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representações simbólicas das madrastas em contos de fadas - pucrs

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No conto Pé <strong>de</strong> Zimbro, t<strong>em</strong>os apenas um protagonista masculino que sofre<br />

graves maus-tratos da madrasta, vive aterrorizado por isso, revelando-se passivo e justo,<br />

apesar <strong>de</strong> perspicaz. Marlene, a meia-irmã do menino é frágil, insegura e ingênua.<br />

Piedosa, sente-se culpada pela <strong>de</strong>sgraça do irmão. Toma à iniciativa <strong>de</strong> juntar os ossos<br />

do irmão e <strong>de</strong>positá-los <strong>em</strong> baixo do Pé <strong>de</strong> Zimbro, como forma <strong>de</strong> fazê-lo renascer ou<br />

para amenizar sua culpa. Assim, é ela que <strong>de</strong> certa forma possibilita que o menino<br />

transforme-se numa ave e retorne vitorioso.<br />

3.4 E foram infelizes para s<strong>em</strong>pre: uma reflexão sobre os finais <strong>das</strong> <strong>madrastas</strong><br />

A hipótese <strong>de</strong> que a atuação <strong>das</strong> <strong>madrastas</strong> possui como força motriz a indicação<br />

da existência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>safio, acentua-se bastante se pensarmos <strong>em</strong> três dos <strong>contos</strong><br />

analisados. Nestes, ela só aparece no começo da história e/ou <strong>em</strong> parte inicial do seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>saparecendo, ás vezes, subitamente do final. É o caso dos <strong>contos</strong><br />

Cin<strong>de</strong>rela (tanto na versão <strong>de</strong> Perrault quanto na dos Irmãos Grimm) e <strong>de</strong> Catarina<br />

Quebra-nozes <strong>em</strong> que as <strong>madrastas</strong> criam uma situação <strong>de</strong> conflito ou pela atribuição <strong>de</strong><br />

serviços domésticos ina<strong>de</strong>quados para crianças, acompanhados da exclusão aos bailes<br />

ou por fazer <strong>de</strong>spencar a cabeça da bela irmã <strong>de</strong> Catarina e colocar no lugar <strong>de</strong>la uma<br />

cabeça <strong>de</strong> ovelha. Vale ressaltar que na Cin<strong>de</strong>rela <strong>de</strong> Perrault, a madrasta é mais omissa<br />

do que má; é o t<strong>em</strong>po todo conivente com a iniquida<strong>de</strong> <strong>das</strong> filhas, mas nunca pratica as<br />

ações <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong> sozinha. Além disso, este é o único conto que as vilãs são perdoa<strong>das</strong><br />

e agracia<strong>das</strong> com um nobre casamento ao final do conto.<br />

Nos d<strong>em</strong>ais <strong>contos</strong>, as <strong>madrastas</strong> são puni<strong>das</strong> severamente, apesar <strong>de</strong> muitas<br />

<strong>de</strong>saparecer<strong>em</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento da narrativa e só aparecer<strong>em</strong> no <strong>de</strong>sfecho para<br />

evi<strong>de</strong>nciar seu infortúnio final, como a madrasta <strong>de</strong> João e Maria que insiste por duas<br />

vezes <strong>em</strong> <strong>de</strong>ixá-los a própria sorte na “parte mais profunda da floresta”, mas não<br />

aparece no <strong>de</strong>senrolar da história. Depois <strong>de</strong>stes eventos, só <strong>em</strong> uma linha do penúltimo<br />

parágrafo, saber<strong>em</strong>os que a madrasta tinha morrido, durante a ausência <strong>das</strong> crianças. A<br />

morte <strong>de</strong>sta madrasta é justificada como o aumento da situação <strong>de</strong> pobreza, gerador do<br />

conflito presente no conto. E esta conexão não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser irônica, porque a madrasta<br />

incitou o abandono <strong>das</strong> crianças para salvar a própria pele, todavia foi a primeira a<br />

morrer por conta da situação que tanto a amedrontava.<br />

As <strong>madrastas</strong> <strong>de</strong> Vasilisa e <strong>de</strong> Pé <strong>de</strong> Zimbro são mulheres atormenta<strong>das</strong> que<br />

evi<strong>de</strong>nciam <strong>de</strong> maneira recorrente a sensação <strong>de</strong> perseguição. Por isso, elas, também,<br />

aparec<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma marcante no início da narrativa, mas são ofusca<strong>das</strong> totalmente ou<br />

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