18.04.2013 Views

Revista de Estudos Anglo-Portugueses - Numero 3 - RUN UNL ...

Revista de Estudos Anglo-Portugueses - Numero 3 - RUN UNL ...

Revista de Estudos Anglo-Portugueses - Numero 3 - RUN UNL ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

in their welfare. On the other hand, they are very irascible,<br />

and regardless of human life. A trifling dispute, which in our<br />

own country would be settled by a pugillstic encounter, will<br />

often cause a Portuguese to draw out his knife, and inílict on<br />

his adversary a mortal wound. Hired assassinatlons and<br />

poisonings are also frequent among them. (...) And yet an<br />

execution in Portugal is a very rare thing. (...) He also gave<br />

some instances of the imposture, credulity and superstition<br />

to be found amongst the people [...]" (p. 41)<br />

As últimas linhas <strong>de</strong>sta longa citação remetem -nos para dois<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVIII não<br />

se cansaram <strong>de</strong> assinalar: por um lado, a impunida<strong>de</strong> dos numerosos<br />

aspectos que os ingleses <strong>de</strong> visita a Portugal<br />

crimes cometidos no nosso país, prova cabal <strong>de</strong> que as leis jurídicas<br />

eram letra morta, e, por outro, a profunda tendência para a superstição<br />

do nosso povo, normalmente consi<strong>de</strong>rada como algo que a Igreja<br />

Católica incentivava e explorava para benefício da própria institui<br />

ção. (57)<br />

Devido à sua condição <strong>de</strong> sacerdote, não é <strong>de</strong> admirar que a religião<br />

ocupe um lugar prepon<strong>de</strong>rante no relato <strong>de</strong> viagem escrito por Oldknow.<br />

Neale, condicionado pelos requisitos do guia turístico, teve <strong>de</strong> limitar -<br />

se à <strong>de</strong>scrição da arquitectura e <strong>de</strong>coração interior das igrejas, mas o<br />

com toda a liberda<strong>de</strong> à<br />

seu companheiro <strong>de</strong> passeio pô<strong>de</strong> entregar-se<br />

abordagem <strong>de</strong>ste tema, revelando, aliás, um espírito extremamente<br />

combativo e uma tendência para a controvérsia. O profundo interesse<br />

<strong>de</strong> Oldknow em informar-se sobre a Igreja portuguesa levou-o a visitar<br />

sempre as igrejas das terras por on<strong>de</strong> passou (atentando não só nos<br />

artísticos dos edifícios mas assistindo às missas) e a<br />

pormenores<br />

prestar multa atenção a todas as manifestações <strong>de</strong> fervor religioso, do<br />

que resultou uma obra repleta <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações e divagações que, por<br />

um lado, caracterizam a Igreja Católica e, por outro, a põem em<br />

confronto com a Igreja Anglicana.<br />

O teor das opiniões emitidas pelo autor acerca da prática religiosa<br />

nos dois países <strong>de</strong>ixa bem claro que Oldknow, tal como Neale, pertencia<br />

à High Church, facção <strong>de</strong>ntro da Igreja Anglicana que se compõe dos que<br />

perfilham uma fé essencialmente católica, embora rejeitem a autorida<br />

<strong>de</strong> Papal (e, neste sentido, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes da<br />

Reforma <strong>de</strong> Henrique VIII), por oposição à Low Church, Integrada por<br />

(57) Esta é apenas uma das Inúmeras e ferozes críticas feitas à Igreja Católica pelos<br />

viajantes que nos visitaram ao longo dos séculos XVIII e XIX. De uma forma geral, esses<br />

autores viram nesta Instituição um dos principais responsáveis, em conjunto com o Estado,<br />

pelo obscurantismo em que se encontrava mergulhada a vida portuguesa. Em Mediterranean<br />

Passlon. Vtctorians and Edwardlans ln the South John Pemble sintetiza da seguinte forma<br />

"<br />

— Popular Chrlstlanlty in the South both Roman<br />

—<br />

Catholic and Greek Orthodox was no less abhorrent than Popery. Its characterlstic vices<br />

were sacerdotallsm and . . . superstition. [ | Because they were conditloned by their education<br />

and their literature to associate Catholic clergy with the Inquisition, martyrs, cunnlng<br />

sophistry, and stifled lights of sclence, whenever they encountered priests Victorian<br />

travellers saw Images of evll, dredged from the <strong>de</strong>pths of Protestant prejudlce." (p. 215)<br />

esta atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação e <strong>de</strong>sprezo:<br />

60

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!