Revista do COSEMS/AL | ano III | jan.2013 | venda proibida
Revista do COSEMS/AL | ano III | jan.2013 | venda proibida
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ATITUDE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> | <strong>ano</strong> <strong>III</strong> | <strong>jan.2013</strong> | <strong>venda</strong> <strong>proibida</strong><br />
3
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
ATITUDE<br />
ISSN 2238-9601<br />
<strong>Revista</strong> <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> de Secretarias Municipais de Saúde de<br />
Alagoas [<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>]<br />
cosemsal@conasems.org.br<br />
(82) 3326-5859<br />
Rua 10 de novembro, 246 - Pitanguinha | Maceió, Alagoas<br />
2<br />
JORN<strong>AL</strong>ISTA RESPONSÁVEL<br />
Patrícia Macha<strong>do</strong><br />
MTE 1.299/<strong>AL</strong><br />
EDITORES DE ARTE<br />
Lis Paim<br />
Flávio Alberto<br />
PROJETO GRÁFICO<br />
Lis Paim<br />
APOIO GRÁFICO E FIN<strong>AL</strong>IZAÇÃO<br />
Flávio Alberto<br />
Jailton Aurílio<br />
FOTO DE CAPA<br />
Patrícia Macha<strong>do</strong> - Galeria<br />
Karandash<br />
REVISORA DE TEXTO<br />
Eunícia Canuto<br />
TIRAGEM<br />
1.200 exemplares<br />
IMPRESSÃO<br />
Grafmarques<br />
Distribução Gratuita<br />
Esta revista é uma publicação<br />
distribuída gratuitamente entre as<br />
Secretarias Municipais de Saúde e<br />
demais órgãos afins.<br />
ENVIE EXPERIÊNCIAS DE<br />
SUCESSO DO SEU MUNICÍPIO<br />
Você pode ter as notícias, os<br />
projetos e os eventos <strong>do</strong> seu<br />
município publica<strong>do</strong>s em nossa<br />
revista ou site. Entre em contato<br />
conosco pelo cosemsal.@<br />
conasems.org.br ou pelo fone<br />
(82) 3326-5859 e saiba como<br />
participar.<br />
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COLABORADORES<br />
Adeyne Farias de Andrade<br />
Agda Ferreira Bianco<br />
Alinne de Oliveira<br />
Edja Betânia da Rocha<br />
Edjane Bittencourt<br />
Erivanda Meireles<br />
Fábio Claudino Pereira<br />
Francine Regina Camilo<br />
Francisca Rosaline Mota<br />
Gerlane Dias da Silva<br />
Guilherme Pitta<br />
Izabel Borges<br />
Jackson Barros<br />
José Horgdys<br />
Joarez Ferreira<br />
Joseane Granja<br />
Laura Patrícia de Omena<br />
Lizianne Rodrigues<br />
Luiz Carlos Dantas<br />
Kícia Guerra<br />
Marcos Vinícius André<br />
Marleide Ribeiro de Lira<br />
Maria Lucélia Hora<br />
Maria <strong>do</strong>s Prazeres de Barros<br />
Morgana Thereza Gomes<br />
Neélliton Ferreira<br />
Nilza Malta<br />
Normanda da Silva Santiago<br />
Paulo Ciriaco Filho<br />
Paulliana Buarque<br />
Patrícia Pereira Araújo<br />
Rafaela Brandão<br />
Rimelc Shirley Lins<br />
Sibele de Oliveira Arroxellas<br />
Silvana Gomes de França<br />
Sônia Moura<br />
Suely Nascimento<br />
Tereza Marluce Rocha<br />
Theny Mary Fireman<br />
EDITORI<strong>AL</strong><br />
A saúde é um bem coletivo que pertence a to<strong>do</strong><br />
brasileiro sem distinção de raça, nível social ou<br />
crença. To<strong>do</strong>s usam o SUS, presente no posto de<br />
saúde ou no hospital, assim como a água que vem da<br />
torneira ou <strong>do</strong> garrafão; <strong>do</strong> alimento que nos chega<br />
to<strong>do</strong>s os dias ao saneamento que corre debaixo <strong>do</strong><br />
chão.<br />
No centro <strong>do</strong> organismo que envolve a saúde está<br />
o nosso corpo e o mo<strong>do</strong> como lidamos com ele.<br />
Seja realizan<strong>do</strong> um trabalho artístico e manual –<br />
como Dona Irinéia e seu Antônio, artistas populares<br />
alago<strong>ano</strong>s aborda<strong>do</strong>s na editoria P<strong>ano</strong>rama –,<br />
desenvolven<strong>do</strong> uma ação coletiva ou simplesmente<br />
recortan<strong>do</strong> os espaços físicos, o nosso corpo<br />
representa a materialização de quem somos.<br />
O cuida<strong>do</strong> com o Ser não deve limitar-se apenas em<br />
procurar apoio quan<strong>do</strong> estamos <strong>do</strong>entes. A iniciativa<br />
de pôr em prática hábitos que ajudam a nos manter<br />
saudáveis por inteiro é essencial, como praticar<br />
atividades que nos movimentam e ao mesmo tempo<br />
nutrem a nossa essência com outras percepções de<br />
mun<strong>do</strong>.<br />
A arte se encaixa perfeitamente nesse contexto. São<br />
as manifestações artísticas que traduzem como o<br />
homem observa a vida e a sua existência. Além da<br />
função cultural e social, a arte integra, transforma,<br />
equilibra e questiona. Com ela, somos capazes de<br />
expressar algo que nos ultrapassa.<br />
A terceira edição da revista <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong> convida<br />
você, nosso leitor, a experimentar o resulta<strong>do</strong> da<br />
união da saúde, <strong>do</strong> corpo e da alma. Cuidar de si é<br />
cuidar <strong>do</strong> outro.<br />
Patrícia Macha<strong>do</strong>
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
7 ENTREVISTA | O<strong>do</strong>rico Monteiro, secretário de Gestão Estratégica e Participativa<br />
<strong>do</strong> Ministério da Saúde<br />
14 ESPECI<strong>AL</strong> | Consórcios Intermunicipais de Saúde em Alagoas<br />
19 Desafios para a construção das redes regionalizadas e integradas de atenção à<br />
saúde no SUS<br />
24 EQUIPE TÉCNICA<br />
25 Gestão <strong>do</strong> Risco Sanitário<br />
26 SIOPS a partir <strong>do</strong> Decreto Nº 7.827/2012<br />
28 APL de plantas medicinais gera oportunidades a agricultores<br />
31 Participação na CIR garante benefícios às Regiões de Saúde<br />
32 Atenção Primária como ordena<strong>do</strong>ra das Redes<br />
34 Caminhos <strong>do</strong> Telessaúde em Alagoas<br />
36 Ampliação <strong>do</strong> acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos<br />
41 Qualifar-SUS aprimora a Assistência Farmacêutica em Alagoas<br />
39 EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO<br />
46 Arapiraca<br />
48 Branquinha<br />
51 Feliz Deserto<br />
52 Messias<br />
54 Porto de Pedras<br />
56 Santana <strong>do</strong> Ipanema<br />
58 Santana <strong>do</strong> Mundaú<br />
59 Teotônio Vilela<br />
61 União <strong>do</strong>s Palmares<br />
69 PARCEIROS<br />
62 Núcleo de Saúde Pública: elo entre academia, serviços de saúde e movimentos sociais<br />
em Alagoas<br />
67 Um alerta ao pé diabético<br />
67 PROJETO “CINEMA NO B<strong>AL</strong>ANÇO DAS ÁGUAS”<br />
3
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
4<br />
DIRETORIA <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong><br />
PRESIDENTE<br />
Pedro Madeiro<br />
Secretário de Saúde de Jequiá da Praia<br />
VICE-PRESIDENTE<br />
Inês Brandão<br />
Secretária de Saúde de Messias<br />
SECRETÁRIO GER<strong>AL</strong><br />
Clo<strong>do</strong>al<strong>do</strong> Ferreira da Silva<br />
Secretário de Saúde de Jacaré <strong>do</strong>s Homens<br />
PRIMEIRA SECRETÁRIA<br />
Normanda da Silva Santiago<br />
Secretária de Saúde de Pão de Açúcar<br />
DIRETORA FINANCEIRA<br />
Nilza Rogério Malta<br />
Secretária de Saúde de Matriz <strong>do</strong> Camaragibe<br />
TESOUREIRA<br />
Camila Nogueira Valença<br />
Secretária de Saúde de Tanque D`Arca<br />
CONSELHO FISC<strong>AL</strong><br />
Vera Lúcia Costa<br />
Secretária de Saúde de Pene<strong>do</strong><br />
José Medeiros <strong>do</strong>s Santos<br />
Secretária de Saúde de Murici<br />
SUPLENTES<br />
Nívea Régia Soares<br />
Secretária de Saúde de Jundiá<br />
Maria Nizete Macha<strong>do</strong><br />
Secretária de Saúde de Paripueira<br />
VICE-PRESIDENTES DO <strong>COSEMS</strong> NAS CIRs<br />
Helineide Barbosa<br />
Secretária de Saúde de Pin<strong>do</strong>ba<br />
4ª Região de Saúde<br />
Kátia Betina Silveira<br />
Secretária de Saúde de Lagoa da C<strong>ano</strong>a<br />
7ª Região de Saúde<br />
Felipe Barros<br />
Secretário de Saúde de Olho D`Água <strong>do</strong> Casa<strong>do</strong><br />
10ª Região de Saúde<br />
EQUIPE TÉCNICA<br />
Neélliton Ferreira<br />
Apoia<strong>do</strong>r regional<br />
neellitonferreira@hotmail.com<br />
Joarez Ferreira<br />
Técnico em Saúde<br />
jfssaude.ferreira@gmail.com<br />
Lizianne Rodrigues<br />
Técnica em Saúde<br />
liziannerodrigues@hotmail.com<br />
Ervanda Meireles<br />
Técnica em Saúde<br />
erivandameireles@hotmail.com<br />
Rafaela Brandão<br />
Técnica em Saúde<br />
rafaelabrandaoalmeida@gmail.com<br />
Emília Martins<br />
Conta<strong>do</strong>ra<br />
emiliamartinss@hotmail.com<br />
Tereza Maria <strong>do</strong>s Santos<br />
Secretária Administrativa<br />
mtvcosta@hotmail.com<br />
Jackson Barros<br />
Coordena<strong>do</strong>r Administrativo<br />
jacksonbarros.al@gmail.com<br />
Patrícia Macha<strong>do</strong><br />
Assessoria em Comunicação Social<br />
patriciajornalista1@gmail.com
P<strong>AL</strong>AVRA DO PRESIDENTE<br />
Pedro Madeiro<br />
Presidente <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong><br />
Vice-presidente CONASEMS<br />
pedromadeiro@globo.com<br />
SUS alago<strong>ano</strong> e seus novos desafios<br />
É tempo de renovação e de grandes expectativas no<br />
SUS! Além da chegada <strong>do</strong>s novos prefeitos e secretários,<br />
nós devemos estar prepara<strong>do</strong>s para abraçar projetos que<br />
pretendem provocar transformações históricas <strong>do</strong> nosso<br />
Sistema Único de Saúde. Em pouco mais de vinte <strong>ano</strong>s,<br />
mudanças grandiosas tem integra<strong>do</strong> cada dia mais a<br />
gestão municipal, estadual e federal, proporcionan<strong>do</strong><br />
melhor acesso <strong>do</strong>s cidadãos aos serviços de saúde pública.<br />
O foco também está ainda mais abrangente diante<br />
dessa nova conformação <strong>do</strong> SUS. Temos, hoje, políticas<br />
atuan<strong>do</strong> em níveis excepcionais, a exemplo <strong>do</strong> Contrato<br />
Organizativo de Ação Pública, que se fundamenta na<br />
corrente de unificação <strong>do</strong> sistema de saúde. O COAP<br />
surge como projeto que pretende otimizar a gestão <strong>do</strong>s<br />
serviços, reduzin<strong>do</strong> custos e melhoran<strong>do</strong> a oferta.<br />
Em 2013, a diretoria <strong>do</strong> nosso Conselho erguerá<br />
bandeiras que tenham o propósito de contribuir<br />
substancialmente no desenvolvimento da saúde pública.<br />
Como meta de trabalho, o Cosems vai defender a<br />
proposta de inserção <strong>do</strong> COAP no programa Alagoas<br />
Tem Pressa, <strong>do</strong> governo estadual. Com isso, não teremos<br />
apenas o compromisso cartorial <strong>do</strong>s gestores municipais,<br />
mas o investimento, apoio e o acompanhamento <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> na execução <strong>do</strong> Contrato dentro das regiões de<br />
saúde. Se consagra<strong>do</strong>, um projeto dessa natureza vai<br />
projetar o SUS alago<strong>ano</strong> como exemplo de excelência<br />
para o país.<br />
A implantação de consórcios de saúde também é uma<br />
meta da nossa diretoria. Esse projeto já é realidade em<br />
vários esta<strong>do</strong>s brasileiros e, em to<strong>do</strong>s eles, os resulta<strong>do</strong>s<br />
estão acima das expectativas. A receita aqui segue os<br />
critérios de organização <strong>do</strong>s serviços, distribuição das<br />
referências, pulverização <strong>do</strong>s investimentos, estruturação<br />
<strong>do</strong>s equipamentos de saúde e qualificação da oferta.<br />
Uma gestão consorciada representa a integração de<br />
vários atores em torno de um mesmo propósito. Sabemos<br />
que os vazios assistenciais são enormes e complexos,<br />
mas se trabalharmos com coerência e determinação,<br />
poderemos reverter o quadro de Alagoas, que já deu saltos<br />
de qualidade, graças à união <strong>do</strong>s três entes federativos.<br />
Para que to<strong>do</strong>s esses propósitos se tornem realidade<br />
estamos trabalhan<strong>do</strong> com determinação para continuar<br />
fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Cosems a casa <strong>do</strong>s secretários municipais<br />
de saúde. Queremos que os gestores se sintam mais<br />
acolhi<strong>do</strong>s, numa estrutura organizada e tenham<br />
oportunidade de acessar qualquer informação que<br />
contribua no desenvolvimento da sua gestão. Nossos<br />
técnicos e apoia<strong>do</strong>res estão qualifica<strong>do</strong>s e à disposição<br />
<strong>do</strong>s gestores, para tirar dúvidas, compartilhar projetos e<br />
canalizar os desafios e sucessos nos municípios alago<strong>ano</strong>s.<br />
Viva o SUS!<br />
5
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
6
O<strong>do</strong>rico Monteiro,<br />
Secretário de Gestão Estratégica e<br />
Participativa <strong>do</strong> Ministério da Saúde<br />
DESVELO . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº2<br />
“Tenho usa<strong>do</strong> a metáfora de comparar o<br />
Contrato [COAP] com os trilhos. As redes de<br />
atenção são os vagões e as linhas de cuida<strong>do</strong>,<br />
os serviços de bor<strong>do</strong>. [...] Estamos estruturan<strong>do</strong><br />
as redes e o cuida<strong>do</strong>, mas eles não<br />
têm os trilhos, então não há como andar”<br />
Doutor em Saúde Coletiva, o médico Luiz O<strong>do</strong>rico Monteiro de Andrade, acompanha<br />
o Sistema Único de Saúde desde o nascimento. Nomea<strong>do</strong> secretário de Gestão<br />
Estratégica e Participativa <strong>do</strong> Ministério da Saúde, em 2011, O<strong>do</strong>rico, que também<br />
foi presidente <strong>do</strong> Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde [Conasems]<br />
recebeu a missão de continuar cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong> SUS, o jovem que segue em pleno processo<br />
de crescimento.<br />
Dentre as estratégias de amadurecimento desenvolvidas para melhorar e ampliar o<br />
alcance da população aos serviços de saúde, o destaque é o Cartão Nacional de Saúde,<br />
ferramenta que promete fazer com que to<strong>do</strong>s os sistemas falem, por meio da internet,<br />
numa só voz. Em entrevista especial à <strong>Revista</strong> <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>, o secretário explica<br />
os detalhes <strong>do</strong> Contrato Organizativo de Ação Pública [COAP]: outra novidade que<br />
pretende aprimorar a gestão <strong>do</strong> sistema.<br />
ENTREVISTA<br />
7
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
8<br />
REVISTA DO <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . Qual<br />
o justificativa para a criação <strong>do</strong><br />
Contrato Organizativo?<br />
O<strong>do</strong>rico Monteiro . Um <strong>do</strong>s grandes<br />
desafios coloca<strong>do</strong>s para o Sistema<br />
Único de Saúde, que virou prioridade<br />
na gestão da presidenta Dilma Rousseff<br />
e <strong>do</strong> ministro Alexandre Padilha, é o<br />
aprimoramento da gestão, da governança<br />
sistêmica <strong>do</strong> SUS. O nosso sistema de<br />
saúde, talvez, seja um <strong>do</strong>s programas de<br />
maior complexidade <strong>do</strong> ponto de vista<br />
da governança. Só para dar um exemplo,<br />
a maior parte <strong>do</strong>s países europeus tem<br />
sistemas universais unitários, com<br />
poucos opera<strong>do</strong>res sistêmicos. Nós<br />
criamos um sistema universal, num<br />
país continental, com 5.565 municípios<br />
e um atendimento descentraliza<strong>do</strong>.<br />
Estamos falan<strong>do</strong> de um organismo de<br />
complexidade grandiosa, com mais de<br />
cinco mil opera<strong>do</strong>res municipais. O<br />
conjunto de regramentos, que foram<br />
cria<strong>do</strong>s para dar base de sustentação<br />
ao SUS, foi foca<strong>do</strong> nessa perspectiva,<br />
nas definições <strong>do</strong> papel da União,<br />
Esta<strong>do</strong> e Municípios, só que a saúde<br />
tem uma necessidade, pelo princípio<br />
da integralidade e acessibilidade e<br />
resolutividade em ter uma articulação<br />
regional. O artigo 198 da Constituição<br />
Federal já aponta nessa perspectiva:<br />
o SUS é uma rede regionalizada e<br />
hierarquizada de saúde.<br />
RC . A Lei existente não justificaria a<br />
organização regionalizada?<br />
Monteiro . Desde a instituição <strong>do</strong> SUS<br />
na Constituição de 1988 e da criação das<br />
duas Leis orgânicas da saúde [Lei 8080<br />
e 8.142/90], a regulamentação de to<strong>do</strong><br />
o processo foi acontecen<strong>do</strong> de forma<br />
descentralizada, através de portarias.<br />
Com isso, ao longo <strong>do</strong> tempo, foise<br />
deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> a lei e optan<strong>do</strong>-se<br />
em construir um regramento paralelo,<br />
com base em portarias. Com isso, nós<br />
criamos, além da complexidade que é<br />
a gestão <strong>do</strong> Sistema, um conjunto mais<br />
intrica<strong>do</strong> ainda, regi<strong>do</strong> por normas e<br />
portarias que resultaram num vazio de<br />
regramentos. Esse debate foi leva<strong>do</strong> para<br />
a presidenta e para o ministro, junto à<br />
minuta de um decreto de regulamentação<br />
da Lei 8080, trabalho produzi<strong>do</strong> pela<br />
professora Lenir Santos. Assina<strong>do</strong> pela<br />
presidenta Dilma, o decreto 7.508/2011<br />
regulamenta a Lei 8080 e cria toda<br />
uma estrutura de gestão sistêmica e<br />
jurídica <strong>do</strong> SUS, dan<strong>do</strong> prosseguimento<br />
ao processo de descentralização e de<br />
fortalecimento <strong>do</strong> Sistema, ao tempo<br />
em que designa estruturas regionais. O<br />
decreto cria e define a região de saúde,<br />
estabelecen<strong>do</strong> o mínimo que cada região<br />
deve ter e também organiza a Comissão<br />
Intergestores Regionais [CIR]. Assim,<br />
vamos fortalecen<strong>do</strong> os consensos<br />
interfederativos <strong>do</strong> SUS, porque já foi<br />
cria<strong>do</strong> o consenso na região, que tem<br />
que ser feito com os prefeitos, com o<br />
Esta<strong>do</strong> e estruturas <strong>do</strong> Ministério da<br />
Saúde, indica o consenso com o Esta<strong>do</strong><br />
por meio da CIB e cria o consenso<br />
nacional, que é a CIT. Esse processo<br />
de organização tripartite estabelece<br />
um espaço de governança sistêmica na<br />
região, no esta<strong>do</strong> e no país.
RC . O que muda entre a situação<br />
atual e a anterior e o que acontece a<br />
partir de agora?<br />
Monteiro . To<strong>do</strong> o processo de<br />
articulação da municipalização foi sen<strong>do</strong><br />
feito em forma de arranjos regionais<br />
historicamente declarativos. O primeiro<br />
grande arranjo foi a Programação<br />
Pactuada Integrada [PPI], que é a<br />
declaração <strong>do</strong>s municípios que tem<br />
capacidade instalada maior que a sua<br />
população e possui condições de receber<br />
cidadãos e cidadãs de outros municípios<br />
que “ ...estamos tem capacidade instalada menor.<br />
Uma das coisas importantes criadas e<br />
trabalhan<strong>do</strong> o<br />
organizadas, a partir <strong>do</strong> decreto, é a<br />
região estímulo de saúde, da o ofer- planejamento regional<br />
e o mapa sanitário, com estabelecimento<br />
ta, da pesquisa,<br />
<strong>do</strong> mapa de metas. É designada,<br />
também, da tecnologia a partir e dessa organização, a<br />
Relação Nacional de Serviços de Saúde<br />
produção, além<br />
[Renases] com um espelhamento em<br />
cada da assistência esta<strong>do</strong> e região com a capacidade de<br />
atenção integral. Ademais, fica instituída<br />
farmacêutica, ”<br />
a Relação Nacional de Medicamentos<br />
Especiais [Rename], que define um<br />
espaço para fixação de padrão de acesso<br />
aos medicamentos que o Esta<strong>do</strong> tem que<br />
dispor ao cidadão. Para essa articulação<br />
interfederativa, o fruto desse consenso é o<br />
Contrato Organizativo de Ação Pública,<br />
instrumento jurídico que vai organizar o<br />
sistema de saúde naquela região.<br />
RC . Como é estabeleci<strong>do</strong> o COAP?<br />
Monteiro . Esse contrato deverá ser<br />
assina<strong>do</strong> pelos prefeitos, governo <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> e Ministério da Saúde. Até agora<br />
<strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s assinaram: Ceará, com<br />
dezenove regiões assinadas e três em<br />
andamento e o Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, com<br />
as quatro regiões de saúde <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />
Nos demais esta<strong>do</strong>s, inclusive Alagoas, já<br />
promovemos uma série de reuniões com<br />
os prefeitos e técnicos. Esperamos que<br />
os novos gestores municipais participem<br />
da nossa agenda de acolhimento para<br />
dialogar sobre o COAP. Com isso, nós<br />
já melhoramos a governança sistêmica,<br />
porque você sai de 5.565 municípios<br />
para 430 regiões de saúde. O modelo<br />
anterior é da PPI e, mais recente, o Pacto<br />
de Gestão cria o Termo de Compromisso<br />
de Gestão, mas tratam de instrumentos<br />
que não levam em consideração a<br />
articulação regional. O Contrato muda<br />
significativamente o painel e prepara um<br />
novo desenho com escopo regional.<br />
RC . Há uma meta para assinatura <strong>do</strong><br />
COAP dentro das 430 regiões de saúde<br />
<strong>do</strong> país?<br />
Monteiro . Esse é um processo de<br />
adesão, o Ministério não pode forçar.<br />
Nossa meta é que haja o maior número<br />
de regiões dentro <strong>do</strong> COAP em 2013,<br />
com expectativa de universalização<br />
em 2014. O que estou sentin<strong>do</strong> é que<br />
há uma tendência da maior parte <strong>do</strong>s<br />
esta<strong>do</strong>s começarem a assinar em bloco, o<br />
que é uma coisa muito boa. Onde chego,<br />
às pessoas falam no COAP. Isso indica<br />
que o sentimento é de que a organização<br />
atual precisa ser mudada e o contrato<br />
aponta numa perspectiva de um novo<br />
arranjo, com um salto de qualidade na<br />
organização <strong>do</strong> Sistema.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
“O nosso sistema<br />
de saúde, talvez,<br />
seja um <strong>do</strong>s programas<br />
de maior<br />
complexidade <strong>do</strong><br />
ponto de vista da<br />
governança. ”<br />
9
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
“ Tu<strong>do</strong> aquilo<br />
que será leva<strong>do</strong><br />
para a região por<br />
meio <strong>do</strong> contrato<br />
é o espelho <strong>do</strong> espaço<br />
<strong>do</strong> município<br />
que é acompanha<strong>do</strong><br />
pelos<br />
conselheiros. ”<br />
10<br />
RC . O Ministério da Saúde vai aplicar<br />
recursos ou estabelecer políticas para<br />
as regiões que aderirem ao COAP?<br />
Monteiro . Hoje o financiamento é<br />
muito volta<strong>do</strong> para adesão <strong>do</strong> município<br />
à determinada política. Diante disso,<br />
estamos partin<strong>do</strong> para a possibilidade de<br />
uma articulação regional. Não digo que<br />
vai haver um financiamento específico<br />
em função <strong>do</strong> COAP, mas o Contrato<br />
vai aprimorar a gestão <strong>do</strong> atual recurso<br />
e, principalmente, vai melhorar o acesso<br />
<strong>do</strong>s cidadãos. É muito importante que<br />
entendamos que existe um vínculo<br />
forte entre esses dispositivos, que estão<br />
sen<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>s em função <strong>do</strong> Decreto,<br />
como a própria Conferência Nacional<br />
de Saúde, que colocou a questão <strong>do</strong><br />
acesso como prioridade. Se quisermos<br />
resumir o Decreto em duas palavras,<br />
seriam a qualificação <strong>do</strong> acesso.<br />
Atualmente, o percurso que o cidadão<br />
faz para resolver um problema de média<br />
e alta complexidade <strong>do</strong> seu município<br />
para outro, é muito desprotegi<strong>do</strong><br />
porque o acesso não está regula<strong>do</strong>. O<br />
planejamento melhora e qualifica esse<br />
acesso e o Contrato é esse ordenamento<br />
interfederativo. Tenho usa<strong>do</strong> a metáfora<br />
de comparar o Contrato como se ele<br />
fosse os trilhos. As redes de atenção são os<br />
vagões e as linhas de cuida<strong>do</strong> é o serviço<br />
de bor<strong>do</strong>. O problema é que estamos<br />
estruturan<strong>do</strong> as redes e o cuida<strong>do</strong>, mas<br />
eles não têm os trilhos, então não há<br />
como andar.<br />
RC . Qual a importância da<br />
participação <strong>do</strong> controle social <strong>do</strong><br />
processo de implantação <strong>do</strong> COAP?<br />
Monteiro . Tivemos um bom debate<br />
sobre assunto no Conselho Nacional de<br />
Saúde. Alguns levantaram a questão que<br />
o Decreto estava esvazian<strong>do</strong> o controle<br />
social, houve dúvidas se deveria haver<br />
o Conselho Regional ou não. É muito<br />
importante que se entenda o desenho<br />
federativo brasileiro. A estrutura<br />
municipal é de responsabilidade da<br />
gestão <strong>do</strong> sistema. O Conselho tem que<br />
estar vincula<strong>do</strong> à estrutura da federação,<br />
seja ele municipal, estadual ou nacional.<br />
Aquilo que o município vai pactuar com<br />
outro no âmbito da região é o que está no<br />
Pl<strong>ano</strong> Municipal de Saúde. O papel <strong>do</strong><br />
Conselho é deliberar sobre as diretrizes<br />
<strong>do</strong> Pl<strong>ano</strong> - esse é o ponto fundamental -<br />
acompanhar o processo de execução <strong>do</strong><br />
pl<strong>ano</strong> e, anualmente, analisar, avaliar e<br />
homologar o Relatório de Gestão feito<br />
pelo município. Tu<strong>do</strong> aquilo que será<br />
leva<strong>do</strong> para a região por meio <strong>do</strong> contrato<br />
é o espelho <strong>do</strong> espaço <strong>do</strong> município que é<br />
acompanha<strong>do</strong> pelos conselheiros. Outro<br />
ponto que consta no artigo 136 da Lei<br />
Orgânica da Saúde fala de um ponto<br />
que até hoje não tínhamos cumpri<strong>do</strong>,<br />
que é o planejamento ascendente. Nós<br />
construímos a ideia <strong>do</strong> Contrato de<br />
forma ascendente e integra<strong>do</strong> com os<br />
pl<strong>ano</strong>s municipal e estadual, fiscaliza<strong>do</strong> e<br />
acompanha<strong>do</strong> pelo Conselho Municipal<br />
de Saúde.
RC . Quais são as novidades em<br />
termo de tecnologias <strong>do</strong> MS para o<br />
DATASUS?<br />
Monteiro . Hoje temos uma base<br />
de mais de 180 milhões de pessoas<br />
cadastradas no cartão nacional de saúde.<br />
Dessa população, 31 milhões de usuários<br />
de pl<strong>ano</strong> de saúde estão cadastradas no<br />
sistema. A nossa meta é universalizar<br />
o cartão até 2014. O grande desafio é<br />
a integração <strong>do</strong>s sistemas, pois vários<br />
deles estão desintegra<strong>do</strong>s. Primeiro<br />
temos o cadastro <strong>do</strong> SUS [CadSUS],<br />
essa é a grande base que identifica<br />
individualmente cada pessoa; temos o<br />
sistema <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e de todas<br />
as unidades [CNES] e demais sistemas<br />
que são: o de atenção ambulatorial,<br />
atendimento hospitalar e regulação.<br />
Além disso, temos outros sistemas de<br />
informação, como os de nasci<strong>do</strong>s, de<br />
mortalidade, vigilância em saúde (no que<br />
diz respeito às <strong>do</strong>enças) e nenhum desses<br />
sistemas conversam entre si. A grande<br />
novidade foi construir o barramento –<br />
como o próprio nome diz - que é uma<br />
estrutura na Internet - uma barra que<br />
fará com que os sistemas se comuniquem<br />
a partir <strong>do</strong> número <strong>do</strong> cartão nacional de<br />
saúde. Essa é uma novidade que já está<br />
pronta e, com isso, teremos velocidade<br />
no acompanhamento e monitoramento.<br />
RC . E em qual fase estamos quanto à<br />
ampliação <strong>do</strong> acesso a esses da<strong>do</strong>s de<br />
forma unificada?<br />
Monteiro . Estamos na fase da<br />
conectividade. Não adianta ter um<br />
cartão, um sistema robusto e não possuir<br />
uma Internet eficaz nas unidades de<br />
saúde. O grande desafio, agora, é colocar<br />
Internet em 100% das unidades de saúde<br />
nos municípios. Estamos vivencian<strong>do</strong><br />
uma realidade em que as coisas estão<br />
acontecen<strong>do</strong> com muita rapidez. Hoje<br />
temos poucas unidades sem acesso e,<br />
acredito que, em um <strong>ano</strong> esse quadro<br />
estará reverti<strong>do</strong>. Para isso estamos<br />
trabalhan<strong>do</strong> com diagnóstico, vamos<br />
firmar parceria com as opera<strong>do</strong>ras de<br />
telefonia e Internet. Esse é um processo<br />
republic<strong>ano</strong>, tem que envolver o governo<br />
federal, que não é só o Ministério da<br />
Saúde, o Ministério das Comunicações,<br />
mas outros ministérios, além <strong>do</strong>s<br />
governos estaduais e municipais. Maceió<br />
é um bom exemplo quanto ao uso <strong>do</strong><br />
cartão, pois já existem várias unidades<br />
de saúde funcionan<strong>do</strong> com ele. Estamos<br />
implantan<strong>do</strong> um processo que denomino<br />
como simultâneo e assincrônico, pois<br />
trabalhamos em várias coisas ao mesmo<br />
tempo, mas com velocidades distintas.<br />
Nas capitais o sistema está bem avança<strong>do</strong>,<br />
como Maceió que tem o sistema com<br />
biometria, tem acesso à rede em várias<br />
unidades e está implantan<strong>do</strong> o cartão.<br />
RC . O Ministério da Saúde a<strong>do</strong>tou a<br />
prática de enviar cartas aos usuários <strong>do</strong><br />
SUS. Qual é exatamente a finalidade<br />
desse projeto?<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
11
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
12<br />
“ Como temos<br />
um sistema<br />
descentraliza<strong>do</strong>,<br />
o secretário de<br />
saúde da capital<br />
acaba sen<strong>do</strong><br />
responsável pelos<br />
seus usuários<br />
e metade <strong>do</strong>s<br />
alago<strong>ano</strong>s. ”<br />
Monteiro . A nossa secretaria trabalha<br />
com duas áreas extremamente<br />
importantes na relação com a população:<br />
gestão participativa (que envolve<br />
os movimentos sociais, conselhos<br />
municipais, estaduais e as conferências)<br />
e o sistema de ouvi<strong>do</strong>ria, com auditoria e<br />
controle interno <strong>do</strong> DENASUS. Na área<br />
da ouvi<strong>do</strong>ria, criamos a ouvi<strong>do</strong>ria ativa.<br />
Já enviamos mais de cinco milhões de<br />
cartas para os cidadãos que passaram por<br />
algum procedimento pago pelo SUS.<br />
Cada cidadão que é interna<strong>do</strong> recebe<br />
em seu <strong>do</strong>micílio uma carta para avaliar<br />
a qualidade <strong>do</strong> serviço, a estrutura <strong>do</strong><br />
hospital e como foi o atendimento<br />
presta<strong>do</strong> pela equipe de saúde. Essas<br />
informações serão devolvidas ao<br />
Ministério. Na correspondência, ainda é<br />
informa<strong>do</strong> ao paciente o valor gasto, o<br />
motivo e o perío<strong>do</strong> da internação. Essas<br />
informações são processadas e, onde<br />
detectamos problemas, entra o sistema<br />
nacional de auditoria [DENASUS],<br />
que envolve um componente federal,<br />
um estadual e um municipal. Como<br />
funcionamos sempre, independente de<br />
denúncias, nós realizamos uma média de<br />
mil auditorias por <strong>ano</strong>. Aproveito para<br />
pedir as pessoas, ao serem atendidas pelo<br />
Sistema Único de Saúde, que repassem<br />
seus da<strong>do</strong>s corretos para o cadastro, pois<br />
com aquela autorização hospitalar, o<br />
Ministério da Saúde entra em contato<br />
com o usuário.<br />
RC . Qual é a postura <strong>do</strong> Ministério<br />
diante das irregularidades encontradas<br />
pelo DENASUS?<br />
Monteiro . Nós tivemos problemas<br />
em Maceió, Rio de Janeiro e outros<br />
esta<strong>do</strong>s, os quais estamos investigan<strong>do</strong>.<br />
A partir da carta SUS enviada aos<br />
atendi<strong>do</strong>s, recebemos a denúncia<br />
por meio da ouvi<strong>do</strong>ria e, a partir daí,<br />
chegou à auditoria. Dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
caso, a responsabilidade passa a ser<br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> município, porque o<br />
credenciamento é feito por um desses<br />
<strong>do</strong>is entes. Produzimos, então, um<br />
relatório de orientação, informan<strong>do</strong><br />
quais os procedimentos a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />
para regularizar a situação. Dependen<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> caso, serão gera<strong>do</strong>s processos<br />
administrativos que podem culminar em<br />
punição.<br />
RC . O senhor esteve em Alagoas,<br />
durante o Congresso <strong>do</strong> Conasems<br />
[junho 2012] e participou <strong>do</strong><br />
lançamento <strong>do</strong> Cartão Nacional de<br />
Saúde dentro de unidades de Saúde da<br />
Família da capital. O que você pode<br />
observar sobre o funcionamento <strong>do</strong><br />
SUS em Maceió?<br />
Monteiro . Como toda capital, Maceió<br />
tem o enorme desafio de dar conta <strong>do</strong><br />
sistema de saúde para a sua população e<br />
ser referência para praticamente o esta<strong>do</strong><br />
inteiro. Isso não é pouca coisa. Como<br />
temos um sistema descentraliza<strong>do</strong>, o<br />
secretário de saúde da capital acaba<br />
sen<strong>do</strong> responsável pelos seus usuários e
metade <strong>do</strong>s alago<strong>ano</strong>s. Aí está o grande<br />
desafio que vamos ter com o uso <strong>do</strong><br />
cartão e com o sistema de gestão <strong>do</strong><br />
Contrato Organizativo de Ação Pública,<br />
melhoran<strong>do</strong> o processo de regulação,<br />
que considero ser a chave para o<br />
aprimoramento da gestão <strong>do</strong> SUS.<br />
RC . O senhor foi presidente <strong>do</strong><br />
Conasems. Qual a importância <strong>do</strong><br />
fortalecimento da rede Cosems para o<br />
Sistema Único de Saúde?<br />
Monteiro . Com a construção <strong>do</strong> SUS<br />
no Brasil, com o lega<strong>do</strong> social generoso<br />
que herdamos da Constituição Federal<br />
de 1988, algumas políticas públicas<br />
implantadas alargaram a base <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
brasileiro. A implantação <strong>do</strong> SUS é<br />
extremamente complexa e só foi possível<br />
porque novos atores entraram em cena.<br />
Na década de 70, o Sistema Único<br />
de Saúde estava sen<strong>do</strong> concebi<strong>do</strong> na<br />
academia. A trincheira na década de 80<br />
foi o parlamento, onde garantimos direito<br />
na Constituição. Na década de 90, foram<br />
os secretários municipais e estaduais que<br />
deram um novo fôlego nessa grande<br />
estruturação de um sistema centra<strong>do</strong><br />
em consensos, fazen<strong>do</strong> as pactuações<br />
na CIR, CIB e CIT. A Lei que criou o<br />
Conass e Conasems como estruturas <strong>do</strong><br />
SUS fez justiça à grandeza <strong>do</strong> Sistema,<br />
que possui a maior quantidade de<br />
opera<strong>do</strong>res sistêmicos, articula<strong>do</strong>s por<br />
uma estrutura confederada, dan<strong>do</strong> uma<br />
capilaridade fantástica. <br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
13
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Consórcios Intermunicipais<br />
de Saúde em Alagoas<br />
Proposta de Implantação recebe apoio <strong>do</strong>s<br />
municípios e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
A proposta que já é realidade em boa parte <strong>do</strong> país começa a tomar forma em Alagoas.<br />
A ideia central é ordenar os serviços de saúde, reduzin<strong>do</strong> custos e melhoran<strong>do</strong> o acesso<br />
da população. Os consórcios intermunicipais de saúde, conheci<strong>do</strong>s também como<br />
consórcios administrativos, são contratos firma<strong>do</strong>s entre entidades públicas de uma<br />
mesma natureza ou nível, com a finalidade de desenvolver atividades ou programas<br />
de interesse comum. A iniciativa tem si<strong>do</strong> defendida pelo presidente <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>,<br />
Pedro Madeiro, que avalia o projeto como uma alternativa para preencher os vazios<br />
assistenciais nas regiões de saúde alagoanas.<br />
A intenção é firmar o primeiro consórcio entre municípios <strong>do</strong> Litoral Sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
já no primeiro semestre de 2013. “Trata-se de uma proposta que visa, acima de tu<strong>do</strong>,<br />
à ampliação e a melhoria substancial <strong>do</strong> atendimento aos cidadãos, aliada à redução<br />
de custos arca<strong>do</strong>s pelos municípios. O consórcio de saúde representa um esforço de<br />
cooperação, basea<strong>do</strong> numa relação de igualdade entre os envolvi<strong>do</strong>s, ao mesmo tempo<br />
em que resguarda a autonomia de decisão <strong>do</strong>s municípios e cria um ambiente propício<br />
à implementação de políticas públicas regionais”, enfatiza Madeiro, ao reforçar que<br />
Alagoas é um <strong>do</strong>s poucos esta<strong>do</strong>s que ainda não implantou projetos dessa natureza.<br />
14<br />
Solidários, seremos união.<br />
Separa<strong>do</strong>s uns <strong>do</strong>s outros, seremos pontos de vista.<br />
Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.<br />
Bezerra de Menezes
Como forma de respaldar ainda<br />
mais seus argumentos, o presidente <strong>do</strong><br />
Cosems toma como base o Decreto<br />
7.508/11, que organiza os municípios<br />
em regiões de saúde, justamente com o<br />
propósito de deliberar ações, recursos e<br />
projetos que atendam a toda população<br />
ordenada dentro das regiões delimitadas<br />
no Pl<strong>ano</strong> Diretor de Regionalização.<br />
“Vamos fortalecer a gestão por meio<br />
de instrumentos diversos, entre eles a<br />
ata <strong>do</strong> registro de preços, garantin<strong>do</strong> a<br />
estabilidade nos custos da assistência<br />
farmacêutica, por exemplo,”, afirmou.<br />
Mas o assunto não é desconheci<strong>do</strong><br />
entre os gestores alago<strong>ano</strong>s. Além de<br />
levar o tema para debate em várias<br />
ocasiões, a Associação <strong>do</strong>s Municípios<br />
Alago<strong>ano</strong>s (AMA) organizou comissões<br />
de prefeitos e técnicos que visitaram o<br />
Ceará, Pernambuco e o Paraná, esta<strong>do</strong>s<br />
em que os consórcios estão implanta<strong>do</strong>s<br />
e responden<strong>do</strong> acima das expectativas<br />
aguardadas.<br />
O apoio para a implantação <strong>do</strong> projeto<br />
já ganhou a adesão <strong>do</strong> novo presidente<br />
da AMA, Marcelo Beltrão. “Através da<br />
regionalização, vamos suprir os anseios<br />
da população de cada município, já que a<br />
Associação tem o papel de zelar por todas<br />
as prefeituras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Por esta razão,<br />
seria necessário trabalhar mais próximo<br />
de cada gestor e <strong>do</strong>s seus secretários,<br />
capacitar os funcionários públicos –<br />
evitan<strong>do</strong> o processo de terceirização -, ou<br />
seja, fazer com que a AMA seja o ponto de<br />
convergência para formar um consórcio.<br />
Estamos no processo de sensibilização<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
<strong>do</strong>s demais prefeitos, que já demonstram<br />
interesse, especialmente porque a ação<br />
vai melhorar os atendimentos e reduzir<br />
as despesas com a saúde. Queremos<br />
começar o <strong>ano</strong> encaminha<strong>do</strong> à proposta<br />
para estu<strong>do</strong> nas Câmaras de Verea<strong>do</strong>res”,<br />
assegurou o presidente, que é prefeito <strong>do</strong><br />
município de Jequiá da Praia.<br />
A iniciativa, no entanto, só poderá<br />
ter sucesso com a adesão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Na<br />
avaliação <strong>do</strong> secretário estadual de Saúde<br />
(Sesau), Alexandre Tole<strong>do</strong>, Alagoas<br />
possui to<strong>do</strong>s os pré-requisitos para por<br />
em prática o projeto. Tole<strong>do</strong> defende que<br />
o consórcio seja inicia<strong>do</strong> em 2013 em<br />
uma das dez regiões de saúde <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,<br />
mas que se expanda de forma gradativa<br />
para to<strong>do</strong> o território alago<strong>ano</strong>.<br />
“Não cabe mais fazer administração<br />
<strong>do</strong> Sistema de forma dissociada. Até<br />
as leis brasileiras se configuram para<br />
agrupar ações e serviços. O Consórcio<br />
de saúde é um <strong>do</strong>s modelos que vem<br />
dan<strong>do</strong> certo em várias partes <strong>do</strong> país,<br />
justamente porque aperfeiçoa ações e dá<br />
um grande salto na gestão”, explicou o<br />
secretário, destacan<strong>do</strong> que o esta<strong>do</strong> tem<br />
interesse em apoiar a iniciativa.<br />
Considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores<br />
especialistas em modelos <strong>do</strong>s sistemas<br />
locais de saúde, o sanitarista Eugênio<br />
Vilaça Mendes, defende a instituição <strong>do</strong><br />
consórcio intermunicipal, e caracteriza<br />
a proposta como um importante<br />
instrumento de arranjo intermunicipal<br />
para a prestação de serviços de saúde.<br />
Vilaça destaca que os consórcios deverão<br />
ser cria<strong>do</strong>s com a finalidade de superar<br />
ESPECI<strong>AL</strong><br />
15
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
problemas, especialmente no que diz<br />
respeito às dificuldades encontradas pelos<br />
municípios quanto à baixa capacidade<br />
gerencial com que, em geral, o SUS é<br />
opera<strong>do</strong>.<br />
“[...] Um processo de desenvolvimento<br />
institucional <strong>do</strong>s Consórcios<br />
Intermunicipais de Saúde deve ser<br />
instituí<strong>do</strong>, especialmente sob a forma<br />
de consórcios públicos, com o objetivo<br />
de capacitá-los a exercitar a prestação,<br />
efetiva e eficiente, de serviços regionais<br />
como, por exemplo, a prestação<br />
de serviços de atenção secundária<br />
ambulatorial, de sistemas regionais de<br />
patologia clínica, de sistemas regionais<br />
de transporte em saúde, etc. Esse<br />
processo deve envolver, pelo menos,<br />
a adequação <strong>do</strong>s consórcios ao Pl<strong>ano</strong><br />
Diretor de Regionalização, a obediência<br />
estrita aos regramentos <strong>do</strong> SUS e um<br />
processo de capacitação <strong>do</strong>s gerentes<br />
de consórcios que poderia evoluir para<br />
uma certificação ocupacional de seus<br />
gerentes, feita pelos órgãos competentes<br />
<strong>do</strong> SUS [...]”, explica em um <strong>do</strong>s trechos<br />
de seu livro As redes de atenção à saúde,<br />
publica<strong>do</strong> em 2011.<br />
16<br />
COMO funCiOna?<br />
Os consórcios intermunicipais<br />
de saúde têm natureza contratual e<br />
implicam na criação de uma pessoa<br />
jurídica de direito priva<strong>do</strong> (civil ou<br />
comercial), vinculada às finalidades <strong>do</strong><br />
consórcio, que assume os direitos e as<br />
obrigações inerentes para executá-lo. A<br />
estrutura de gestão é autônoma e requer<br />
orçamentos próprios, constituí<strong>do</strong>s e<br />
financia<strong>do</strong>s pelos gestores municipais.<br />
O objetivo <strong>do</strong> projeto é solucionar<br />
demandas específicas ou problemas de<br />
saúde que não podem ser resolvi<strong>do</strong>s de<br />
forma isolada por cada município.<br />
A partir da edição da Lei n.<br />
11.107/2005, a instituição de consórcios<br />
na área de Saúde deve ser baseada em<br />
suas orientações: Lei n. 11.107, de 6 de<br />
abril de 2005; Decreto n. 6.017, de 17<br />
de janeiro de 2007, Consórcios Públicos<br />
(pessoa jurídica formada exclusivamente<br />
por entes da federação, na forma da Lei<br />
n. 11.107/2005, para estabelecer relações<br />
de cooperação federativa, inclusive<br />
à realização de objetivos de interesse<br />
comum, constituída como associação<br />
pública, com personalidade jurídica de<br />
direito público e natureza autárquica, ou<br />
como pessoa jurídica de direito priva<strong>do</strong><br />
sem fins econômicos).<br />
Analisa<strong>do</strong>s os limites constitucionais<br />
e legais, as finalidades <strong>do</strong>s consórcios<br />
públicos serão determinadas pelos<br />
entes que se consorciarem, inclusive,
por oferecer as ações e os serviços de<br />
saúde de forma a obedecer a princípios,<br />
diretrizes e normas que regulam o<br />
Sistema Único de Saúde. Ainda que<br />
revesti<strong>do</strong>s de personalidade jurídica de<br />
direito priva<strong>do</strong>, o consórcio observará<br />
as normas de direito público, no que se<br />
referir a realização de processo licitatório,<br />
celebração de contratos, admissão de<br />
pessoal (regi<strong>do</strong> pela Consolidação das<br />
Leis <strong>do</strong> trabalho – CLT) e à prestação de<br />
contas.<br />
Os entes da Federação consorcia<strong>do</strong>s<br />
respondem subsidiariamente pelas<br />
obrigações <strong>do</strong> consórcio público,<br />
que podem ser constituí<strong>do</strong>s para a<br />
execução de ações e programas em áreas<br />
diversas da gestão pública, como saúde,<br />
manejo de resíduos sóli<strong>do</strong>s, educação,<br />
abastecimento de água, esgotamento<br />
sanitário, uso de equipamentos coletivos,<br />
entre outras finalidades. Para constituirse,<br />
são necessárias três etapas sequenciais.<br />
Protocolo de intenções - Contrato<br />
preliminar que, ratifica<strong>do</strong> pelos entes<br />
da Federação interessa<strong>do</strong>s, converte-se<br />
em contrato público. Deve ser subscrito<br />
pelo pelos chefes <strong>do</strong> Poder Executivo<br />
de cada um <strong>do</strong>s consorcia<strong>do</strong>s e deverá<br />
ser publica<strong>do</strong> na imprensa oficial, para<br />
conhecimento público, especialmente da<br />
sociedade civil e <strong>do</strong>s órgãos de controle.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Ratificação - A ratificação <strong>do</strong> protocolo<br />
de intenções se efetua por meio de lei, na<br />
qual cada legislativo aprova o protocolo<br />
de intenções. O protocolo de intenções<br />
e a ratificação resultam no contrato de<br />
constituição <strong>do</strong> consórcio público.<br />
EstatutOs<br />
O consórcio será organiza<strong>do</strong> por<br />
estatutos cujas disposições, sob pena<br />
de nulidade, deverão atender a todas as<br />
cláusulas <strong>do</strong> seu contrato constitutivo.<br />
Deverão ser elabora<strong>do</strong>s por meio de<br />
assembleia geral <strong>do</strong> consórcio público<br />
– os estatutos de consórcios públicos de<br />
direito público produzirão seus efeitos<br />
mediante publicação na imprensa oficial.<br />
No caso de consórcios públicos de<br />
direito priva<strong>do</strong>, a personalidade jurídica<br />
<strong>do</strong> consórcio será adquirida mediante o<br />
registro civil <strong>do</strong>s estatutos.<br />
Vale ressaltar que, como o<br />
consorciamento é voluntário, nenhum<br />
ente federativo pode ser obriga<strong>do</strong> a<br />
aderir ou a permanecer consorcia<strong>do</strong>, no<br />
entanto, sua retirada de um consórcio<br />
já constituí<strong>do</strong> dependerá de ato formal<br />
de seu representante na assembleia geral,<br />
na forma previamente ordenada por lei.<br />
Como o consorciamento se efetivou por<br />
17
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
18<br />
ratificação de lei, sua retirada deve ser<br />
respaldada por lei específica. A remoção<br />
ou a extinção <strong>do</strong> consórcio público não<br />
prejudicará as obrigações já constituídas.<br />
saBER COMPLEMEntaR<br />
Decreto nº 6.017, de 17 de Janeiro de<br />
2007 - Regulamenta a Lei no 11.107,<br />
de 6 de abril de 2005, que dispõe<br />
sobre normas gerais de contratação de<br />
consórcios públicos.<br />
O SUS de A a Z : garantin<strong>do</strong> saúde<br />
nos municípios / Ministério da Saúde,<br />
Conselho Nacional das Secretarias<br />
Municipais de Saúde. 3. ed. Brasília :<br />
Editora <strong>do</strong> Ministério da Saúde, 2009.<br />
Decreto nº 7.508, de 28 de junho<br />
de 2001: regulamentação da Lei nº<br />
8.080/90/Ministério da Saúde. Secretaria<br />
de Gestão Estratégica e Participativa.<br />
Brasília: Ministério da Saúde, 2011.<br />
Mendes, Eugênio Vilaça. As redes de<br />
atenção à saúde. Brasília: Organização<br />
Pan-Americana da Saúde, 2011.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº2
“Quem não compreende<br />
um olhar, tampouco<br />
compreenderá uma longa<br />
explicação”<br />
Mário Quintana<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Desafios para a construção das redes<br />
regionalizadas e integradas de atenção à<br />
saúde no SUS<br />
A ideia de regionalização da saúde<br />
nasceu na Inglaterra, onde foi idealiza<strong>do</strong><br />
o primeiro modelo de redes de atenção,<br />
em 1920.<br />
No Brasil, a aprovação <strong>do</strong> Pacto pela<br />
Saúde, com a publicação da Portaria nº<br />
399/GM de 22 de fevereiro de 2006,<br />
além de reafirmar o compromisso <strong>do</strong>s<br />
gestores de saúde das três esferas <strong>do</strong><br />
governo com os princípios e diretrizes<br />
<strong>do</strong> SUS, traz a regionalização da saúde<br />
com mais força para a agenda <strong>do</strong> SUS,<br />
em que é retomada a questão da regionalização,<br />
com critérios mais flexíveis, de<br />
acor<strong>do</strong> com a diversidade existente no<br />
país. O Pacto redefine, também, as responsabilidades<br />
de cada gestor.<br />
È importante lembrar que o SUS<br />
deve se organizar em redes, conforme<br />
determina a Constituição. Esse tema<br />
esteve presente, de forma explícita ou<br />
implícita, na agenda da reforma sanitária,<br />
desde o seu início.<br />
As redes regionalizadas e integradas<br />
de atenção à saúde oferecem condição<br />
estruturalmente mais adequada para<br />
efetivação da integralidade da atenção<br />
e reduzem os custos <strong>do</strong>s serviços por<br />
imprimir uma maior racionalidade<br />
sistêmica na utilização <strong>do</strong>s recursos.<br />
“As redes são sinônimos de integração<br />
de to<strong>do</strong>s os elementos de uma contextura<br />
(funcional, clínica, de cuida<strong>do</strong>s,<br />
normativa e sistêmica) e deve ser capaz<br />
de operar de forma sustentável, com<br />
governança e ato normativo institu-<br />
19
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
cionaliza<strong>do</strong> para o seu funcionamento.”<br />
Por que pensar em Redes? Porque precisamos<br />
focar nas necessidades de saúde<br />
da população, estudar a correspondência<br />
entre a capacidade de oferta de serviços<br />
e suas necessidades, estar atentos à coordenação<br />
e articulação da atenção envolven<strong>do</strong><br />
vários presta<strong>do</strong>res, implantar<br />
Sistemas de Informação articulan<strong>do</strong> pacientes,<br />
presta<strong>do</strong>res e paga<strong>do</strong>res e subsidian<strong>do</strong><br />
a tomada de decisão, enfim,<br />
buscar a qualidade e efetividade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong><br />
e satisfação <strong>do</strong> usuário, utilizan<strong>do</strong><br />
o uso de incentivos financeiros e estruturas<br />
organizacionais para harmonizar os<br />
diversos níveis decisórios - gestão, corpo<br />
clínico e outros profissionais, induzin<strong>do</strong><br />
o compartilhamento de objetivos.<br />
A integração da saúde com constituição<br />
de redes regionalizadas e integradas<br />
de atenção é condição indispensável para<br />
a qualificação e continuidade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong><br />
à saúde e tem grande importância na superação<br />
de lacunas assistenciais, racionalização<br />
e otimização <strong>do</strong>s recursos assistenciais<br />
disponíveis.<br />
As redes são desenhadas a partir de<br />
um conceito que inclui planejamento,<br />
gestão e financiamento em cooperação<br />
intergovernamental – nas três esferas – e<br />
permitem soluções de saúde integradas e<br />
adaptadas às necessidades da população<br />
de cada região.<br />
Os principais componentes das redes<br />
integradas e regionalizadas de atenção<br />
à saúde são: (1) os espaços territoriais e<br />
suas respectivas populações com necessidades<br />
e demandas por ações e serviços de<br />
saúde; (2) os serviços de saúde ou “pontos<br />
da rede”, devidamente caracteriza<strong>do</strong>s<br />
quanto às suas funções e objetivos;<br />
(3) a logística que orienta e controla o<br />
acesso e o fluxo <strong>do</strong>s usuários; e (4) o sistema<br />
de governança, que compreendem<br />
o conjunto <strong>do</strong>s arranjos institucionais<br />
necessários para a cooperação das instituições,<br />
organizações e atores sociais e<br />
políticos, que participam das redes de<br />
atenção à saúde.<br />
É de fundamental importância a interligação<br />
<strong>do</strong>s serviços de saúde da rede<br />
para garantir a integralidade da saúde<br />
20 20
<strong>do</strong> paciente, uma vez que a maioria <strong>do</strong>s<br />
municípios não é capaz de arcar sozinho<br />
com a assistência à saúde <strong>do</strong> cidadão.<br />
Os benefícios em ter uma rede de atenção<br />
de boa qualidade se refletem em<br />
vários aspectos: melhoria nos indica<strong>do</strong>res<br />
de saúde, redução da mortalidade<br />
infantil, de <strong>do</strong>enças crônicas e taxa de<br />
internação e redução de gastos. O que<br />
interessa numa boa gestão em rede é o<br />
valor público decorrente da melhoria das<br />
condições de saúde.<br />
No trinômio espaço territorial/população/<br />
serviços de saúde, deve-se enfatizar<br />
a importância primordial da atenção<br />
primária à saúde (APS) como coordena<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> e ordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> acesso<br />
<strong>do</strong>s usuários para os demais pontos de<br />
atenção.<br />
Um novo conceito que a saúde está<br />
trabalhan<strong>do</strong> é a priorização da atenção<br />
básica, em que é necessário fazer um diagnóstico<br />
de qualidade e seguro para que<br />
toda a rede de cuida<strong>do</strong>s funcione sem<br />
desperdícios.<br />
A estruturação da rede de atendimento<br />
básico vem sen<strong>do</strong>, ainda hoje, um<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
enorme desafio para a maioria <strong>do</strong>s municípios<br />
<strong>do</strong> país. A tarefa de coordenar o<br />
incremento da atenção básica com as demandas<br />
por média e alta complexidade e<br />
os princípios da integralidade <strong>do</strong> atendimento,<br />
em nível local, parece ainda mais<br />
complexa, mostran<strong>do</strong> a importância das<br />
diversas propostas em curso de regionalização<br />
e de criação de consórcios intermunicipais.<br />
A integralidade da atenção<br />
como princípio <strong>do</strong> SUS é inquestionável,<br />
mas sem o fortalecimento da rede básica<br />
de serviços e mudança <strong>do</strong> modelo assistencial,<br />
sua implementação e resulta<strong>do</strong>s<br />
são extremamente incertos.<br />
Para um gestor, a inovação é uma função<br />
fundamental em que precisa de competências<br />
para administrar o processo<br />
de mudança da melhor forma, visan<strong>do</strong><br />
conter os custos e o tempo, minimizar<br />
os riscos e maximizar o impacto. O significa<strong>do</strong><br />
profun<strong>do</strong> da inovação na gestão<br />
em saúde é introduzir mudanças que<br />
resultem num melhoramento concreto<br />
e mensurável. Esse melhoramento deve<br />
envolver diferentes características de<br />
gestão como o desempenho, a qualidade,<br />
21
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
a eficiência e a satisfação <strong>do</strong>s usuários.<br />
A gestão convive com alguns desafios<br />
estruturantes: a oferta de recursos ainda é<br />
insuficiente para atender às necessidades<br />
da população, existe a necessidade de<br />
rompimento <strong>do</strong> modelo de saúde com<br />
características hegemônicas centra<strong>do</strong> em<br />
procedimentos e a imprescindível organização<br />
da produção <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> a partir<br />
das necessidades <strong>do</strong> usuário, instituin<strong>do</strong><br />
um modelo usuário-centra<strong>do</strong>.<br />
Podemos citar <strong>do</strong>is fatores que contribuem<br />
para o sucesso <strong>do</strong>s territórios: o<br />
compromisso <strong>do</strong>s dirigentes e o envolvimento<br />
das equipes de saúde.<br />
Em Alagoas, o processo de regionalização<br />
vem avançan<strong>do</strong> com a atualização<br />
<strong>do</strong> PDR. Temos, hoje, 10 regiões de<br />
saúde.<br />
A atual grande diretriz da SAS para o<br />
perío<strong>do</strong> 2011-2014 é a implantação das<br />
RAS, ten<strong>do</strong> sua gestão no âmbito federal.<br />
O <strong>do</strong>cumento de referência conten<strong>do</strong><br />
as Diretrizes para a Organização das<br />
RAS no âmbito <strong>do</strong> SUS foi oficializa<strong>do</strong><br />
através da portaria GM/MS nº 4.279, de<br />
30/12/1. Após pactuação tripartite, em<br />
2011, foram priorizadas as Redes temáticas:<br />
Rede Cegonha, que tem um recorte<br />
de atenção à gestante e de atenção à criança<br />
até 24 meses, é uma estratégia de<br />
mudança da atenção obstétrica e infantil,<br />
por meio da implementação de uma rede<br />
de cuida<strong>do</strong>s.<br />
No esta<strong>do</strong> de Alagoas, a partir da Portaria<br />
Estadual nº 293, de 19 setembro<br />
de 2011, Institui-se o Grupo Condutor<br />
Estadual da Rede Cegonha de Alagoas.<br />
Atualmente foram aprova<strong>do</strong>s os Pl<strong>ano</strong>s<br />
de Ação Regional da 1ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e<br />
7ª regiões de saúde, com liberação, inclusive,<br />
de recursos financeiros para investimento<br />
e custeio para esta rede. Estamos<br />
no passo 3 <strong>do</strong> processo de operacionalização<br />
que é a Contratualização <strong>do</strong>s pontos<br />
de atenção .<br />
A Rede de Urgência e Emergência tem<br />
a finalidade de articular e integrar to<strong>do</strong>s<br />
os equipamentos de saúde para ampliar<br />
22<br />
22
e qualificar o acesso humaniza<strong>do</strong> e integral<br />
aos usuários nos serviços de saúde de<br />
forma ágil e oportuna.<br />
Através da Portaria Estadual nº 44, de<br />
27/02/2012, instituiu-se o Grupo Condutor<br />
Estadual da Rede de Urgência de<br />
Alagoas. Atualmente foram aprova<strong>do</strong>s os<br />
Pl<strong>ano</strong>s de Ação Regional da 1ª e 7ª região<br />
de saúde.<br />
A Rede de Atenção Psicossocial -<br />
RAPS - Rede de saúde mental integrada,<br />
articulada e efetiva nos diferentes pontos<br />
de atenção, para atender às pessoas em<br />
sofrimento e/ou com demandas decorrentes<br />
<strong>do</strong>s transtornos mentais e/ou<br />
<strong>do</strong> consumo de álcool, crack e outras<br />
drogas. Objetiva a construção de serviços<br />
diferencia<strong>do</strong>s às suas necessidades.<br />
Em 2012 instituiu-se o Grupo Condutor<br />
Estadual da Rede de Atenção<br />
Psicossocial, que já foi aprova<strong>do</strong> em CIR<br />
e CIB e, o desenho da rede, está em fase<br />
final para encaminhamento ao Ministério<br />
da Saúde.<br />
A Rede de Cuida<strong>do</strong>s da Pessoa com<br />
Deficiência define critérios para implantação<br />
de cada componente e o financiamento<br />
por modalidade, de acor<strong>do</strong> com<br />
as portarias ministeriais nº. 793, de 24<br />
de abril de 2012, que instituiu a Rede e<br />
nº 835, de 28 de abril de 2012, propon<strong>do</strong><br />
financiamento <strong>do</strong>s serviços.<br />
Através da Portaria Estadual nº 133,<br />
18/06/2012, instituiu-se o Grupo Condutor<br />
Estadual da Rede de Cuida<strong>do</strong>s da<br />
Pessoa com Deficiência, em fase de elaboração<br />
<strong>do</strong> diagnóstico, etapa de suma<br />
importância para a conclusão <strong>do</strong> desenho<br />
da rede.<br />
A Rede de Atenção às Doenças Crônicas<br />
que inicia-se pelo enfrentamento <strong>do</strong><br />
câncer de mama e <strong>do</strong> câncer de colo <strong>do</strong><br />
útero. Atualmente estamos na fase inicial<br />
de construção <strong>do</strong> diagnóstico.<br />
A importância da construção de redes<br />
é identificada no momento em que os<br />
municípios melhoram o acesso e a qualidade<br />
para os usuário <strong>do</strong> SUS. Observamos<br />
que tais características se dão através<br />
<strong>do</strong> formato de redes, porque é pensa<strong>do</strong><br />
na assistência ao usuário, desde a atenção<br />
básica até o maior nível de complexidade.<br />
Para qualquer município é o<br />
momento de fazer articulações de redes<br />
interfederativas para a construção de um<br />
pl<strong>ano</strong> único e fortaleci<strong>do</strong> a partir da necessidade<br />
da população.<br />
Considero que o grupo Condutor<br />
de Redes tem oportuniza<strong>do</strong>, através de<br />
momentos dialógicos, num processo<br />
de construção coletiva, reflexões sobre<br />
novos jeitos <strong>do</strong> fazer assistência, de como<br />
precisam entrar em curso com referência<br />
na escuta aos usuários, da necessidade<br />
de criação de dispositivos de escuta, decodificação<br />
e trabalho. Sabemos que hoje<br />
é possível falar em integralidade e humanização,<br />
que advém da qualidade da<br />
atenção, <strong>do</strong> compromisso com o ato de<br />
cuidar, seja individual ou coletivamente.<br />
ATITUDE ATITUDE . . revista <strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Por Sônia Moura/<br />
Apoia<strong>do</strong>ra Ministério<br />
da Saúde<br />
23
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
24<br />
O BaRRO E a jaquEiRa<br />
Mãos habili<strong>do</strong>sas tentam reconstituir personagens de uma história de<br />
luta pela sobrevivência. Moldan<strong>do</strong> o barro, <strong>do</strong>na Irinéia e Seu Antônio<br />
relembram o dia em que a família salvou-se graças a uma imponente árvore<br />
que combateu de pé e sem se curvar a enchente <strong>do</strong> Rio Paraíba, que<br />
causou destruição e morte em 19 cidades alagoanas.<br />
No dia da maior cheia em três décadas, a comunidade estava toda no<br />
Muquém. À medida que a água subia, paredes e objetos se desprendiam<br />
com rapidez, causan<strong>do</strong> desespero e me<strong>do</strong> generaliza<strong>do</strong>. A jaqueira era a<br />
única estrutura que a água não conseguia derrubar.<br />
Plantada há muitos <strong>ano</strong>s, suas raízes cravaram o chão com a profundidade<br />
e força necessária para salvar a si e livrar mais 54 almas. Como<br />
agradecimento à sobrevivência de homens, mulheres, i<strong>do</strong>sos, crianças e<br />
animais, a jaqueira foi consagrada como um símbolo de gratidão, respeito<br />
e resistência <strong>do</strong>s quilombolas.
Gestão <strong>do</strong> risco sanitário<br />
Os riscos sanitários estão presentes<br />
nos diversos contextos da vida, nas<br />
diversas áreas da atividade humana. Na<br />
definição de Costa (2000), “[...] risco é<br />
a probabilidade de ocorrência de efeitos<br />
adversos relaciona<strong>do</strong>s a objetos submeti<strong>do</strong>s<br />
a controle sanitários. [...]” e a vigilância<br />
sanitária tem a tarefa de avaliar e gerenciar<br />
esses riscos, com o objetivo de proteger a<br />
população, que necessita de respostas, se<br />
não faz uma articulação com as demais<br />
áreas <strong>do</strong> setor saúde, principalmente,<br />
com a vigilância epidemiológica, que tem<br />
fundamental importância nas suas ações e<br />
na definição de prioridades das ações da<br />
vigilância sanitária.<br />
Destacamos, também, a importância<br />
da integração com a atenção primária, que<br />
possibilita o vínculo da vigilância sanitária<br />
com a comunidade. O desenvolvimento<br />
das ações de forma articulada com<br />
as demais áreas produz um impacto<br />
significativo na saúde da população. As<br />
ações devem ser planejadas de forma que<br />
a gestão tenha governabilidade sobre o<br />
que planeja, organicidade e capacidade de<br />
resposta.<br />
É importante lembrar que a tarefa da<br />
vigilância sanitária não se encerra com<br />
o uso <strong>do</strong> produto, ou seja, ela continua<br />
buscan<strong>do</strong> os possíveis riscos que esse<br />
produto pode trazer ao ser utiliza<strong>do</strong> pela<br />
por Nilza Maria<br />
Rogério Malta<br />
Secretária de Saúde<br />
de Matriz de Camaragibe<br />
população. Visan<strong>do</strong> garantir o que está<br />
previsto no artigo 6º da Constituição<br />
Federal - acesso ao consumo seguro e<br />
à saúde-, foi criada A Rede Consumo<br />
Seguro e Saúde das Américas (RCSS),<br />
coordenada pela Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Americ<strong>ano</strong>s (OEA) e a Organização Pan-<br />
Americana da Saúde (OPAS), com apoio<br />
de grupo técnico assessor, integra<strong>do</strong><br />
por vários países, incluin<strong>do</strong> o Brasil<br />
(Disponível em: ).<br />
Em âmbito nacional foi instituí<strong>do</strong><br />
o Grupo de Trabalho Consumo<br />
Seguro e Saúde (RCSS-GT), que<br />
tem como principal objetivo traçar<br />
estratégias de mobilização e articulação<br />
interinstitucional, visan<strong>do</strong> ampliar<br />
a proteção à saúde e à segurança <strong>do</strong>s<br />
consumi<strong>do</strong>res brasileiros.<br />
Com o objetivo de discutir o novo<br />
perfil da vigilância sanitária, propician<strong>do</strong><br />
uma mudança nos conceitos, a Agência<br />
Nacional de Vigilância Sanitária<br />
(ANVISA) ,realizou, no perío<strong>do</strong> de 6 a 7<br />
de novembro, a I Oficina de Gestão <strong>do</strong><br />
Risco Sanitário no âmbito <strong>do</strong> controle<br />
e monitoramento, com a participação<br />
de um representante <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>.<br />
As discussões terão continuidade em<br />
nível estadual com a participação <strong>do</strong>s<br />
municípios. <br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
PANORAMA<br />
25
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
SIOPS a partir <strong>do</strong> Decreto Nº 7.827/2012<br />
Importante instrumento de Gestão e<br />
Planejamento, o Sistema de Orçamentos<br />
Públicos em Saúde (SIOPS) tem<br />
como principal objetivo disponibilizar<br />
informações da União, Esta<strong>do</strong>s, Distrito<br />
Federal e Municípios sobre a aplicação<br />
mínima <strong>do</strong>s recursos próprios investi<strong>do</strong>s<br />
em Ações e Serviços Públicos de Saúde<br />
- ASPS, conforme preconiza Emenda<br />
Constitucional 29/2000, regulamentada<br />
após 12 <strong>ano</strong>s, pela Lei Complementar<br />
141, de 16 de janeiro de 2012.<br />
Os avanços decorrentes desta<br />
regulamentação não se limitam apenas à<br />
revogação de dispositivos das Leis 8.080,<br />
de 19 de setembro de 1990 e 8.689, de<br />
27 de julho de 1993 e <strong>do</strong>s critérios de<br />
rateio <strong>do</strong>s recursos de transferências para<br />
a saúde, sobretu<strong>do</strong>, traz à luz as normas<br />
de fiscalização, avaliação e controle de<br />
despesas nas três esferas de governo.<br />
Neste contexto, o Sistema de<br />
Orçamentos Públicos em Saúde é<br />
designa<strong>do</strong> pelo Ministério da Saúde<br />
como instrumento obrigatório para o<br />
acompanhamento <strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong><br />
dispositivo constitucional que determina<br />
a aplicação mínima de recursos em ações<br />
26<br />
e serviços públicos de saúde, sen<strong>do</strong><br />
impreterível para a União, Esta<strong>do</strong>s,<br />
Distrito Federal e Municípios o registro<br />
e a atualização permanente <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />
no SIOPS, obedecen<strong>do</strong> aos prazos<br />
estabeleci<strong>do</strong>s na Lei Complementar<br />
141/2012, sob pena, em caso <strong>do</strong> não<br />
cumprimento, <strong>do</strong> condicionamento<br />
das transferências Constitucionais e da<br />
suspensão das transferências voluntárias.<br />
O Decreto 7.827, de 16 de outubro<br />
de 2012, institucionaliza o SIOPS<br />
e regulamenta os procedimentos de<br />
condicionamento e restabelecimento das<br />
transferências de recursos constitucionais,<br />
bem como dispõe sobre a suspensão<br />
e restabelecimento das transferências<br />
voluntárias da União, nos casos de<br />
inobservância da aplicação <strong>do</strong>s recursos<br />
em Ações e Serviços Públicos de Saúde.<br />
Outrossim, o decreto regimenta sobre o<br />
processo de registro <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s no sistema,<br />
que terá como responsável o Gestor <strong>do</strong><br />
SUS de cada ente da Federação, visan<strong>do</strong> à<br />
fidedignidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s homologa<strong>do</strong>s, o<br />
qual será atribuí<strong>do</strong> fé pública para to<strong>do</strong>s os<br />
fins legais. Esse processo ocorrerá através<br />
da Certificação Digital face à necessidade<br />
por Lizianne Rodrigues<br />
Assessora Técnica<br />
<strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>
da garantia e segurança das informações<br />
prestadas.<br />
Dentre outros aspectos, a periodicidade<br />
de entrega <strong>do</strong>s prazos <strong>do</strong> SIOPS passa<br />
a ser bimestral, em consonância com<br />
o Relatório Resumi<strong>do</strong> de Execução<br />
Orçamentária – RREO, Seção <strong>III</strong>, artigo<br />
52 da Lei Complementar nº 101, de 04<br />
de maio de 2000. A responsabilidade<br />
pela verificação das informações<br />
homologadas no sistema e/ou <strong>do</strong><br />
montante que deixou de ser aplica<strong>do</strong> em<br />
ações e serviços de saúde, em exercícios<br />
anteriores, é <strong>do</strong> Poder Legislativo e<br />
<strong>do</strong> Tribunal de Contas que passa a ter<br />
módulo específico SIOPS.<br />
Pretende-se, com essa medida,<br />
condicionar as transferências<br />
constitucionais e a suspensão das<br />
transferências voluntárias, se constata<strong>do</strong><br />
o descumprimento da Lei. Contu<strong>do</strong>, se<br />
confirmada à ausência de homologação<br />
das informações no prazo determina<strong>do</strong>,<br />
será presumi<strong>do</strong> como descumprimento<br />
da aplicação <strong>do</strong>s percentuais mínimos<br />
em Ações e Serviços de Saúde.<br />
Em caso de não cumprimento <strong>do</strong>s<br />
dispostos em Lei, o Ministério da<br />
Saúde comunicará a irregularidade a<br />
Auditoria <strong>do</strong> SUS, ao Gestor <strong>do</strong> SUS<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Local, ao responsável pela administração<br />
orçamentária e financeira <strong>do</strong> ente<br />
federativo, aos órgãos de controle<br />
externo e interno, ao Conselho de Saúde<br />
e Ministério Público para que sejam<br />
providenciadas as devidas informações.<br />
A execução financeira e Orçamentária<br />
<strong>do</strong> exercício de 2013 servirá de base para<br />
a verificação anual, a partir de 2014 e<br />
<strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong> limite mínimo <strong>do</strong>s<br />
recursos aplica<strong>do</strong>s em ações e serviços de<br />
saúde, que dispõe este Decreto e a Lei<br />
Complementar 141/2012, poden<strong>do</strong>, o<br />
Gestor <strong>do</strong> SUS, responder penalmente,<br />
em caso de infração.<br />
Diante <strong>do</strong> exposto, observa-se que as<br />
mudanças postas pelo Decreto requerem<br />
<strong>do</strong>s gestores de saúde um maior<br />
comprometimento, no que diz respeito<br />
à importância <strong>do</strong> SIOPS, demandan<strong>do</strong><br />
não só adequação da instituição às novas<br />
leis, como também o empoderamento e<br />
acompanhamento <strong>do</strong> processo financeiro<br />
e orçamentário de seus municípios.<br />
Certamente essas medidas fortalecem<br />
e consolidam cada vez mais o Sistema<br />
Único de Saúde, ao passo que estimula,<br />
concomitantemente, o controle social<br />
no país. <br />
27
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
28<br />
APL de plantas medicinais gera<br />
oportunidades a agricultores<br />
O Cultivo de plantas medicinais<br />
e a futura produção de Fitoterápicos<br />
em Alagoas está em vias de se tornar<br />
uma realidade. Esta expectativa tem<br />
estimula<strong>do</strong> técnicos de diversos setores<br />
que estão mobiliza<strong>do</strong>s para realizar as<br />
ações previstas no pl<strong>ano</strong> de trabalho,<br />
detalha<strong>do</strong> no Projeto de estruturação,<br />
consolidação e fortalecimento <strong>do</strong>s<br />
Arranjos Produtivos Locais (APL)<br />
para produção de plantas medicinais<br />
e fitoterápicos em Alagoas, aprova<strong>do</strong><br />
através da Portaria SCTIE/MS nº<br />
15/2012, de 28/06/2012. O valor de<br />
R$ 1.304.421,00, já foi repassa<strong>do</strong> pelo<br />
Ministério da Saúde ao Fun<strong>do</strong> Estadual<br />
de Saúde de Alagoas.<br />
O referi<strong>do</strong> Projeto tem prazo final<br />
para execução em dezembro de 2013,<br />
entretanto a sinalização <strong>do</strong> Ministério<br />
da Saúde é que, a partir deste Projeto,<br />
o Esta<strong>do</strong> de Alagoas fomente a criação<br />
de um Programa Estadual de Plantas<br />
Medicinais e Fitoterápicos, que defina<br />
a política estadual de plantas medicinais<br />
como prática integrativa <strong>do</strong> SUS.<br />
O projeto aglutina diversas entidades<br />
por Maria Erivanda<br />
Castelo Meirelles |<br />
Membro <strong>do</strong> Comitê Gestor<br />
(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)<br />
e Luís Carlos Dantas |<br />
Membro <strong>do</strong> Comitê Gestor<br />
(SMS/Maceió)<br />
vocacionadas a desenvolver atividades<br />
relacionadas ao uso de plantas medicinais<br />
no esta<strong>do</strong> e prevê o desenvolvimento<br />
de metas estabelecidas, de acor<strong>do</strong><br />
com o Programa Nacional de Plantas<br />
Medicinais e Fitoterápicos, cria<strong>do</strong> através<br />
da Portaria Interministerial nº 2960, de<br />
9 de dezembro de 2008 e objetiva dentre<br />
outras ações:<br />
. Criar em Alagoas uma estrutura que<br />
contemple as atividades que vão <strong>do</strong> cultivo<br />
à industrialização, com vistas a auxiliar<br />
o desenvolvimento socioeconômico<br />
para as populações envolvidas e para o<br />
próprio esta<strong>do</strong> e municípios; ten<strong>do</strong> o<br />
SUS como primeiro beneficiário desta<br />
cadeia produtiva e disponibilizan<strong>do</strong> o<br />
excedente para o merca<strong>do</strong>;<br />
. Consolidar o APL de Fitoterapia<br />
realizan<strong>do</strong> capacitações técnicas para<br />
agricultores e profissionais de saúde, além<br />
de populações tradicionais <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,<br />
como os indígenas e quilombolas, com<br />
vistas a incorporá-los a este APL;<br />
. Sensibilizar a sociedade quanto ao uso<br />
correto e racional de plantas medicinais e<br />
fitoterápicos;
. Criar um Horto que produza<br />
mudas em quantidade necessária para<br />
possibilitar o suprimento <strong>do</strong> futuro<br />
cultivo de plantas medicinais;<br />
. Reestruturar o laboratório de<br />
manipulação de fitoterápicos já<br />
existente em Maceió;<br />
. Desenvolver, através de UF<strong>AL</strong>,<br />
protocolos de controle de qualidade<br />
de cultivo e das diferentes etapas de<br />
manipulação <strong>do</strong>s produtos e efetivar o<br />
monitoramento <strong>do</strong> teor <strong>do</strong>s princípios<br />
ativos e da atividade farmacológica das<br />
espécies cultivadas.<br />
A ideia central <strong>do</strong> projeto é fomentar<br />
o cultivo de plantas medicinais contidas<br />
na RENAME 2012 por agricultores<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que trabalhem de forma<br />
cooperada e que agregue renda com a<br />
<strong>venda</strong> das plantas in natura, ou mesmo<br />
beneficiadas, como matéria prima para a<br />
produção de fitoterápicos, inicialmente<br />
pelo Laboratório de Manipulação de<br />
Fitoterápicos de Maceió, que também<br />
será beneficia<strong>do</strong> com recursos <strong>do</strong><br />
projeto para compra de equipamentos<br />
e outros aparelhos necessários para a<br />
produção <strong>do</strong>s fitoterápicos.<br />
Basea<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s científicos,<br />
dentre eles os realiza<strong>do</strong>s em 2006 pela<br />
Associação Farmacêutica de Alagoas<br />
- AF<strong>AL</strong> e, em 2010, pelo Grupo<br />
de Estu<strong>do</strong>s de Plantas medicinais<br />
– GEPLAM/UF<strong>AL</strong>, as espécies<br />
selecionadas para cultivo e produção<br />
de mudas, inicialmente incluídas no<br />
projeto foram: Babosa (Aloe vera (L.)<br />
Burm. F.), Colônia (Alpinia speciosa),<br />
Guaco (Mikania glomerata Spreng.),<br />
Erva cidreira (Lippia alba), Hortelã<br />
(Mentha x piperita L.), Alecrim<br />
Pimenta (Lippia sid<strong>do</strong>ides) e as espécies<br />
selecionadas para estu<strong>do</strong> contemplam:<br />
Aroeira (Schinus terenbentifolius),<br />
Barbatimão (Stryphnodendron<br />
adstringens Mart.), Maracujá (Passiflora<br />
sp), Capim santo (Cymbopogon<br />
citratus), Chambá (Justicia pectoralis),<br />
Confrei (Symphytum officinale L),<br />
Melão de São Caet<strong>ano</strong> (Mormodica<br />
charantia), Quebra Pedra (Phyllantus<br />
niruri) Bol<strong>do</strong> Nacional (Plectrantrus<br />
barbatus), Romã (Punica granatum)<br />
e Alecrim (Rosmarinum officinalis).<br />
Outras plantas poderão ser incluídas<br />
de acor<strong>do</strong> com o potencial terapêutico<br />
e econômico, conheci<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s<br />
resulta<strong>do</strong>s da pesquisa de merca<strong>do</strong> que<br />
está sen<strong>do</strong> elaborada para fundamentar<br />
etapas sequenciais <strong>do</strong> projeto.<br />
Portanto, os membros <strong>do</strong> Comitê<br />
gestor, nos próximos meses, darão<br />
continuidade aos trabalhos de<br />
estruturação e execução deste projeto<br />
que proporcionou, pela primeira vez,<br />
o repasse de recursos específicos para<br />
ações que envolverão desde e cultivo<br />
de plantas medicinais até a produção<br />
e comercialização de fitoterápicos em<br />
Alagoas, prioritariamente para o setor<br />
público, mas com grande possibilidade<br />
de alcançar o setor priva<strong>do</strong> que<br />
comercializa medicamentos e cosméticos<br />
a base de plantas medicinais.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
29
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
EntiDaDEs<br />
siGnatÁRias<br />
DO PROjEtO:<br />
<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> | Conselho<br />
de Secretarias Municipais de<br />
Saúde de Alagoas (Idealiza<strong>do</strong>r)<br />
SESAU | Secretaria de Esta<strong>do</strong><br />
da Saúde de Alagoas/<br />
FES(Proponente)<br />
SMS MACEIÓ | Secretaria<br />
Municipal de Saúde de Maceió,<br />
<strong>AL</strong><br />
SEPLANDE | Secretaria de<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Planejamento e <strong>do</strong><br />
Desenvolvimento<br />
Econômico, <strong>AL</strong><br />
SECTI | Secretaria de Esta<strong>do</strong><br />
da Ciência, da Tecnologia e<br />
da Inovação, <strong>AL</strong><br />
UF<strong>AL</strong> | Universidade Federal<br />
de Alagoas<br />
fonte:<br />
Projeto de estruturação,<br />
consolidação e fortalecimento<br />
<strong>do</strong>s Arranjos Produtivos Locais<br />
(APL) para produção de plantas<br />
medicinais e fitoterápicos<br />
em Alagoas.<br />
Aprova<strong>do</strong> na Portaria SCTIE/<br />
MS nº 15/ 2012.<br />
30
por Naeélliton Ferreira<br />
<strong>do</strong>s Santos | Apoia<strong>do</strong>r<br />
Cosems/<strong>AL</strong> - 5ª, 6ª, 7ª e 8ª<br />
região<br />
Participação na CIR garante benefícios<br />
às regiões de saúde<br />
A Comissão Intergestora Regional<br />
– CIR, antes CGR tem cada dia concretiza<strong>do</strong><br />
seu espaço nas discussões regionais,<br />
fortalecen<strong>do</strong> os argumentos e<br />
anseios <strong>do</strong>s gestores de saúde que agora<br />
discutem e decidem o melhor para sua<br />
região, sen<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r<br />
quan<strong>do</strong> de esclarecimentos e opiniões a<br />
cerca da viabilidade de se tomar determinadas<br />
decisões.<br />
O Decreto Presidencial nº<br />
7.508/2011 cria e dá ampla autonomia<br />
a CIR vislumbran<strong>do</strong> agora o efetivo<br />
cumprimento de um <strong>do</strong>s princípios<br />
trazi<strong>do</strong>s pelo SUS desde 1990, qual seja<br />
o princípio da regionalização. Nessa<br />
ótica se faz necessário que os gestores<br />
deem maior valor as discussões regionais<br />
através de suas presenças, o que tem<br />
si<strong>do</strong> grande desafios para realizar pactuação<br />
de novos serviços, pois muitos<br />
<strong>do</strong>s secretários de saúde ainda não conseguiram<br />
visualizar que a CIR é o efetivo<br />
espaço onde o novo é descoberto,<br />
as experiências são compartilhadas, as<br />
amizades se estreitam e as decisões acontecem.<br />
O Conselho de Secretarias Municipais<br />
de Saúde de Alagoas – <strong>COSEMS</strong><br />
tem si<strong>do</strong> parceiro incondicional desse<br />
processo de discussão regional. Seus<br />
técnicos internos e os apoia<strong>do</strong>res regionais<br />
têm da<strong>do</strong> suporte às dez regiões de<br />
saúde alagoana nas diversas discussões<br />
das CIR; tem orienta<strong>do</strong> os gestores no<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
pleito de novos serviços, levan<strong>do</strong>-os a<br />
refletirem sobre as necessidades <strong>do</strong> município<br />
e seus cidadãos. Tem facilita<strong>do</strong><br />
à compreensão de determina<strong>do</strong>s temas<br />
leva<strong>do</strong>s à pauta nas CIR, bem como<br />
tem deixa<strong>do</strong> os gestores seguros para<br />
discutirem temas de grande complexidade<br />
no SUS.<br />
É nessa perspectiva de trabalho coletivo<br />
que a essência da CIR vem mostrar<br />
que o espaço é de discussão regional,<br />
fazen<strong>do</strong>-se entender que cada município<br />
precisa trabalhar em parceria com<br />
os demais. Quem atua na lógica de autonomia,<br />
passará a ser o alvo de grandes<br />
dificuldades na execução de seus projetos,<br />
por não entender que é através da<br />
parceria que existe a possibilidade <strong>do</strong><br />
compartilhamento das dificuldades e<br />
desafios existentes no Sistema Único de<br />
Saúde.<br />
É preciso entender que a evolução humana<br />
partiu da necessidade <strong>do</strong> homem<br />
viver em sociedade, em constante harmonia<br />
uns com os outros. Com o SUS<br />
não é diferente; pois este sistema nasceu<br />
e é composto de pessoas que precisam<br />
umas das outras para se completarem e<br />
que se não agir de forma regionalizada<br />
será atropela<strong>do</strong> pelas diversas mazelas<br />
que insistem querer desmontar o maior<br />
objetivo <strong>do</strong> SUS – “qualidade de vida<br />
para to<strong>do</strong>s”. <br />
31
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Atenção Primária<br />
como ordena<strong>do</strong>ra das Redes<br />
O Sistema de Saúde brasileiro apresenta grande diversidade, sobretu<strong>do</strong>, pelo amplo<br />
elenco de intervenções à atenção à saúde, continuamente amplia<strong>do</strong> e envolvi<strong>do</strong><br />
pela transição epidemiológica, de forma a requerer o confronto de escolhas diárias<br />
pelos gestores.<br />
Dada à limitação de recursos, exige-se da Atenção Primária à Saúde, a associação<br />
de seus elementos estruturantes: responsabilidade governamental, sustentabilidade,<br />
intersetorialidade e participação social, no intuito de superar e garantir a legitimidade<br />
<strong>do</strong> processo de envelhecimento populacional em curso.<br />
É através <strong>do</strong> seu fortalecimento que a atenção primária poderá assumir suas responsabilidades<br />
e aumentar a legitimidade de suas ações face à saúde da população,<br />
aumentan<strong>do</strong> seu potencial de resolução <strong>do</strong>s problemas e, principalmente, exercen<strong>do</strong><br />
seu papel de coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>.<br />
32<br />
por Rafaela Brandão<br />
| Assessora Técnica<br />
(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)
Desta forma, passará a cumprir sua<br />
função estratégica, visan<strong>do</strong> a qualidade<br />
integral <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> através <strong>do</strong> acolhimento<br />
com classificação de risco clínico<br />
e social, ampliação <strong>do</strong> acesso, integralidade<br />
da atenção, implantação de diretrizes<br />
clínicas, vinculação e identificação<br />
de risco, garantin<strong>do</strong>, assim, sua resolutividade<br />
e integralidade da atenção.<br />
A construção de redes regionalizadas,<br />
integradas e sua qualificação passam a<br />
ser condição indispensável para a continuidade<br />
<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, com grande importância<br />
na superação de lacunas, haja<br />
vista, o avanço posto no Decreto Presidencial<br />
nº 7508/2011, demonstra<strong>do</strong><br />
através <strong>do</strong> incentivo à implementação<br />
das redes de saúde e de sua instrumentalização,<br />
com a definição de porta de<br />
entrada, mecanismo de regulação e processos<br />
de referência e contrarreferência<br />
de pacientes em unidades territoriais<br />
integrada.<br />
Tais ações ganham impulso e o interesse<br />
em se estabelecer através da estruturação<br />
em redes da atenção à saúde e,<br />
dentre outros aspectos, um maior envolvimento<br />
e satisfação de profissionais<br />
e usuários da atenção primária, menor<br />
número de internações desnecessárias,<br />
ampliação da atuação e redução de encaminhamentos,<br />
potencializan<strong>do</strong> a efetivação<br />
da integralidade, da qualidade<br />
clinica e da satisfação <strong>do</strong>s usuários, com<br />
uma maior racionalidade no uso <strong>do</strong>s recursos<br />
<strong>do</strong>s sistemas de atenção.<br />
Nesse movimento, a conformação de<br />
Redes de Atenção à Saúde, em busca<br />
da Integralidade <strong>do</strong> Cuida<strong>do</strong> Articular,<br />
perpassa pela aglutinação de um conjunto<br />
de recursos, serviços e práticas<br />
clínicas, capazes de contribuir para o<br />
processo de integração <strong>do</strong> sistema.<br />
Essas estratégias são fundamentais<br />
e estão inter-relacionadas no processo<br />
de integração sistêmica que, para sua<br />
operacionalização, necessita da interação<br />
<strong>do</strong>s seus elementos constitutivos:<br />
território determina<strong>do</strong>, população adscrita<br />
e pontos de atenção em saúde,<br />
com devi<strong>do</strong> destaque para os sistemas<br />
transversais, que conectam os pontos de<br />
atenção.<br />
Nessa dinâmica, uma política de financiamento<br />
e uma maior participação<br />
de atores envolvi<strong>do</strong>s com a efetivação<br />
da rede, representa um grande desafio<br />
para o sistema de saúde, que precisa<br />
responder ao crescente pre<strong>do</strong>mínio<br />
das condições crônicas, na busca pela<br />
garantia de uma assistência integral à<br />
população onde, a atenção primária,<br />
possua elementos estruturais e funcionais<br />
que assegurem cobertura e acesso<br />
universal. <br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
33
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Caminhos <strong>do</strong> Telessaúde em Alagoas<br />
Telessaúde é o uso da tecnologia da<br />
informação e comunicação para atividades<br />
à distância relacionadas à saúde<br />
em seus diversos níveis. Permite a interação<br />
entre os profissionais de saúde e<br />
seus pacientes, como também o acesso<br />
de recursos de apoio como diagnóstico.<br />
Em meio ao contexto tecnológico inova<strong>do</strong>r<br />
e desafiante surgem ferramentas<br />
para apoiar o processo de formação e a<br />
prática <strong>do</strong>s profissionais, no intuito de<br />
produzir melhorias na qualidade <strong>do</strong> atendimento<br />
à população. Alagoas vem,<br />
ao longo <strong>do</strong>s últimos <strong>ano</strong>s, trabalhan<strong>do</strong><br />
na perspectiva de adentrar ao cenário<br />
nacional da Informática em Saúde.<br />
O Programa Telessaúde Brasil Redes<br />
é integra<strong>do</strong> por gestores da saúde, instituições<br />
forma<strong>do</strong>ras de profissionais<br />
de saúde e serviços <strong>do</strong> SUS como a Atenção<br />
Básica. A Telessaúde é um componente<br />
da Política Nacional de Saúde,<br />
com foco na ABS e engloba Núcleos<br />
Universitários regionais e pontos de<br />
Telessaúde com atividades de formação.<br />
Em Alagoas, por meio da Resolução nº<br />
25, de 12/04/2010 da CIB, consideran<strong>do</strong><br />
a Portaria nº 402, de 24/02/2010,<br />
que institui o Programa Telessaúde Brasil<br />
Redes, foi cria<strong>do</strong> o Comitê Gestor<br />
Estadual <strong>do</strong> Telessaúde, sob a Coorde-<br />
34<br />
nação Geral da Atenção Básica, contan<strong>do</strong><br />
com as representações da Secretaria<br />
de Esta<strong>do</strong> da Saúde (SESAU),<br />
<strong>COSEMS</strong>, UNCIS<strong>AL</strong>, UF<strong>AL</strong>, ITEC,<br />
FAPE<strong>AL</strong>, CIES. Foi reestruturada em<br />
2011 e qualificou sua inserção na estrutura<br />
da SES, Diretoria da Atenção<br />
Básica (DAB), vinculada à Superintendência<br />
de Saúde.<br />
O Telessaúde em Alagoas nasceu com<br />
o grande propósito de somar esforços<br />
para a criação de uma rede - descentralizada<br />
e hierarquizada - de tecnologia<br />
em saúde, levan<strong>do</strong> o serviço de teleconsultoria<br />
para os municípios com base<br />
na real necessidade da população e vem<br />
sen<strong>do</strong> fortalecida pelos Núcleos Universitários,<br />
forman<strong>do</strong> uma rede colaborativa<br />
com a oferta gradual de serviços de<br />
maior complexidade, de mo<strong>do</strong> a oferecer<br />
apoio científico aos profissionais<br />
de saúde através da consulta qualificada<br />
em que será possível salvar vidas, evitar<br />
deslocamentos desnecessários e aumentar<br />
a resolutividade da atenção a saúde.<br />
As ações <strong>do</strong> Telessaúde objetivam<br />
apoiar a consolidação das Redes de<br />
Atenção à Saúde (RAS) ordenada pela<br />
Atenção Básica em Saúde (ABS); aumentar<br />
a qualidade e resolutividade<br />
da Estratégia Saúde da Família (ESF)<br />
por Jackson Barros<br />
Batista de Oliveiraz |<br />
Assessor Administrativo<br />
(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)<br />
Francisca Rosaline Leite<br />
Mota | Gestora de Projetos<br />
<strong>do</strong> Núcleo de Telemedicina<br />
e Telessaúde (NUTT/<br />
HUPAA/UF<strong>AL</strong> )<br />
Maria Lucélia da Hora<br />
Sales | Coord. Núcleo de<br />
Telessaúde de Alagoas<br />
(NUTE<strong>AL</strong>)
e promover o processo de educação<br />
permanente através das Tecnologias de<br />
Informação e Comunicação em Saúde.<br />
Destacamos que os benefícios <strong>do</strong> Telessaúde<br />
refletem diretamente na inclusão<br />
social e digital; diminuição <strong>do</strong>s riscos<br />
com deslocamento; diminuição <strong>do</strong>s<br />
custos com a remoção <strong>do</strong> paciente; valorização<br />
e qualificação <strong>do</strong> profissional<br />
de saúde; estímulo à fixação <strong>do</strong> profissional<br />
em áreas longínquas; diminuição<br />
<strong>do</strong> isolamento <strong>do</strong> profissional e melhoria<br />
da resolutividade nos serviços.<br />
Por meio da implantação, manutenção<br />
e consolidação de uma rede de comunicação<br />
entre os serviços de saúde <strong>do</strong><br />
SUS, os serviços de Telessaúde poderão<br />
representar o fortalecimento das linhas<br />
de união <strong>do</strong>s pontos assisten¬ciais, sen<strong>do</strong><br />
estratégica na efetivação das redes de<br />
atenção à saúde. Sabemos que não há<br />
rede sem aproximação entre os profissionais<br />
que a compõem. Esta aproximação<br />
não neces¬sita ser presencial, mas utilizan<strong>do</strong><br />
um suporte de informação, desde<br />
que dirigida a resolver os problemas de<br />
integração, que impedem que pessoas,<br />
usuários <strong>do</strong> SUS, obtenham o cuida<strong>do</strong><br />
certo, no tempo certo, no lugar certo,<br />
com qualidade e custo reduzi<strong>do</strong>.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
O processo de Telessaúde não se limita<br />
a interação virtual entre um solicitante<br />
e um teleconsultor. Por trás desse<br />
processo existe toda uma estrutura complexa<br />
que envolve recursos hum<strong>ano</strong>s,<br />
equipamentos, aplicativos, estrutura de<br />
rede e espaços físicos adequa<strong>do</strong>s. O único<br />
elemento virtualiza<strong>do</strong> nesse processo<br />
é a distância geográfica, pois o tempo,<br />
apesar de ser maleável, não pode ser<br />
elimina<strong>do</strong>, mas sim otimiza<strong>do</strong>.<br />
Dividi<strong>do</strong>s nas maiores macrorregiões<br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, a implantação <strong>do</strong> Telessaúde<br />
caminha de forma positiva onde, em<br />
alguns municípios, os equipamentos já<br />
começam a ser distribuí<strong>do</strong>s e, os Pontos<br />
de Telessaúde, monta<strong>do</strong>s para atender<br />
a população Alagoana, o que proporcionará<br />
melhoria significativa no atendimento<br />
da Atenção Básica de Saúde<br />
e fortalecimento <strong>do</strong> Sistema Único de<br />
Saúde em Alagoas.<br />
Por acreditarmos que esta é uma construção<br />
histórica e coletiva, convidamos<br />
a to<strong>do</strong>s a se engajar neste grande projeto,<br />
fortalecer os laços de cooperação<br />
técnica e acreditar que é possível avançar<br />
nas possibilidades de se fazer um<br />
SUS real, maior, mais hum<strong>ano</strong>, melhor<br />
e mais justo. <br />
35
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
36<br />
Ampliação <strong>do</strong> acesso aos<br />
Procedimentos Cirúrgicos Eletivos<br />
por Joarez Ferreira Silva<br />
| Assessor Técnico<br />
(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)<br />
Para reduzir as filas de procedimentos cirúrgicos eletivos no Sistema Único de<br />
Saúde (SUS) o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS),<br />
criou uma estratégia que visa aumentar, de forma significativa, o número desse tipo<br />
de procedimento no país. Os esta<strong>do</strong>s brasileiros e Distrito Federal receberão adicional<br />
na ordem de seiscentos milhões de reais para cirurgias até de junho de 2013.<br />
Os recursos serão aplica<strong>do</strong>s nas especialidades de maior demanda, além das escolhidas<br />
conforme a necessidade de cada município. Além disso, a SAS também definiu<br />
uma soma de valores, num total de cinquenta milhões de reais para municípios<br />
com percentual acima de 10% de sua população em situação de extrema pobreza.<br />
Alagoas, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE-2010, possui uma população total de 3.120.494<br />
e desses, 558.725 estão na faixa de extrema pobreza, alcançan<strong>do</strong> um considerável<br />
percentual de 25,53% <strong>do</strong>s alago<strong>ano</strong>s.
Para reduzir as filas e minimizar a<br />
espera por cirurgia, foi disponibiliza<strong>do</strong><br />
para o Esta<strong>do</strong>, (conforme Portaria <strong>do</strong><br />
Ministério da Saúde Nº 1.340, de 29<br />
de junho de 2012, que define a estratégia<br />
de aumento <strong>do</strong> acesso aos Procedimentos<br />
Cirúrgicos Eletivos no âmbito<br />
<strong>do</strong> Sistema Único de Saúde (SUS) para<br />
os exercícios <strong>do</strong>s <strong>ano</strong>s de 2012 e 2013)<br />
recursos na ordem de R$ 2.945.305,02<br />
para o componente I - cirurgia de<br />
catarata - e de R$ 3.839.184,60<br />
para os componentes II e <strong>III</strong>, totalizan<strong>do</strong><br />
R$ 10.623.674,23, mais R$<br />
2.480.699,19 que, soma<strong>do</strong>s, totalizam<br />
R$ 13.104.373,95 (treze milhões cento<br />
e quatro mil reais trezentos e setenta e<br />
três reais e noventa e cinco centavos).<br />
Para definição da forma de alocação<br />
<strong>do</strong>s recursos financeiros foram utiliza<strong>do</strong>s<br />
parâmetros de critérios populacionais,<br />
onde prevaleceu o cálculo per capita<br />
sobre volume de recursos <strong>do</strong>s componentes<br />
I, II e <strong>III</strong> da Portaria 1340/2012,<br />
por município e Região de Saúde.<br />
As principais vantagens da realização<br />
das cirurgias eletivas organizadas pelos<br />
municípios são os resulta<strong>do</strong>s, mais<br />
controláveis e previsíveis, tanto para<br />
os pacientes quanto para os médicos<br />
e presta<strong>do</strong>res. A construção dessa estratégia<br />
foi definida em conjunto pelo<br />
CONASS e CONASEMS que, juntos<br />
com o Ministério da Saúde e a SAS,<br />
definiram o volume de recursos a serem<br />
aloca<strong>do</strong>s em cada município, dan<strong>do</strong> a<br />
eles a autonomia de negociar com seus<br />
presta<strong>do</strong>res os valores por cada procedimento<br />
a ser pago, em custo diferente da<br />
tabela SUS.<br />
A nova portaria permite, aos gestores<br />
locais <strong>do</strong> SUS, remunerar de forma<br />
diferenciada os seus presta<strong>do</strong>res para<br />
estimular a realização de cirurgias eletivas.<br />
A medida permitirá a ampliação da<br />
oferta de procedimentos, reduzin<strong>do</strong> as<br />
filas de espera e beneficia<strong>do</strong> um número<br />
muito maior de pessoas e de maneira<br />
permanente. Os recursos serão repassa<strong>do</strong>s<br />
aos municípios dentro <strong>do</strong> orçamento<br />
desse <strong>ano</strong>.<br />
ÁREas PRiORitÁRias<br />
Do total de recursos previstos para<br />
Alagoas, R$ 13.104.373,95 (treze milhões<br />
cento e quatro mil reais trezentos e<br />
setenta e três reais e noventa e cinco centavos)<br />
estão destina<strong>do</strong>s às cirurgias eletivas<br />
selecionadas como prioritárias, de<br />
acor<strong>do</strong> com as demandas apresentadas<br />
pelos municípios. São R$ 5.426.004,21<br />
(cinco milhões quatrocentos e vinte<br />
e seis mil e quatro reais e vinte e um<br />
centavos) para realização de cirurgia<br />
de catarata, inclusive, para ampliar o<br />
acesso às cirurgias de cataratas nos municípios<br />
com população em situação de<br />
extrema pobreza. A ação beneficia 101<br />
municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> à exceção da capital<br />
Maceió.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
37
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
38<br />
EXECutOR<br />
POPuLaÇÃO<br />
assistiDa<br />
POPuLaÇÃO EM<br />
situaÇÃO DE EXtREMa<br />
POBREZa<br />
assistiDa<br />
RECuRsO POR<br />
MuniCÍPiO<br />
MaCEió 809.712 165.257 704.463,09<br />
aRaPiRaCa 573.574 155.574 678.761,71<br />
PaLMEiRa<br />
DOs ÍnDiOs<br />
250.764 73.796 298.683,99<br />
PEnEDO 270.652 70.385,00 312.504,39<br />
PiLaR 33.312 5.885 26.128,98<br />
s. MiGuEL<br />
DOs CaMPOs<br />
50.831 9.580 20.416,57<br />
santana DO<br />
iPanEMa<br />
298.860 106.328 439.740,50<br />
total 2.287.705 586.805 2.480.699,23<br />
Inclui, ainda, R$ 7.678.369,20 (sete milhões seiscentos e setenta e oito mil trezentos e sessenta e nove reais e vinte<br />
centavos) para tratamento de varizes, cirurgias ortopédicas e nas áreas de urologia, oftalmologia e otorrinolaringologia,<br />
incluin<strong>do</strong> retirada de amígdalas.
MuniCÍPiO<br />
EXECutOR<br />
VaLOR<br />
COMPOnEntE i<br />
VaLOR<br />
COMPOnEntE ii<br />
VaLOR<br />
COMPOnEntE iii<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
tOtaL<br />
RECuRsO<br />
MaCEió 1.679.392,33 1.921.519,70 1.855.548,25 5.456.460,45<br />
PiLaR 31.435,21 51.057,59 102.053,34 184.546,14<br />
s. MiGuEL 0,00 127.334,26 185.517,29 312.851,55<br />
tEOtÕniO<br />
ViLELa<br />
0,00 0,00 79.955,58 79.955,58<br />
CuRuRiPE 60.557,02 392.277,57 239.916,72 692.751,31<br />
PEnEDO 189.963,80 78.972,19 151.449,56 420.385,55<br />
aRaPiRaCa 494.202,08 731.268,91 505.832,15 1.731.303,14<br />
BataLHa 0,00 0,00 51.687,91 51.687,91<br />
PaLMEiRa DOs<br />
ÍnDiOs<br />
189.852,25 163.019,00 174.846,51 527.717,76<br />
PÃO DE aÇÚCaR 0,00 0,00 28.776,15 28.776,15<br />
s. DO iPanEMa 299.902,34 373.735,30 400.301,44 1.073.939,08<br />
ViÇOsa 0,00 0,00 40.050,38 40.050,38<br />
MajOR isiDORO 0,00 0,00 23.249,23 23.249,23<br />
total 2.945.305,03 3.839.184,60 3.839.184,60 10.623.674,23<br />
CRitÉRiOs PaRa ELaBORaÇÃO DE PROjEtOs<br />
Para elaboração <strong>do</strong> projeto, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde<br />
(<strong>COSEMS</strong>), organizou o processo e convocou os coordena<strong>do</strong>res das Comissões Intergestores<br />
Regionais (CIR) e as áreas técnicas da Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Saúde<br />
(SESAU), constituin<strong>do</strong> um Grupo de Trabalho que elaborou estu<strong>do</strong> com base na PT<br />
GM/MS Nº 1340, de 29/06/12, alterada em seus artigos 5º e 8º pela PT GM/MS<br />
nº 1.769, de 20/08/2012.<br />
O Grupo de Trabalho elaborou uma proposta que foi consolidada pela área técnica<br />
<strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> constituin<strong>do</strong> um <strong>do</strong>cumento de pactuação, cujos valores <strong>do</strong>s<br />
procedimentos foram defini<strong>do</strong>s em comum acor<strong>do</strong> com os Presta<strong>do</strong>res de Serviço<br />
da Rede Hospitalar e com os Gestores <strong>do</strong>s Municípios executores. Esses valores constituíram-se<br />
em uma Tabela de Valores Diferencia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Procedimentos Cirúrgicos<br />
Eletivos da Tabela Unificada <strong>do</strong> SUS, cujo cálculo foi majorar os procedimentos na<br />
modalidade, o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> valor da Tabela SUS para definição <strong>do</strong> valor global <strong>do</strong> procedimento,<br />
fican<strong>do</strong> veta<strong>do</strong> aos Municípios Executores praticar valores diferencia<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s defini<strong>do</strong>s pelo grupo para pagamento <strong>do</strong>s Serviços Profissionais (SP) e Serviços<br />
Hospitalares (SH).<br />
39
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Puderam encaminhar propostas aos<br />
municípios com capacidade para atender<br />
a demanda, onde, cada gestor<br />
interessa<strong>do</strong> apresentou sua oferta de<br />
serviços existentes e metas físicas, levan<strong>do</strong><br />
em conta a população total de<br />
abrangência, o número de procedimentos<br />
a serem realiza<strong>do</strong>s e a população<br />
atendida. Estes municípios, que são<br />
considera<strong>do</strong>s de referência, deveriam<br />
possuir estrutura hospitalar com capacidade<br />
para atender os critérios da<br />
Política Nacional de Procedimentos<br />
Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade,<br />
conforme pactuação na Comissão<br />
Intergestores Bipartite (CIB/<strong>AL</strong>).<br />
As propostas deverão informar o perío<strong>do</strong><br />
previsto para execução <strong>do</strong>s projetos,<br />
sen<strong>do</strong> os limites financeiros calcula<strong>do</strong>s<br />
para 12 meses. Essa pactuação poderá<br />
ser revista conforme a necessidade de<br />
cada município e, os gestores não satisfeitos,<br />
se responsabilizam e pactuariam<br />
nas CIR, para homologação em CIB,<br />
40<br />
da definição <strong>do</strong>s novos fluxos de referência<br />
na região.<br />
As cirurgias eletivas são procedimentos<br />
que não precisam ser realiza<strong>do</strong>s em<br />
caráter de urgência, ou seja, podem ser<br />
agendadas ou realizadas em forma de<br />
mutirões. Atualmente, o Sistema Único<br />
de Saúde (SUS) disponibiliza mais de<br />
700 procedimentos. As áreas mais comuns,<br />
que se encaixam no perfil das<br />
eletivas, são as cirurgias para resolução<br />
de problemas ortopédicos, oftalmologia,<br />
otorrinolaringologia, urologia e<br />
cirurgia vascular (especialmente as cirurgias<br />
de varizes), poden<strong>do</strong>, ainda, ter<br />
acesso a operações de ginecologia, proctologia,<br />
mastologia, gastroenterologia e<br />
cirurgia geral. Para realizar uma cirurgia<br />
eletiva o paciente deve passar por<br />
uma avaliação médica na rede <strong>do</strong> SUS,<br />
sen<strong>do</strong> de responsabilidade <strong>do</strong> médico, a<br />
indicação da necessidade desse paciente<br />
realizar a cirurgia.
por Kícia Guerra<br />
Apoia<strong>do</strong>ra Ministério da<br />
Saúde<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Qualifar-SUS aprimora a Assistência<br />
Farmacêutica em Alagoas<br />
O Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica no âmbito<br />
<strong>do</strong> Sistema Único de Saúde (QU<strong>AL</strong>IFAR-SUS) foi aprova<strong>do</strong> através da Portaria<br />
nº 1.214, de 13/06/2012, o qual tem por finalidade contribuir para o processo de<br />
aprimoramento, implementação e integração sistêmica das atividades da Assistência<br />
Farmacêutica nas ações e serviços de saúde, visan<strong>do</strong> uma atenção contínua, integral,<br />
segura, responsável e humanizada, promoven<strong>do</strong> a inserção da Assistência Farmacêutica<br />
dentro das Redes de Atenção à Saúde.<br />
Esse Programa foi pactua<strong>do</strong> na Comissão Intergestores Tripartite <strong>do</strong> dia 26/04/2012<br />
pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional<br />
de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) em ação conjunta com o Departamento<br />
de Assistência Farmacêutica <strong>do</strong> Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS).<br />
Segun<strong>do</strong> o Art. 4º da Portaria nº 1.214, 13/06/2012, O QU<strong>AL</strong>IFAR-SUS está<br />
organiza<strong>do</strong> em quatro eixos, descritos a seguir:<br />
41
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
I. Eixo Estrutura: contribuir para a<br />
estruturação <strong>do</strong>s serviços farmacêuticos<br />
no SUS, de mo<strong>do</strong> que sejam compatíveis<br />
com as atividades desenvolvidas<br />
na Assistência Farmacêutica, consideran<strong>do</strong><br />
a área física, os equipamentos,<br />
mobiliários e recursos hum<strong>ano</strong>s;<br />
II. Eixo Educação: promover a educação<br />
permanente e capacitação <strong>do</strong>s<br />
profissionais de saúde para qualificação<br />
das ações da Assistência Farmacêutica<br />
voltadas ao aprimoramento das práticas<br />
profissionais no contexto das redes de<br />
atenção à saúde;<br />
<strong>III</strong>. Eixo Informação: produzir <strong>do</strong>cumentos<br />
técnicos e disponibilizar informações<br />
que possibilitem o acompanhamento,<br />
monitoramento e avaliação<br />
das ações e serviços da Assistência Farmacêutica;<br />
IV. Eixo Cuida<strong>do</strong>: inserir a Assistência<br />
Farmacêutica nas práticas clínicas<br />
visan<strong>do</strong> a resolutividade das ações em<br />
REPassE funDO a<br />
funDO*<br />
Recurso Capital<br />
Recurso Costeiro<br />
saúde, otimizan<strong>do</strong> os benefícios e minimizan<strong>do</strong><br />
os riscos relaciona<strong>do</strong>s à farmacoterapia.<br />
É importante salientar que o recurso<br />
financeiro da Portaria supracitada deverá<br />
ser utiliza<strong>do</strong> para o custeio de serviços e<br />
outras despesas de custeio relacionadas<br />
aos objetivos <strong>do</strong> Eixo Estrutura, exceto<br />
a compra de medicamentos, priorizan<strong>do</strong><br />
a garantia de conectividade para<br />
utilização <strong>do</strong> Sistema HÓRUS e outros<br />
sistemas e contratação de profissional<br />
farmacêutico para o desenvolvimento<br />
das ações de assistência farmacêutica.<br />
A interrupção da utilização <strong>do</strong> Sistema<br />
HÓRUS ou da transmissão das informações<br />
por responsabilidade exclusiva<br />
<strong>do</strong> Município implicará no bloqueio<br />
<strong>do</strong> repasse <strong>do</strong> valor de investimento e<br />
de custeio trimestral e devolução <strong>do</strong> repasse<br />
já realiza<strong>do</strong> após a data de interrupção,<br />
acresci<strong>do</strong>s de atualização monetária<br />
prevista em Lei.<br />
Aquisição de<br />
equipamentos e<br />
mobiliários para<br />
CAF e farmácia<br />
Manutenção <strong>do</strong>s<br />
Serviços<br />
Farmacêuticos<br />
R$ 11.200,00<br />
municípios até 25<br />
mil habitantes<br />
R$ 22.400,00 para<br />
municípios de 25 a<br />
50 mil habitantes<br />
R$ 33.600,00 para<br />
municípios 50 a 100<br />
mil habitantes<br />
R$ 24.000,00/<strong>ano</strong>
A prestação de contas será realizada<br />
por meio <strong>do</strong> Relatório Anual de Gestão<br />
(RAG), que é o instrumento de gestão<br />
onde deve conter as informações sobre<br />
as aplicações <strong>do</strong>s recursos repassa<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Fun<strong>do</strong> Nacional de Saúde/MS, para os<br />
fun<strong>do</strong>s de saúde <strong>do</strong>s municípios e será<br />
informa<strong>do</strong> no sistema SARG-SUS.<br />
A ferramenta e-CAR - Controle,<br />
Acompanhamento e Avaliação de Resulta<strong>do</strong>s,<br />
têm como objetivo permitir<br />
a realização <strong>do</strong> acompanhamento e a<br />
avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das ações realizadas<br />
em uma organização e será utiliza<strong>do</strong><br />
pelos municípios no planejamento<br />
das ações de estruturação <strong>do</strong>s serviços<br />
farmacêuticos na atenção básica e no<br />
acompanhamento da implantação pelos<br />
diferentes entes.<br />
De acor<strong>do</strong> com o Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento<br />
Social (MDS), População<br />
em Extrema Pobreza (PEP) dentre<br />
os 58 municípios elegíveis ao programa<br />
<strong>do</strong> QU<strong>AL</strong>IFAR SUS, conforme a Portaria<br />
n° 1.215/GM/MS, de 13 de junho<br />
de 2012, estabelece a transferência de<br />
25<br />
Nº DE MUNICÍPIOS<br />
NO QU<strong>AL</strong>IFAR SUS<br />
25<br />
PMAQ<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
recurso destinada à aquisição de mobiliários<br />
e equipamentos necessários para<br />
estruturação das Centrais de Abastecimento<br />
Farmacêutico e das Farmácias,<br />
no âmbito da Atenção Básica e manutenção<br />
<strong>do</strong>s serviços farmacêuticos, os<br />
quais possuem população com menos<br />
de 100 mil habitantes e que apresentam<br />
100% de adesão ao Sistema HÓRUS,<br />
ressaltan<strong>do</strong> que a maioria destes municípios<br />
foi contemplada pelos programas<br />
PMAQAB (Programa Nacional de<br />
Acesso e Melhoria da Atenção Básica),<br />
com 25 municípios (100%), Requalifica<br />
- UBS (Programa de Requalificação<br />
das Unidades Básicas de Saúde), 8 municípios<br />
(32%), programas referenda<strong>do</strong>s<br />
pelo DAB/MS, em 2011.<br />
Analisan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s em conjunto<br />
com o Hórus (Sistema de Gestão da Assistência<br />
Farmacêutica) verificou-se que<br />
dentre os 25 municípios habilita<strong>do</strong>s, 11<br />
municípios(44%) estão operacionalizan<strong>do</strong><br />
o sistema, estan<strong>do</strong> no ambiente<br />
de produção <strong>do</strong> Hórus.<br />
REQU<strong>AL</strong>IFICAÇÃO<br />
UBS/REFORMA<br />
NO AMBIENTE DE<br />
PRODUÇÃO DO<br />
HÓRUS<br />
Número de municípios habilita<strong>do</strong>s ao QU<strong>AL</strong>IFAR-SUS (seguem diretrizes como<br />
PMAQ, REQU<strong>AL</strong>IFICA, UBS/REFORMA) e que possuem o Sistema Hórus implanta<strong>do</strong><br />
nas Regiões de Saúde em Alagoas eleitas em Alagoas (novembro 2012).<br />
8<br />
11<br />
43
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
EiXO EstRutuRa<br />
Neste processo de seleção, foram<br />
contempla<strong>do</strong>s os municípios alago<strong>ano</strong>s<br />
pertencentes a 1ª e 2ª Macrorregião<br />
(Quadro 1). Como em Alagoas, o Contrato<br />
Organizativo de Ação Pública<br />
(COAP), será inicialmente assina<strong>do</strong><br />
pela 5ª Região de Saúde, composta por<br />
sete municípios, o município de Anadia<br />
foi contempla<strong>do</strong> com o QU<strong>AL</strong>I-<br />
FAR – SUS, seguin<strong>do</strong> o desenho <strong>do</strong><br />
Mapa de Saúde. Devemos vislumbrar<br />
a inserção da Assistência Farmacêutica<br />
em todas as Redes temáticas de Atenção<br />
à Saúde, como a Rede Cegonha,<br />
Rede Psicossocial, Rede de Urgência e<br />
Emergência, Rede para Pacientes Porta<strong>do</strong>res<br />
de Deficiências e Redes de Pacientes<br />
com Doenças Crônicas e, para<br />
tanto, será necessária a parceria entre a<br />
SES, <strong>COSEMS</strong>, Câmara Técnica da Assistência<br />
Farmacêutica e Ministério da<br />
Saúde.<br />
Estaremos ativos frente às pactuações<br />
destas ações com a finalidade desenharmos<br />
a Política de Assistência Farmacêutica<br />
nas 10 regiões de Saúde <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>de<br />
Alagoas.<br />
44<br />
102<br />
58<br />
25<br />
37<br />
REGIÕES DE<br />
SAÚDE - <strong>AL</strong><br />
12<br />
0 0 0 0 3 3 7 9<br />
11<br />
9<br />
2<br />
2<br />
6<br />
2 4<br />
R$ 2 R$ 3<br />
R$ 4 R$ 5 R$ 6 R$ 7<br />
TERMO DE ADESÃO ASSINADO PELO SMS<br />
No DE MUNICÍPIO POR RS NO QU<strong>AL</strong>IFAR - SUS<br />
Número de municípios com implantação <strong>do</strong> Sistema<br />
Hórus por Região de Saúde em Alagoas (novembro 2012).<br />
Fonte: DAF/ SCTIE/ MS.<br />
7<br />
1 1 4<br />
17 16<br />
8 5 4 3<br />
10<br />
5<br />
8<br />
6<br />
2 1<br />
HABILITADO PARA O QU<strong>AL</strong>IFAR - SUS<br />
NO AMBIENTE DE PRODUÇÃO DO HÓRUS<br />
14 14<br />
4 1<br />
R$ 8 R$ 9 R$ 10<br />
Nessas oficinas foram apresentadas e<br />
discutidas as ferramentas a serem utilizadas<br />
para o monitoramento <strong>do</strong> recurso<br />
financeiro (Manual Instrutivo,<br />
e-CAR e Hórus), além da apresentação<br />
da minuta de Portaria <strong>do</strong> Município<br />
de Lagoa da C<strong>ano</strong>a, que define as metas,<br />
indica<strong>do</strong>res e valores de incentivo<br />
financeiro, a serem implanta<strong>do</strong>s para a<br />
equipe de Assistência Farmacêutica responsável<br />
pela qualificação <strong>do</strong>s serviços<br />
no município, pela Assessora Técnica<br />
<strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>, Erivanda Meireles,<br />
com base no recurso de custeio. A ideia<br />
é disseminar a iniciativa para outros<br />
municípios alago<strong>ano</strong>s.<br />
Nos dias 7 e 8 de novembro deste<br />
<strong>ano</strong>, foram realizadas as oficinas <strong>do</strong><br />
QU<strong>AL</strong>IFAR SUS para os municípios<br />
da 1ª e 2ª Macrorregiões, onde fizeram-se<br />
presentes os coordena<strong>do</strong>res da<br />
assistência farmacêutica e gestores municipais.<br />
Estiveram presentes, também,<br />
na oficina <strong>do</strong> dia 8, sediada no CRIA de<br />
Arapiraca, <strong>do</strong>is municípios de Sergipe<br />
(Cumbe - Região Nossa Senhora <strong>do</strong><br />
Socorro e, Itaporanga d’Ajuda - Região<br />
Aracaju). <br />
7 7<br />
2 0
CORPO COLETIVO, CORPO MUNDO.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
“Tinha 26 <strong>ano</strong>s quan<strong>do</strong> senti que<br />
algo não estava bem. Procurei<br />
uma unidade de saúde próxima<br />
da minha casa e tive o diagnóstico<br />
confirman<strong>do</strong>: um câncer na região<br />
da garganta. Fiz to<strong>do</strong> o tratamento<br />
(consultas, exames, biópsia, cirurgia,<br />
radio e quimioterapia) pelo SUS.<br />
O entusiasmo transmiti<strong>do</strong> por todas<br />
as pessoas que passaram por minha<br />
vida foi um <strong>do</strong>s fatores que não me<br />
fez desanimar diante da <strong>do</strong>ença,<br />
que me deixava fraco e com a auto<br />
estima baixa. Desde o primeiro<br />
momento fui atendi<strong>do</strong> com carinho<br />
e atenção pelos profissionais que me<br />
acompanharam até a recuperação.<br />
A cada etapa pensava na família,<br />
que precisava viver e cuidar da esposa<br />
e filha. Venci de cabeça erguida,<br />
principalmente, porque sabia que<br />
muitos torciam pela minha cura.<br />
Quan<strong>do</strong> alguém reclama que saúde<br />
pública não funciona, conto minha<br />
história e mostro que o SUS é bom e<br />
funciona de verdade!”<br />
Experiências de Saúde em Alagoas<br />
O depoimento acima é de Gleison Ferreira <strong>do</strong>s Santos. Há <strong>do</strong>is <strong>ano</strong>s o funcionário<br />
público foi diagnostica<strong>do</strong>, trata<strong>do</strong> e até hoje é acompanha<strong>do</strong> pela equipe de saúde<br />
<strong>do</strong> SUS de Palmeira <strong>do</strong>s Índios. A história de superação e a boa experiência dele com<br />
o Sistema Único de Saúde se repete entre centenas de famílias alagoanas, provan<strong>do</strong><br />
a necessidade <strong>do</strong>s municípios em garantir um atendimento acolhe<strong>do</strong>r e integral aos<br />
seus usuários.<br />
Conheça algumas experiências que estão ajudan<strong>do</strong> a melhorar a vida de muita gente.<br />
EXPERIÊNCIAS<br />
45
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
46<br />
ARAPIRACA<br />
Ações intersetoriais no<br />
combate ao Trabalho Infantil<br />
De acor<strong>do</strong> com a Organização Internacional <strong>do</strong> Trabalho (OIT), trabalho infantil<br />
é toda forma de trabalho exercida por crianças e a<strong>do</strong>lescentes abaixo da<br />
idade mínima legal permitida, conforme a legislação de cada país. No Brasil, a<br />
Constituição Federal proíbe o trabalho a to<strong>do</strong>s os menores de 16 <strong>ano</strong>s, consideran<strong>do</strong><br />
a condição de aprendiz somente a partir <strong>do</strong>s 14 <strong>ano</strong>s.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, o Centro de Referência em Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r – CEREST/<br />
Arapiraca promoveu o primeiro Workshop em alusão ao Dia Mundial Contra<br />
o Trabalho Infantil (comemora<strong>do</strong> em 12 de junho), experiência que teve como<br />
objetivo aproximar a intersetorialidade, propon<strong>do</strong> uma reflexão sobre o papel <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> e da Sociedade sobre o desafio de prevenir e erradicar o trabalho infantil,<br />
além de divulgar as políticas públicas já existentes no município de Arapiraca.<br />
As atividades deste Workshop foram abertas com a realização <strong>do</strong> Seminário<br />
Regional de Estratégias de Prevenção e Combate ao Trabalho Infantil, promovi<strong>do</strong><br />
numa parceria entre SEADES, Superintendência Regional <strong>do</strong> Trabalho e<br />
Emprego de Alagoas, SEMAS e CEREST/Arapiraca, ten<strong>do</strong> como finalidade interiorizar<br />
esta campanha e promover debate com os diversos segmentos da sociedade<br />
civil sobre a temática.
CORPO ATIVO.<br />
Em seguida, deu-se a exposição,<br />
em estandes, das ações realizadas por<br />
órgãos e instituições que trabalham<br />
diretamente com crianças e a<strong>do</strong>lescentes,<br />
no intuito de reduzir/prevenir<br />
a exploração <strong>do</strong> Trabalho Infantil no<br />
município de Arapiraca e regiões circunvizinhas,<br />
além de apresentações<br />
culturais e artísticas realizadas por<br />
crianças arapiraquenses. Os estandes<br />
foram monta<strong>do</strong>s no hall <strong>do</strong> Centro<br />
Administrativo e contou com a presença<br />
de profissionais da Saúde, Educação,<br />
Assistência Social, Conselho<br />
Municipal <strong>do</strong>s Direitos da Criança<br />
e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, Conselho Tutelar,<br />
Ministério Público <strong>do</strong> Trabalho<br />
e Emprego, Articulação <strong>do</strong> Pró-Selo<br />
UNICEF e <strong>do</strong> PETI.<br />
Entre os principais resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s<br />
nessa ação tem-se como<br />
ponto de destaque o fortalecimento<br />
<strong>do</strong> trabalho intersetorial, que proporcionou<br />
a troca de experiências entre<br />
os diversos segmentos <strong>do</strong> governo e<br />
da sociedade civil. Outro resulta<strong>do</strong><br />
foi a promoção da interiorização da<br />
Campanha Nacional de Combate<br />
ao Trabalho Infantil, ten<strong>do</strong> em vista<br />
a participação de profissionais das<br />
políticas setoriais e representantes de<br />
entidades que trabalham com crian-<br />
ças e a<strong>do</strong>lescentes nas cidades da área<br />
de cobertura <strong>do</strong> CEREST/Arapiraca.<br />
Destaca-se, também, a mobilização<br />
<strong>do</strong>s parceiros, que ocorreu na<br />
perspectiva da implementação e fortalecimento<br />
das ações de enfrentamento<br />
da exploração por via da mão<br />
de obra infanto-juvenil, além da visibilidade<br />
proporcionada no senti<strong>do</strong> de<br />
apresentar, para a sociedade, as ações<br />
e serviços que o município dispõe.<br />
A Secretaria Municipal de Saúde,<br />
através <strong>do</strong> CEREST/Arapiraca, visa<br />
contribuir para a prevenção e identificação<br />
<strong>do</strong> trabalho infantil, através<br />
da atuação junto à intersetorialidade,<br />
apontan<strong>do</strong> prioridades e prestan<strong>do</strong><br />
atenção integral para a saúde de crianças<br />
e a<strong>do</strong>lescentes.<br />
O Workshop contra o Trabalho Infantil<br />
foi uma iniciativa que tornou<br />
acessível à população, a visualização<br />
de exemplos de boas práticas para a<br />
erradicação <strong>do</strong> Trabalho Infantil e<br />
proteção ao a<strong>do</strong>lescente trabalha<strong>do</strong>r<br />
no município de Arapiraca, no intuito<br />
de conferir visibilidade à importância<br />
de uma saúde pública, que atua intersetorialmente<br />
na garantia <strong>do</strong>s direitos<br />
das crianças e a<strong>do</strong>lescentes, principalmente,<br />
aqueles que resguardam sua<br />
vida, sua segurança e sua saúde.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por Alinne de Oliveira<br />
Dantas<br />
Assistente Social <strong>do</strong> Cerest/<br />
Arapiraca<br />
Patrícia Pereira Araújo<br />
Santana<br />
Enfermeira e coordena<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> Cerest/Arapiraca<br />
47
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
48<br />
48<br />
BRANQUINHA<br />
Reconstrução <strong>do</strong> futuro<br />
Aquela manhã de 18 de junho de<br />
2010, com chuva fininha e um rio de<br />
correnteza serena, não foi motivo de<br />
inquietação para os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> município<br />
de Branquinha, que não poderiam<br />
suspeitar a calamidade que os<br />
espreitava e, em poucas horas, abalaria<br />
a vida de to<strong>do</strong>s e modificaria para sempre<br />
a geografia da cidade. De repente,<br />
sem qualquer aviso, sem um alerta que<br />
aguçasse a suspeita, o Rio Mundaú,<br />
em fúria, inun<strong>do</strong>u o centro da cidade<br />
deixan<strong>do</strong> no seu rastro um cenário desola<strong>do</strong>r.<br />
O acolhimento adequa<strong>do</strong> das pessoas<br />
atingidas assim como as ações desenvolvidas<br />
para a redução de d<strong>ano</strong>s resultou<br />
da somatória de atividades de diferentes<br />
origens e instâncias: a intervenção<br />
imediata <strong>do</strong> Governo Municipal, instalan<strong>do</strong><br />
a Defesa Civil; a cooperação <strong>do</strong><br />
Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, envian<strong>do</strong> técnicos<br />
das Secretarias de Saúde, Assistência Social<br />
e Educação; a presença <strong>do</strong> corpo de<br />
Bombeiros, cujos helicópteros permitiram<br />
o acesso às localidades isoladas, levan<strong>do</strong><br />
alimentos e buscan<strong>do</strong> incansavelmente<br />
pessoas desaparecidas; <strong>do</strong>s<br />
Médicos Sem Fronteiras; <strong>do</strong>s profissionais<br />
<strong>do</strong> Hospital Conceição de São<br />
Paulo e <strong>do</strong> grupo de jipeiros, resgatan<strong>do</strong><br />
pessoas em localidades onde a lama<br />
impedia a entrada de outros veículos.<br />
O atendimento médico em momento<br />
oportuno soma<strong>do</strong> à qualidade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong><br />
foram determinantes para o bem<br />
estar da cidade, tornan<strong>do</strong> possível pensar<br />
ações para o depois.
Por não existir imóveis disponíveis<br />
para a instalação das secretarias, nossos<br />
endereços oficiais passaram a ser as<br />
pequenas lojas alugadas às pressas, no<br />
pátio de um Posto de Gasolina. Neste<br />
exíguo espaço, o Centro Administrativo<br />
Municipal permaneceu até março<br />
de 2011, enquanto se aguardava a<br />
construção de um módulo de madeira<br />
onde, atualmente, encontra-se instalada<br />
a Prefeitura Municipal.<br />
Em meio a tantas dificuldades operacionais,<br />
já no mês de agosto, foi possível<br />
transferir as famílias dispersas pelas escolas,<br />
igrejas ou sítios particulares para<br />
as moradias provisórias: as barracas,<br />
<strong>do</strong>adas pelo Rotary Club, que abrigariam<br />
os mora<strong>do</strong>res com mais qualidade,<br />
permitin<strong>do</strong> maior privacidade, pois<br />
cada família receberia, de acor<strong>do</strong> com o<br />
tamanho, uma ou duas unidades.<br />
O abastecimento de água, cujo teor<br />
de cloro residual (uma barreira para o<br />
surgimento de casos de <strong>do</strong>enças de veiculação<br />
hídrica), testa<strong>do</strong> antes da entrega,<br />
foi feito por caminhões pipa. Além<br />
<strong>do</strong> consumo hum<strong>ano</strong>, essa água armazenada<br />
em tanques, supria a lavanderia,<br />
os banheiros e o restaurante comunitários.<br />
A Prefeitura Municipal construiu<br />
<strong>do</strong>is galpões que serviram de palco para<br />
encenações criadas pelos recrea<strong>do</strong>res,<br />
atividades educativas e, também, como<br />
local para reuniões, cujas discussões fomentaram<br />
a formação de grupos capazes<br />
de influir na manutenção e limpeza<br />
das áreas comuns e da própria barraca;<br />
no cumprimento das regras acordadas<br />
pelos mora<strong>do</strong>res com relação ao silêncio<br />
noturno ou mesmo à altura <strong>do</strong> som,<br />
durante o dia; na utilização racional<br />
da água e da energia elétrica. Com a<br />
participação das psicólogas, tais discussões<br />
tinham como objetivo, ainda,<br />
desenvolver e aprimorar a capacidade<br />
de adaptação a este novo universo tão<br />
intimamente compartilha<strong>do</strong>.<br />
Montou-se uma verdadeira força<br />
tarefa composta por técnicos das Secretarias<br />
de Assistência, Saúde e Educação<br />
que, em conjunto, direcionavam as<br />
ações e solucionavam os problemas de<br />
acor<strong>do</strong> com as especificidades de cada<br />
área.<br />
A equipe da Secretaria de Educação<br />
corria contra o tempo, fustigada pela<br />
data fatal para o envio <strong>do</strong> número de<br />
alunos para o Ministério da Educação:<br />
o prazo de apenas 20 dias após a enchente,<br />
para a conclusão <strong>do</strong> relatório,<br />
sobrecarregava-se com o risco de perda<br />
<strong>do</strong>s recursos destina<strong>do</strong>s às escolas municipais.<br />
Toda a <strong>do</strong>cumentação, inclusive<br />
das escolas <strong>do</strong> campo, fora destruída<br />
e levada pelas águas.<br />
Encontraram como solução a solidariedade<br />
da comunidade e <strong>do</strong>s professores<br />
que, andarilhos, saíram município afora,<br />
baten<strong>do</strong> de porta em porta, conclaman<strong>do</strong><br />
a presença <strong>do</strong>s pais para ajudar<br />
na localização de vizinhos que se encontravam<br />
abriga<strong>do</strong>s nas casas de parentes,<br />
ou mesmo para efetuar as matrículas na<br />
oportunidade. Foram dias de apreensão<br />
CORPO TRAB<strong>AL</strong>HO.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
49
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
O CORPO SE REFAZ.<br />
por Edja Betânia da<br />
Rocha Menezes<br />
Assessora da Secretaria de<br />
Educação<br />
Edjane Bittencourt <strong>do</strong>s<br />
Santos<br />
Assesssora da Secretaria de<br />
Assistência Social<br />
Tereza Marluce Rocha<br />
Tavares<br />
Coordena<strong>do</strong>ra da Atenção<br />
Básica SMS<br />
50<br />
supera<strong>do</strong>s pela atitude proativa <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s:<br />
era para fazer e fizeram. Antes<br />
<strong>do</strong> prazo, os alunos estavam matricula<strong>do</strong>s<br />
e os recursos garanti<strong>do</strong>s.<br />
A Secretaria de Saúde alugou um<br />
imóvel na rua ao la<strong>do</strong> das moradias<br />
provisórias, instalou um ponto de<br />
apoio, manteve a assistência médica, as<br />
consultas de enfermagem, a aplicação<br />
de vacinas, as consultas de Pré-natal a<br />
citologia oncótica e o atendimento de<br />
primeiros socorros. Dois Agentes de<br />
Saúde ficaram responsáveis pelo acompanhamento<br />
das famílias.<br />
Concomitantemente, os técnicos da<br />
Secretaria de Assistência trabalhavam<br />
em ritmo acelera<strong>do</strong>, agilizan<strong>do</strong> a feitura<br />
<strong>do</strong> AVADAN (<strong>do</strong>cumento oficial que<br />
traduz minuciosamente as perdas materiais,<br />
prevê custos e garante os recursos<br />
necessários para a reconstrução das<br />
cidades atingidas por calamidades) e<br />
complementavam os cadastros: neste<br />
momento, muitas famílias, abrigadas<br />
em casas de parentes, vieram morar nas<br />
barracas para garantir o recebimento de<br />
alimentação e, posteriormente, às suas<br />
casas. Além dessas atividades, a Secretaria<br />
de Assistência coordenava o recebimento<br />
e distribuição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>nativos<br />
e era responsável pelo cadastramento<br />
e preenchimento das fichas individuais<br />
das famílias atingidas pela enchente.<br />
Este texto não pretende relatar em<br />
minúcia os acontecimentos envolvi<strong>do</strong>s<br />
na reconstrução da cidade de Branquinha.<br />
A partir da narrativa <strong>do</strong>s fatos<br />
iniciais – um amplo recorte para<br />
encurtar o caminho <strong>do</strong> entendimento<br />
<strong>do</strong>s primeiros e mais difíceis momentos<br />
desta reconstrução – as autoras preferem<br />
falar <strong>do</strong> depois, ou seja, da atualidade,<br />
daquilo que o esforço conjunto<br />
conseguiu deixar concreto: das casas<br />
em construção, 144 foram entregues<br />
ao município em dezembro de 2011<br />
e, sob a coordenação da Secretaria de<br />
Assistência social, as primeiras famílias<br />
se instalaram no Conjunto Raimun<strong>do</strong><br />
Nonato, viven<strong>do</strong> novos tempos e novas<br />
esperanças. No final deste mês de novembro,<br />
serão entregues mais 217 casas<br />
e é grande a expectativa, entre as pessoas<br />
relacionadas, para o recebimento<br />
das chaves. Estas famílias compostas<br />
por 14 menores de 1 <strong>ano</strong>, 67 menores<br />
de 5 <strong>ano</strong>s, 10 i<strong>do</strong>sos, 7 gestantes, 30 hipertensos<br />
(12 homens e 18 mulheres) e<br />
12 porta<strong>do</strong>res de diabetes (3 homens e<br />
9 mulheres), estão vinculadas à Equipe<br />
da Estratégia de Saúde da Família <strong>do</strong><br />
Conjunto João Lyra.<br />
A Secretaria de Educação dispõe de<br />
duas Escolas na zona urbana e uma no<br />
Assentamento El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Carajás, de<br />
moderna arquitetura, providas de seis<br />
salas de aula cada uma, com capacidade<br />
para desenvolver as atividades educacionais<br />
de forma plena.<br />
A missão da Prefeitura e equipes das<br />
Secretarias diretamente envolvidas na<br />
administração da crise continua porque<br />
existe um longo caminho a ser percorri<strong>do</strong><br />
por to<strong>do</strong>s, solidariamente, para<br />
consolidar Branquinha como uma cidade<br />
renascida e um bom lugar para se<br />
viver.
FELIZ DESERTO<br />
PSE: lições de educação, saúde e cidadania<br />
Localiza<strong>do</strong> entre Coruripe e Piaçabuçu,<br />
no litoral sul de Alagoas, o<br />
município de Feliz Deserto possui<br />
4.500 habitantes, de acor<strong>do</strong> com o Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística<br />
(IBGE). Em 2012, o Programa de<br />
Saúde na Escola em parceria com a Secretaria<br />
Municipal de Saúde e a Secretaria<br />
Municipal de Educação, desempenhou<br />
de forma exitosa as ações concernentes<br />
ao programa, trabalhan<strong>do</strong> em 100%<br />
das escolas da rede municipal de ensino,<br />
cumprin<strong>do</strong> as metas preconizadas e<br />
atingin<strong>do</strong> os objetivos determina<strong>do</strong>s no<br />
programa. As ações contribuíram para<br />
a construção <strong>do</strong> processo de cidadania<br />
<strong>do</strong>s estudantes.<br />
Anteceden<strong>do</strong> as festividades carnavalescas,<br />
foram realizadas palestras<br />
sobre as principais <strong>do</strong>enças sexualmente<br />
transmissíveis e as consequências de<br />
uma gravidez não planejada, sobretu<strong>do</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> na a<strong>do</strong>lescência.<br />
Cumprin<strong>do</strong> determinação <strong>do</strong> Ministério<br />
da Saúde, o município realizou a<br />
Semana de Saúde. Entre as ações, foram<br />
realizadas avaliações antropométricas<br />
de 80% <strong>do</strong> aluna<strong>do</strong>, capacitação de<br />
100% <strong>do</strong>s professores da rede de ensino<br />
e reunião com pais e responsáveis, para<br />
CORPO TEMPLO.<br />
orientação sobre a importância de alimentação<br />
saudável.<br />
Também foram realizadas capacitações<br />
sobre a aplicação <strong>do</strong> Teste de<br />
Snellen – para avaliação da acuidade<br />
visual – sobre Drogas e Educação: implicações<br />
e desafios para o processo educacional.<br />
O projeto fez avaliação clínica<br />
nos alunos que participaram de atividades<br />
esportivas, os quais e representam<br />
nosso município em diversas modalidades<br />
e competições.<br />
A atualização <strong>do</strong>s cartões vacinais<br />
é atividade imprescindível para que a<br />
imunidade de nosso aluna<strong>do</strong> seja garantida.<br />
Foram aplicadas 244 <strong>do</strong>ses da<br />
vacina DT.<br />
Com o objetivo de incentivar nossos<br />
jovens a realizarem atividades físicas<br />
regularmente, prevenin<strong>do</strong> <strong>do</strong>enças<br />
relacionadas à ausência de hábitos saudáveis,<br />
realizou-se uma trilha ecológica<br />
numa reserva da Usina Coruripe.<br />
Aproveitan<strong>do</strong> os festejos juninos, foi<br />
dada continuidade ao trabalho de educação<br />
alimentar, atentan<strong>do</strong> para os valores<br />
calóricos das comidas típicas e <strong>do</strong>s<br />
males causa<strong>do</strong>s pelo consumo abusivo<br />
de sal.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por José Horgdys<br />
Secretário de Saúde<br />
por Paulo José Horgdys Ciriaco Filho<br />
Ex-secretário Coordena<strong>do</strong>r de saúde da Atenção<br />
Paulo Básica Ciriaco Filho<br />
Coordena<strong>do</strong>r Marcos Vinícius da Atencão André<br />
Básica Barbosa<br />
Marcos Psicólogo Vinícius André<br />
Psicólogo Marleide Ribeiro de Lira<br />
Marleide Diretora Ribeiro de Planejamento<br />
de Lira<br />
Diretora de Planejamento<br />
51
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
52<br />
MESSIAS<br />
Projeto Loucos pela Vida<br />
Desde o final da década de 70, que<br />
o Brasil vem buscan<strong>do</strong> dispositivos de<br />
tratamento para os transtornos mentais<br />
pauta<strong>do</strong>s na desistitucionalização, reorganizan<strong>do</strong><br />
os serviços e práticas, crian<strong>do</strong><br />
novos espaços de abordagem, necessidades<br />
que foram visualizadas através<br />
da Luta antimanicomial e Reforma<br />
Psiquiátrica Brasileira.<br />
A saúde mental, física e social se interdependem.<br />
O que torna a saúde<br />
mental indispensável é a garantia da<br />
boa qualidade de vida e <strong>do</strong> ambiente<br />
que convivemos. A Organização Mundial<br />
de Saúde reconhece a importância<br />
da saúde mental, que não consiste apenas<br />
na ausência de <strong>do</strong>enças e sim, num<br />
esta<strong>do</strong> completo de bem-estar físico e<br />
social.<br />
Como parte fundamental <strong>do</strong>s recentes<br />
avanços no âmbito da saúde<br />
mental, destaca-se o CAPS (Centro<br />
de Atenção Psicossocial), que tem a<br />
função de atender pessoas com graves<br />
sofrimentos psíquicos, evitan<strong>do</strong> a internação<br />
psiquiátrica. A proposta <strong>do</strong> Centro<br />
é articular-se com a rede de serviços<br />
de Atenção Primária à Saúde (APS) e a<br />
comunidade, buscan<strong>do</strong> a reinserção social.<br />
O município de Messias foi contempla<strong>do</strong><br />
com a implantação de um CAPS<br />
tipo 1, e, desde então, vem desenvolven<strong>do</strong><br />
um trabalho que tem demonstra<strong>do</strong><br />
ótimos resulta<strong>do</strong>s. A equipe técnica<br />
<strong>do</strong> CAPS Marina José da Silva Peixoto<br />
é composta de psiquiatra, psicólogos,<br />
enfermeiro, farmacêutico, assistente<br />
social, educa<strong>do</strong>r físico, terapeuta holístico,<br />
auxiliar de enfermagem e pessoal<br />
administrativo. Instalações amplas, área<br />
verde com árvores frutíferas, horta, piscina,<br />
salas grandes e arejadas, são algumas<br />
das melhores características que o<br />
centro de convivência possui, proporcionan<strong>do</strong><br />
uma sensação enorme de bem<br />
estar e acolhimento.<br />
Entre as atividades realizadas destacase<br />
a atividade física e as terapias holísticas,<br />
que visam harmonizar e equilibrar<br />
o indivíduo, contribuin<strong>do</strong> para<br />
qualidade de vida e bem estar. Algumas<br />
práticas terapêuticas empregadas<br />
são a auriculoterapia, Reiki, exercícios<br />
chineses, yoga, dança terapia, cultivo<br />
de horta e caminhadas ecológicas. En-
tre um exercício e outro é estimula<strong>do</strong><br />
o auxílio ao próximo promoven<strong>do</strong>, no<br />
dia a dia, a prática de hábitos saudáveis,<br />
aumentan<strong>do</strong> a capacidade de enfrentar<br />
pressões de mo<strong>do</strong> a viver harmoniza<strong>do</strong><br />
em relação ao meio ambiente, ao convívio<br />
com as pessoas e consigo mesmo.<br />
A equipe multidisciplinar está sempre<br />
interagin<strong>do</strong> de forma a ampliar, de<br />
mo<strong>do</strong> considerável, os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s<br />
pelos pacientes que convivem<br />
no espaço. São realizadas as práticas<br />
convencionais, como terapia de grupo,<br />
escuta terapêutica, arte terapia, entre<br />
outras. Entre os trabalhos que estão<br />
contribuin<strong>do</strong> para a boa evolução <strong>do</strong>s<br />
usuários, enfatizamos o projeto Construin<strong>do</strong><br />
uma História, onde os usuários<br />
relatam suas histórias de vida e como<br />
chegaram a apresentar os sintomas <strong>do</strong><br />
quadro clínico que se encontram. Após<br />
o relato, são realizadas intervenções<br />
da psicóloga e de outros usuários <strong>do</strong><br />
grupo, o que leva a uma reflexão da sua<br />
condição, a chegada ao CAPS e como<br />
se seguem os momentos de convivência<br />
para adquirir melhorar sua condição<br />
social. Alguns relatos serão seleciona<strong>do</strong>s,<br />
com o devi<strong>do</strong> consentimento <strong>do</strong><br />
usuário e irão fazer parte de um livro,<br />
que será publica<strong>do</strong> em breve.<br />
Relaciona<strong>do</strong> aos usuários de álcool e<br />
outras drogas, a equipe <strong>do</strong> CAPS firmou<br />
uma parceria com a Defensoria Pública<br />
e está forman<strong>do</strong> um Comitê Municipal<br />
para combater o consumo. O Comitê<br />
ajudará na viabilização da construção<br />
de um programa de intervenção integrada,<br />
que inclui ações relacionadas à<br />
promoção da saúde e informação sobre<br />
os riscos <strong>do</strong> uso dessas drogas, além da<br />
disponibilização de serviços de atendimento,<br />
estu<strong>do</strong>s clínicos sobre tratamento<br />
e mobilização social.<br />
Muitos projetos estão em andamento<br />
na área da saúde de Messias, com a finalidade<br />
de trabalhar a reinserção social,<br />
como é o caso de uma pequena fábrica<br />
de <strong>do</strong>ces caseiros, visto que foi identifica<strong>do</strong><br />
que alguns usuários possuem <strong>do</strong>ns<br />
culinários.<br />
Os projetos <strong>do</strong> CAPS não são apenas<br />
basea<strong>do</strong>s na terapia clínica, mas<br />
objetivam a ressocialização. Basea<strong>do</strong><br />
em terapias de grupo, na escuta psicoterapêutica<br />
e projetos que buscam o<br />
desenvolvimento psicossocial <strong>do</strong> indivíduo,<br />
o Centro atua como espaço de<br />
convivência, servin<strong>do</strong> para promover<br />
troca de experiências (profissionalusuário<br />
e usuário-usuário). No CAPS,<br />
queremos a promoção da saúde mental<br />
através de ações concretas, que o indivíduo<br />
busque suas habilidades, não focalizan<strong>do</strong><br />
a <strong>do</strong>ença e o medicamento. A<br />
abordagem segue na contramão da corrente<br />
manicomial, deven<strong>do</strong> se despir de<br />
qualquer posicionamento ambulatorial<br />
ou hospitalocêntrico.<br />
Trabalhar com saúde mental não é<br />
o simples dever de trabalhar e cumprir<br />
horário. É trabalhar com amor e dedicação.<br />
É contribuir para que o usuário<br />
tenha condições iguais a de qualquer<br />
outro indivíduo, ser visto e respeita<strong>do</strong><br />
como um cidadão. É esse comportamento<br />
que a equipe <strong>do</strong> CAPS – MES-<br />
SIAS busca a cada dia de trabalho.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por Francine Regina<br />
Camilo Candi<strong>do</strong><br />
Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> CAPS<br />
Agda Ferreira Bianco<br />
Terapeuta holística<br />
Laura Patrícia de Omena<br />
Psicóloga<br />
Morgana Thereza Gomes<br />
de Oliveira<br />
Enfermeira<br />
53
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
54<br />
PORTO DE PEDRAS<br />
Saúde e atividade física na Estratégica Saúde<br />
da Família da Lage em Porto de Pedras<br />
Porto de Pedras, município localiza<strong>do</strong><br />
no litoral norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, possui<br />
uma população estimada em oito mil<br />
habitantes e conta com quatro equipes<br />
de Saúde da Família. Cuidar da vida<br />
de mo<strong>do</strong> a reduzir a vulnerabilidade ao<br />
a<strong>do</strong>ecimento, a incapacidade física, ao<br />
sofrimento crônico e à morte prematura<br />
de indivíduos, tornou-se mais importante<br />
nas últimas décadas, compon<strong>do</strong><br />
compromisso e responsabilidade na<br />
qualidade de vida da população, fazen<strong>do</strong><br />
com que to<strong>do</strong>s sejam partícipes no cuida<strong>do</strong><br />
com a saúde.<br />
A implantação da Política de Promoção<br />
à Saúde junto ao PSF da Lage<br />
tem, por objetivo, proporcionar à comunidade<br />
melhorias em sua saúde, efetivan<strong>do</strong><br />
o menor número de pacientes à<br />
espera de atendimento médico nas UBS,<br />
diminuin<strong>do</strong> o número de medicamentos<br />
forneci<strong>do</strong>s pela Farmácia Básica, além de<br />
exames.<br />
A equipe da Lage constatou que os<br />
problemas de saúde da comunidade estão<br />
liga<strong>do</strong>s ao estresse, drogas, falta de água,<br />
inatividade física, desnutrição e pobreza,<br />
situações que geram apatia generalizada,<br />
que se reflete no aparecimento de <strong>do</strong>enças<br />
infecciosas e crônicas, fazen<strong>do</strong> com<br />
que as Unidades de Saúde fiquem reple-<br />
CORPO ESPÍRITO.<br />
tas de pessoas poliqueixosas e inertes. É<br />
nesse clima que a equipe busca mudar o<br />
foco da atenção à saúde, garantin<strong>do</strong> que<br />
to<strong>do</strong>s sejam atendi<strong>do</strong>s.<br />
A partir de 2009, o município implantou<br />
o Programa de Promoção à Saúde,<br />
com uma série de práticas educativas. O<br />
sucesso se deu devi<strong>do</strong> ao envolvimento<br />
de toda a equipe, que iniciou os trabalhos<br />
realizan<strong>do</strong> festas como o São João, fazen<strong>do</strong><br />
com que, aos poucos, a população<br />
passasse a frequentar e interagir com a<br />
UBS, enxergan<strong>do</strong> outras possibilidades<br />
além da busca pela cura de <strong>do</strong>enças.<br />
A queixa mais frequente eram as <strong>do</strong>res.<br />
Aos poucos, a equipe começou a retirar<br />
a população da Unidade de Saúde e encaminhá-la<br />
para o Clube Municipal. Lá<br />
começaram as atividades físicas. Festas,<br />
passeios e caminhadas em direção ao mar,<br />
alongamentos e relaxamentos na areia da<br />
praia e na água são pretextos para atividades<br />
que movimentem a comunidade.<br />
Das atividades físicas o grupo passou<br />
às práticas complementares ao SUS,<br />
como a acupuntura, massagens antiestresse,<br />
piqueniques e atividades de terapia<br />
ocupacionais, como crochê, fuxico<br />
e pintura. Tais atividades têm refleti<strong>do</strong><br />
na diminuição <strong>do</strong> uso de medicamentos,<br />
controle de pressão arterial e diabetes, in-
clusive as poliqueixas. Houve também<br />
uma mudança significativa no humor e<br />
na estima das pessoas.<br />
A atividade física está associada à<br />
qualidade de vida e saúde. A consequência<br />
<strong>do</strong> bom condicionamento de<br />
exercícios feitos com regularidade está<br />
diretamente ligada ao bem-estar, trazen<strong>do</strong><br />
inúmeros benefícios de ação preventiva,<br />
diminuin<strong>do</strong> casos de agravos,<br />
<strong>do</strong>enças e de uso de medicamentos. A<br />
preocupação em promover e manter a<br />
saúde deve ser ressaltada para a população,<br />
que, cada vez mais, necessita da<br />
prática de exercícios físicos regulares em<br />
sua rotina para combater os efeitos nocivos<br />
da vida sedentária.<br />
O SUS inovou nos aspectos organizativos<br />
através de estratégias e méto<strong>do</strong>s de<br />
atuação, até então não vivencia<strong>do</strong>s nem<br />
experimenta<strong>do</strong>s na sua potencialidade,<br />
consideran<strong>do</strong> que seu objetivo maior<br />
é a qualidade <strong>do</strong>s atos de promoção,<br />
proteção, preservação e recuperação da<br />
saúde individual e coletiva. A realização<br />
de atividade física como coadjuvante na<br />
qualidade de vida e seus benefícios são<br />
vislumbra<strong>do</strong>s logo de imediato, entretanto,<br />
é muito difícil a população aderir<br />
de imediato à essa prática. A experiência<br />
da equipe <strong>do</strong> PSF IV da Lage conseguiu<br />
tirar a população da inércia em<br />
que se encontrava.<br />
O que verificamos, mesmo sen<strong>do</strong> um<br />
pequeno município, é semelhante ao<br />
que ocorre, por exemplo, nas grandes<br />
metrópoles, onde as Doenças e Agravos<br />
Não Transmissivos - DANTS são<br />
as maiores responsáveis por mortalidade,<br />
internações hospitalares, reabili-<br />
tação e gastos pelo SUS. Alguns estu<strong>do</strong>s<br />
demonstram que, de mo<strong>do</strong> geral, essas<br />
<strong>do</strong>enças crônicas não transmissíveis têm<br />
os mesmos fatores predisponentes (obesidade,<br />
sedentarismo, uso <strong>do</strong> tabaco e<br />
fatores psicossociais). Demonstram,<br />
ainda, que o controle de alguns <strong>do</strong>s fatores<br />
de risco independentes reduziu de<br />
forma importante a morbi-mortalidade<br />
secundária.<br />
O Ministério da Saúde tem incentiva<strong>do</strong><br />
práticas complementares ao SUS e<br />
às ações de promoção da saúde. Segun<strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong>s, as Doenças Crônicas Não<br />
Transmitidas atacam 60% das <strong>do</strong>enças<br />
no Brasil. A Organização Mundial<br />
da Saúde – OMS estima que 22% das<br />
<strong>do</strong>enças cardíacas, podem ser evitadas<br />
se a população estiver pratican<strong>do</strong> atividade<br />
física. Assim, a equipe da Lage<br />
começa um processo de sensibilização<br />
com a população para a realização das<br />
atividades físicas.<br />
Além da atenção, a comunidade<br />
descobriu suas competências e habilidades<br />
e, principalmente, tiveram acesso<br />
à informações diversas. A unidade de<br />
saúde, antes com grande lotação para<br />
consultas ou à procura de remédios,<br />
agora está repleta de multiplica<strong>do</strong>res:<br />
fazen<strong>do</strong>, aprenden<strong>do</strong> e ensinan<strong>do</strong>. Isso<br />
é SUS, isso é cidadania!<br />
Entre os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s, uma<br />
população sensibilizada para convivência<br />
em grupo com respeito mútuo, com<br />
fator de qualidade de vida e uma equipe<br />
ESF sensibilizada em defesa da não<br />
violência, da atividade física e da promoção<br />
à saúde. <br />
CORPO IMAGEM. ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por Theny Mary Viana<br />
Fireman<br />
Ex-coordena<strong>do</strong>ra da<br />
Atenção Básica<br />
Maria <strong>do</strong>s Prazeres de<br />
Barros<br />
Ex-coordena<strong>do</strong>ra da<br />
Vigilância à Saúde<br />
55
ATITUDE ATITUDE . revista revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
56<br />
SANTANA DO IPANEMA<br />
Programa Mãe Santanense garantin<strong>do</strong> vidas<br />
Basea<strong>do</strong> numa série histórica, durante<br />
o perío<strong>do</strong> de 2000 a 2012, acompanhou-se<br />
a saúde de gestantes e crianças,<br />
em que os indica<strong>do</strong>res de saúde de<br />
Santana <strong>do</strong> Ipanema apontaram problemas<br />
como alta mortalidade materna<br />
e infantil, baixa cobertura de pré-natal,<br />
baixa escolaridade materna, mulheres<br />
sem informação sobre a importância<br />
da realização <strong>do</strong>s exames e consultas <strong>do</strong><br />
pré-natal, além <strong>do</strong> alto número de gestantes<br />
sem pré-natal.<br />
Diante <strong>do</strong> diagnóstico, as duas áreas<br />
foram contempladas no Pl<strong>ano</strong> Municipal<br />
de Saúde 2011 - 2013 e durante<br />
a realização <strong>do</strong> Seminário de Descentralização<br />
<strong>do</strong>s Objetivos <strong>do</strong> Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> Milênio – ODM’s - realiza<strong>do</strong><br />
em novembro de 2011, com a participação<br />
da Secretaria da Presidência da<br />
República. Dos oito objetivos, estávamos<br />
naquele momento, garantin<strong>do</strong> seis,<br />
três deles de responsabilidade da Saúde.<br />
Ao ser implanta<strong>do</strong>, o programa Mãe<br />
Santanense necessitava de reorganização<br />
<strong>do</strong>s serviços, garantia de recursos<br />
financeiros para pagamento de exames<br />
laboratoriais e de imagens, definição<br />
de protocolo clínico para o pré-natal,<br />
definição de atendimentos normais e,<br />
aos partos de risco, retaguarda hospitalar<br />
como referência, participação da<br />
população, contratação de gineco-obstetra,<br />
monitoramento das ações e avaliação<br />
<strong>do</strong>s serviços.<br />
O principal objetivo da atenção ao<br />
pré-natal é acolher a mulher desde o<br />
início da gravidez, asseguran<strong>do</strong> sua<br />
saúde, com a realização de to<strong>do</strong>s os exames<br />
e consultas e, no fim da gestação,<br />
o nascimento de uma criança saudável,<br />
garantin<strong>do</strong> o bem-estar materno<br />
e neonatal. Uma atenção pré-natal e<br />
puerperal qualificada e humanizada se<br />
dá por meio da incorporação de condutas<br />
acolhe<strong>do</strong>ras e sem intervenções<br />
desnecessárias, <strong>do</strong> fácil acesso a serviços<br />
de saúde de qualidade, com ações que<br />
integrem to<strong>do</strong>s os níveis da atenção:<br />
promoção, prevenção e assistência à<br />
saúde da gestante e ao recém-nasci<strong>do</strong>,<br />
desde o atendimento ambulatorial básico<br />
ao atendimento hospitalar de alto<br />
risco.
Para executar o projeto, o município<br />
conta com técnicos qualifica<strong>do</strong>s e<br />
nove Equipes de Saúde da Família, um<br />
EACS, um Hospital Regional e uma<br />
Casa da Mulher, como referência no<br />
Pré-natal de Alto Risco, além de ser<br />
referência para as áreas <strong>do</strong> PACS. O<br />
Programa contempla, no mínimo, as<br />
sete consultas de pré-natal e acompanhamento<br />
da equipe multiprofissional,<br />
formada por médicos, enfermeiros,<br />
dentistas, psicólogos, nutricionistas, assistentes<br />
sociais, terapeuta ocupacional<br />
e fisioterapeutas. São oferta<strong>do</strong>s cursos<br />
e oficinas para as gestantes e seus companheiros,<br />
garantin<strong>do</strong> atesta<strong>do</strong> médico<br />
para comprovação da falta ao serviço,<br />
quan<strong>do</strong> é também participante <strong>do</strong>s<br />
eventos.<br />
Os cursos, oficinas e reuniões vem<br />
mudan<strong>do</strong> o comportamento e as atitudes<br />
das mulheres, pois ao receberem<br />
o kit explicativo para o coto umbilical<br />
e explicações de como proceder em<br />
determinadas situações, as gestantes<br />
compreendem que estão ajudan<strong>do</strong> no<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> bebê. Mães e pais<br />
recebem instruções básicas, que são<br />
fundamentais no reconhecimento das<br />
necessidades da criança, como a importância<br />
da estimulação ao aleitamento<br />
materno.<br />
Cada gestante recebe uma pasta<br />
identifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> pré-natal, onde são<br />
arquiva<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os exames e a história<br />
da sua gravidez, cujo objetivo é garantir<br />
a informação onde quer que essa<br />
gestante vá, facilitan<strong>do</strong> o trabalho <strong>do</strong>s<br />
profissionais de saúde. Outro sucesso é<br />
a captação da gestante o mais precoce<br />
possível, que estimula a mulher a procurar<br />
os serviços. Entre as propostas<br />
<strong>do</strong> Programa Mãe Santanense, existe a<br />
garantia de um acompanhante na hora<br />
<strong>do</strong> parto. Para diminuir o estresse, a ansiedade<br />
e o me<strong>do</strong>, como também conhecer<br />
a equipe que realizará o parto, a<br />
gestante poderá visitar o Hospital.<br />
Para 2012, a estimativa de atendimento<br />
é de 998 gestantes, destas 848<br />
serão de baixo risco e 150 de alto risco.<br />
Para garantir a realização de exames<br />
laboratoriais e de imagem, a SMS disponibilizou<br />
o valor de R$ 123.775,00.<br />
Os números mostram o avanço <strong>do</strong> projeto:<br />
em 2000, 237 gestantes sem consulta<br />
de pré-natal e, em 2012, apenas<br />
7 mulheres chegaram ao município no<br />
último trimestre da gravidez; em 2000,<br />
25 gestantes com a informação de consultas<br />
ignoradas e, em 2012, nenhuma<br />
gestante ficou sem informação. <br />
CORPO CASA.<br />
ATITUDE ATITUDE . revista revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por Normanda da Silva<br />
Santiago<br />
Ex-secretária de Saúde e atual<br />
secretária de Pão de Açúcar<br />
Sibele de Oliveira Arroxellas<br />
Assessora Técnica<br />
57
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por Silvana Gomes de<br />
França Secretária de<br />
Saúde de Santana <strong>do</strong><br />
Mundaú/<strong>AL</strong><br />
Fábio Claudino Pereira<br />
Assessor técnico<br />
Gerlane Dias da Silva<br />
Assessora técnica<br />
58<br />
SANTANA DO MUNDAÚ<br />
Saúde no campo: promoção e prevenção das<br />
DSTs e imunização contra o Tét<strong>ano</strong> e<br />
Hepatite<br />
Situa<strong>do</strong> na região <strong>do</strong>s Quilombos <strong>do</strong><br />
Palmares, o município de Santana <strong>do</strong><br />
Mundaú tem como limite os municípios<br />
de Branquinha, Chá Preta, São José<br />
da Lage, União <strong>do</strong>s Palmares e o esta<strong>do</strong><br />
de Pernambuco. Conheci<strong>do</strong> como terra<br />
da laranja lima e banha<strong>do</strong> pelo Rio<br />
Mundaú, o município possui uma população<br />
estimada em 11 mil habitantes<br />
com cobertura de 100% da Estratégia<br />
Saúde da Família (ESF).<br />
A frequência de uso de bebidas alcoólicas,<br />
foi observada entre os trabalha<strong>do</strong>res<br />
liga<strong>do</strong>s ao setor da construção civil, que<br />
ficam vulneráveis a sofrerem acidentes de<br />
trabalho, bem como a contaminação por<br />
<strong>do</strong>enças sexualmente transmissíveis.<br />
A implantação <strong>do</strong> projeto de Promoção<br />
e Prevenção das DSTs e imunização<br />
contra o Tét<strong>ano</strong> e Hepatite, surgiram<br />
diante da necessidade de focalizar<br />
a prevenção em saúde como um to<strong>do</strong>.<br />
O Setor de Recursos Hum<strong>ano</strong>s <strong>do</strong> município<br />
visualizou o problema e, teve a<br />
preocupação em garantir a oportunidade<br />
de trabalho para a população da nova cidade<br />
mundauense.<br />
Na prática, o trabalho consistiu em<br />
imunizar grupos mais expostos e distribuir<br />
preservativos masculino e feminino,<br />
como forma de prevenção contra<br />
as <strong>do</strong>enças sexualmente transmissíveis. O<br />
nosso maior desafio hoje é a resistência<br />
por parte <strong>do</strong>s operários, mediante as suas<br />
crenças, mitos, me<strong>do</strong>s, religiões, cultura<br />
e desconhecimento.<br />
Diante desse fato, houve a necessidade<br />
de trabalhar os conceitos pré estabeleci<strong>do</strong>s<br />
desses assuntos com os homens<br />
e as mulheres, orientan<strong>do</strong>-os de forma<br />
didática e aberta sobre a gravidade das<br />
<strong>do</strong>enças transmitidas por relação sexual,<br />
além da importância <strong>do</strong> planejamento<br />
familiar, ajudan<strong>do</strong> a reduzir o índice de<br />
gravidez na a<strong>do</strong>lescência.<br />
As atividades de mobilização e orientação<br />
junto aos trabalha<strong>do</strong>res aconteceram<br />
no local de trabalho, o canteiro de<br />
obras de Santana <strong>do</strong> Mundaú, que segue<br />
em reconstrução após a enchente <strong>do</strong> Rio<br />
Paraíba. Na visita, foram distribuí<strong>do</strong>s<br />
mil preservativos masculinos e setecentos<br />
homens foram imuniza<strong>do</strong>s.<br />
Fortalecer as ações de prevenção e promoção<br />
de acidentes ao trabalha<strong>do</strong>r, garantin<strong>do</strong><br />
qualidade de vida e bem-estar à<br />
toda comunidade é uma das principais<br />
metas da equipe da Secretaria de Saúde<br />
<strong>do</strong> nosso município.
TEOTÔNIO VILELA<br />
Amplian<strong>do</strong> a Atenção Básica: humanizan<strong>do</strong><br />
o atendimento aos cidadãos<br />
Com treze unidades de saúde em<br />
reforma, o município de Teotônio Vilela<br />
precisou ser prático para garantir atendimento<br />
o<strong>do</strong>ntológico à população.<br />
A saída foi alugar consultórios existentes<br />
na cidade para retomar as ações<br />
de saúde bucal. Dentistas <strong>do</strong> município<br />
também caíram em campo na promoção<br />
e prevenção nas escolas. Agrega<strong>do</strong><br />
à o<strong>do</strong>ntologia, o município vem<br />
priorizan<strong>do</strong> a reestruturação da Atenção<br />
Básica, responsável por quase 80%<br />
das necessidades de saúde, com maior<br />
demanda no eixo materno-infantil.<br />
Focan<strong>do</strong> ações com base nos indica<strong>do</strong>res<br />
e exames, a secretaria de saúde<br />
vem organizan<strong>do</strong>, sistematicamente,<br />
a demanda para as citologias, estruturan<strong>do</strong><br />
o sistema para a discussão <strong>do</strong><br />
Protocolo de Pré-natal, que deverá capacitar<br />
to<strong>do</strong>s os profissionais na realização<br />
<strong>do</strong> atendimento e <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> da<br />
mulher e da criança e, posteriormente,<br />
implementan<strong>do</strong> as ações de cuida<strong>do</strong><br />
com a infância. Para ampliar o atendimento,<br />
faz-se necessário a contratação<br />
de profissionais, principalmente de médicos,<br />
para completar as equipes.<br />
A população de Teotônio Vilela é de<br />
41 mil habitantes, segun<strong>do</strong> Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística. O<br />
município possui 15 equipes de ESF e<br />
uma Equipe <strong>do</strong>s Agentes Comunitários<br />
de Saúde, cuja proposta é transformar o<br />
EACS em mais uma equipe de Saúde da<br />
Família, garantin<strong>do</strong> cobertura de 100%<br />
na Atenção Básica <strong>do</strong> município. A<br />
proposta se baseia na Portaria 2.288/11<br />
<strong>do</strong> Ministério da Saúde.<br />
Outra grande demanda vem da Unidade<br />
Mista Nossa Senhora das Graças<br />
que, na necessidade de cumprir seu papel<br />
de retaguarda das Equipes de Saúde<br />
da Família, requer investimentos das três<br />
esferas de governo, pois desde que foi<br />
criada, sempre deu resulta<strong>do</strong>s positivos<br />
e resolutividade na assistência. Uma das<br />
metas <strong>do</strong> município é criar um Centro<br />
de Especialidades que dará respal<strong>do</strong> aos<br />
trabalhos da Atenção Básica.<br />
Graças à parceria com o Ministério<br />
da Saúde, o município foi contempla<strong>do</strong><br />
com a construção de uma Unidade de<br />
Saúde e com as reformas e ampliação<br />
de outras unidades, o que facilitará o<br />
trabalho <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> com a população<br />
vilelense.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
59
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
60<br />
CORPO ÁGUA.<br />
por Theny Mary Viana<br />
Fireman<br />
Assessora técnica<br />
Joseane Granja<br />
Secretária adjunta<br />
Izabel Borges<br />
Secretária de Saúde<br />
Capacitações constantes para melhorar<br />
o cuida<strong>do</strong>, elaboran<strong>do</strong> e discutin<strong>do</strong><br />
conjuntamente os protocolos<br />
de serviços, conforme o Decreto Presidencial<br />
nº 7.508/11, vem sen<strong>do</strong> trabalhadas<br />
na educação permanente <strong>do</strong><br />
município, que se prepara para atuar<br />
basea<strong>do</strong> na humanização <strong>do</strong> atendimento<br />
e condição sine qua non <strong>do</strong> processo<br />
<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>.<br />
A proposta é implicar a responsabilização<br />
<strong>do</strong>s serviços e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
da saúde em construir, com os usuários,<br />
a resposta possível às suas <strong>do</strong>res, angústias,<br />
problemas e aflições, de forma a<br />
serem realizadas consultas e atendimentos<br />
com responsabilização e autonomia<br />
de cada usuário.<br />
O acolhimento pressupõe um serviço<br />
de saúde organiza<strong>do</strong>, garanti<strong>do</strong> por<br />
uma equipe multiprofissional, nos atos<br />
de receber, escutar, orientar, atender,<br />
encaminhar e acompanhar o usuário,<br />
principal envolvi<strong>do</strong> na atenção. Significa<br />
a base da humanização nas relações e<br />
caracteriza o primeiro ato de cuida<strong>do</strong>,<br />
contribuin<strong>do</strong> para o aumento da resolutividade.
UNIÃO DOS P<strong>AL</strong>MARES<br />
CTA itinerante melhora acessibilidade das<br />
comunidades a testes HIV-AIDS<br />
União <strong>do</strong>s Palmares é pólo entre os<br />
municípios vizinhos e tem, como uma<br />
das principais atividades econômicas, a<br />
produção de açúcar e álcool, atividades<br />
que promovem o intercâmbio de trabalha<strong>do</strong>res<br />
de outras cidades. Além da<br />
produção canavieira, existe a feira livre,<br />
que funciona a maior parte da semana.<br />
A secretaria de Saúde verificou que o<br />
grande fluxo de pessoas, de variadas localidades,<br />
tem provocan<strong>do</strong> o aumento<br />
da vulnerabilidade às DST/AIDS, especialmente<br />
entre o grupo de profissionais<br />
<strong>do</strong> sexo.<br />
O perfil da AIDS no município é caracteriza<strong>do</strong><br />
como epidemia em ascensão<br />
ocupan<strong>do</strong>, atualmente, o quarto lugar<br />
no esta<strong>do</strong>, com 37 casos (Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Departamento<br />
de DST, AIDS e Hepatites<br />
Virais - CTA). Devi<strong>do</strong> a grande incidência<br />
desses agravos, viu-se a necessidade<br />
de implantar uma unidade de referência<br />
que desenvolvesse ações de prevenção as<br />
DST/AIDS e auxiliasse as pessoas contaminadas<br />
no tratamento da <strong>do</strong>ença.<br />
Essa unidade de referência é o Centro<br />
de Testagem e Aconselhamento, em<br />
funcionamento desde outubro de 2002.<br />
É forma<strong>do</strong> por uma equipe multidisciplinar,<br />
composta por médica ginecologista,<br />
enfermeira, psicólogas, assistentes<br />
sociais, auxiliar de enfermagem, biomédica<br />
e recepcionista.<br />
Diariamente, o CTA de União <strong>do</strong>s<br />
Palmares realiza palestras educativas<br />
sobre o que é a <strong>do</strong>ença, os riscos de<br />
contaminação, como também ensina a<br />
melhor forma de prevenção. O Centro<br />
disponibiliza preservativos, materiais<br />
educativos e oferta exames para Sífilis,<br />
HIV e Hepatites B e C. Com o aumento<br />
<strong>do</strong> número de casos positivos de<br />
HIV, viu-se a necessidade de ampliar<br />
a oferta desses testes. Foi então que o<br />
serviço programou as ações <strong>do</strong> projeto<br />
CTA itinerante, já realiza<strong>do</strong> no próprio<br />
município e em outras cidades alagoanas.<br />
To<strong>do</strong>s os serviços <strong>do</strong> CTA são oferta<strong>do</strong>s<br />
as comunidades rurais, nas Unidades<br />
Básicas de Saúde de difícil acesso,<br />
bem como nas localidades urbanas, que<br />
ficam distantes da sede <strong>do</strong> Centro. Desde<br />
que foi implantan<strong>do</strong>, o CTA itinerante<br />
realizou testes em 1.021 pessoas de<br />
diferentes localidades.<br />
A realização desse projeto tem contribuí<strong>do</strong><br />
para que as pessoas conheçam<br />
o seu esta<strong>do</strong> sorológico, tenham acesso<br />
ao diagnóstico e tratamento precoce,<br />
principalmente, no caso de gestantes.<br />
Nos casos positivos, a SMS tem garantin<strong>do</strong><br />
o cuida<strong>do</strong> e acompanhamento<br />
da <strong>do</strong>ença. <br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
por Rimelc Shirley Lins de<br />
A. Pontes<br />
Ex-secretária de Saúde<br />
Adeyne Farias de Andrade<br />
Ex-coordena<strong>do</strong>ra CTA<br />
CORPO SÃO.<br />
61
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Núcleo de Saúde Pública:<br />
elo entre academia, serviços de sáude e<br />
movimentos sociais em Alagoas<br />
Com a participação das universidades<br />
no movimento pela Reforma Sanitária,<br />
percebeu-se a oportunidade de iniciar a<br />
organização de uma estrutura voltada<br />
para oferecer, de forma sistemática, uma<br />
contribuição à consolidação <strong>do</strong> sistema<br />
de saúde brasileiro: os Núcleos de Saúde<br />
Pública. Essa nova estrutura surge com<br />
o papel da proporcionar a Universidade<br />
a encontrar novas fronteiras de conhecimento,<br />
particularmente na área de<br />
planejamento, gerência e assistência <strong>do</strong>s<br />
serviços.<br />
Cria<strong>do</strong> no <strong>ano</strong> de 1989, o Núcleo<br />
de Saúde Pública da Universidade Federal<br />
de Alagoas – NUSP/UF<strong>AL</strong>, possui<br />
natureza técnico-científica e tem como<br />
missão a formação de pessoas críticas,<br />
reflexivas e éticas para atuar na área da<br />
saúde pública, contribuin<strong>do</strong> para o fortalecimento,<br />
a defesa e a consolidação<br />
<strong>do</strong> SUS em Alagoas, à melhoria da<br />
qualidade de vida da população e a efetivação<br />
da cidadania por meio da educação<br />
permanente (formação, controle<br />
62<br />
social, gestão e assistência), com ações<br />
de ensino, extensão e pesquisa.<br />
Sua missão tem consonância com a<br />
missão da UF<strong>AL</strong> de produzir, multiplicar<br />
e recriar o saber coletivo (em todas<br />
as áreas <strong>do</strong> conhecimento, de forma<br />
comprometida com a ética, justiça social,<br />
desenvolvimento hum<strong>ano</strong> e bem<br />
comum). O NUSP busca o objetivo de<br />
construir conhecimento no campo da<br />
Saúde Pública e áreas afins, atuan<strong>do</strong> de<br />
forma interdisciplinar.<br />
Para realizar sua missão, conta com<br />
uma equipe técnica multiprofissional,<br />
composta por profissionais (<strong>do</strong>centes<br />
e técnicos) da UF<strong>AL</strong>, colabora<strong>do</strong>res de<br />
órgãos públicos <strong>do</strong> setor saúde <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
de Alagoas, voluntários, estagiários<br />
e bolsistas de trabalho de cursos de<br />
graduação, estudantes de graduação e<br />
de pós-graduação. É um órgão de apoio<br />
acadêmico vincula<strong>do</strong> à Faculdade de<br />
Medicina da Universidade e relacionase<br />
com o Hospital Universitário Alberto<br />
Antunes, com os diversos cursos<br />
por Suely Nascimento<br />
Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> NUSP/<br />
FAMED/UF<strong>AL</strong>
e setores da UF<strong>AL</strong>, por meio de ações e<br />
projetos em desenvolvimento.<br />
Durante os vinte e três <strong>ano</strong>s de existência,<br />
o NUSP/UF<strong>AL</strong> tem realiza<strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong>s e pesquisas relacionadas<br />
às políticas públicas de saúde, agin<strong>do</strong><br />
como elo entre a academia, os serviços<br />
de saúde e os movimentos sociais, ten<strong>do</strong><br />
acumula<strong>do</strong> experiência de âmbito nacional<br />
em formação e desenvolvimento<br />
de recursos hum<strong>ano</strong>s, planejamento,<br />
gestão, assistência em saúde, educação<br />
em saúde, educação popular e controle<br />
social.<br />
Consoli<strong>do</strong>u parcerias com a Secretaria<br />
de Esta<strong>do</strong> da Saúde de Alagoas, o<br />
Conselho de Secretarias Municipais de<br />
Saúde de Alagoas – Cosems/<strong>AL</strong>, diversos<br />
municípios alago<strong>ano</strong>s, como as secretarias<br />
municipais de saúde de Maceió<br />
e de Arapiraca, a Fundação Universitária<br />
de Desenvolvimento de Extensão<br />
e Pesquisa – FUNDEPES, a Escola Nacional<br />
de Saúde Pública da Fundação<br />
Oswal<strong>do</strong> Cruz – ENSP/Fiocruz e com<br />
o Núcleo de Estu<strong>do</strong>s em Saúde Pública<br />
da Universidade de Brasília – NESP/<br />
UNB.<br />
Ainda no contexto nacional, o NUSP/<br />
UF<strong>AL</strong> faz parte da Rede de Escolas de<br />
Formação em Saúde Pública e vem articulan<strong>do</strong>-se<br />
com o Instituto de Saúde<br />
Coletiva da Universidade Federal da<br />
Bahia – ISC/UFBA. Em parceira com<br />
ENSP/Fiocruz ,coordenou em Alagoas<br />
o I e II Curso Nacional de Qualificação<br />
de Gestores <strong>do</strong> SUS - CNQGS, onde<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
299 alunos gestores concluíram o curso,<br />
no perío<strong>do</strong> de 2009 a 2012. Com<br />
o ISC/UFBA vem firman<strong>do</strong> parceria na<br />
área de planejamento em saúde.<br />
No primeiro semestre de 2012, o<br />
fortalecimento <strong>do</strong>s vínculos com o<br />
Cosems/<strong>AL</strong> se efetiva por meio da relatoria<br />
<strong>do</strong> XXV<strong>III</strong> Congresso <strong>do</strong> Conasems<br />
em parceria com o NESP/<br />
UNB, além da construção da Tenda<br />
Paulo Freire, no referi<strong>do</strong> evento por<br />
meio <strong>do</strong> Laboratório de Educação<br />
Popular e Saúde - LEPS e com diversos<br />
atores da educação popular no contexto<br />
nacional1 .<br />
Participa de espaços de lutas pela consolidação<br />
<strong>do</strong> SUS e garantia de direitos<br />
sociais, tais como: Conselho Estadual de<br />
Saúde de Alagoas, Fórum em defesa <strong>do</strong><br />
SUS/<strong>AL</strong>, Movimento de Reintegração<br />
das Pessoas Porta<strong>do</strong>ras de Hanseníase<br />
– MORHAN/<strong>AL</strong>, Comitê Estadual<br />
de Combate à Dengue, e, Movimento<br />
Popular de Saúde – MOPS.<br />
No campo da formação para o trabalho<br />
no Sistema Único de Saúde,<br />
realiza cursos de atualização, de aperfeiçoamento<br />
e de pós-graduação Lato<br />
Sensu, vivências e oficinas. Em 2012,<br />
realizou projetos para profissionais de<br />
saúde <strong>do</strong> município de Maceió, o Curso<br />
de Capacitação para Gerentes das<br />
Unidades Básicas de Saúde – GERUS,<br />
1. Movimento Popular de Saúde, Rede de<br />
Educação Popular em Saúde, Articulação<br />
Nacional de Práticas e de Educação Popular<br />
em Saúde, e Comitê Nacional de Educação<br />
Popular e Saúde.<br />
PARCEIROS<br />
63
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
e a Capacitação técnico-pedagógica em<br />
Violência Doméstica contra Criança e<br />
A<strong>do</strong>lescente – VDCA.<br />
O VDCA teve como produto a elaboração<br />
e publicação de uma cartilha.<br />
Encontra-se em andamento, o VII Curso<br />
de Especialização em Saúde Pública,<br />
o <strong>III</strong> Curso de Especialização em Vigilância<br />
em Saúde, o II Curso de Especialização<br />
em Gestão <strong>do</strong> Trabalho em<br />
Saúde, to<strong>do</strong>s executa<strong>do</strong>s com recursos<br />
da política de Educação Permanente.<br />
Também foi inicia<strong>do</strong> o Curso Realidades<br />
Brasileiras, volta<strong>do</strong> para coletivos<br />
de movimentos sociais e sindicais junto<br />
com a Rede de Educação Cidadã – RE-<br />
CID, Assembleia Popular e MOPS.<br />
No campo <strong>do</strong> ensino contribui com a<br />
formação na graduação na área da saúde<br />
e áreas afins, por meio de estágio, de<br />
vivências e de projetos de extensão, envolven<strong>do</strong><br />
alunos de diferentes cursos da<br />
UF<strong>AL</strong>. Alguns projetos como o “Resgatar”,<br />
envolve estudantes de outras instituições<br />
de ensino <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas.<br />
A pesquisa tem contribuí<strong>do</strong> para a sistematização<br />
e construção de novos conhecimentos,<br />
buscan<strong>do</strong> a inovação na<br />
gestão de serviços, contribuin<strong>do</strong> para<br />
estu<strong>do</strong>s no campo da epidemiologia e<br />
<strong>do</strong> planejamento em saúde.<br />
nusP/ufaL<br />
Página: http://www.ufal.edu.br/unidadeacademica/<br />
famed/pesquisa/grupos-nucleos/nusp<br />
Rede social: http://www.facebook.com/nusp.ufal?fref=ts<br />
E-mail: nusp.famed.ufal2@gmail.com<br />
Telefones/Fax: 82-3214-1156 / 3214-1157<br />
Hoje, o Núcleo de Saúde Pública<br />
vem executan<strong>do</strong> vinte e três (23) projetos<br />
que envolvem o ensino, a pesquisa<br />
e a extensão com ações de humanização<br />
em saúde, assistência à criança, à<br />
gestante e ao a<strong>do</strong>lescente, saúde bucal,<br />
educação ambiental, educação popular<br />
em saúde, controle social no SUS,<br />
educação permanente em saúde, prevenção<br />
da morbidade por acidentes de<br />
trânsito, reintegração de pessoas com<br />
hanseníase, aprendizagem e vivências<br />
no SUS e planejamento em saúde.<br />
Conta com <strong>do</strong>is laboratórios com<br />
ações permanentes: o Laboratório de<br />
Educação Popular e Saúde - LEPS, e o<br />
Laboratório de Planejamento em Saúde<br />
– LAPLAN.<br />
No campo da extensão, a inovação<br />
atual <strong>do</strong> LEPS/NUSP/UF<strong>AL</strong> é Sala de<br />
Cuida<strong>do</strong>s Antônio Piranema onde desenvolve<br />
ações no campo das práticas<br />
integrativas de cuida<strong>do</strong>s à saúde (como<br />
o Reik, massoterapia, meditação, yoga e<br />
danças circulares). Ao longo <strong>do</strong>s <strong>ano</strong>s a<br />
equipe de trabalho mantém firme a luta<br />
constante pela defesa e consolidação <strong>do</strong><br />
Sistema Único de Saúde - SUS, sobretu<strong>do</strong><br />
no âmbito <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas,<br />
sen<strong>do</strong> indiscutível a sua importante colaboração<br />
nos avanços alcança<strong>do</strong>s. <br />
64<br />
64
por Guilherme Benjamin<br />
Brandão Pitta<br />
Diretor de Atendimento ao<br />
Associa<strong>do</strong> AMB | Professor<br />
Adjunto e Doutor de Cirurgia<br />
da Uncisal<br />
Um alerta ao pé diabético<br />
A prevalência <strong>do</strong> Diabetes na população<br />
geral brasileira está chegan<strong>do</strong> a<br />
10% <strong>do</strong>s indivíduos que terão, pelo<br />
menos, 50% de chances de terem problemas<br />
com os seus pés. Chamamos estes<br />
pacientes de porta<strong>do</strong>res de pés diabéticos,<br />
que se caracterizam por alterações<br />
da sensibilidade (<strong>do</strong>rmências, queimor,<br />
pontadas e furadas nas pernas), ao que<br />
denominamos de neuropatia diabética<br />
em botas e acomete a maioria <strong>do</strong>s pacientes<br />
que podem, ou não, estar associa<strong>do</strong>s<br />
com problemas de circulação e<br />
com a diminuição da chegada de fluxo<br />
sanguíneo nos membros inferiores (esfriamento,<br />
<strong>do</strong>r ao andar e palidez) poden<strong>do</strong><br />
acarretar ferimentos superficiais<br />
ou profun<strong>do</strong>s, que levam o risco de<br />
amputação maior ou menor nestes indivíduos.<br />
No nosso esta<strong>do</strong>, apenas 9% da população<br />
possui pl<strong>ano</strong>, seguro ou convênio<br />
de saúde, sobrecarregan<strong>do</strong> o Sistema<br />
Único de Saúde, que não tem consegui<strong>do</strong><br />
atender os pacientes com problemas<br />
nos pés. Não temos programa específico<br />
para atendimento integral ao paciente<br />
porta<strong>do</strong>r de pé diabético e a atenção<br />
primária não está treinada o suficiente<br />
para atendê-lo, seja de maneira preventiva,<br />
de orientação, de tratamento<br />
primário ou reabilitação.<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
Na atenção secundária especializada<br />
temos poucos locais com especialistas<br />
que possam atender as <strong>do</strong>enças vasculares<br />
e, na terciária, temos apenas um<br />
hospital atenden<strong>do</strong> alta complexidade<br />
em cirurgia vascular e en<strong>do</strong>vascular<br />
com atendimento limita<strong>do</strong>, sem ambulatório<br />
e emergência para o SUS.<br />
Em 2010, segun<strong>do</strong> levantamento<br />
<strong>do</strong> DATASUS, tivemos mais de 42<br />
mil cirurgias de amputações menores<br />
e maiores, situação considerada como<br />
sen<strong>do</strong> verdadeiro genocídio para a nossa<br />
população brasileira. Alagoas chegou<br />
perto de mil cirurgias mutila<strong>do</strong>ras sen<strong>do</strong><br />
campeã no Brasil. Precisamos nos sensibilizar<br />
em prol dessa causa, realizan<strong>do</strong><br />
um mutirão de atitudes, minoran<strong>do</strong> o<br />
sofrimento de nossos semelhantes num<br />
atendimento integral e digno, na atenção<br />
primária <strong>do</strong> paciente com pé diabético,<br />
que apresenta o risco de ferimento<br />
e posterior amputação no nosso HGE<br />
ou no Hospital de Coruripe.<br />
To<strong>do</strong>s precisam cooperar: a Associação<br />
Médica Brasileira (AMB),<br />
os Conselhos Regionais de Medicina<br />
(CRM) e as Sociedades de Especialidades,<br />
propon<strong>do</strong> programas que possam<br />
ser discuti<strong>do</strong>s e implanta<strong>do</strong>s pelo<br />
Ministério da Saúde e incorpora<strong>do</strong>s pelas<br />
Secretarias de Saúde, com execução<br />
65
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
rápida no atendimento primário <strong>do</strong>s<br />
PSFs.<br />
Não podemos deixar de prescindir<br />
<strong>do</strong>s Conselhos de Saúde, das Associações<br />
de diabéticos e <strong>do</strong> Ministério<br />
Público para cobrar, fiscalizar e ajudar<br />
na execução destes programas, tornan<strong>do</strong>-os<br />
prioritários e, principalmente,<br />
que tenham aporte financeiro suficiente<br />
para sua implementação.<br />
A AMB, junto com o CREM<strong>AL</strong> realiza<br />
um projeto piloto de treinamento<br />
de médicos da atenção primária <strong>do</strong>s<br />
municípios com o objetivo de diminuir,<br />
em 50%, as amputações no esta<strong>do</strong> de<br />
Alagoas, para isso, precisamos <strong>do</strong> apoio<br />
<strong>do</strong>s gestores das esferas estadual e municipal<br />
para instituir um programa definitivo<br />
de treinamento de to<strong>do</strong>s os médicos<br />
da atenção primária, estabelecer<br />
polos de atenção secundária, com especialistas<br />
nas dez regiões de saúde <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
e, pelo menos, três serviços de alta<br />
complexidade no esta<strong>do</strong> nas duas macro<br />
regiões de Maceió e Arapiraca, com<br />
o fluxograma defini<strong>do</strong> para os pacientes<br />
que precisam de exames de laboratórios<br />
e de imagem, curativos, cirurgias vasculares<br />
e en<strong>do</strong>vasculares. Com a implementação<br />
desse programa estaremos gastan<strong>do</strong><br />
apenas 30% da verba destinada<br />
com as atuais internações hospitalares,<br />
amputações e liminares na justiça para<br />
cirurgias de alta complexidade.<br />
66<br />
Temos que treinar to<strong>do</strong>s profissionais<br />
da saúde <strong>do</strong>s PSF para atender este paciente.<br />
Precisamos implantar programas<br />
de reabilitação para os amputa<strong>do</strong>s, com<br />
fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia,<br />
en<strong>do</strong>crinologia, ortopedia, oftalmologia,<br />
cirurgia vascular e cardiologia,<br />
fabrican<strong>do</strong> e <strong>do</strong>an<strong>do</strong> próteses e órteses<br />
adequadas para o restabelecimento da<br />
função <strong>do</strong>s seus membros inferiores.<br />
É uma decisão de governo minimizar<br />
este problema de saúde pública que<br />
temos aqui no nosso esta<strong>do</strong>. Tivemos<br />
várias experiências vitoriosas em municípios<br />
que implantaram este programa,<br />
como no Rio de Janeiro, Brasília,<br />
Natal, Aracaju, Rio Branco e outros,<br />
que diminuíram os índices de amputações.<br />
Em Cuba, com uma população em<br />
torno de 11 milhões de habitantes, temos<br />
apenas 900 amputações por <strong>ano</strong>,<br />
semelhante aos índices de Alagoas, com<br />
uma população em torno de 2 milhões,<br />
isso acontece porque a atenção primária<br />
tem bom funcionamento e é acompanhada,<br />
mais perto entre os pacientes com<br />
risco de amputação.<br />
Vamos retirar nosso esta<strong>do</strong> da legião<br />
de amputa<strong>do</strong>s com maiores índices no<br />
Brasil e torná-lo um esta<strong>do</strong> que respeita<br />
e atende com dignidade o seu cidadão!
Arte educação<br />
Balanço das águas<br />
transporta cultura<br />
através <strong>do</strong> Velho Chico<br />
Galeria Karandash<br />
Galeria Karandash<br />
Av. Moreira e Silva, n° 89 - Farol<br />
CEP: 57051-500 - Maceió / <strong>AL</strong><br />
Fone: (82) 3317.6693<br />
Envolven<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes<br />
<strong>do</strong>s povoa<strong>do</strong>s Ilha <strong>do</strong> Ferro (Pão de<br />
Açúcar) e Entremontes (Piranhas),<br />
mais uma vez o “Cinema no Balanço<br />
das Águas” leva ao sertão alago<strong>ano</strong> seu<br />
projeto de arte educativa cultivan<strong>do</strong>,<br />
naquela região de grandes artistas populares,<br />
a beleza, a magia <strong>do</strong> cinema e o<br />
desenvolvimento sociocultural.<br />
Contempla<strong>do</strong> pelo Programa BNB<br />
de Cultura (<strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Nordeste e<br />
BNDES), o projeto proposto pelo museu<br />
Coleção Karandash de Arte Popular<br />
e Contemporânea, começou em<br />
dezembro <strong>do</strong> <strong>ano</strong> passa<strong>do</strong>, com oficinas<br />
de cenografia, vídeo, fotografia e<br />
cinema de animação.<br />
Além das aulas que serão ministradas,<br />
filmes clássicos e modernos <strong>do</strong><br />
cinema nacional e internacional serão<br />
ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />
exibi<strong>do</strong>s nas duas comunidades, às<br />
margens <strong>do</strong> rio São Francisco.<br />
Desde a primeira edição <strong>do</strong> “Museu<br />
no Balanço das Águas”, inician<strong>do</strong> em<br />
2008, essas navegações culturais entre<br />
Pão de Açúcar e Piranhas – passan<strong>do</strong><br />
também por outros municípios e comunidades<br />
ribeirinhas em Alagoas e<br />
Sergipe, como Belo Monte, Niteroí,<br />
Gararú, Ilha <strong>do</strong> Ouro e Traipu , o barco<br />
Santa Maria cumpre sua renovada<br />
função de desbrava<strong>do</strong>r das artes e da<br />
cultura.<br />
Além <strong>do</strong> patrocínio <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong><br />
Nordeste, BNDES e Ministério da<br />
Cultura, o “Cinema no Balanço das<br />
Águas – Segunda Edição” recebe apoio<br />
<strong>do</strong> SEBRAE-<strong>AL</strong>, da Galeria Karandash<br />
e <strong>do</strong> SESC-<strong>AL</strong>. <br />
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Fortalecen<strong>do</strong> o SUS nos municípios alago<strong>ano</strong>s