontar<br />
embora o nosso país não possuísse os cenários grandiosos e<br />
elogios ,<br />
—<br />
, mereceram <strong>de</strong> numerosos forasteiros rasgados<br />
ao mesmo tempo assustadores, as altas e escarpadas montanhas, os<br />
abismos profundamente cavados que os viajantes<br />
<strong>de</strong> além-Mancha<br />
podiam encontrar na Suíça. Mas abundavam em Portugal as paisagens<br />
que impressionavam pela sua beleza (8) suave e <strong>de</strong>licada, e este país<br />
ibérico era rico em pitoresco, ou seja, em cenas que, por preencherem<br />
os requisitos pictóricos necessários, eram dignas <strong>de</strong> figurarem em<br />
quadros. (9) Pitorescas eram as paisagens variadas, contrastantes e<br />
(5) Para uma breve <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> GRAND TOUR, fenómeno cultural que teve o seu Inicio<br />
na época Isabelina mas que só se difundiu amplamente no século XVIII, citem-se as palavras<br />
<strong>de</strong> Francis Claudon: "Qu'est-ce que le Grand Tour? Un séjour <strong>de</strong> vlngt à trente móis envlron,<br />
à travers tous les ou pays, presque, <strong>de</strong> 1'Europe continentale. Quel est le but du Grand Tour?<br />
Lailleurs, 1'évasion, la comparalson." in Le Voyage Romantlque. Des ttlnéralres pour<br />
auJourd'hut. Paris, Philippe Lebaud, 1986, p. 10.<br />
(6) Em 1 757 foi publicado A Phtlosophtcal Enquirg into the Origin of Our I<strong>de</strong>as of the<br />
Sublime and Beautiful. <strong>de</strong> Edmund Burke, livro que promoveu o gosto pelo sublime. Burke<br />
<strong>de</strong>finiu este conceito nos seguintes termos: "Whatever is fitted In any sort to excite the i<strong>de</strong>as<br />
of paln, or danger, that is to say, whatever Is in any sort terrible, or is conversant about<br />
terrible objects, or operates in a manner analogous to terror, is a source ofthe sublime;<br />
that is, it Is productive ofthe strongest emotlon which the mind is capable of feellng." In<br />
A Phtlosophtcal Enquirg Into the Origin of Our I<strong>de</strong>as of the Sublime and Beautiful. London,<br />
Routledge and Kegan Paul, 1967, p. 39.<br />
(7) Consulte-se: J. ALMEIDA FLOR, Sintra na Literatura Romântica Inglesa. Publica<br />
ções da Câmara Municipal <strong>de</strong> Sintra, 1978.<br />
(e) Quanto ao conceito <strong>de</strong> belo, Edmund Burke referiu-se-lhe assim: "By beauty I mean,<br />
that quallty or those qualities In bodies by which they cause love, or some passion similar<br />
tolt.": Ibi<strong>de</strong>m, p. 91.<br />
(9) Na última década do século XVIII apareceram a público Three Essags:— on<br />
Picturesque Beautg:<br />
—<br />
on Picturesque Travei: and, on Sketchlng Landscape:<br />
to which Is<br />
ad<strong>de</strong>d a Põem, on Landscape painting ( 1 792) <strong>de</strong> William Gilpln e An Essay on the Picturesque<br />
as compared with the Sublime and the Beautiful: and on the use ofstudylng picturesfor the<br />
33