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Revista do COSEMS/AL | ano III | jan.2013 | venda proibida

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ATITUDE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> | <strong>ano</strong> <strong>III</strong> | <strong>jan.2013</strong> | <strong>venda</strong> <strong>proibida</strong><br />

3


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

ATITUDE<br />

ISSN 2238-9601<br />

<strong>Revista</strong> <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> de Secretarias Municipais de Saúde de<br />

Alagoas [<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>]<br />

cosemsal@conasems.org.br<br />

(82) 3326-5859<br />

Rua 10 de novembro, 246 - Pitanguinha | Maceió, Alagoas<br />

2<br />

JORN<strong>AL</strong>ISTA RESPONSÁVEL<br />

Patrícia Macha<strong>do</strong><br />

MTE 1.299/<strong>AL</strong><br />

EDITORES DE ARTE<br />

Lis Paim<br />

Flávio Alberto<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

Lis Paim<br />

APOIO GRÁFICO E FIN<strong>AL</strong>IZAÇÃO<br />

Flávio Alberto<br />

Jailton Aurílio<br />

FOTO DE CAPA<br />

Patrícia Macha<strong>do</strong> - Galeria<br />

Karandash<br />

REVISORA DE TEXTO<br />

Eunícia Canuto<br />

TIRAGEM<br />

1.200 exemplares<br />

IMPRESSÃO<br />

Grafmarques<br />

Distribução Gratuita<br />

Esta revista é uma publicação<br />

distribuída gratuitamente entre as<br />

Secretarias Municipais de Saúde e<br />

demais órgãos afins.<br />

ENVIE EXPERIÊNCIAS DE<br />

SUCESSO DO SEU MUNICÍPIO<br />

Você pode ter as notícias, os<br />

projetos e os eventos <strong>do</strong> seu<br />

município publica<strong>do</strong>s em nossa<br />

revista ou site. Entre em contato<br />

conosco pelo cosemsal.@<br />

conasems.org.br ou pelo fone<br />

(82) 3326-5859 e saiba como<br />

participar.<br />

www.cosemsal.org<br />

Facebook: Cosemsal<br />

Twitter: @Cosemsal<br />

COLABORADORES<br />

Adeyne Farias de Andrade<br />

Agda Ferreira Bianco<br />

Alinne de Oliveira<br />

Edja Betânia da Rocha<br />

Edjane Bittencourt<br />

Erivanda Meireles<br />

Fábio Claudino Pereira<br />

Francine Regina Camilo<br />

Francisca Rosaline Mota<br />

Gerlane Dias da Silva<br />

Guilherme Pitta<br />

Izabel Borges<br />

Jackson Barros<br />

José Horgdys<br />

Joarez Ferreira<br />

Joseane Granja<br />

Laura Patrícia de Omena<br />

Lizianne Rodrigues<br />

Luiz Carlos Dantas<br />

Kícia Guerra<br />

Marcos Vinícius André<br />

Marleide Ribeiro de Lira<br />

Maria Lucélia Hora<br />

Maria <strong>do</strong>s Prazeres de Barros<br />

Morgana Thereza Gomes<br />

Neélliton Ferreira<br />

Nilza Malta<br />

Normanda da Silva Santiago<br />

Paulo Ciriaco Filho<br />

Paulliana Buarque<br />

Patrícia Pereira Araújo<br />

Rafaela Brandão<br />

Rimelc Shirley Lins<br />

Sibele de Oliveira Arroxellas<br />

Silvana Gomes de França<br />

Sônia Moura<br />

Suely Nascimento<br />

Tereza Marluce Rocha<br />

Theny Mary Fireman<br />

EDITORI<strong>AL</strong><br />

A saúde é um bem coletivo que pertence a to<strong>do</strong><br />

brasileiro sem distinção de raça, nível social ou<br />

crença. To<strong>do</strong>s usam o SUS, presente no posto de<br />

saúde ou no hospital, assim como a água que vem da<br />

torneira ou <strong>do</strong> garrafão; <strong>do</strong> alimento que nos chega<br />

to<strong>do</strong>s os dias ao saneamento que corre debaixo <strong>do</strong><br />

chão.<br />

No centro <strong>do</strong> organismo que envolve a saúde está<br />

o nosso corpo e o mo<strong>do</strong> como lidamos com ele.<br />

Seja realizan<strong>do</strong> um trabalho artístico e manual –<br />

como Dona Irinéia e seu Antônio, artistas populares<br />

alago<strong>ano</strong>s aborda<strong>do</strong>s na editoria P<strong>ano</strong>rama –,<br />

desenvolven<strong>do</strong> uma ação coletiva ou simplesmente<br />

recortan<strong>do</strong> os espaços físicos, o nosso corpo<br />

representa a materialização de quem somos.<br />

O cuida<strong>do</strong> com o Ser não deve limitar-se apenas em<br />

procurar apoio quan<strong>do</strong> estamos <strong>do</strong>entes. A iniciativa<br />

de pôr em prática hábitos que ajudam a nos manter<br />

saudáveis por inteiro é essencial, como praticar<br />

atividades que nos movimentam e ao mesmo tempo<br />

nutrem a nossa essência com outras percepções de<br />

mun<strong>do</strong>.<br />

A arte se encaixa perfeitamente nesse contexto. São<br />

as manifestações artísticas que traduzem como o<br />

homem observa a vida e a sua existência. Além da<br />

função cultural e social, a arte integra, transforma,<br />

equilibra e questiona. Com ela, somos capazes de<br />

expressar algo que nos ultrapassa.<br />

A terceira edição da revista <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong> convida<br />

você, nosso leitor, a experimentar o resulta<strong>do</strong> da<br />

união da saúde, <strong>do</strong> corpo e da alma. Cuidar de si é<br />

cuidar <strong>do</strong> outro.<br />

Patrícia Macha<strong>do</strong>


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

7 ENTREVISTA | O<strong>do</strong>rico Monteiro, secretário de Gestão Estratégica e Participativa<br />

<strong>do</strong> Ministério da Saúde<br />

14 ESPECI<strong>AL</strong> | Consórcios Intermunicipais de Saúde em Alagoas<br />

19 Desafios para a construção das redes regionalizadas e integradas de atenção à<br />

saúde no SUS<br />

24 EQUIPE TÉCNICA<br />

25 Gestão <strong>do</strong> Risco Sanitário<br />

26 SIOPS a partir <strong>do</strong> Decreto Nº 7.827/2012<br />

28 APL de plantas medicinais gera oportunidades a agricultores<br />

31 Participação na CIR garante benefícios às Regiões de Saúde<br />

32 Atenção Primária como ordena<strong>do</strong>ra das Redes<br />

34 Caminhos <strong>do</strong> Telessaúde em Alagoas<br />

36 Ampliação <strong>do</strong> acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos<br />

41 Qualifar-SUS aprimora a Assistência Farmacêutica em Alagoas<br />

39 EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO<br />

46 Arapiraca<br />

48 Branquinha<br />

51 Feliz Deserto<br />

52 Messias<br />

54 Porto de Pedras<br />

56 Santana <strong>do</strong> Ipanema<br />

58 Santana <strong>do</strong> Mundaú<br />

59 Teotônio Vilela<br />

61 União <strong>do</strong>s Palmares<br />

69 PARCEIROS<br />

62 Núcleo de Saúde Pública: elo entre academia, serviços de saúde e movimentos sociais<br />

em Alagoas<br />

67 Um alerta ao pé diabético<br />

67 PROJETO “CINEMA NO B<strong>AL</strong>ANÇO DAS ÁGUAS”<br />

3


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

4<br />

DIRETORIA <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong><br />

PRESIDENTE<br />

Pedro Madeiro<br />

Secretário de Saúde de Jequiá da Praia<br />

VICE-PRESIDENTE<br />

Inês Brandão<br />

Secretária de Saúde de Messias<br />

SECRETÁRIO GER<strong>AL</strong><br />

Clo<strong>do</strong>al<strong>do</strong> Ferreira da Silva<br />

Secretário de Saúde de Jacaré <strong>do</strong>s Homens<br />

PRIMEIRA SECRETÁRIA<br />

Normanda da Silva Santiago<br />

Secretária de Saúde de Pão de Açúcar<br />

DIRETORA FINANCEIRA<br />

Nilza Rogério Malta<br />

Secretária de Saúde de Matriz <strong>do</strong> Camaragibe<br />

TESOUREIRA<br />

Camila Nogueira Valença<br />

Secretária de Saúde de Tanque D`Arca<br />

CONSELHO FISC<strong>AL</strong><br />

Vera Lúcia Costa<br />

Secretária de Saúde de Pene<strong>do</strong><br />

José Medeiros <strong>do</strong>s Santos<br />

Secretária de Saúde de Murici<br />

SUPLENTES<br />

Nívea Régia Soares<br />

Secretária de Saúde de Jundiá<br />

Maria Nizete Macha<strong>do</strong><br />

Secretária de Saúde de Paripueira<br />

VICE-PRESIDENTES DO <strong>COSEMS</strong> NAS CIRs<br />

Helineide Barbosa<br />

Secretária de Saúde de Pin<strong>do</strong>ba<br />

4ª Região de Saúde<br />

Kátia Betina Silveira<br />

Secretária de Saúde de Lagoa da C<strong>ano</strong>a<br />

7ª Região de Saúde<br />

Felipe Barros<br />

Secretário de Saúde de Olho D`Água <strong>do</strong> Casa<strong>do</strong><br />

10ª Região de Saúde<br />

EQUIPE TÉCNICA<br />

Neélliton Ferreira<br />

Apoia<strong>do</strong>r regional<br />

neellitonferreira@hotmail.com<br />

Joarez Ferreira<br />

Técnico em Saúde<br />

jfssaude.ferreira@gmail.com<br />

Lizianne Rodrigues<br />

Técnica em Saúde<br />

liziannerodrigues@hotmail.com<br />

Ervanda Meireles<br />

Técnica em Saúde<br />

erivandameireles@hotmail.com<br />

Rafaela Brandão<br />

Técnica em Saúde<br />

rafaelabrandaoalmeida@gmail.com<br />

Emília Martins<br />

Conta<strong>do</strong>ra<br />

emiliamartinss@hotmail.com<br />

Tereza Maria <strong>do</strong>s Santos<br />

Secretária Administrativa<br />

mtvcosta@hotmail.com<br />

Jackson Barros<br />

Coordena<strong>do</strong>r Administrativo<br />

jacksonbarros.al@gmail.com<br />

Patrícia Macha<strong>do</strong><br />

Assessoria em Comunicação Social<br />

patriciajornalista1@gmail.com


P<strong>AL</strong>AVRA DO PRESIDENTE<br />

Pedro Madeiro<br />

Presidente <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong><br />

Vice-presidente CONASEMS<br />

pedromadeiro@globo.com<br />

SUS alago<strong>ano</strong> e seus novos desafios<br />

É tempo de renovação e de grandes expectativas no<br />

SUS! Além da chegada <strong>do</strong>s novos prefeitos e secretários,<br />

nós devemos estar prepara<strong>do</strong>s para abraçar projetos que<br />

pretendem provocar transformações históricas <strong>do</strong> nosso<br />

Sistema Único de Saúde. Em pouco mais de vinte <strong>ano</strong>s,<br />

mudanças grandiosas tem integra<strong>do</strong> cada dia mais a<br />

gestão municipal, estadual e federal, proporcionan<strong>do</strong><br />

melhor acesso <strong>do</strong>s cidadãos aos serviços de saúde pública.<br />

O foco também está ainda mais abrangente diante<br />

dessa nova conformação <strong>do</strong> SUS. Temos, hoje, políticas<br />

atuan<strong>do</strong> em níveis excepcionais, a exemplo <strong>do</strong> Contrato<br />

Organizativo de Ação Pública, que se fundamenta na<br />

corrente de unificação <strong>do</strong> sistema de saúde. O COAP<br />

surge como projeto que pretende otimizar a gestão <strong>do</strong>s<br />

serviços, reduzin<strong>do</strong> custos e melhoran<strong>do</strong> a oferta.<br />

Em 2013, a diretoria <strong>do</strong> nosso Conselho erguerá<br />

bandeiras que tenham o propósito de contribuir<br />

substancialmente no desenvolvimento da saúde pública.<br />

Como meta de trabalho, o Cosems vai defender a<br />

proposta de inserção <strong>do</strong> COAP no programa Alagoas<br />

Tem Pressa, <strong>do</strong> governo estadual. Com isso, não teremos<br />

apenas o compromisso cartorial <strong>do</strong>s gestores municipais,<br />

mas o investimento, apoio e o acompanhamento <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> na execução <strong>do</strong> Contrato dentro das regiões de<br />

saúde. Se consagra<strong>do</strong>, um projeto dessa natureza vai<br />

projetar o SUS alago<strong>ano</strong> como exemplo de excelência<br />

para o país.<br />

A implantação de consórcios de saúde também é uma<br />

meta da nossa diretoria. Esse projeto já é realidade em<br />

vários esta<strong>do</strong>s brasileiros e, em to<strong>do</strong>s eles, os resulta<strong>do</strong>s<br />

estão acima das expectativas. A receita aqui segue os<br />

critérios de organização <strong>do</strong>s serviços, distribuição das<br />

referências, pulverização <strong>do</strong>s investimentos, estruturação<br />

<strong>do</strong>s equipamentos de saúde e qualificação da oferta.<br />

Uma gestão consorciada representa a integração de<br />

vários atores em torno de um mesmo propósito. Sabemos<br />

que os vazios assistenciais são enormes e complexos,<br />

mas se trabalharmos com coerência e determinação,<br />

poderemos reverter o quadro de Alagoas, que já deu saltos<br />

de qualidade, graças à união <strong>do</strong>s três entes federativos.<br />

Para que to<strong>do</strong>s esses propósitos se tornem realidade<br />

estamos trabalhan<strong>do</strong> com determinação para continuar<br />

fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Cosems a casa <strong>do</strong>s secretários municipais<br />

de saúde. Queremos que os gestores se sintam mais<br />

acolhi<strong>do</strong>s, numa estrutura organizada e tenham<br />

oportunidade de acessar qualquer informação que<br />

contribua no desenvolvimento da sua gestão. Nossos<br />

técnicos e apoia<strong>do</strong>res estão qualifica<strong>do</strong>s e à disposição<br />

<strong>do</strong>s gestores, para tirar dúvidas, compartilhar projetos e<br />

canalizar os desafios e sucessos nos municípios alago<strong>ano</strong>s.<br />

Viva o SUS!<br />

5


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

6


O<strong>do</strong>rico Monteiro,<br />

Secretário de Gestão Estratégica e<br />

Participativa <strong>do</strong> Ministério da Saúde<br />

DESVELO . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº2<br />

“Tenho usa<strong>do</strong> a metáfora de comparar o<br />

Contrato [COAP] com os trilhos. As redes de<br />

atenção são os vagões e as linhas de cuida<strong>do</strong>,<br />

os serviços de bor<strong>do</strong>. [...] Estamos estruturan<strong>do</strong><br />

as redes e o cuida<strong>do</strong>, mas eles não<br />

têm os trilhos, então não há como andar”<br />

Doutor em Saúde Coletiva, o médico Luiz O<strong>do</strong>rico Monteiro de Andrade, acompanha<br />

o Sistema Único de Saúde desde o nascimento. Nomea<strong>do</strong> secretário de Gestão<br />

Estratégica e Participativa <strong>do</strong> Ministério da Saúde, em 2011, O<strong>do</strong>rico, que também<br />

foi presidente <strong>do</strong> Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde [Conasems]<br />

recebeu a missão de continuar cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong> SUS, o jovem que segue em pleno processo<br />

de crescimento.<br />

Dentre as estratégias de amadurecimento desenvolvidas para melhorar e ampliar o<br />

alcance da população aos serviços de saúde, o destaque é o Cartão Nacional de Saúde,<br />

ferramenta que promete fazer com que to<strong>do</strong>s os sistemas falem, por meio da internet,<br />

numa só voz. Em entrevista especial à <strong>Revista</strong> <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>, o secretário explica<br />

os detalhes <strong>do</strong> Contrato Organizativo de Ação Pública [COAP]: outra novidade que<br />

pretende aprimorar a gestão <strong>do</strong> sistema.<br />

ENTREVISTA<br />

7


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

8<br />

REVISTA DO <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . Qual<br />

o justificativa para a criação <strong>do</strong><br />

Contrato Organizativo?<br />

O<strong>do</strong>rico Monteiro . Um <strong>do</strong>s grandes<br />

desafios coloca<strong>do</strong>s para o Sistema<br />

Único de Saúde, que virou prioridade<br />

na gestão da presidenta Dilma Rousseff<br />

e <strong>do</strong> ministro Alexandre Padilha, é o<br />

aprimoramento da gestão, da governança<br />

sistêmica <strong>do</strong> SUS. O nosso sistema de<br />

saúde, talvez, seja um <strong>do</strong>s programas de<br />

maior complexidade <strong>do</strong> ponto de vista<br />

da governança. Só para dar um exemplo,<br />

a maior parte <strong>do</strong>s países europeus tem<br />

sistemas universais unitários, com<br />

poucos opera<strong>do</strong>res sistêmicos. Nós<br />

criamos um sistema universal, num<br />

país continental, com 5.565 municípios<br />

e um atendimento descentraliza<strong>do</strong>.<br />

Estamos falan<strong>do</strong> de um organismo de<br />

complexidade grandiosa, com mais de<br />

cinco mil opera<strong>do</strong>res municipais. O<br />

conjunto de regramentos, que foram<br />

cria<strong>do</strong>s para dar base de sustentação<br />

ao SUS, foi foca<strong>do</strong> nessa perspectiva,<br />

nas definições <strong>do</strong> papel da União,<br />

Esta<strong>do</strong> e Municípios, só que a saúde<br />

tem uma necessidade, pelo princípio<br />

da integralidade e acessibilidade e<br />

resolutividade em ter uma articulação<br />

regional. O artigo 198 da Constituição<br />

Federal já aponta nessa perspectiva:<br />

o SUS é uma rede regionalizada e<br />

hierarquizada de saúde.<br />

RC . A Lei existente não justificaria a<br />

organização regionalizada?<br />

Monteiro . Desde a instituição <strong>do</strong> SUS<br />

na Constituição de 1988 e da criação das<br />

duas Leis orgânicas da saúde [Lei 8080<br />

e 8.142/90], a regulamentação de to<strong>do</strong><br />

o processo foi acontecen<strong>do</strong> de forma<br />

descentralizada, através de portarias.<br />

Com isso, ao longo <strong>do</strong> tempo, foise<br />

deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> a lei e optan<strong>do</strong>-se<br />

em construir um regramento paralelo,<br />

com base em portarias. Com isso, nós<br />

criamos, além da complexidade que é<br />

a gestão <strong>do</strong> Sistema, um conjunto mais<br />

intrica<strong>do</strong> ainda, regi<strong>do</strong> por normas e<br />

portarias que resultaram num vazio de<br />

regramentos. Esse debate foi leva<strong>do</strong> para<br />

a presidenta e para o ministro, junto à<br />

minuta de um decreto de regulamentação<br />

da Lei 8080, trabalho produzi<strong>do</strong> pela<br />

professora Lenir Santos. Assina<strong>do</strong> pela<br />

presidenta Dilma, o decreto 7.508/2011<br />

regulamenta a Lei 8080 e cria toda<br />

uma estrutura de gestão sistêmica e<br />

jurídica <strong>do</strong> SUS, dan<strong>do</strong> prosseguimento<br />

ao processo de descentralização e de<br />

fortalecimento <strong>do</strong> Sistema, ao tempo<br />

em que designa estruturas regionais. O<br />

decreto cria e define a região de saúde,<br />

estabelecen<strong>do</strong> o mínimo que cada região<br />

deve ter e também organiza a Comissão<br />

Intergestores Regionais [CIR]. Assim,<br />

vamos fortalecen<strong>do</strong> os consensos<br />

interfederativos <strong>do</strong> SUS, porque já foi<br />

cria<strong>do</strong> o consenso na região, que tem<br />

que ser feito com os prefeitos, com o<br />

Esta<strong>do</strong> e estruturas <strong>do</strong> Ministério da<br />

Saúde, indica o consenso com o Esta<strong>do</strong><br />

por meio da CIB e cria o consenso<br />

nacional, que é a CIT. Esse processo<br />

de organização tripartite estabelece<br />

um espaço de governança sistêmica na<br />

região, no esta<strong>do</strong> e no país.


RC . O que muda entre a situação<br />

atual e a anterior e o que acontece a<br />

partir de agora?<br />

Monteiro . To<strong>do</strong> o processo de<br />

articulação da municipalização foi sen<strong>do</strong><br />

feito em forma de arranjos regionais<br />

historicamente declarativos. O primeiro<br />

grande arranjo foi a Programação<br />

Pactuada Integrada [PPI], que é a<br />

declaração <strong>do</strong>s municípios que tem<br />

capacidade instalada maior que a sua<br />

população e possui condições de receber<br />

cidadãos e cidadãs de outros municípios<br />

que “ ...estamos tem capacidade instalada menor.<br />

Uma das coisas importantes criadas e<br />

trabalhan<strong>do</strong> o<br />

organizadas, a partir <strong>do</strong> decreto, é a<br />

região estímulo de saúde, da o ofer- planejamento regional<br />

e o mapa sanitário, com estabelecimento<br />

ta, da pesquisa,<br />

<strong>do</strong> mapa de metas. É designada,<br />

também, da tecnologia a partir e dessa organização, a<br />

Relação Nacional de Serviços de Saúde<br />

produção, além<br />

[Renases] com um espelhamento em<br />

cada da assistência esta<strong>do</strong> e região com a capacidade de<br />

atenção integral. Ademais, fica instituída<br />

farmacêutica, ”<br />

a Relação Nacional de Medicamentos<br />

Especiais [Rename], que define um<br />

espaço para fixação de padrão de acesso<br />

aos medicamentos que o Esta<strong>do</strong> tem que<br />

dispor ao cidadão. Para essa articulação<br />

interfederativa, o fruto desse consenso é o<br />

Contrato Organizativo de Ação Pública,<br />

instrumento jurídico que vai organizar o<br />

sistema de saúde naquela região.<br />

RC . Como é estabeleci<strong>do</strong> o COAP?<br />

Monteiro . Esse contrato deverá ser<br />

assina<strong>do</strong> pelos prefeitos, governo <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> e Ministério da Saúde. Até agora<br />

<strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s assinaram: Ceará, com<br />

dezenove regiões assinadas e três em<br />

andamento e o Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, com<br />

as quatro regiões de saúde <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

Nos demais esta<strong>do</strong>s, inclusive Alagoas, já<br />

promovemos uma série de reuniões com<br />

os prefeitos e técnicos. Esperamos que<br />

os novos gestores municipais participem<br />

da nossa agenda de acolhimento para<br />

dialogar sobre o COAP. Com isso, nós<br />

já melhoramos a governança sistêmica,<br />

porque você sai de 5.565 municípios<br />

para 430 regiões de saúde. O modelo<br />

anterior é da PPI e, mais recente, o Pacto<br />

de Gestão cria o Termo de Compromisso<br />

de Gestão, mas tratam de instrumentos<br />

que não levam em consideração a<br />

articulação regional. O Contrato muda<br />

significativamente o painel e prepara um<br />

novo desenho com escopo regional.<br />

RC . Há uma meta para assinatura <strong>do</strong><br />

COAP dentro das 430 regiões de saúde<br />

<strong>do</strong> país?<br />

Monteiro . Esse é um processo de<br />

adesão, o Ministério não pode forçar.<br />

Nossa meta é que haja o maior número<br />

de regiões dentro <strong>do</strong> COAP em 2013,<br />

com expectativa de universalização<br />

em 2014. O que estou sentin<strong>do</strong> é que<br />

há uma tendência da maior parte <strong>do</strong>s<br />

esta<strong>do</strong>s começarem a assinar em bloco, o<br />

que é uma coisa muito boa. Onde chego,<br />

às pessoas falam no COAP. Isso indica<br />

que o sentimento é de que a organização<br />

atual precisa ser mudada e o contrato<br />

aponta numa perspectiva de um novo<br />

arranjo, com um salto de qualidade na<br />

organização <strong>do</strong> Sistema.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

“O nosso sistema<br />

de saúde, talvez,<br />

seja um <strong>do</strong>s programas<br />

de maior<br />

complexidade <strong>do</strong><br />

ponto de vista da<br />

governança. ”<br />

9


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

“ Tu<strong>do</strong> aquilo<br />

que será leva<strong>do</strong><br />

para a região por<br />

meio <strong>do</strong> contrato<br />

é o espelho <strong>do</strong> espaço<br />

<strong>do</strong> município<br />

que é acompanha<strong>do</strong><br />

pelos<br />

conselheiros. ”<br />

10<br />

RC . O Ministério da Saúde vai aplicar<br />

recursos ou estabelecer políticas para<br />

as regiões que aderirem ao COAP?<br />

Monteiro . Hoje o financiamento é<br />

muito volta<strong>do</strong> para adesão <strong>do</strong> município<br />

à determinada política. Diante disso,<br />

estamos partin<strong>do</strong> para a possibilidade de<br />

uma articulação regional. Não digo que<br />

vai haver um financiamento específico<br />

em função <strong>do</strong> COAP, mas o Contrato<br />

vai aprimorar a gestão <strong>do</strong> atual recurso<br />

e, principalmente, vai melhorar o acesso<br />

<strong>do</strong>s cidadãos. É muito importante que<br />

entendamos que existe um vínculo<br />

forte entre esses dispositivos, que estão<br />

sen<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>s em função <strong>do</strong> Decreto,<br />

como a própria Conferência Nacional<br />

de Saúde, que colocou a questão <strong>do</strong><br />

acesso como prioridade. Se quisermos<br />

resumir o Decreto em duas palavras,<br />

seriam a qualificação <strong>do</strong> acesso.<br />

Atualmente, o percurso que o cidadão<br />

faz para resolver um problema de média<br />

e alta complexidade <strong>do</strong> seu município<br />

para outro, é muito desprotegi<strong>do</strong><br />

porque o acesso não está regula<strong>do</strong>. O<br />

planejamento melhora e qualifica esse<br />

acesso e o Contrato é esse ordenamento<br />

interfederativo. Tenho usa<strong>do</strong> a metáfora<br />

de comparar o Contrato como se ele<br />

fosse os trilhos. As redes de atenção são os<br />

vagões e as linhas de cuida<strong>do</strong> é o serviço<br />

de bor<strong>do</strong>. O problema é que estamos<br />

estruturan<strong>do</strong> as redes e o cuida<strong>do</strong>, mas<br />

eles não têm os trilhos, então não há<br />

como andar.<br />

RC . Qual a importância da<br />

participação <strong>do</strong> controle social <strong>do</strong><br />

processo de implantação <strong>do</strong> COAP?<br />

Monteiro . Tivemos um bom debate<br />

sobre assunto no Conselho Nacional de<br />

Saúde. Alguns levantaram a questão que<br />

o Decreto estava esvazian<strong>do</strong> o controle<br />

social, houve dúvidas se deveria haver<br />

o Conselho Regional ou não. É muito<br />

importante que se entenda o desenho<br />

federativo brasileiro. A estrutura<br />

municipal é de responsabilidade da<br />

gestão <strong>do</strong> sistema. O Conselho tem que<br />

estar vincula<strong>do</strong> à estrutura da federação,<br />

seja ele municipal, estadual ou nacional.<br />

Aquilo que o município vai pactuar com<br />

outro no âmbito da região é o que está no<br />

Pl<strong>ano</strong> Municipal de Saúde. O papel <strong>do</strong><br />

Conselho é deliberar sobre as diretrizes<br />

<strong>do</strong> Pl<strong>ano</strong> - esse é o ponto fundamental -<br />

acompanhar o processo de execução <strong>do</strong><br />

pl<strong>ano</strong> e, anualmente, analisar, avaliar e<br />

homologar o Relatório de Gestão feito<br />

pelo município. Tu<strong>do</strong> aquilo que será<br />

leva<strong>do</strong> para a região por meio <strong>do</strong> contrato<br />

é o espelho <strong>do</strong> espaço <strong>do</strong> município que é<br />

acompanha<strong>do</strong> pelos conselheiros. Outro<br />

ponto que consta no artigo 136 da Lei<br />

Orgânica da Saúde fala de um ponto<br />

que até hoje não tínhamos cumpri<strong>do</strong>,<br />

que é o planejamento ascendente. Nós<br />

construímos a ideia <strong>do</strong> Contrato de<br />

forma ascendente e integra<strong>do</strong> com os<br />

pl<strong>ano</strong>s municipal e estadual, fiscaliza<strong>do</strong> e<br />

acompanha<strong>do</strong> pelo Conselho Municipal<br />

de Saúde.


RC . Quais são as novidades em<br />

termo de tecnologias <strong>do</strong> MS para o<br />

DATASUS?<br />

Monteiro . Hoje temos uma base<br />

de mais de 180 milhões de pessoas<br />

cadastradas no cartão nacional de saúde.<br />

Dessa população, 31 milhões de usuários<br />

de pl<strong>ano</strong> de saúde estão cadastradas no<br />

sistema. A nossa meta é universalizar<br />

o cartão até 2014. O grande desafio é<br />

a integração <strong>do</strong>s sistemas, pois vários<br />

deles estão desintegra<strong>do</strong>s. Primeiro<br />

temos o cadastro <strong>do</strong> SUS [CadSUS],<br />

essa é a grande base que identifica<br />

individualmente cada pessoa; temos o<br />

sistema <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e de todas<br />

as unidades [CNES] e demais sistemas<br />

que são: o de atenção ambulatorial,<br />

atendimento hospitalar e regulação.<br />

Além disso, temos outros sistemas de<br />

informação, como os de nasci<strong>do</strong>s, de<br />

mortalidade, vigilância em saúde (no que<br />

diz respeito às <strong>do</strong>enças) e nenhum desses<br />

sistemas conversam entre si. A grande<br />

novidade foi construir o barramento –<br />

como o próprio nome diz - que é uma<br />

estrutura na Internet - uma barra que<br />

fará com que os sistemas se comuniquem<br />

a partir <strong>do</strong> número <strong>do</strong> cartão nacional de<br />

saúde. Essa é uma novidade que já está<br />

pronta e, com isso, teremos velocidade<br />

no acompanhamento e monitoramento.<br />

RC . E em qual fase estamos quanto à<br />

ampliação <strong>do</strong> acesso a esses da<strong>do</strong>s de<br />

forma unificada?<br />

Monteiro . Estamos na fase da<br />

conectividade. Não adianta ter um<br />

cartão, um sistema robusto e não possuir<br />

uma Internet eficaz nas unidades de<br />

saúde. O grande desafio, agora, é colocar<br />

Internet em 100% das unidades de saúde<br />

nos municípios. Estamos vivencian<strong>do</strong><br />

uma realidade em que as coisas estão<br />

acontecen<strong>do</strong> com muita rapidez. Hoje<br />

temos poucas unidades sem acesso e,<br />

acredito que, em um <strong>ano</strong> esse quadro<br />

estará reverti<strong>do</strong>. Para isso estamos<br />

trabalhan<strong>do</strong> com diagnóstico, vamos<br />

firmar parceria com as opera<strong>do</strong>ras de<br />

telefonia e Internet. Esse é um processo<br />

republic<strong>ano</strong>, tem que envolver o governo<br />

federal, que não é só o Ministério da<br />

Saúde, o Ministério das Comunicações,<br />

mas outros ministérios, além <strong>do</strong>s<br />

governos estaduais e municipais. Maceió<br />

é um bom exemplo quanto ao uso <strong>do</strong><br />

cartão, pois já existem várias unidades<br />

de saúde funcionan<strong>do</strong> com ele. Estamos<br />

implantan<strong>do</strong> um processo que denomino<br />

como simultâneo e assincrônico, pois<br />

trabalhamos em várias coisas ao mesmo<br />

tempo, mas com velocidades distintas.<br />

Nas capitais o sistema está bem avança<strong>do</strong>,<br />

como Maceió que tem o sistema com<br />

biometria, tem acesso à rede em várias<br />

unidades e está implantan<strong>do</strong> o cartão.<br />

RC . O Ministério da Saúde a<strong>do</strong>tou a<br />

prática de enviar cartas aos usuários <strong>do</strong><br />

SUS. Qual é exatamente a finalidade<br />

desse projeto?<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

11


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

12<br />

“ Como temos<br />

um sistema<br />

descentraliza<strong>do</strong>,<br />

o secretário de<br />

saúde da capital<br />

acaba sen<strong>do</strong><br />

responsável pelos<br />

seus usuários<br />

e metade <strong>do</strong>s<br />

alago<strong>ano</strong>s. ”<br />

Monteiro . A nossa secretaria trabalha<br />

com duas áreas extremamente<br />

importantes na relação com a população:<br />

gestão participativa (que envolve<br />

os movimentos sociais, conselhos<br />

municipais, estaduais e as conferências)<br />

e o sistema de ouvi<strong>do</strong>ria, com auditoria e<br />

controle interno <strong>do</strong> DENASUS. Na área<br />

da ouvi<strong>do</strong>ria, criamos a ouvi<strong>do</strong>ria ativa.<br />

Já enviamos mais de cinco milhões de<br />

cartas para os cidadãos que passaram por<br />

algum procedimento pago pelo SUS.<br />

Cada cidadão que é interna<strong>do</strong> recebe<br />

em seu <strong>do</strong>micílio uma carta para avaliar<br />

a qualidade <strong>do</strong> serviço, a estrutura <strong>do</strong><br />

hospital e como foi o atendimento<br />

presta<strong>do</strong> pela equipe de saúde. Essas<br />

informações serão devolvidas ao<br />

Ministério. Na correspondência, ainda é<br />

informa<strong>do</strong> ao paciente o valor gasto, o<br />

motivo e o perío<strong>do</strong> da internação. Essas<br />

informações são processadas e, onde<br />

detectamos problemas, entra o sistema<br />

nacional de auditoria [DENASUS],<br />

que envolve um componente federal,<br />

um estadual e um municipal. Como<br />

funcionamos sempre, independente de<br />

denúncias, nós realizamos uma média de<br />

mil auditorias por <strong>ano</strong>. Aproveito para<br />

pedir as pessoas, ao serem atendidas pelo<br />

Sistema Único de Saúde, que repassem<br />

seus da<strong>do</strong>s corretos para o cadastro, pois<br />

com aquela autorização hospitalar, o<br />

Ministério da Saúde entra em contato<br />

com o usuário.<br />

RC . Qual é a postura <strong>do</strong> Ministério<br />

diante das irregularidades encontradas<br />

pelo DENASUS?<br />

Monteiro . Nós tivemos problemas<br />

em Maceió, Rio de Janeiro e outros<br />

esta<strong>do</strong>s, os quais estamos investigan<strong>do</strong>.<br />

A partir da carta SUS enviada aos<br />

atendi<strong>do</strong>s, recebemos a denúncia<br />

por meio da ouvi<strong>do</strong>ria e, a partir daí,<br />

chegou à auditoria. Dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

caso, a responsabilidade passa a ser<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> município, porque o<br />

credenciamento é feito por um desses<br />

<strong>do</strong>is entes. Produzimos, então, um<br />

relatório de orientação, informan<strong>do</strong><br />

quais os procedimentos a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

para regularizar a situação. Dependen<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> caso, serão gera<strong>do</strong>s processos<br />

administrativos que podem culminar em<br />

punição.<br />

RC . O senhor esteve em Alagoas,<br />

durante o Congresso <strong>do</strong> Conasems<br />

[junho 2012] e participou <strong>do</strong><br />

lançamento <strong>do</strong> Cartão Nacional de<br />

Saúde dentro de unidades de Saúde da<br />

Família da capital. O que você pode<br />

observar sobre o funcionamento <strong>do</strong><br />

SUS em Maceió?<br />

Monteiro . Como toda capital, Maceió<br />

tem o enorme desafio de dar conta <strong>do</strong><br />

sistema de saúde para a sua população e<br />

ser referência para praticamente o esta<strong>do</strong><br />

inteiro. Isso não é pouca coisa. Como<br />

temos um sistema descentraliza<strong>do</strong>, o<br />

secretário de saúde da capital acaba<br />

sen<strong>do</strong> responsável pelos seus usuários e


metade <strong>do</strong>s alago<strong>ano</strong>s. Aí está o grande<br />

desafio que vamos ter com o uso <strong>do</strong><br />

cartão e com o sistema de gestão <strong>do</strong><br />

Contrato Organizativo de Ação Pública,<br />

melhoran<strong>do</strong> o processo de regulação,<br />

que considero ser a chave para o<br />

aprimoramento da gestão <strong>do</strong> SUS.<br />

RC . O senhor foi presidente <strong>do</strong><br />

Conasems. Qual a importância <strong>do</strong><br />

fortalecimento da rede Cosems para o<br />

Sistema Único de Saúde?<br />

Monteiro . Com a construção <strong>do</strong> SUS<br />

no Brasil, com o lega<strong>do</strong> social generoso<br />

que herdamos da Constituição Federal<br />

de 1988, algumas políticas públicas<br />

implantadas alargaram a base <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

brasileiro. A implantação <strong>do</strong> SUS é<br />

extremamente complexa e só foi possível<br />

porque novos atores entraram em cena.<br />

Na década de 70, o Sistema Único<br />

de Saúde estava sen<strong>do</strong> concebi<strong>do</strong> na<br />

academia. A trincheira na década de 80<br />

foi o parlamento, onde garantimos direito<br />

na Constituição. Na década de 90, foram<br />

os secretários municipais e estaduais que<br />

deram um novo fôlego nessa grande<br />

estruturação de um sistema centra<strong>do</strong><br />

em consensos, fazen<strong>do</strong> as pactuações<br />

na CIR, CIB e CIT. A Lei que criou o<br />

Conass e Conasems como estruturas <strong>do</strong><br />

SUS fez justiça à grandeza <strong>do</strong> Sistema,<br />

que possui a maior quantidade de<br />

opera<strong>do</strong>res sistêmicos, articula<strong>do</strong>s por<br />

uma estrutura confederada, dan<strong>do</strong> uma<br />

capilaridade fantástica. <br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

13


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Consórcios Intermunicipais<br />

de Saúde em Alagoas<br />

Proposta de Implantação recebe apoio <strong>do</strong>s<br />

municípios e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

A proposta que já é realidade em boa parte <strong>do</strong> país começa a tomar forma em Alagoas.<br />

A ideia central é ordenar os serviços de saúde, reduzin<strong>do</strong> custos e melhoran<strong>do</strong> o acesso<br />

da população. Os consórcios intermunicipais de saúde, conheci<strong>do</strong>s também como<br />

consórcios administrativos, são contratos firma<strong>do</strong>s entre entidades públicas de uma<br />

mesma natureza ou nível, com a finalidade de desenvolver atividades ou programas<br />

de interesse comum. A iniciativa tem si<strong>do</strong> defendida pelo presidente <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>,<br />

Pedro Madeiro, que avalia o projeto como uma alternativa para preencher os vazios<br />

assistenciais nas regiões de saúde alagoanas.<br />

A intenção é firmar o primeiro consórcio entre municípios <strong>do</strong> Litoral Sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

já no primeiro semestre de 2013. “Trata-se de uma proposta que visa, acima de tu<strong>do</strong>,<br />

à ampliação e a melhoria substancial <strong>do</strong> atendimento aos cidadãos, aliada à redução<br />

de custos arca<strong>do</strong>s pelos municípios. O consórcio de saúde representa um esforço de<br />

cooperação, basea<strong>do</strong> numa relação de igualdade entre os envolvi<strong>do</strong>s, ao mesmo tempo<br />

em que resguarda a autonomia de decisão <strong>do</strong>s municípios e cria um ambiente propício<br />

à implementação de políticas públicas regionais”, enfatiza Madeiro, ao reforçar que<br />

Alagoas é um <strong>do</strong>s poucos esta<strong>do</strong>s que ainda não implantou projetos dessa natureza.<br />

14<br />

Solidários, seremos união.<br />

Separa<strong>do</strong>s uns <strong>do</strong>s outros, seremos pontos de vista.<br />

Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.<br />

Bezerra de Menezes


Como forma de respaldar ainda<br />

mais seus argumentos, o presidente <strong>do</strong><br />

Cosems toma como base o Decreto<br />

7.508/11, que organiza os municípios<br />

em regiões de saúde, justamente com o<br />

propósito de deliberar ações, recursos e<br />

projetos que atendam a toda população<br />

ordenada dentro das regiões delimitadas<br />

no Pl<strong>ano</strong> Diretor de Regionalização.<br />

“Vamos fortalecer a gestão por meio<br />

de instrumentos diversos, entre eles a<br />

ata <strong>do</strong> registro de preços, garantin<strong>do</strong> a<br />

estabilidade nos custos da assistência<br />

farmacêutica, por exemplo,”, afirmou.<br />

Mas o assunto não é desconheci<strong>do</strong><br />

entre os gestores alago<strong>ano</strong>s. Além de<br />

levar o tema para debate em várias<br />

ocasiões, a Associação <strong>do</strong>s Municípios<br />

Alago<strong>ano</strong>s (AMA) organizou comissões<br />

de prefeitos e técnicos que visitaram o<br />

Ceará, Pernambuco e o Paraná, esta<strong>do</strong>s<br />

em que os consórcios estão implanta<strong>do</strong>s<br />

e responden<strong>do</strong> acima das expectativas<br />

aguardadas.<br />

O apoio para a implantação <strong>do</strong> projeto<br />

já ganhou a adesão <strong>do</strong> novo presidente<br />

da AMA, Marcelo Beltrão. “Através da<br />

regionalização, vamos suprir os anseios<br />

da população de cada município, já que a<br />

Associação tem o papel de zelar por todas<br />

as prefeituras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Por esta razão,<br />

seria necessário trabalhar mais próximo<br />

de cada gestor e <strong>do</strong>s seus secretários,<br />

capacitar os funcionários públicos –<br />

evitan<strong>do</strong> o processo de terceirização -, ou<br />

seja, fazer com que a AMA seja o ponto de<br />

convergência para formar um consórcio.<br />

Estamos no processo de sensibilização<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

<strong>do</strong>s demais prefeitos, que já demonstram<br />

interesse, especialmente porque a ação<br />

vai melhorar os atendimentos e reduzir<br />

as despesas com a saúde. Queremos<br />

começar o <strong>ano</strong> encaminha<strong>do</strong> à proposta<br />

para estu<strong>do</strong> nas Câmaras de Verea<strong>do</strong>res”,<br />

assegurou o presidente, que é prefeito <strong>do</strong><br />

município de Jequiá da Praia.<br />

A iniciativa, no entanto, só poderá<br />

ter sucesso com a adesão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Na<br />

avaliação <strong>do</strong> secretário estadual de Saúde<br />

(Sesau), Alexandre Tole<strong>do</strong>, Alagoas<br />

possui to<strong>do</strong>s os pré-requisitos para por<br />

em prática o projeto. Tole<strong>do</strong> defende que<br />

o consórcio seja inicia<strong>do</strong> em 2013 em<br />

uma das dez regiões de saúde <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,<br />

mas que se expanda de forma gradativa<br />

para to<strong>do</strong> o território alago<strong>ano</strong>.<br />

“Não cabe mais fazer administração<br />

<strong>do</strong> Sistema de forma dissociada. Até<br />

as leis brasileiras se configuram para<br />

agrupar ações e serviços. O Consórcio<br />

de saúde é um <strong>do</strong>s modelos que vem<br />

dan<strong>do</strong> certo em várias partes <strong>do</strong> país,<br />

justamente porque aperfeiçoa ações e dá<br />

um grande salto na gestão”, explicou o<br />

secretário, destacan<strong>do</strong> que o esta<strong>do</strong> tem<br />

interesse em apoiar a iniciativa.<br />

Considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores<br />

especialistas em modelos <strong>do</strong>s sistemas<br />

locais de saúde, o sanitarista Eugênio<br />

Vilaça Mendes, defende a instituição <strong>do</strong><br />

consórcio intermunicipal, e caracteriza<br />

a proposta como um importante<br />

instrumento de arranjo intermunicipal<br />

para a prestação de serviços de saúde.<br />

Vilaça destaca que os consórcios deverão<br />

ser cria<strong>do</strong>s com a finalidade de superar<br />

ESPECI<strong>AL</strong><br />

15


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

problemas, especialmente no que diz<br />

respeito às dificuldades encontradas pelos<br />

municípios quanto à baixa capacidade<br />

gerencial com que, em geral, o SUS é<br />

opera<strong>do</strong>.<br />

“[...] Um processo de desenvolvimento<br />

institucional <strong>do</strong>s Consórcios<br />

Intermunicipais de Saúde deve ser<br />

instituí<strong>do</strong>, especialmente sob a forma<br />

de consórcios públicos, com o objetivo<br />

de capacitá-los a exercitar a prestação,<br />

efetiva e eficiente, de serviços regionais<br />

como, por exemplo, a prestação<br />

de serviços de atenção secundária<br />

ambulatorial, de sistemas regionais de<br />

patologia clínica, de sistemas regionais<br />

de transporte em saúde, etc. Esse<br />

processo deve envolver, pelo menos,<br />

a adequação <strong>do</strong>s consórcios ao Pl<strong>ano</strong><br />

Diretor de Regionalização, a obediência<br />

estrita aos regramentos <strong>do</strong> SUS e um<br />

processo de capacitação <strong>do</strong>s gerentes<br />

de consórcios que poderia evoluir para<br />

uma certificação ocupacional de seus<br />

gerentes, feita pelos órgãos competentes<br />

<strong>do</strong> SUS [...]”, explica em um <strong>do</strong>s trechos<br />

de seu livro As redes de atenção à saúde,<br />

publica<strong>do</strong> em 2011.<br />

16<br />

COMO funCiOna?<br />

Os consórcios intermunicipais<br />

de saúde têm natureza contratual e<br />

implicam na criação de uma pessoa<br />

jurídica de direito priva<strong>do</strong> (civil ou<br />

comercial), vinculada às finalidades <strong>do</strong><br />

consórcio, que assume os direitos e as<br />

obrigações inerentes para executá-lo. A<br />

estrutura de gestão é autônoma e requer<br />

orçamentos próprios, constituí<strong>do</strong>s e<br />

financia<strong>do</strong>s pelos gestores municipais.<br />

O objetivo <strong>do</strong> projeto é solucionar<br />

demandas específicas ou problemas de<br />

saúde que não podem ser resolvi<strong>do</strong>s de<br />

forma isolada por cada município.<br />

A partir da edição da Lei n.<br />

11.107/2005, a instituição de consórcios<br />

na área de Saúde deve ser baseada em<br />

suas orientações: Lei n. 11.107, de 6 de<br />

abril de 2005; Decreto n. 6.017, de 17<br />

de janeiro de 2007, Consórcios Públicos<br />

(pessoa jurídica formada exclusivamente<br />

por entes da federação, na forma da Lei<br />

n. 11.107/2005, para estabelecer relações<br />

de cooperação federativa, inclusive<br />

à realização de objetivos de interesse<br />

comum, constituída como associação<br />

pública, com personalidade jurídica de<br />

direito público e natureza autárquica, ou<br />

como pessoa jurídica de direito priva<strong>do</strong><br />

sem fins econômicos).<br />

Analisa<strong>do</strong>s os limites constitucionais<br />

e legais, as finalidades <strong>do</strong>s consórcios<br />

públicos serão determinadas pelos<br />

entes que se consorciarem, inclusive,


por oferecer as ações e os serviços de<br />

saúde de forma a obedecer a princípios,<br />

diretrizes e normas que regulam o<br />

Sistema Único de Saúde. Ainda que<br />

revesti<strong>do</strong>s de personalidade jurídica de<br />

direito priva<strong>do</strong>, o consórcio observará<br />

as normas de direito público, no que se<br />

referir a realização de processo licitatório,<br />

celebração de contratos, admissão de<br />

pessoal (regi<strong>do</strong> pela Consolidação das<br />

Leis <strong>do</strong> trabalho – CLT) e à prestação de<br />

contas.<br />

Os entes da Federação consorcia<strong>do</strong>s<br />

respondem subsidiariamente pelas<br />

obrigações <strong>do</strong> consórcio público,<br />

que podem ser constituí<strong>do</strong>s para a<br />

execução de ações e programas em áreas<br />

diversas da gestão pública, como saúde,<br />

manejo de resíduos sóli<strong>do</strong>s, educação,<br />

abastecimento de água, esgotamento<br />

sanitário, uso de equipamentos coletivos,<br />

entre outras finalidades. Para constituirse,<br />

são necessárias três etapas sequenciais.<br />

Protocolo de intenções - Contrato<br />

preliminar que, ratifica<strong>do</strong> pelos entes<br />

da Federação interessa<strong>do</strong>s, converte-se<br />

em contrato público. Deve ser subscrito<br />

pelo pelos chefes <strong>do</strong> Poder Executivo<br />

de cada um <strong>do</strong>s consorcia<strong>do</strong>s e deverá<br />

ser publica<strong>do</strong> na imprensa oficial, para<br />

conhecimento público, especialmente da<br />

sociedade civil e <strong>do</strong>s órgãos de controle.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Ratificação - A ratificação <strong>do</strong> protocolo<br />

de intenções se efetua por meio de lei, na<br />

qual cada legislativo aprova o protocolo<br />

de intenções. O protocolo de intenções<br />

e a ratificação resultam no contrato de<br />

constituição <strong>do</strong> consórcio público.<br />

EstatutOs<br />

O consórcio será organiza<strong>do</strong> por<br />

estatutos cujas disposições, sob pena<br />

de nulidade, deverão atender a todas as<br />

cláusulas <strong>do</strong> seu contrato constitutivo.<br />

Deverão ser elabora<strong>do</strong>s por meio de<br />

assembleia geral <strong>do</strong> consórcio público<br />

– os estatutos de consórcios públicos de<br />

direito público produzirão seus efeitos<br />

mediante publicação na imprensa oficial.<br />

No caso de consórcios públicos de<br />

direito priva<strong>do</strong>, a personalidade jurídica<br />

<strong>do</strong> consórcio será adquirida mediante o<br />

registro civil <strong>do</strong>s estatutos.<br />

Vale ressaltar que, como o<br />

consorciamento é voluntário, nenhum<br />

ente federativo pode ser obriga<strong>do</strong> a<br />

aderir ou a permanecer consorcia<strong>do</strong>, no<br />

entanto, sua retirada de um consórcio<br />

já constituí<strong>do</strong> dependerá de ato formal<br />

de seu representante na assembleia geral,<br />

na forma previamente ordenada por lei.<br />

Como o consorciamento se efetivou por<br />

17


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

18<br />

ratificação de lei, sua retirada deve ser<br />

respaldada por lei específica. A remoção<br />

ou a extinção <strong>do</strong> consórcio público não<br />

prejudicará as obrigações já constituídas.<br />

saBER COMPLEMEntaR<br />

Decreto nº 6.017, de 17 de Janeiro de<br />

2007 - Regulamenta a Lei no 11.107,<br />

de 6 de abril de 2005, que dispõe<br />

sobre normas gerais de contratação de<br />

consórcios públicos.<br />

O SUS de A a Z : garantin<strong>do</strong> saúde<br />

nos municípios / Ministério da Saúde,<br />

Conselho Nacional das Secretarias<br />

Municipais de Saúde. 3. ed. Brasília :<br />

Editora <strong>do</strong> Ministério da Saúde, 2009.<br />

Decreto nº 7.508, de 28 de junho<br />

de 2001: regulamentação da Lei nº<br />

8.080/90/Ministério da Saúde. Secretaria<br />

de Gestão Estratégica e Participativa.<br />

Brasília: Ministério da Saúde, 2011.<br />

Mendes, Eugênio Vilaça. As redes de<br />

atenção à saúde. Brasília: Organização<br />

Pan-Americana da Saúde, 2011.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº2


“Quem não compreende<br />

um olhar, tampouco<br />

compreenderá uma longa<br />

explicação”<br />

Mário Quintana<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Desafios para a construção das redes<br />

regionalizadas e integradas de atenção à<br />

saúde no SUS<br />

A ideia de regionalização da saúde<br />

nasceu na Inglaterra, onde foi idealiza<strong>do</strong><br />

o primeiro modelo de redes de atenção,<br />

em 1920.<br />

No Brasil, a aprovação <strong>do</strong> Pacto pela<br />

Saúde, com a publicação da Portaria nº<br />

399/GM de 22 de fevereiro de 2006,<br />

além de reafirmar o compromisso <strong>do</strong>s<br />

gestores de saúde das três esferas <strong>do</strong><br />

governo com os princípios e diretrizes<br />

<strong>do</strong> SUS, traz a regionalização da saúde<br />

com mais força para a agenda <strong>do</strong> SUS,<br />

em que é retomada a questão da regionalização,<br />

com critérios mais flexíveis, de<br />

acor<strong>do</strong> com a diversidade existente no<br />

país. O Pacto redefine, também, as responsabilidades<br />

de cada gestor.<br />

È importante lembrar que o SUS<br />

deve se organizar em redes, conforme<br />

determina a Constituição. Esse tema<br />

esteve presente, de forma explícita ou<br />

implícita, na agenda da reforma sanitária,<br />

desde o seu início.<br />

As redes regionalizadas e integradas<br />

de atenção à saúde oferecem condição<br />

estruturalmente mais adequada para<br />

efetivação da integralidade da atenção<br />

e reduzem os custos <strong>do</strong>s serviços por<br />

imprimir uma maior racionalidade<br />

sistêmica na utilização <strong>do</strong>s recursos.<br />

“As redes são sinônimos de integração<br />

de to<strong>do</strong>s os elementos de uma contextura<br />

(funcional, clínica, de cuida<strong>do</strong>s,<br />

normativa e sistêmica) e deve ser capaz<br />

de operar de forma sustentável, com<br />

governança e ato normativo institu-<br />

19


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

cionaliza<strong>do</strong> para o seu funcionamento.”<br />

Por que pensar em Redes? Porque precisamos<br />

focar nas necessidades de saúde<br />

da população, estudar a correspondência<br />

entre a capacidade de oferta de serviços<br />

e suas necessidades, estar atentos à coordenação<br />

e articulação da atenção envolven<strong>do</strong><br />

vários presta<strong>do</strong>res, implantar<br />

Sistemas de Informação articulan<strong>do</strong> pacientes,<br />

presta<strong>do</strong>res e paga<strong>do</strong>res e subsidian<strong>do</strong><br />

a tomada de decisão, enfim,<br />

buscar a qualidade e efetividade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong><br />

e satisfação <strong>do</strong> usuário, utilizan<strong>do</strong><br />

o uso de incentivos financeiros e estruturas<br />

organizacionais para harmonizar os<br />

diversos níveis decisórios - gestão, corpo<br />

clínico e outros profissionais, induzin<strong>do</strong><br />

o compartilhamento de objetivos.<br />

A integração da saúde com constituição<br />

de redes regionalizadas e integradas<br />

de atenção é condição indispensável para<br />

a qualificação e continuidade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong><br />

à saúde e tem grande importância na superação<br />

de lacunas assistenciais, racionalização<br />

e otimização <strong>do</strong>s recursos assistenciais<br />

disponíveis.<br />

As redes são desenhadas a partir de<br />

um conceito que inclui planejamento,<br />

gestão e financiamento em cooperação<br />

intergovernamental – nas três esferas – e<br />

permitem soluções de saúde integradas e<br />

adaptadas às necessidades da população<br />

de cada região.<br />

Os principais componentes das redes<br />

integradas e regionalizadas de atenção<br />

à saúde são: (1) os espaços territoriais e<br />

suas respectivas populações com necessidades<br />

e demandas por ações e serviços de<br />

saúde; (2) os serviços de saúde ou “pontos<br />

da rede”, devidamente caracteriza<strong>do</strong>s<br />

quanto às suas funções e objetivos;<br />

(3) a logística que orienta e controla o<br />

acesso e o fluxo <strong>do</strong>s usuários; e (4) o sistema<br />

de governança, que compreendem<br />

o conjunto <strong>do</strong>s arranjos institucionais<br />

necessários para a cooperação das instituições,<br />

organizações e atores sociais e<br />

políticos, que participam das redes de<br />

atenção à saúde.<br />

É de fundamental importância a interligação<br />

<strong>do</strong>s serviços de saúde da rede<br />

para garantir a integralidade da saúde<br />

20 20


<strong>do</strong> paciente, uma vez que a maioria <strong>do</strong>s<br />

municípios não é capaz de arcar sozinho<br />

com a assistência à saúde <strong>do</strong> cidadão.<br />

Os benefícios em ter uma rede de atenção<br />

de boa qualidade se refletem em<br />

vários aspectos: melhoria nos indica<strong>do</strong>res<br />

de saúde, redução da mortalidade<br />

infantil, de <strong>do</strong>enças crônicas e taxa de<br />

internação e redução de gastos. O que<br />

interessa numa boa gestão em rede é o<br />

valor público decorrente da melhoria das<br />

condições de saúde.<br />

No trinômio espaço territorial/população/<br />

serviços de saúde, deve-se enfatizar<br />

a importância primordial da atenção<br />

primária à saúde (APS) como coordena<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> e ordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> acesso<br />

<strong>do</strong>s usuários para os demais pontos de<br />

atenção.<br />

Um novo conceito que a saúde está<br />

trabalhan<strong>do</strong> é a priorização da atenção<br />

básica, em que é necessário fazer um diagnóstico<br />

de qualidade e seguro para que<br />

toda a rede de cuida<strong>do</strong>s funcione sem<br />

desperdícios.<br />

A estruturação da rede de atendimento<br />

básico vem sen<strong>do</strong>, ainda hoje, um<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

enorme desafio para a maioria <strong>do</strong>s municípios<br />

<strong>do</strong> país. A tarefa de coordenar o<br />

incremento da atenção básica com as demandas<br />

por média e alta complexidade e<br />

os princípios da integralidade <strong>do</strong> atendimento,<br />

em nível local, parece ainda mais<br />

complexa, mostran<strong>do</strong> a importância das<br />

diversas propostas em curso de regionalização<br />

e de criação de consórcios intermunicipais.<br />

A integralidade da atenção<br />

como princípio <strong>do</strong> SUS é inquestionável,<br />

mas sem o fortalecimento da rede básica<br />

de serviços e mudança <strong>do</strong> modelo assistencial,<br />

sua implementação e resulta<strong>do</strong>s<br />

são extremamente incertos.<br />

Para um gestor, a inovação é uma função<br />

fundamental em que precisa de competências<br />

para administrar o processo<br />

de mudança da melhor forma, visan<strong>do</strong><br />

conter os custos e o tempo, minimizar<br />

os riscos e maximizar o impacto. O significa<strong>do</strong><br />

profun<strong>do</strong> da inovação na gestão<br />

em saúde é introduzir mudanças que<br />

resultem num melhoramento concreto<br />

e mensurável. Esse melhoramento deve<br />

envolver diferentes características de<br />

gestão como o desempenho, a qualidade,<br />

21


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

a eficiência e a satisfação <strong>do</strong>s usuários.<br />

A gestão convive com alguns desafios<br />

estruturantes: a oferta de recursos ainda é<br />

insuficiente para atender às necessidades<br />

da população, existe a necessidade de<br />

rompimento <strong>do</strong> modelo de saúde com<br />

características hegemônicas centra<strong>do</strong> em<br />

procedimentos e a imprescindível organização<br />

da produção <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> a partir<br />

das necessidades <strong>do</strong> usuário, instituin<strong>do</strong><br />

um modelo usuário-centra<strong>do</strong>.<br />

Podemos citar <strong>do</strong>is fatores que contribuem<br />

para o sucesso <strong>do</strong>s territórios: o<br />

compromisso <strong>do</strong>s dirigentes e o envolvimento<br />

das equipes de saúde.<br />

Em Alagoas, o processo de regionalização<br />

vem avançan<strong>do</strong> com a atualização<br />

<strong>do</strong> PDR. Temos, hoje, 10 regiões de<br />

saúde.<br />

A atual grande diretriz da SAS para o<br />

perío<strong>do</strong> 2011-2014 é a implantação das<br />

RAS, ten<strong>do</strong> sua gestão no âmbito federal.<br />

O <strong>do</strong>cumento de referência conten<strong>do</strong><br />

as Diretrizes para a Organização das<br />

RAS no âmbito <strong>do</strong> SUS foi oficializa<strong>do</strong><br />

através da portaria GM/MS nº 4.279, de<br />

30/12/1. Após pactuação tripartite, em<br />

2011, foram priorizadas as Redes temáticas:<br />

Rede Cegonha, que tem um recorte<br />

de atenção à gestante e de atenção à criança<br />

até 24 meses, é uma estratégia de<br />

mudança da atenção obstétrica e infantil,<br />

por meio da implementação de uma rede<br />

de cuida<strong>do</strong>s.<br />

No esta<strong>do</strong> de Alagoas, a partir da Portaria<br />

Estadual nº 293, de 19 setembro<br />

de 2011, Institui-se o Grupo Condutor<br />

Estadual da Rede Cegonha de Alagoas.<br />

Atualmente foram aprova<strong>do</strong>s os Pl<strong>ano</strong>s<br />

de Ação Regional da 1ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e<br />

7ª regiões de saúde, com liberação, inclusive,<br />

de recursos financeiros para investimento<br />

e custeio para esta rede. Estamos<br />

no passo 3 <strong>do</strong> processo de operacionalização<br />

que é a Contratualização <strong>do</strong>s pontos<br />

de atenção .<br />

A Rede de Urgência e Emergência tem<br />

a finalidade de articular e integrar to<strong>do</strong>s<br />

os equipamentos de saúde para ampliar<br />

22<br />

22


e qualificar o acesso humaniza<strong>do</strong> e integral<br />

aos usuários nos serviços de saúde de<br />

forma ágil e oportuna.<br />

Através da Portaria Estadual nº 44, de<br />

27/02/2012, instituiu-se o Grupo Condutor<br />

Estadual da Rede de Urgência de<br />

Alagoas. Atualmente foram aprova<strong>do</strong>s os<br />

Pl<strong>ano</strong>s de Ação Regional da 1ª e 7ª região<br />

de saúde.<br />

A Rede de Atenção Psicossocial -<br />

RAPS - Rede de saúde mental integrada,<br />

articulada e efetiva nos diferentes pontos<br />

de atenção, para atender às pessoas em<br />

sofrimento e/ou com demandas decorrentes<br />

<strong>do</strong>s transtornos mentais e/ou<br />

<strong>do</strong> consumo de álcool, crack e outras<br />

drogas. Objetiva a construção de serviços<br />

diferencia<strong>do</strong>s às suas necessidades.<br />

Em 2012 instituiu-se o Grupo Condutor<br />

Estadual da Rede de Atenção<br />

Psicossocial, que já foi aprova<strong>do</strong> em CIR<br />

e CIB e, o desenho da rede, está em fase<br />

final para encaminhamento ao Ministério<br />

da Saúde.<br />

A Rede de Cuida<strong>do</strong>s da Pessoa com<br />

Deficiência define critérios para implantação<br />

de cada componente e o financiamento<br />

por modalidade, de acor<strong>do</strong> com<br />

as portarias ministeriais nº. 793, de 24<br />

de abril de 2012, que instituiu a Rede e<br />

nº 835, de 28 de abril de 2012, propon<strong>do</strong><br />

financiamento <strong>do</strong>s serviços.<br />

Através da Portaria Estadual nº 133,<br />

18/06/2012, instituiu-se o Grupo Condutor<br />

Estadual da Rede de Cuida<strong>do</strong>s da<br />

Pessoa com Deficiência, em fase de elaboração<br />

<strong>do</strong> diagnóstico, etapa de suma<br />

importância para a conclusão <strong>do</strong> desenho<br />

da rede.<br />

A Rede de Atenção às Doenças Crônicas<br />

que inicia-se pelo enfrentamento <strong>do</strong><br />

câncer de mama e <strong>do</strong> câncer de colo <strong>do</strong><br />

útero. Atualmente estamos na fase inicial<br />

de construção <strong>do</strong> diagnóstico.<br />

A importância da construção de redes<br />

é identificada no momento em que os<br />

municípios melhoram o acesso e a qualidade<br />

para os usuário <strong>do</strong> SUS. Observamos<br />

que tais características se dão através<br />

<strong>do</strong> formato de redes, porque é pensa<strong>do</strong><br />

na assistência ao usuário, desde a atenção<br />

básica até o maior nível de complexidade.<br />

Para qualquer município é o<br />

momento de fazer articulações de redes<br />

interfederativas para a construção de um<br />

pl<strong>ano</strong> único e fortaleci<strong>do</strong> a partir da necessidade<br />

da população.<br />

Considero que o grupo Condutor<br />

de Redes tem oportuniza<strong>do</strong>, através de<br />

momentos dialógicos, num processo<br />

de construção coletiva, reflexões sobre<br />

novos jeitos <strong>do</strong> fazer assistência, de como<br />

precisam entrar em curso com referência<br />

na escuta aos usuários, da necessidade<br />

de criação de dispositivos de escuta, decodificação<br />

e trabalho. Sabemos que hoje<br />

é possível falar em integralidade e humanização,<br />

que advém da qualidade da<br />

atenção, <strong>do</strong> compromisso com o ato de<br />

cuidar, seja individual ou coletivamente.<br />

ATITUDE ATITUDE . . revista <strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Por Sônia Moura/<br />

Apoia<strong>do</strong>ra Ministério<br />

da Saúde<br />

23


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

24<br />

O BaRRO E a jaquEiRa<br />

Mãos habili<strong>do</strong>sas tentam reconstituir personagens de uma história de<br />

luta pela sobrevivência. Moldan<strong>do</strong> o barro, <strong>do</strong>na Irinéia e Seu Antônio<br />

relembram o dia em que a família salvou-se graças a uma imponente árvore<br />

que combateu de pé e sem se curvar a enchente <strong>do</strong> Rio Paraíba, que<br />

causou destruição e morte em 19 cidades alagoanas.<br />

No dia da maior cheia em três décadas, a comunidade estava toda no<br />

Muquém. À medida que a água subia, paredes e objetos se desprendiam<br />

com rapidez, causan<strong>do</strong> desespero e me<strong>do</strong> generaliza<strong>do</strong>. A jaqueira era a<br />

única estrutura que a água não conseguia derrubar.<br />

Plantada há muitos <strong>ano</strong>s, suas raízes cravaram o chão com a profundidade<br />

e força necessária para salvar a si e livrar mais 54 almas. Como<br />

agradecimento à sobrevivência de homens, mulheres, i<strong>do</strong>sos, crianças e<br />

animais, a jaqueira foi consagrada como um símbolo de gratidão, respeito<br />

e resistência <strong>do</strong>s quilombolas.


Gestão <strong>do</strong> risco sanitário<br />

Os riscos sanitários estão presentes<br />

nos diversos contextos da vida, nas<br />

diversas áreas da atividade humana. Na<br />

definição de Costa (2000), “[...] risco é<br />

a probabilidade de ocorrência de efeitos<br />

adversos relaciona<strong>do</strong>s a objetos submeti<strong>do</strong>s<br />

a controle sanitários. [...]” e a vigilância<br />

sanitária tem a tarefa de avaliar e gerenciar<br />

esses riscos, com o objetivo de proteger a<br />

população, que necessita de respostas, se<br />

não faz uma articulação com as demais<br />

áreas <strong>do</strong> setor saúde, principalmente,<br />

com a vigilância epidemiológica, que tem<br />

fundamental importância nas suas ações e<br />

na definição de prioridades das ações da<br />

vigilância sanitária.<br />

Destacamos, também, a importância<br />

da integração com a atenção primária, que<br />

possibilita o vínculo da vigilância sanitária<br />

com a comunidade. O desenvolvimento<br />

das ações de forma articulada com<br />

as demais áreas produz um impacto<br />

significativo na saúde da população. As<br />

ações devem ser planejadas de forma que<br />

a gestão tenha governabilidade sobre o<br />

que planeja, organicidade e capacidade de<br />

resposta.<br />

É importante lembrar que a tarefa da<br />

vigilância sanitária não se encerra com<br />

o uso <strong>do</strong> produto, ou seja, ela continua<br />

buscan<strong>do</strong> os possíveis riscos que esse<br />

produto pode trazer ao ser utiliza<strong>do</strong> pela<br />

por Nilza Maria<br />

Rogério Malta<br />

Secretária de Saúde<br />

de Matriz de Camaragibe<br />

população. Visan<strong>do</strong> garantir o que está<br />

previsto no artigo 6º da Constituição<br />

Federal - acesso ao consumo seguro e<br />

à saúde-, foi criada A Rede Consumo<br />

Seguro e Saúde das Américas (RCSS),<br />

coordenada pela Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Americ<strong>ano</strong>s (OEA) e a Organização Pan-<br />

Americana da Saúde (OPAS), com apoio<br />

de grupo técnico assessor, integra<strong>do</strong><br />

por vários países, incluin<strong>do</strong> o Brasil<br />

(Disponível em: ).<br />

Em âmbito nacional foi instituí<strong>do</strong><br />

o Grupo de Trabalho Consumo<br />

Seguro e Saúde (RCSS-GT), que<br />

tem como principal objetivo traçar<br />

estratégias de mobilização e articulação<br />

interinstitucional, visan<strong>do</strong> ampliar<br />

a proteção à saúde e à segurança <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res brasileiros.<br />

Com o objetivo de discutir o novo<br />

perfil da vigilância sanitária, propician<strong>do</strong><br />

uma mudança nos conceitos, a Agência<br />

Nacional de Vigilância Sanitária<br />

(ANVISA) ,realizou, no perío<strong>do</strong> de 6 a 7<br />

de novembro, a I Oficina de Gestão <strong>do</strong><br />

Risco Sanitário no âmbito <strong>do</strong> controle<br />

e monitoramento, com a participação<br />

de um representante <strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>.<br />

As discussões terão continuidade em<br />

nível estadual com a participação <strong>do</strong>s<br />

municípios. <br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

PANORAMA<br />

25


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

SIOPS a partir <strong>do</strong> Decreto Nº 7.827/2012<br />

Importante instrumento de Gestão e<br />

Planejamento, o Sistema de Orçamentos<br />

Públicos em Saúde (SIOPS) tem<br />

como principal objetivo disponibilizar<br />

informações da União, Esta<strong>do</strong>s, Distrito<br />

Federal e Municípios sobre a aplicação<br />

mínima <strong>do</strong>s recursos próprios investi<strong>do</strong>s<br />

em Ações e Serviços Públicos de Saúde<br />

- ASPS, conforme preconiza Emenda<br />

Constitucional 29/2000, regulamentada<br />

após 12 <strong>ano</strong>s, pela Lei Complementar<br />

141, de 16 de janeiro de 2012.<br />

Os avanços decorrentes desta<br />

regulamentação não se limitam apenas à<br />

revogação de dispositivos das Leis 8.080,<br />

de 19 de setembro de 1990 e 8.689, de<br />

27 de julho de 1993 e <strong>do</strong>s critérios de<br />

rateio <strong>do</strong>s recursos de transferências para<br />

a saúde, sobretu<strong>do</strong>, traz à luz as normas<br />

de fiscalização, avaliação e controle de<br />

despesas nas três esferas de governo.<br />

Neste contexto, o Sistema de<br />

Orçamentos Públicos em Saúde é<br />

designa<strong>do</strong> pelo Ministério da Saúde<br />

como instrumento obrigatório para o<br />

acompanhamento <strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong><br />

dispositivo constitucional que determina<br />

a aplicação mínima de recursos em ações<br />

26<br />

e serviços públicos de saúde, sen<strong>do</strong><br />

impreterível para a União, Esta<strong>do</strong>s,<br />

Distrito Federal e Municípios o registro<br />

e a atualização permanente <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

no SIOPS, obedecen<strong>do</strong> aos prazos<br />

estabeleci<strong>do</strong>s na Lei Complementar<br />

141/2012, sob pena, em caso <strong>do</strong> não<br />

cumprimento, <strong>do</strong> condicionamento<br />

das transferências Constitucionais e da<br />

suspensão das transferências voluntárias.<br />

O Decreto 7.827, de 16 de outubro<br />

de 2012, institucionaliza o SIOPS<br />

e regulamenta os procedimentos de<br />

condicionamento e restabelecimento das<br />

transferências de recursos constitucionais,<br />

bem como dispõe sobre a suspensão<br />

e restabelecimento das transferências<br />

voluntárias da União, nos casos de<br />

inobservância da aplicação <strong>do</strong>s recursos<br />

em Ações e Serviços Públicos de Saúde.<br />

Outrossim, o decreto regimenta sobre o<br />

processo de registro <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s no sistema,<br />

que terá como responsável o Gestor <strong>do</strong><br />

SUS de cada ente da Federação, visan<strong>do</strong> à<br />

fidedignidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s homologa<strong>do</strong>s, o<br />

qual será atribuí<strong>do</strong> fé pública para to<strong>do</strong>s os<br />

fins legais. Esse processo ocorrerá através<br />

da Certificação Digital face à necessidade<br />

por Lizianne Rodrigues<br />

Assessora Técnica<br />

<strong>do</strong> Cosems/<strong>AL</strong>


da garantia e segurança das informações<br />

prestadas.<br />

Dentre outros aspectos, a periodicidade<br />

de entrega <strong>do</strong>s prazos <strong>do</strong> SIOPS passa<br />

a ser bimestral, em consonância com<br />

o Relatório Resumi<strong>do</strong> de Execução<br />

Orçamentária – RREO, Seção <strong>III</strong>, artigo<br />

52 da Lei Complementar nº 101, de 04<br />

de maio de 2000. A responsabilidade<br />

pela verificação das informações<br />

homologadas no sistema e/ou <strong>do</strong><br />

montante que deixou de ser aplica<strong>do</strong> em<br />

ações e serviços de saúde, em exercícios<br />

anteriores, é <strong>do</strong> Poder Legislativo e<br />

<strong>do</strong> Tribunal de Contas que passa a ter<br />

módulo específico SIOPS.<br />

Pretende-se, com essa medida,<br />

condicionar as transferências<br />

constitucionais e a suspensão das<br />

transferências voluntárias, se constata<strong>do</strong><br />

o descumprimento da Lei. Contu<strong>do</strong>, se<br />

confirmada à ausência de homologação<br />

das informações no prazo determina<strong>do</strong>,<br />

será presumi<strong>do</strong> como descumprimento<br />

da aplicação <strong>do</strong>s percentuais mínimos<br />

em Ações e Serviços de Saúde.<br />

Em caso de não cumprimento <strong>do</strong>s<br />

dispostos em Lei, o Ministério da<br />

Saúde comunicará a irregularidade a<br />

Auditoria <strong>do</strong> SUS, ao Gestor <strong>do</strong> SUS<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Local, ao responsável pela administração<br />

orçamentária e financeira <strong>do</strong> ente<br />

federativo, aos órgãos de controle<br />

externo e interno, ao Conselho de Saúde<br />

e Ministério Público para que sejam<br />

providenciadas as devidas informações.<br />

A execução financeira e Orçamentária<br />

<strong>do</strong> exercício de 2013 servirá de base para<br />

a verificação anual, a partir de 2014 e<br />

<strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong> limite mínimo <strong>do</strong>s<br />

recursos aplica<strong>do</strong>s em ações e serviços de<br />

saúde, que dispõe este Decreto e a Lei<br />

Complementar 141/2012, poden<strong>do</strong>, o<br />

Gestor <strong>do</strong> SUS, responder penalmente,<br />

em caso de infração.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, observa-se que as<br />

mudanças postas pelo Decreto requerem<br />

<strong>do</strong>s gestores de saúde um maior<br />

comprometimento, no que diz respeito<br />

à importância <strong>do</strong> SIOPS, demandan<strong>do</strong><br />

não só adequação da instituição às novas<br />

leis, como também o empoderamento e<br />

acompanhamento <strong>do</strong> processo financeiro<br />

e orçamentário de seus municípios.<br />

Certamente essas medidas fortalecem<br />

e consolidam cada vez mais o Sistema<br />

Único de Saúde, ao passo que estimula,<br />

concomitantemente, o controle social<br />

no país. <br />

27


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

28<br />

APL de plantas medicinais gera<br />

oportunidades a agricultores<br />

O Cultivo de plantas medicinais<br />

e a futura produção de Fitoterápicos<br />

em Alagoas está em vias de se tornar<br />

uma realidade. Esta expectativa tem<br />

estimula<strong>do</strong> técnicos de diversos setores<br />

que estão mobiliza<strong>do</strong>s para realizar as<br />

ações previstas no pl<strong>ano</strong> de trabalho,<br />

detalha<strong>do</strong> no Projeto de estruturação,<br />

consolidação e fortalecimento <strong>do</strong>s<br />

Arranjos Produtivos Locais (APL)<br />

para produção de plantas medicinais<br />

e fitoterápicos em Alagoas, aprova<strong>do</strong><br />

através da Portaria SCTIE/MS nº<br />

15/2012, de 28/06/2012. O valor de<br />

R$ 1.304.421,00, já foi repassa<strong>do</strong> pelo<br />

Ministério da Saúde ao Fun<strong>do</strong> Estadual<br />

de Saúde de Alagoas.<br />

O referi<strong>do</strong> Projeto tem prazo final<br />

para execução em dezembro de 2013,<br />

entretanto a sinalização <strong>do</strong> Ministério<br />

da Saúde é que, a partir deste Projeto,<br />

o Esta<strong>do</strong> de Alagoas fomente a criação<br />

de um Programa Estadual de Plantas<br />

Medicinais e Fitoterápicos, que defina<br />

a política estadual de plantas medicinais<br />

como prática integrativa <strong>do</strong> SUS.<br />

O projeto aglutina diversas entidades<br />

por Maria Erivanda<br />

Castelo Meirelles |<br />

Membro <strong>do</strong> Comitê Gestor<br />

(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)<br />

e Luís Carlos Dantas |<br />

Membro <strong>do</strong> Comitê Gestor<br />

(SMS/Maceió)<br />

vocacionadas a desenvolver atividades<br />

relacionadas ao uso de plantas medicinais<br />

no esta<strong>do</strong> e prevê o desenvolvimento<br />

de metas estabelecidas, de acor<strong>do</strong><br />

com o Programa Nacional de Plantas<br />

Medicinais e Fitoterápicos, cria<strong>do</strong> através<br />

da Portaria Interministerial nº 2960, de<br />

9 de dezembro de 2008 e objetiva dentre<br />

outras ações:<br />

. Criar em Alagoas uma estrutura que<br />

contemple as atividades que vão <strong>do</strong> cultivo<br />

à industrialização, com vistas a auxiliar<br />

o desenvolvimento socioeconômico<br />

para as populações envolvidas e para o<br />

próprio esta<strong>do</strong> e municípios; ten<strong>do</strong> o<br />

SUS como primeiro beneficiário desta<br />

cadeia produtiva e disponibilizan<strong>do</strong> o<br />

excedente para o merca<strong>do</strong>;<br />

. Consolidar o APL de Fitoterapia<br />

realizan<strong>do</strong> capacitações técnicas para<br />

agricultores e profissionais de saúde, além<br />

de populações tradicionais <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,<br />

como os indígenas e quilombolas, com<br />

vistas a incorporá-los a este APL;<br />

. Sensibilizar a sociedade quanto ao uso<br />

correto e racional de plantas medicinais e<br />

fitoterápicos;


. Criar um Horto que produza<br />

mudas em quantidade necessária para<br />

possibilitar o suprimento <strong>do</strong> futuro<br />

cultivo de plantas medicinais;<br />

. Reestruturar o laboratório de<br />

manipulação de fitoterápicos já<br />

existente em Maceió;<br />

. Desenvolver, através de UF<strong>AL</strong>,<br />

protocolos de controle de qualidade<br />

de cultivo e das diferentes etapas de<br />

manipulação <strong>do</strong>s produtos e efetivar o<br />

monitoramento <strong>do</strong> teor <strong>do</strong>s princípios<br />

ativos e da atividade farmacológica das<br />

espécies cultivadas.<br />

A ideia central <strong>do</strong> projeto é fomentar<br />

o cultivo de plantas medicinais contidas<br />

na RENAME 2012 por agricultores<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que trabalhem de forma<br />

cooperada e que agregue renda com a<br />

<strong>venda</strong> das plantas in natura, ou mesmo<br />

beneficiadas, como matéria prima para a<br />

produção de fitoterápicos, inicialmente<br />

pelo Laboratório de Manipulação de<br />

Fitoterápicos de Maceió, que também<br />

será beneficia<strong>do</strong> com recursos <strong>do</strong><br />

projeto para compra de equipamentos<br />

e outros aparelhos necessários para a<br />

produção <strong>do</strong>s fitoterápicos.<br />

Basea<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s científicos,<br />

dentre eles os realiza<strong>do</strong>s em 2006 pela<br />

Associação Farmacêutica de Alagoas<br />

- AF<strong>AL</strong> e, em 2010, pelo Grupo<br />

de Estu<strong>do</strong>s de Plantas medicinais<br />

– GEPLAM/UF<strong>AL</strong>, as espécies<br />

selecionadas para cultivo e produção<br />

de mudas, inicialmente incluídas no<br />

projeto foram: Babosa (Aloe vera (L.)<br />

Burm. F.), Colônia (Alpinia speciosa),<br />

Guaco (Mikania glomerata Spreng.),<br />

Erva cidreira (Lippia alba), Hortelã<br />

(Mentha x piperita L.), Alecrim<br />

Pimenta (Lippia sid<strong>do</strong>ides) e as espécies<br />

selecionadas para estu<strong>do</strong> contemplam:<br />

Aroeira (Schinus terenbentifolius),<br />

Barbatimão (Stryphnodendron<br />

adstringens Mart.), Maracujá (Passiflora<br />

sp), Capim santo (Cymbopogon<br />

citratus), Chambá (Justicia pectoralis),<br />

Confrei (Symphytum officinale L),<br />

Melão de São Caet<strong>ano</strong> (Mormodica<br />

charantia), Quebra Pedra (Phyllantus<br />

niruri) Bol<strong>do</strong> Nacional (Plectrantrus<br />

barbatus), Romã (Punica granatum)<br />

e Alecrim (Rosmarinum officinalis).<br />

Outras plantas poderão ser incluídas<br />

de acor<strong>do</strong> com o potencial terapêutico<br />

e econômico, conheci<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s da pesquisa de merca<strong>do</strong> que<br />

está sen<strong>do</strong> elaborada para fundamentar<br />

etapas sequenciais <strong>do</strong> projeto.<br />

Portanto, os membros <strong>do</strong> Comitê<br />

gestor, nos próximos meses, darão<br />

continuidade aos trabalhos de<br />

estruturação e execução deste projeto<br />

que proporcionou, pela primeira vez,<br />

o repasse de recursos específicos para<br />

ações que envolverão desde e cultivo<br />

de plantas medicinais até a produção<br />

e comercialização de fitoterápicos em<br />

Alagoas, prioritariamente para o setor<br />

público, mas com grande possibilidade<br />

de alcançar o setor priva<strong>do</strong> que<br />

comercializa medicamentos e cosméticos<br />

a base de plantas medicinais.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

29


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

EntiDaDEs<br />

siGnatÁRias<br />

DO PROjEtO:<br />

<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> | Conselho<br />

de Secretarias Municipais de<br />

Saúde de Alagoas (Idealiza<strong>do</strong>r)<br />

SESAU | Secretaria de Esta<strong>do</strong><br />

da Saúde de Alagoas/<br />

FES(Proponente)<br />

SMS MACEIÓ | Secretaria<br />

Municipal de Saúde de Maceió,<br />

<strong>AL</strong><br />

SEPLANDE | Secretaria de<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Planejamento e <strong>do</strong><br />

Desenvolvimento<br />

Econômico, <strong>AL</strong><br />

SECTI | Secretaria de Esta<strong>do</strong><br />

da Ciência, da Tecnologia e<br />

da Inovação, <strong>AL</strong><br />

UF<strong>AL</strong> | Universidade Federal<br />

de Alagoas<br />

fonte:<br />

Projeto de estruturação,<br />

consolidação e fortalecimento<br />

<strong>do</strong>s Arranjos Produtivos Locais<br />

(APL) para produção de plantas<br />

medicinais e fitoterápicos<br />

em Alagoas.<br />

Aprova<strong>do</strong> na Portaria SCTIE/<br />

MS nº 15/ 2012.<br />

30


por Naeélliton Ferreira<br />

<strong>do</strong>s Santos | Apoia<strong>do</strong>r<br />

Cosems/<strong>AL</strong> - 5ª, 6ª, 7ª e 8ª<br />

região<br />

Participação na CIR garante benefícios<br />

às regiões de saúde<br />

A Comissão Intergestora Regional<br />

– CIR, antes CGR tem cada dia concretiza<strong>do</strong><br />

seu espaço nas discussões regionais,<br />

fortalecen<strong>do</strong> os argumentos e<br />

anseios <strong>do</strong>s gestores de saúde que agora<br />

discutem e decidem o melhor para sua<br />

região, sen<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r<br />

quan<strong>do</strong> de esclarecimentos e opiniões a<br />

cerca da viabilidade de se tomar determinadas<br />

decisões.<br />

O Decreto Presidencial nº<br />

7.508/2011 cria e dá ampla autonomia<br />

a CIR vislumbran<strong>do</strong> agora o efetivo<br />

cumprimento de um <strong>do</strong>s princípios<br />

trazi<strong>do</strong>s pelo SUS desde 1990, qual seja<br />

o princípio da regionalização. Nessa<br />

ótica se faz necessário que os gestores<br />

deem maior valor as discussões regionais<br />

através de suas presenças, o que tem<br />

si<strong>do</strong> grande desafios para realizar pactuação<br />

de novos serviços, pois muitos<br />

<strong>do</strong>s secretários de saúde ainda não conseguiram<br />

visualizar que a CIR é o efetivo<br />

espaço onde o novo é descoberto,<br />

as experiências são compartilhadas, as<br />

amizades se estreitam e as decisões acontecem.<br />

O Conselho de Secretarias Municipais<br />

de Saúde de Alagoas – <strong>COSEMS</strong><br />

tem si<strong>do</strong> parceiro incondicional desse<br />

processo de discussão regional. Seus<br />

técnicos internos e os apoia<strong>do</strong>res regionais<br />

têm da<strong>do</strong> suporte às dez regiões de<br />

saúde alagoana nas diversas discussões<br />

das CIR; tem orienta<strong>do</strong> os gestores no<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

pleito de novos serviços, levan<strong>do</strong>-os a<br />

refletirem sobre as necessidades <strong>do</strong> município<br />

e seus cidadãos. Tem facilita<strong>do</strong><br />

à compreensão de determina<strong>do</strong>s temas<br />

leva<strong>do</strong>s à pauta nas CIR, bem como<br />

tem deixa<strong>do</strong> os gestores seguros para<br />

discutirem temas de grande complexidade<br />

no SUS.<br />

É nessa perspectiva de trabalho coletivo<br />

que a essência da CIR vem mostrar<br />

que o espaço é de discussão regional,<br />

fazen<strong>do</strong>-se entender que cada município<br />

precisa trabalhar em parceria com<br />

os demais. Quem atua na lógica de autonomia,<br />

passará a ser o alvo de grandes<br />

dificuldades na execução de seus projetos,<br />

por não entender que é através da<br />

parceria que existe a possibilidade <strong>do</strong><br />

compartilhamento das dificuldades e<br />

desafios existentes no Sistema Único de<br />

Saúde.<br />

É preciso entender que a evolução humana<br />

partiu da necessidade <strong>do</strong> homem<br />

viver em sociedade, em constante harmonia<br />

uns com os outros. Com o SUS<br />

não é diferente; pois este sistema nasceu<br />

e é composto de pessoas que precisam<br />

umas das outras para se completarem e<br />

que se não agir de forma regionalizada<br />

será atropela<strong>do</strong> pelas diversas mazelas<br />

que insistem querer desmontar o maior<br />

objetivo <strong>do</strong> SUS – “qualidade de vida<br />

para to<strong>do</strong>s”. <br />

31


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Atenção Primária<br />

como ordena<strong>do</strong>ra das Redes<br />

O Sistema de Saúde brasileiro apresenta grande diversidade, sobretu<strong>do</strong>, pelo amplo<br />

elenco de intervenções à atenção à saúde, continuamente amplia<strong>do</strong> e envolvi<strong>do</strong><br />

pela transição epidemiológica, de forma a requerer o confronto de escolhas diárias<br />

pelos gestores.<br />

Dada à limitação de recursos, exige-se da Atenção Primária à Saúde, a associação<br />

de seus elementos estruturantes: responsabilidade governamental, sustentabilidade,<br />

intersetorialidade e participação social, no intuito de superar e garantir a legitimidade<br />

<strong>do</strong> processo de envelhecimento populacional em curso.<br />

É através <strong>do</strong> seu fortalecimento que a atenção primária poderá assumir suas responsabilidades<br />

e aumentar a legitimidade de suas ações face à saúde da população,<br />

aumentan<strong>do</strong> seu potencial de resolução <strong>do</strong>s problemas e, principalmente, exercen<strong>do</strong><br />

seu papel de coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>.<br />

32<br />

por Rafaela Brandão<br />

| Assessora Técnica<br />

(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)


Desta forma, passará a cumprir sua<br />

função estratégica, visan<strong>do</strong> a qualidade<br />

integral <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> através <strong>do</strong> acolhimento<br />

com classificação de risco clínico<br />

e social, ampliação <strong>do</strong> acesso, integralidade<br />

da atenção, implantação de diretrizes<br />

clínicas, vinculação e identificação<br />

de risco, garantin<strong>do</strong>, assim, sua resolutividade<br />

e integralidade da atenção.<br />

A construção de redes regionalizadas,<br />

integradas e sua qualificação passam a<br />

ser condição indispensável para a continuidade<br />

<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, com grande importância<br />

na superação de lacunas, haja<br />

vista, o avanço posto no Decreto Presidencial<br />

nº 7508/2011, demonstra<strong>do</strong><br />

através <strong>do</strong> incentivo à implementação<br />

das redes de saúde e de sua instrumentalização,<br />

com a definição de porta de<br />

entrada, mecanismo de regulação e processos<br />

de referência e contrarreferência<br />

de pacientes em unidades territoriais<br />

integrada.<br />

Tais ações ganham impulso e o interesse<br />

em se estabelecer através da estruturação<br />

em redes da atenção à saúde e,<br />

dentre outros aspectos, um maior envolvimento<br />

e satisfação de profissionais<br />

e usuários da atenção primária, menor<br />

número de internações desnecessárias,<br />

ampliação da atuação e redução de encaminhamentos,<br />

potencializan<strong>do</strong> a efetivação<br />

da integralidade, da qualidade<br />

clinica e da satisfação <strong>do</strong>s usuários, com<br />

uma maior racionalidade no uso <strong>do</strong>s recursos<br />

<strong>do</strong>s sistemas de atenção.<br />

Nesse movimento, a conformação de<br />

Redes de Atenção à Saúde, em busca<br />

da Integralidade <strong>do</strong> Cuida<strong>do</strong> Articular,<br />

perpassa pela aglutinação de um conjunto<br />

de recursos, serviços e práticas<br />

clínicas, capazes de contribuir para o<br />

processo de integração <strong>do</strong> sistema.<br />

Essas estratégias são fundamentais<br />

e estão inter-relacionadas no processo<br />

de integração sistêmica que, para sua<br />

operacionalização, necessita da interação<br />

<strong>do</strong>s seus elementos constitutivos:<br />

território determina<strong>do</strong>, população adscrita<br />

e pontos de atenção em saúde,<br />

com devi<strong>do</strong> destaque para os sistemas<br />

transversais, que conectam os pontos de<br />

atenção.<br />

Nessa dinâmica, uma política de financiamento<br />

e uma maior participação<br />

de atores envolvi<strong>do</strong>s com a efetivação<br />

da rede, representa um grande desafio<br />

para o sistema de saúde, que precisa<br />

responder ao crescente pre<strong>do</strong>mínio<br />

das condições crônicas, na busca pela<br />

garantia de uma assistência integral à<br />

população onde, a atenção primária,<br />

possua elementos estruturais e funcionais<br />

que assegurem cobertura e acesso<br />

universal. <br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

33


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Caminhos <strong>do</strong> Telessaúde em Alagoas<br />

Telessaúde é o uso da tecnologia da<br />

informação e comunicação para atividades<br />

à distância relacionadas à saúde<br />

em seus diversos níveis. Permite a interação<br />

entre os profissionais de saúde e<br />

seus pacientes, como também o acesso<br />

de recursos de apoio como diagnóstico.<br />

Em meio ao contexto tecnológico inova<strong>do</strong>r<br />

e desafiante surgem ferramentas<br />

para apoiar o processo de formação e a<br />

prática <strong>do</strong>s profissionais, no intuito de<br />

produzir melhorias na qualidade <strong>do</strong> atendimento<br />

à população. Alagoas vem,<br />

ao longo <strong>do</strong>s últimos <strong>ano</strong>s, trabalhan<strong>do</strong><br />

na perspectiva de adentrar ao cenário<br />

nacional da Informática em Saúde.<br />

O Programa Telessaúde Brasil Redes<br />

é integra<strong>do</strong> por gestores da saúde, instituições<br />

forma<strong>do</strong>ras de profissionais<br />

de saúde e serviços <strong>do</strong> SUS como a Atenção<br />

Básica. A Telessaúde é um componente<br />

da Política Nacional de Saúde,<br />

com foco na ABS e engloba Núcleos<br />

Universitários regionais e pontos de<br />

Telessaúde com atividades de formação.<br />

Em Alagoas, por meio da Resolução nº<br />

25, de 12/04/2010 da CIB, consideran<strong>do</strong><br />

a Portaria nº 402, de 24/02/2010,<br />

que institui o Programa Telessaúde Brasil<br />

Redes, foi cria<strong>do</strong> o Comitê Gestor<br />

Estadual <strong>do</strong> Telessaúde, sob a Coorde-<br />

34<br />

nação Geral da Atenção Básica, contan<strong>do</strong><br />

com as representações da Secretaria<br />

de Esta<strong>do</strong> da Saúde (SESAU),<br />

<strong>COSEMS</strong>, UNCIS<strong>AL</strong>, UF<strong>AL</strong>, ITEC,<br />

FAPE<strong>AL</strong>, CIES. Foi reestruturada em<br />

2011 e qualificou sua inserção na estrutura<br />

da SES, Diretoria da Atenção<br />

Básica (DAB), vinculada à Superintendência<br />

de Saúde.<br />

O Telessaúde em Alagoas nasceu com<br />

o grande propósito de somar esforços<br />

para a criação de uma rede - descentralizada<br />

e hierarquizada - de tecnologia<br />

em saúde, levan<strong>do</strong> o serviço de teleconsultoria<br />

para os municípios com base<br />

na real necessidade da população e vem<br />

sen<strong>do</strong> fortalecida pelos Núcleos Universitários,<br />

forman<strong>do</strong> uma rede colaborativa<br />

com a oferta gradual de serviços de<br />

maior complexidade, de mo<strong>do</strong> a oferecer<br />

apoio científico aos profissionais<br />

de saúde através da consulta qualificada<br />

em que será possível salvar vidas, evitar<br />

deslocamentos desnecessários e aumentar<br />

a resolutividade da atenção a saúde.<br />

As ações <strong>do</strong> Telessaúde objetivam<br />

apoiar a consolidação das Redes de<br />

Atenção à Saúde (RAS) ordenada pela<br />

Atenção Básica em Saúde (ABS); aumentar<br />

a qualidade e resolutividade<br />

da Estratégia Saúde da Família (ESF)<br />

por Jackson Barros<br />

Batista de Oliveiraz |<br />

Assessor Administrativo<br />

(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)<br />

Francisca Rosaline Leite<br />

Mota | Gestora de Projetos<br />

<strong>do</strong> Núcleo de Telemedicina<br />

e Telessaúde (NUTT/<br />

HUPAA/UF<strong>AL</strong> )<br />

Maria Lucélia da Hora<br />

Sales | Coord. Núcleo de<br />

Telessaúde de Alagoas<br />

(NUTE<strong>AL</strong>)


e promover o processo de educação<br />

permanente através das Tecnologias de<br />

Informação e Comunicação em Saúde.<br />

Destacamos que os benefícios <strong>do</strong> Telessaúde<br />

refletem diretamente na inclusão<br />

social e digital; diminuição <strong>do</strong>s riscos<br />

com deslocamento; diminuição <strong>do</strong>s<br />

custos com a remoção <strong>do</strong> paciente; valorização<br />

e qualificação <strong>do</strong> profissional<br />

de saúde; estímulo à fixação <strong>do</strong> profissional<br />

em áreas longínquas; diminuição<br />

<strong>do</strong> isolamento <strong>do</strong> profissional e melhoria<br />

da resolutividade nos serviços.<br />

Por meio da implantação, manutenção<br />

e consolidação de uma rede de comunicação<br />

entre os serviços de saúde <strong>do</strong><br />

SUS, os serviços de Telessaúde poderão<br />

representar o fortalecimento das linhas<br />

de união <strong>do</strong>s pontos assisten¬ciais, sen<strong>do</strong><br />

estratégica na efetivação das redes de<br />

atenção à saúde. Sabemos que não há<br />

rede sem aproximação entre os profissionais<br />

que a compõem. Esta aproximação<br />

não neces¬sita ser presencial, mas utilizan<strong>do</strong><br />

um suporte de informação, desde<br />

que dirigida a resolver os problemas de<br />

integração, que impedem que pessoas,<br />

usuários <strong>do</strong> SUS, obtenham o cuida<strong>do</strong><br />

certo, no tempo certo, no lugar certo,<br />

com qualidade e custo reduzi<strong>do</strong>.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

O processo de Telessaúde não se limita<br />

a interação virtual entre um solicitante<br />

e um teleconsultor. Por trás desse<br />

processo existe toda uma estrutura complexa<br />

que envolve recursos hum<strong>ano</strong>s,<br />

equipamentos, aplicativos, estrutura de<br />

rede e espaços físicos adequa<strong>do</strong>s. O único<br />

elemento virtualiza<strong>do</strong> nesse processo<br />

é a distância geográfica, pois o tempo,<br />

apesar de ser maleável, não pode ser<br />

elimina<strong>do</strong>, mas sim otimiza<strong>do</strong>.<br />

Dividi<strong>do</strong>s nas maiores macrorregiões<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, a implantação <strong>do</strong> Telessaúde<br />

caminha de forma positiva onde, em<br />

alguns municípios, os equipamentos já<br />

começam a ser distribuí<strong>do</strong>s e, os Pontos<br />

de Telessaúde, monta<strong>do</strong>s para atender<br />

a população Alagoana, o que proporcionará<br />

melhoria significativa no atendimento<br />

da Atenção Básica de Saúde<br />

e fortalecimento <strong>do</strong> Sistema Único de<br />

Saúde em Alagoas.<br />

Por acreditarmos que esta é uma construção<br />

histórica e coletiva, convidamos<br />

a to<strong>do</strong>s a se engajar neste grande projeto,<br />

fortalecer os laços de cooperação<br />

técnica e acreditar que é possível avançar<br />

nas possibilidades de se fazer um<br />

SUS real, maior, mais hum<strong>ano</strong>, melhor<br />

e mais justo. <br />

35


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

36<br />

Ampliação <strong>do</strong> acesso aos<br />

Procedimentos Cirúrgicos Eletivos<br />

por Joarez Ferreira Silva<br />

| Assessor Técnico<br />

(<strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>)<br />

Para reduzir as filas de procedimentos cirúrgicos eletivos no Sistema Único de<br />

Saúde (SUS) o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS),<br />

criou uma estratégia que visa aumentar, de forma significativa, o número desse tipo<br />

de procedimento no país. Os esta<strong>do</strong>s brasileiros e Distrito Federal receberão adicional<br />

na ordem de seiscentos milhões de reais para cirurgias até de junho de 2013.<br />

Os recursos serão aplica<strong>do</strong>s nas especialidades de maior demanda, além das escolhidas<br />

conforme a necessidade de cada município. Além disso, a SAS também definiu<br />

uma soma de valores, num total de cinquenta milhões de reais para municípios<br />

com percentual acima de 10% de sua população em situação de extrema pobreza.<br />

Alagoas, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE-2010, possui uma população total de 3.120.494<br />

e desses, 558.725 estão na faixa de extrema pobreza, alcançan<strong>do</strong> um considerável<br />

percentual de 25,53% <strong>do</strong>s alago<strong>ano</strong>s.


Para reduzir as filas e minimizar a<br />

espera por cirurgia, foi disponibiliza<strong>do</strong><br />

para o Esta<strong>do</strong>, (conforme Portaria <strong>do</strong><br />

Ministério da Saúde Nº 1.340, de 29<br />

de junho de 2012, que define a estratégia<br />

de aumento <strong>do</strong> acesso aos Procedimentos<br />

Cirúrgicos Eletivos no âmbito<br />

<strong>do</strong> Sistema Único de Saúde (SUS) para<br />

os exercícios <strong>do</strong>s <strong>ano</strong>s de 2012 e 2013)<br />

recursos na ordem de R$ 2.945.305,02<br />

para o componente I - cirurgia de<br />

catarata - e de R$ 3.839.184,60<br />

para os componentes II e <strong>III</strong>, totalizan<strong>do</strong><br />

R$ 10.623.674,23, mais R$<br />

2.480.699,19 que, soma<strong>do</strong>s, totalizam<br />

R$ 13.104.373,95 (treze milhões cento<br />

e quatro mil reais trezentos e setenta e<br />

três reais e noventa e cinco centavos).<br />

Para definição da forma de alocação<br />

<strong>do</strong>s recursos financeiros foram utiliza<strong>do</strong>s<br />

parâmetros de critérios populacionais,<br />

onde prevaleceu o cálculo per capita<br />

sobre volume de recursos <strong>do</strong>s componentes<br />

I, II e <strong>III</strong> da Portaria 1340/2012,<br />

por município e Região de Saúde.<br />

As principais vantagens da realização<br />

das cirurgias eletivas organizadas pelos<br />

municípios são os resulta<strong>do</strong>s, mais<br />

controláveis e previsíveis, tanto para<br />

os pacientes quanto para os médicos<br />

e presta<strong>do</strong>res. A construção dessa estratégia<br />

foi definida em conjunto pelo<br />

CONASS e CONASEMS que, juntos<br />

com o Ministério da Saúde e a SAS,<br />

definiram o volume de recursos a serem<br />

aloca<strong>do</strong>s em cada município, dan<strong>do</strong> a<br />

eles a autonomia de negociar com seus<br />

presta<strong>do</strong>res os valores por cada procedimento<br />

a ser pago, em custo diferente da<br />

tabela SUS.<br />

A nova portaria permite, aos gestores<br />

locais <strong>do</strong> SUS, remunerar de forma<br />

diferenciada os seus presta<strong>do</strong>res para<br />

estimular a realização de cirurgias eletivas.<br />

A medida permitirá a ampliação da<br />

oferta de procedimentos, reduzin<strong>do</strong> as<br />

filas de espera e beneficia<strong>do</strong> um número<br />

muito maior de pessoas e de maneira<br />

permanente. Os recursos serão repassa<strong>do</strong>s<br />

aos municípios dentro <strong>do</strong> orçamento<br />

desse <strong>ano</strong>.<br />

ÁREas PRiORitÁRias<br />

Do total de recursos previstos para<br />

Alagoas, R$ 13.104.373,95 (treze milhões<br />

cento e quatro mil reais trezentos e<br />

setenta e três reais e noventa e cinco centavos)<br />

estão destina<strong>do</strong>s às cirurgias eletivas<br />

selecionadas como prioritárias, de<br />

acor<strong>do</strong> com as demandas apresentadas<br />

pelos municípios. São R$ 5.426.004,21<br />

(cinco milhões quatrocentos e vinte<br />

e seis mil e quatro reais e vinte e um<br />

centavos) para realização de cirurgia<br />

de catarata, inclusive, para ampliar o<br />

acesso às cirurgias de cataratas nos municípios<br />

com população em situação de<br />

extrema pobreza. A ação beneficia 101<br />

municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> à exceção da capital<br />

Maceió.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

37


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

38<br />

EXECutOR<br />

POPuLaÇÃO<br />

assistiDa<br />

POPuLaÇÃO EM<br />

situaÇÃO DE EXtREMa<br />

POBREZa<br />

assistiDa<br />

RECuRsO POR<br />

MuniCÍPiO<br />

MaCEió 809.712 165.257 704.463,09<br />

aRaPiRaCa 573.574 155.574 678.761,71<br />

PaLMEiRa<br />

DOs ÍnDiOs<br />

250.764 73.796 298.683,99<br />

PEnEDO 270.652 70.385,00 312.504,39<br />

PiLaR 33.312 5.885 26.128,98<br />

s. MiGuEL<br />

DOs CaMPOs<br />

50.831 9.580 20.416,57<br />

santana DO<br />

iPanEMa<br />

298.860 106.328 439.740,50<br />

total 2.287.705 586.805 2.480.699,23<br />

Inclui, ainda, R$ 7.678.369,20 (sete milhões seiscentos e setenta e oito mil trezentos e sessenta e nove reais e vinte<br />

centavos) para tratamento de varizes, cirurgias ortopédicas e nas áreas de urologia, oftalmologia e otorrinolaringologia,<br />

incluin<strong>do</strong> retirada de amígdalas.


MuniCÍPiO<br />

EXECutOR<br />

VaLOR<br />

COMPOnEntE i<br />

VaLOR<br />

COMPOnEntE ii<br />

VaLOR<br />

COMPOnEntE iii<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

tOtaL<br />

RECuRsO<br />

MaCEió 1.679.392,33 1.921.519,70 1.855.548,25 5.456.460,45<br />

PiLaR 31.435,21 51.057,59 102.053,34 184.546,14<br />

s. MiGuEL 0,00 127.334,26 185.517,29 312.851,55<br />

tEOtÕniO<br />

ViLELa<br />

0,00 0,00 79.955,58 79.955,58<br />

CuRuRiPE 60.557,02 392.277,57 239.916,72 692.751,31<br />

PEnEDO 189.963,80 78.972,19 151.449,56 420.385,55<br />

aRaPiRaCa 494.202,08 731.268,91 505.832,15 1.731.303,14<br />

BataLHa 0,00 0,00 51.687,91 51.687,91<br />

PaLMEiRa DOs<br />

ÍnDiOs<br />

189.852,25 163.019,00 174.846,51 527.717,76<br />

PÃO DE aÇÚCaR 0,00 0,00 28.776,15 28.776,15<br />

s. DO iPanEMa 299.902,34 373.735,30 400.301,44 1.073.939,08<br />

ViÇOsa 0,00 0,00 40.050,38 40.050,38<br />

MajOR isiDORO 0,00 0,00 23.249,23 23.249,23<br />

total 2.945.305,03 3.839.184,60 3.839.184,60 10.623.674,23<br />

CRitÉRiOs PaRa ELaBORaÇÃO DE PROjEtOs<br />

Para elaboração <strong>do</strong> projeto, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde<br />

(<strong>COSEMS</strong>), organizou o processo e convocou os coordena<strong>do</strong>res das Comissões Intergestores<br />

Regionais (CIR) e as áreas técnicas da Secretaria de Esta<strong>do</strong> da Saúde<br />

(SESAU), constituin<strong>do</strong> um Grupo de Trabalho que elaborou estu<strong>do</strong> com base na PT<br />

GM/MS Nº 1340, de 29/06/12, alterada em seus artigos 5º e 8º pela PT GM/MS<br />

nº 1.769, de 20/08/2012.<br />

O Grupo de Trabalho elaborou uma proposta que foi consolidada pela área técnica<br />

<strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> constituin<strong>do</strong> um <strong>do</strong>cumento de pactuação, cujos valores <strong>do</strong>s<br />

procedimentos foram defini<strong>do</strong>s em comum acor<strong>do</strong> com os Presta<strong>do</strong>res de Serviço<br />

da Rede Hospitalar e com os Gestores <strong>do</strong>s Municípios executores. Esses valores constituíram-se<br />

em uma Tabela de Valores Diferencia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Procedimentos Cirúrgicos<br />

Eletivos da Tabela Unificada <strong>do</strong> SUS, cujo cálculo foi majorar os procedimentos na<br />

modalidade, o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> valor da Tabela SUS para definição <strong>do</strong> valor global <strong>do</strong> procedimento,<br />

fican<strong>do</strong> veta<strong>do</strong> aos Municípios Executores praticar valores diferencia<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s defini<strong>do</strong>s pelo grupo para pagamento <strong>do</strong>s Serviços Profissionais (SP) e Serviços<br />

Hospitalares (SH).<br />

39


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Puderam encaminhar propostas aos<br />

municípios com capacidade para atender<br />

a demanda, onde, cada gestor<br />

interessa<strong>do</strong> apresentou sua oferta de<br />

serviços existentes e metas físicas, levan<strong>do</strong><br />

em conta a população total de<br />

abrangência, o número de procedimentos<br />

a serem realiza<strong>do</strong>s e a população<br />

atendida. Estes municípios, que são<br />

considera<strong>do</strong>s de referência, deveriam<br />

possuir estrutura hospitalar com capacidade<br />

para atender os critérios da<br />

Política Nacional de Procedimentos<br />

Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade,<br />

conforme pactuação na Comissão<br />

Intergestores Bipartite (CIB/<strong>AL</strong>).<br />

As propostas deverão informar o perío<strong>do</strong><br />

previsto para execução <strong>do</strong>s projetos,<br />

sen<strong>do</strong> os limites financeiros calcula<strong>do</strong>s<br />

para 12 meses. Essa pactuação poderá<br />

ser revista conforme a necessidade de<br />

cada município e, os gestores não satisfeitos,<br />

se responsabilizam e pactuariam<br />

nas CIR, para homologação em CIB,<br />

40<br />

da definição <strong>do</strong>s novos fluxos de referência<br />

na região.<br />

As cirurgias eletivas são procedimentos<br />

que não precisam ser realiza<strong>do</strong>s em<br />

caráter de urgência, ou seja, podem ser<br />

agendadas ou realizadas em forma de<br />

mutirões. Atualmente, o Sistema Único<br />

de Saúde (SUS) disponibiliza mais de<br />

700 procedimentos. As áreas mais comuns,<br />

que se encaixam no perfil das<br />

eletivas, são as cirurgias para resolução<br />

de problemas ortopédicos, oftalmologia,<br />

otorrinolaringologia, urologia e<br />

cirurgia vascular (especialmente as cirurgias<br />

de varizes), poden<strong>do</strong>, ainda, ter<br />

acesso a operações de ginecologia, proctologia,<br />

mastologia, gastroenterologia e<br />

cirurgia geral. Para realizar uma cirurgia<br />

eletiva o paciente deve passar por<br />

uma avaliação médica na rede <strong>do</strong> SUS,<br />

sen<strong>do</strong> de responsabilidade <strong>do</strong> médico, a<br />

indicação da necessidade desse paciente<br />

realizar a cirurgia.


por Kícia Guerra<br />

Apoia<strong>do</strong>ra Ministério da<br />

Saúde<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Qualifar-SUS aprimora a Assistência<br />

Farmacêutica em Alagoas<br />

O Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica no âmbito<br />

<strong>do</strong> Sistema Único de Saúde (QU<strong>AL</strong>IFAR-SUS) foi aprova<strong>do</strong> através da Portaria<br />

nº 1.214, de 13/06/2012, o qual tem por finalidade contribuir para o processo de<br />

aprimoramento, implementação e integração sistêmica das atividades da Assistência<br />

Farmacêutica nas ações e serviços de saúde, visan<strong>do</strong> uma atenção contínua, integral,<br />

segura, responsável e humanizada, promoven<strong>do</strong> a inserção da Assistência Farmacêutica<br />

dentro das Redes de Atenção à Saúde.<br />

Esse Programa foi pactua<strong>do</strong> na Comissão Intergestores Tripartite <strong>do</strong> dia 26/04/2012<br />

pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional<br />

de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) em ação conjunta com o Departamento<br />

de Assistência Farmacêutica <strong>do</strong> Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS).<br />

Segun<strong>do</strong> o Art. 4º da Portaria nº 1.214, 13/06/2012, O QU<strong>AL</strong>IFAR-SUS está<br />

organiza<strong>do</strong> em quatro eixos, descritos a seguir:<br />

41


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

I. Eixo Estrutura: contribuir para a<br />

estruturação <strong>do</strong>s serviços farmacêuticos<br />

no SUS, de mo<strong>do</strong> que sejam compatíveis<br />

com as atividades desenvolvidas<br />

na Assistência Farmacêutica, consideran<strong>do</strong><br />

a área física, os equipamentos,<br />

mobiliários e recursos hum<strong>ano</strong>s;<br />

II. Eixo Educação: promover a educação<br />

permanente e capacitação <strong>do</strong>s<br />

profissionais de saúde para qualificação<br />

das ações da Assistência Farmacêutica<br />

voltadas ao aprimoramento das práticas<br />

profissionais no contexto das redes de<br />

atenção à saúde;<br />

<strong>III</strong>. Eixo Informação: produzir <strong>do</strong>cumentos<br />

técnicos e disponibilizar informações<br />

que possibilitem o acompanhamento,<br />

monitoramento e avaliação<br />

das ações e serviços da Assistência Farmacêutica;<br />

IV. Eixo Cuida<strong>do</strong>: inserir a Assistência<br />

Farmacêutica nas práticas clínicas<br />

visan<strong>do</strong> a resolutividade das ações em<br />

REPassE funDO a<br />

funDO*<br />

Recurso Capital<br />

Recurso Costeiro<br />

saúde, otimizan<strong>do</strong> os benefícios e minimizan<strong>do</strong><br />

os riscos relaciona<strong>do</strong>s à farmacoterapia.<br />

É importante salientar que o recurso<br />

financeiro da Portaria supracitada deverá<br />

ser utiliza<strong>do</strong> para o custeio de serviços e<br />

outras despesas de custeio relacionadas<br />

aos objetivos <strong>do</strong> Eixo Estrutura, exceto<br />

a compra de medicamentos, priorizan<strong>do</strong><br />

a garantia de conectividade para<br />

utilização <strong>do</strong> Sistema HÓRUS e outros<br />

sistemas e contratação de profissional<br />

farmacêutico para o desenvolvimento<br />

das ações de assistência farmacêutica.<br />

A interrupção da utilização <strong>do</strong> Sistema<br />

HÓRUS ou da transmissão das informações<br />

por responsabilidade exclusiva<br />

<strong>do</strong> Município implicará no bloqueio<br />

<strong>do</strong> repasse <strong>do</strong> valor de investimento e<br />

de custeio trimestral e devolução <strong>do</strong> repasse<br />

já realiza<strong>do</strong> após a data de interrupção,<br />

acresci<strong>do</strong>s de atualização monetária<br />

prevista em Lei.<br />

Aquisição de<br />

equipamentos e<br />

mobiliários para<br />

CAF e farmácia<br />

Manutenção <strong>do</strong>s<br />

Serviços<br />

Farmacêuticos<br />

R$ 11.200,00<br />

municípios até 25<br />

mil habitantes<br />

R$ 22.400,00 para<br />

municípios de 25 a<br />

50 mil habitantes<br />

R$ 33.600,00 para<br />

municípios 50 a 100<br />

mil habitantes<br />

R$ 24.000,00/<strong>ano</strong>


A prestação de contas será realizada<br />

por meio <strong>do</strong> Relatório Anual de Gestão<br />

(RAG), que é o instrumento de gestão<br />

onde deve conter as informações sobre<br />

as aplicações <strong>do</strong>s recursos repassa<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Fun<strong>do</strong> Nacional de Saúde/MS, para os<br />

fun<strong>do</strong>s de saúde <strong>do</strong>s municípios e será<br />

informa<strong>do</strong> no sistema SARG-SUS.<br />

A ferramenta e-CAR - Controle,<br />

Acompanhamento e Avaliação de Resulta<strong>do</strong>s,<br />

têm como objetivo permitir<br />

a realização <strong>do</strong> acompanhamento e a<br />

avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das ações realizadas<br />

em uma organização e será utiliza<strong>do</strong><br />

pelos municípios no planejamento<br />

das ações de estruturação <strong>do</strong>s serviços<br />

farmacêuticos na atenção básica e no<br />

acompanhamento da implantação pelos<br />

diferentes entes.<br />

De acor<strong>do</strong> com o Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento<br />

Social (MDS), População<br />

em Extrema Pobreza (PEP) dentre<br />

os 58 municípios elegíveis ao programa<br />

<strong>do</strong> QU<strong>AL</strong>IFAR SUS, conforme a Portaria<br />

n° 1.215/GM/MS, de 13 de junho<br />

de 2012, estabelece a transferência de<br />

25<br />

Nº DE MUNICÍPIOS<br />

NO QU<strong>AL</strong>IFAR SUS<br />

25<br />

PMAQ<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

recurso destinada à aquisição de mobiliários<br />

e equipamentos necessários para<br />

estruturação das Centrais de Abastecimento<br />

Farmacêutico e das Farmácias,<br />

no âmbito da Atenção Básica e manutenção<br />

<strong>do</strong>s serviços farmacêuticos, os<br />

quais possuem população com menos<br />

de 100 mil habitantes e que apresentam<br />

100% de adesão ao Sistema HÓRUS,<br />

ressaltan<strong>do</strong> que a maioria destes municípios<br />

foi contemplada pelos programas<br />

PMAQAB (Programa Nacional de<br />

Acesso e Melhoria da Atenção Básica),<br />

com 25 municípios (100%), Requalifica<br />

- UBS (Programa de Requalificação<br />

das Unidades Básicas de Saúde), 8 municípios<br />

(32%), programas referenda<strong>do</strong>s<br />

pelo DAB/MS, em 2011.<br />

Analisan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s em conjunto<br />

com o Hórus (Sistema de Gestão da Assistência<br />

Farmacêutica) verificou-se que<br />

dentre os 25 municípios habilita<strong>do</strong>s, 11<br />

municípios(44%) estão operacionalizan<strong>do</strong><br />

o sistema, estan<strong>do</strong> no ambiente<br />

de produção <strong>do</strong> Hórus.<br />

REQU<strong>AL</strong>IFICAÇÃO<br />

UBS/REFORMA<br />

NO AMBIENTE DE<br />

PRODUÇÃO DO<br />

HÓRUS<br />

Número de municípios habilita<strong>do</strong>s ao QU<strong>AL</strong>IFAR-SUS (seguem diretrizes como<br />

PMAQ, REQU<strong>AL</strong>IFICA, UBS/REFORMA) e que possuem o Sistema Hórus implanta<strong>do</strong><br />

nas Regiões de Saúde em Alagoas eleitas em Alagoas (novembro 2012).<br />

8<br />

11<br />

43


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

EiXO EstRutuRa<br />

Neste processo de seleção, foram<br />

contempla<strong>do</strong>s os municípios alago<strong>ano</strong>s<br />

pertencentes a 1ª e 2ª Macrorregião<br />

(Quadro 1). Como em Alagoas, o Contrato<br />

Organizativo de Ação Pública<br />

(COAP), será inicialmente assina<strong>do</strong><br />

pela 5ª Região de Saúde, composta por<br />

sete municípios, o município de Anadia<br />

foi contempla<strong>do</strong> com o QU<strong>AL</strong>I-<br />

FAR – SUS, seguin<strong>do</strong> o desenho <strong>do</strong><br />

Mapa de Saúde. Devemos vislumbrar<br />

a inserção da Assistência Farmacêutica<br />

em todas as Redes temáticas de Atenção<br />

à Saúde, como a Rede Cegonha,<br />

Rede Psicossocial, Rede de Urgência e<br />

Emergência, Rede para Pacientes Porta<strong>do</strong>res<br />

de Deficiências e Redes de Pacientes<br />

com Doenças Crônicas e, para<br />

tanto, será necessária a parceria entre a<br />

SES, <strong>COSEMS</strong>, Câmara Técnica da Assistência<br />

Farmacêutica e Ministério da<br />

Saúde.<br />

Estaremos ativos frente às pactuações<br />

destas ações com a finalidade desenharmos<br />

a Política de Assistência Farmacêutica<br />

nas 10 regiões de Saúde <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>de<br />

Alagoas.<br />

44<br />

102<br />

58<br />

25<br />

37<br />

REGIÕES DE<br />

SAÚDE - <strong>AL</strong><br />

12<br />

0 0 0 0 3 3 7 9<br />

11<br />

9<br />

2<br />

2<br />

6<br />

2 4<br />

R$ 2 R$ 3<br />

R$ 4 R$ 5 R$ 6 R$ 7<br />

TERMO DE ADESÃO ASSINADO PELO SMS<br />

No DE MUNICÍPIO POR RS NO QU<strong>AL</strong>IFAR - SUS<br />

Número de municípios com implantação <strong>do</strong> Sistema<br />

Hórus por Região de Saúde em Alagoas (novembro 2012).<br />

Fonte: DAF/ SCTIE/ MS.<br />

7<br />

1 1 4<br />

17 16<br />

8 5 4 3<br />

10<br />

5<br />

8<br />

6<br />

2 1<br />

HABILITADO PARA O QU<strong>AL</strong>IFAR - SUS<br />

NO AMBIENTE DE PRODUÇÃO DO HÓRUS<br />

14 14<br />

4 1<br />

R$ 8 R$ 9 R$ 10<br />

Nessas oficinas foram apresentadas e<br />

discutidas as ferramentas a serem utilizadas<br />

para o monitoramento <strong>do</strong> recurso<br />

financeiro (Manual Instrutivo,<br />

e-CAR e Hórus), além da apresentação<br />

da minuta de Portaria <strong>do</strong> Município<br />

de Lagoa da C<strong>ano</strong>a, que define as metas,<br />

indica<strong>do</strong>res e valores de incentivo<br />

financeiro, a serem implanta<strong>do</strong>s para a<br />

equipe de Assistência Farmacêutica responsável<br />

pela qualificação <strong>do</strong>s serviços<br />

no município, pela Assessora Técnica<br />

<strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong>, Erivanda Meireles,<br />

com base no recurso de custeio. A ideia<br />

é disseminar a iniciativa para outros<br />

municípios alago<strong>ano</strong>s.<br />

Nos dias 7 e 8 de novembro deste<br />

<strong>ano</strong>, foram realizadas as oficinas <strong>do</strong><br />

QU<strong>AL</strong>IFAR SUS para os municípios<br />

da 1ª e 2ª Macrorregiões, onde fizeram-se<br />

presentes os coordena<strong>do</strong>res da<br />

assistência farmacêutica e gestores municipais.<br />

Estiveram presentes, também,<br />

na oficina <strong>do</strong> dia 8, sediada no CRIA de<br />

Arapiraca, <strong>do</strong>is municípios de Sergipe<br />

(Cumbe - Região Nossa Senhora <strong>do</strong><br />

Socorro e, Itaporanga d’Ajuda - Região<br />

Aracaju). <br />

7 7<br />

2 0


CORPO COLETIVO, CORPO MUNDO.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

“Tinha 26 <strong>ano</strong>s quan<strong>do</strong> senti que<br />

algo não estava bem. Procurei<br />

uma unidade de saúde próxima<br />

da minha casa e tive o diagnóstico<br />

confirman<strong>do</strong>: um câncer na região<br />

da garganta. Fiz to<strong>do</strong> o tratamento<br />

(consultas, exames, biópsia, cirurgia,<br />

radio e quimioterapia) pelo SUS.<br />

O entusiasmo transmiti<strong>do</strong> por todas<br />

as pessoas que passaram por minha<br />

vida foi um <strong>do</strong>s fatores que não me<br />

fez desanimar diante da <strong>do</strong>ença,<br />

que me deixava fraco e com a auto<br />

estima baixa. Desde o primeiro<br />

momento fui atendi<strong>do</strong> com carinho<br />

e atenção pelos profissionais que me<br />

acompanharam até a recuperação.<br />

A cada etapa pensava na família,<br />

que precisava viver e cuidar da esposa<br />

e filha. Venci de cabeça erguida,<br />

principalmente, porque sabia que<br />

muitos torciam pela minha cura.<br />

Quan<strong>do</strong> alguém reclama que saúde<br />

pública não funciona, conto minha<br />

história e mostro que o SUS é bom e<br />

funciona de verdade!”<br />

Experiências de Saúde em Alagoas<br />

O depoimento acima é de Gleison Ferreira <strong>do</strong>s Santos. Há <strong>do</strong>is <strong>ano</strong>s o funcionário<br />

público foi diagnostica<strong>do</strong>, trata<strong>do</strong> e até hoje é acompanha<strong>do</strong> pela equipe de saúde<br />

<strong>do</strong> SUS de Palmeira <strong>do</strong>s Índios. A história de superação e a boa experiência dele com<br />

o Sistema Único de Saúde se repete entre centenas de famílias alagoanas, provan<strong>do</strong><br />

a necessidade <strong>do</strong>s municípios em garantir um atendimento acolhe<strong>do</strong>r e integral aos<br />

seus usuários.<br />

Conheça algumas experiências que estão ajudan<strong>do</strong> a melhorar a vida de muita gente.<br />

EXPERIÊNCIAS<br />

45


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

46<br />

ARAPIRACA<br />

Ações intersetoriais no<br />

combate ao Trabalho Infantil<br />

De acor<strong>do</strong> com a Organização Internacional <strong>do</strong> Trabalho (OIT), trabalho infantil<br />

é toda forma de trabalho exercida por crianças e a<strong>do</strong>lescentes abaixo da<br />

idade mínima legal permitida, conforme a legislação de cada país. No Brasil, a<br />

Constituição Federal proíbe o trabalho a to<strong>do</strong>s os menores de 16 <strong>ano</strong>s, consideran<strong>do</strong><br />

a condição de aprendiz somente a partir <strong>do</strong>s 14 <strong>ano</strong>s.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, o Centro de Referência em Saúde <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r – CEREST/<br />

Arapiraca promoveu o primeiro Workshop em alusão ao Dia Mundial Contra<br />

o Trabalho Infantil (comemora<strong>do</strong> em 12 de junho), experiência que teve como<br />

objetivo aproximar a intersetorialidade, propon<strong>do</strong> uma reflexão sobre o papel <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e da Sociedade sobre o desafio de prevenir e erradicar o trabalho infantil,<br />

além de divulgar as políticas públicas já existentes no município de Arapiraca.<br />

As atividades deste Workshop foram abertas com a realização <strong>do</strong> Seminário<br />

Regional de Estratégias de Prevenção e Combate ao Trabalho Infantil, promovi<strong>do</strong><br />

numa parceria entre SEADES, Superintendência Regional <strong>do</strong> Trabalho e<br />

Emprego de Alagoas, SEMAS e CEREST/Arapiraca, ten<strong>do</strong> como finalidade interiorizar<br />

esta campanha e promover debate com os diversos segmentos da sociedade<br />

civil sobre a temática.


CORPO ATIVO.<br />

Em seguida, deu-se a exposição,<br />

em estandes, das ações realizadas por<br />

órgãos e instituições que trabalham<br />

diretamente com crianças e a<strong>do</strong>lescentes,<br />

no intuito de reduzir/prevenir<br />

a exploração <strong>do</strong> Trabalho Infantil no<br />

município de Arapiraca e regiões circunvizinhas,<br />

além de apresentações<br />

culturais e artísticas realizadas por<br />

crianças arapiraquenses. Os estandes<br />

foram monta<strong>do</strong>s no hall <strong>do</strong> Centro<br />

Administrativo e contou com a presença<br />

de profissionais da Saúde, Educação,<br />

Assistência Social, Conselho<br />

Municipal <strong>do</strong>s Direitos da Criança<br />

e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, Conselho Tutelar,<br />

Ministério Público <strong>do</strong> Trabalho<br />

e Emprego, Articulação <strong>do</strong> Pró-Selo<br />

UNICEF e <strong>do</strong> PETI.<br />

Entre os principais resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s<br />

nessa ação tem-se como<br />

ponto de destaque o fortalecimento<br />

<strong>do</strong> trabalho intersetorial, que proporcionou<br />

a troca de experiências entre<br />

os diversos segmentos <strong>do</strong> governo e<br />

da sociedade civil. Outro resulta<strong>do</strong><br />

foi a promoção da interiorização da<br />

Campanha Nacional de Combate<br />

ao Trabalho Infantil, ten<strong>do</strong> em vista<br />

a participação de profissionais das<br />

políticas setoriais e representantes de<br />

entidades que trabalham com crian-<br />

ças e a<strong>do</strong>lescentes nas cidades da área<br />

de cobertura <strong>do</strong> CEREST/Arapiraca.<br />

Destaca-se, também, a mobilização<br />

<strong>do</strong>s parceiros, que ocorreu na<br />

perspectiva da implementação e fortalecimento<br />

das ações de enfrentamento<br />

da exploração por via da mão<br />

de obra infanto-juvenil, além da visibilidade<br />

proporcionada no senti<strong>do</strong> de<br />

apresentar, para a sociedade, as ações<br />

e serviços que o município dispõe.<br />

A Secretaria Municipal de Saúde,<br />

através <strong>do</strong> CEREST/Arapiraca, visa<br />

contribuir para a prevenção e identificação<br />

<strong>do</strong> trabalho infantil, através<br />

da atuação junto à intersetorialidade,<br />

apontan<strong>do</strong> prioridades e prestan<strong>do</strong><br />

atenção integral para a saúde de crianças<br />

e a<strong>do</strong>lescentes.<br />

O Workshop contra o Trabalho Infantil<br />

foi uma iniciativa que tornou<br />

acessível à população, a visualização<br />

de exemplos de boas práticas para a<br />

erradicação <strong>do</strong> Trabalho Infantil e<br />

proteção ao a<strong>do</strong>lescente trabalha<strong>do</strong>r<br />

no município de Arapiraca, no intuito<br />

de conferir visibilidade à importância<br />

de uma saúde pública, que atua intersetorialmente<br />

na garantia <strong>do</strong>s direitos<br />

das crianças e a<strong>do</strong>lescentes, principalmente,<br />

aqueles que resguardam sua<br />

vida, sua segurança e sua saúde.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por Alinne de Oliveira<br />

Dantas<br />

Assistente Social <strong>do</strong> Cerest/<br />

Arapiraca<br />

Patrícia Pereira Araújo<br />

Santana<br />

Enfermeira e coordena<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> Cerest/Arapiraca<br />

47


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

48<br />

48<br />

BRANQUINHA<br />

Reconstrução <strong>do</strong> futuro<br />

Aquela manhã de 18 de junho de<br />

2010, com chuva fininha e um rio de<br />

correnteza serena, não foi motivo de<br />

inquietação para os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> município<br />

de Branquinha, que não poderiam<br />

suspeitar a calamidade que os<br />

espreitava e, em poucas horas, abalaria<br />

a vida de to<strong>do</strong>s e modificaria para sempre<br />

a geografia da cidade. De repente,<br />

sem qualquer aviso, sem um alerta que<br />

aguçasse a suspeita, o Rio Mundaú,<br />

em fúria, inun<strong>do</strong>u o centro da cidade<br />

deixan<strong>do</strong> no seu rastro um cenário desola<strong>do</strong>r.<br />

O acolhimento adequa<strong>do</strong> das pessoas<br />

atingidas assim como as ações desenvolvidas<br />

para a redução de d<strong>ano</strong>s resultou<br />

da somatória de atividades de diferentes<br />

origens e instâncias: a intervenção<br />

imediata <strong>do</strong> Governo Municipal, instalan<strong>do</strong><br />

a Defesa Civil; a cooperação <strong>do</strong><br />

Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, envian<strong>do</strong> técnicos<br />

das Secretarias de Saúde, Assistência Social<br />

e Educação; a presença <strong>do</strong> corpo de<br />

Bombeiros, cujos helicópteros permitiram<br />

o acesso às localidades isoladas, levan<strong>do</strong><br />

alimentos e buscan<strong>do</strong> incansavelmente<br />

pessoas desaparecidas; <strong>do</strong>s<br />

Médicos Sem Fronteiras; <strong>do</strong>s profissionais<br />

<strong>do</strong> Hospital Conceição de São<br />

Paulo e <strong>do</strong> grupo de jipeiros, resgatan<strong>do</strong><br />

pessoas em localidades onde a lama<br />

impedia a entrada de outros veículos.<br />

O atendimento médico em momento<br />

oportuno soma<strong>do</strong> à qualidade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong><br />

foram determinantes para o bem<br />

estar da cidade, tornan<strong>do</strong> possível pensar<br />

ações para o depois.


Por não existir imóveis disponíveis<br />

para a instalação das secretarias, nossos<br />

endereços oficiais passaram a ser as<br />

pequenas lojas alugadas às pressas, no<br />

pátio de um Posto de Gasolina. Neste<br />

exíguo espaço, o Centro Administrativo<br />

Municipal permaneceu até março<br />

de 2011, enquanto se aguardava a<br />

construção de um módulo de madeira<br />

onde, atualmente, encontra-se instalada<br />

a Prefeitura Municipal.<br />

Em meio a tantas dificuldades operacionais,<br />

já no mês de agosto, foi possível<br />

transferir as famílias dispersas pelas escolas,<br />

igrejas ou sítios particulares para<br />

as moradias provisórias: as barracas,<br />

<strong>do</strong>adas pelo Rotary Club, que abrigariam<br />

os mora<strong>do</strong>res com mais qualidade,<br />

permitin<strong>do</strong> maior privacidade, pois<br />

cada família receberia, de acor<strong>do</strong> com o<br />

tamanho, uma ou duas unidades.<br />

O abastecimento de água, cujo teor<br />

de cloro residual (uma barreira para o<br />

surgimento de casos de <strong>do</strong>enças de veiculação<br />

hídrica), testa<strong>do</strong> antes da entrega,<br />

foi feito por caminhões pipa. Além<br />

<strong>do</strong> consumo hum<strong>ano</strong>, essa água armazenada<br />

em tanques, supria a lavanderia,<br />

os banheiros e o restaurante comunitários.<br />

A Prefeitura Municipal construiu<br />

<strong>do</strong>is galpões que serviram de palco para<br />

encenações criadas pelos recrea<strong>do</strong>res,<br />

atividades educativas e, também, como<br />

local para reuniões, cujas discussões fomentaram<br />

a formação de grupos capazes<br />

de influir na manutenção e limpeza<br />

das áreas comuns e da própria barraca;<br />

no cumprimento das regras acordadas<br />

pelos mora<strong>do</strong>res com relação ao silêncio<br />

noturno ou mesmo à altura <strong>do</strong> som,<br />

durante o dia; na utilização racional<br />

da água e da energia elétrica. Com a<br />

participação das psicólogas, tais discussões<br />

tinham como objetivo, ainda,<br />

desenvolver e aprimorar a capacidade<br />

de adaptação a este novo universo tão<br />

intimamente compartilha<strong>do</strong>.<br />

Montou-se uma verdadeira força<br />

tarefa composta por técnicos das Secretarias<br />

de Assistência, Saúde e Educação<br />

que, em conjunto, direcionavam as<br />

ações e solucionavam os problemas de<br />

acor<strong>do</strong> com as especificidades de cada<br />

área.<br />

A equipe da Secretaria de Educação<br />

corria contra o tempo, fustigada pela<br />

data fatal para o envio <strong>do</strong> número de<br />

alunos para o Ministério da Educação:<br />

o prazo de apenas 20 dias após a enchente,<br />

para a conclusão <strong>do</strong> relatório,<br />

sobrecarregava-se com o risco de perda<br />

<strong>do</strong>s recursos destina<strong>do</strong>s às escolas municipais.<br />

Toda a <strong>do</strong>cumentação, inclusive<br />

das escolas <strong>do</strong> campo, fora destruída<br />

e levada pelas águas.<br />

Encontraram como solução a solidariedade<br />

da comunidade e <strong>do</strong>s professores<br />

que, andarilhos, saíram município afora,<br />

baten<strong>do</strong> de porta em porta, conclaman<strong>do</strong><br />

a presença <strong>do</strong>s pais para ajudar<br />

na localização de vizinhos que se encontravam<br />

abriga<strong>do</strong>s nas casas de parentes,<br />

ou mesmo para efetuar as matrículas na<br />

oportunidade. Foram dias de apreensão<br />

CORPO TRAB<strong>AL</strong>HO.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

49


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

O CORPO SE REFAZ.<br />

por Edja Betânia da<br />

Rocha Menezes<br />

Assessora da Secretaria de<br />

Educação<br />

Edjane Bittencourt <strong>do</strong>s<br />

Santos<br />

Assesssora da Secretaria de<br />

Assistência Social<br />

Tereza Marluce Rocha<br />

Tavares<br />

Coordena<strong>do</strong>ra da Atenção<br />

Básica SMS<br />

50<br />

supera<strong>do</strong>s pela atitude proativa <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s:<br />

era para fazer e fizeram. Antes<br />

<strong>do</strong> prazo, os alunos estavam matricula<strong>do</strong>s<br />

e os recursos garanti<strong>do</strong>s.<br />

A Secretaria de Saúde alugou um<br />

imóvel na rua ao la<strong>do</strong> das moradias<br />

provisórias, instalou um ponto de<br />

apoio, manteve a assistência médica, as<br />

consultas de enfermagem, a aplicação<br />

de vacinas, as consultas de Pré-natal a<br />

citologia oncótica e o atendimento de<br />

primeiros socorros. Dois Agentes de<br />

Saúde ficaram responsáveis pelo acompanhamento<br />

das famílias.<br />

Concomitantemente, os técnicos da<br />

Secretaria de Assistência trabalhavam<br />

em ritmo acelera<strong>do</strong>, agilizan<strong>do</strong> a feitura<br />

<strong>do</strong> AVADAN (<strong>do</strong>cumento oficial que<br />

traduz minuciosamente as perdas materiais,<br />

prevê custos e garante os recursos<br />

necessários para a reconstrução das<br />

cidades atingidas por calamidades) e<br />

complementavam os cadastros: neste<br />

momento, muitas famílias, abrigadas<br />

em casas de parentes, vieram morar nas<br />

barracas para garantir o recebimento de<br />

alimentação e, posteriormente, às suas<br />

casas. Além dessas atividades, a Secretaria<br />

de Assistência coordenava o recebimento<br />

e distribuição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>nativos<br />

e era responsável pelo cadastramento<br />

e preenchimento das fichas individuais<br />

das famílias atingidas pela enchente.<br />

Este texto não pretende relatar em<br />

minúcia os acontecimentos envolvi<strong>do</strong>s<br />

na reconstrução da cidade de Branquinha.<br />

A partir da narrativa <strong>do</strong>s fatos<br />

iniciais – um amplo recorte para<br />

encurtar o caminho <strong>do</strong> entendimento<br />

<strong>do</strong>s primeiros e mais difíceis momentos<br />

desta reconstrução – as autoras preferem<br />

falar <strong>do</strong> depois, ou seja, da atualidade,<br />

daquilo que o esforço conjunto<br />

conseguiu deixar concreto: das casas<br />

em construção, 144 foram entregues<br />

ao município em dezembro de 2011<br />

e, sob a coordenação da Secretaria de<br />

Assistência social, as primeiras famílias<br />

se instalaram no Conjunto Raimun<strong>do</strong><br />

Nonato, viven<strong>do</strong> novos tempos e novas<br />

esperanças. No final deste mês de novembro,<br />

serão entregues mais 217 casas<br />

e é grande a expectativa, entre as pessoas<br />

relacionadas, para o recebimento<br />

das chaves. Estas famílias compostas<br />

por 14 menores de 1 <strong>ano</strong>, 67 menores<br />

de 5 <strong>ano</strong>s, 10 i<strong>do</strong>sos, 7 gestantes, 30 hipertensos<br />

(12 homens e 18 mulheres) e<br />

12 porta<strong>do</strong>res de diabetes (3 homens e<br />

9 mulheres), estão vinculadas à Equipe<br />

da Estratégia de Saúde da Família <strong>do</strong><br />

Conjunto João Lyra.<br />

A Secretaria de Educação dispõe de<br />

duas Escolas na zona urbana e uma no<br />

Assentamento El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Carajás, de<br />

moderna arquitetura, providas de seis<br />

salas de aula cada uma, com capacidade<br />

para desenvolver as atividades educacionais<br />

de forma plena.<br />

A missão da Prefeitura e equipes das<br />

Secretarias diretamente envolvidas na<br />

administração da crise continua porque<br />

existe um longo caminho a ser percorri<strong>do</strong><br />

por to<strong>do</strong>s, solidariamente, para<br />

consolidar Branquinha como uma cidade<br />

renascida e um bom lugar para se<br />

viver.


FELIZ DESERTO<br />

PSE: lições de educação, saúde e cidadania<br />

Localiza<strong>do</strong> entre Coruripe e Piaçabuçu,<br />

no litoral sul de Alagoas, o<br />

município de Feliz Deserto possui<br />

4.500 habitantes, de acor<strong>do</strong> com o Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

(IBGE). Em 2012, o Programa de<br />

Saúde na Escola em parceria com a Secretaria<br />

Municipal de Saúde e a Secretaria<br />

Municipal de Educação, desempenhou<br />

de forma exitosa as ações concernentes<br />

ao programa, trabalhan<strong>do</strong> em 100%<br />

das escolas da rede municipal de ensino,<br />

cumprin<strong>do</strong> as metas preconizadas e<br />

atingin<strong>do</strong> os objetivos determina<strong>do</strong>s no<br />

programa. As ações contribuíram para<br />

a construção <strong>do</strong> processo de cidadania<br />

<strong>do</strong>s estudantes.<br />

Anteceden<strong>do</strong> as festividades carnavalescas,<br />

foram realizadas palestras<br />

sobre as principais <strong>do</strong>enças sexualmente<br />

transmissíveis e as consequências de<br />

uma gravidez não planejada, sobretu<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> na a<strong>do</strong>lescência.<br />

Cumprin<strong>do</strong> determinação <strong>do</strong> Ministério<br />

da Saúde, o município realizou a<br />

Semana de Saúde. Entre as ações, foram<br />

realizadas avaliações antropométricas<br />

de 80% <strong>do</strong> aluna<strong>do</strong>, capacitação de<br />

100% <strong>do</strong>s professores da rede de ensino<br />

e reunião com pais e responsáveis, para<br />

CORPO TEMPLO.<br />

orientação sobre a importância de alimentação<br />

saudável.<br />

Também foram realizadas capacitações<br />

sobre a aplicação <strong>do</strong> Teste de<br />

Snellen – para avaliação da acuidade<br />

visual – sobre Drogas e Educação: implicações<br />

e desafios para o processo educacional.<br />

O projeto fez avaliação clínica<br />

nos alunos que participaram de atividades<br />

esportivas, os quais e representam<br />

nosso município em diversas modalidades<br />

e competições.<br />

A atualização <strong>do</strong>s cartões vacinais<br />

é atividade imprescindível para que a<br />

imunidade de nosso aluna<strong>do</strong> seja garantida.<br />

Foram aplicadas 244 <strong>do</strong>ses da<br />

vacina DT.<br />

Com o objetivo de incentivar nossos<br />

jovens a realizarem atividades físicas<br />

regularmente, prevenin<strong>do</strong> <strong>do</strong>enças<br />

relacionadas à ausência de hábitos saudáveis,<br />

realizou-se uma trilha ecológica<br />

numa reserva da Usina Coruripe.<br />

Aproveitan<strong>do</strong> os festejos juninos, foi<br />

dada continuidade ao trabalho de educação<br />

alimentar, atentan<strong>do</strong> para os valores<br />

calóricos das comidas típicas e <strong>do</strong>s<br />

males causa<strong>do</strong>s pelo consumo abusivo<br />

de sal.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por José Horgdys<br />

Secretário de Saúde<br />

por Paulo José Horgdys Ciriaco Filho<br />

Ex-secretário Coordena<strong>do</strong>r de saúde da Atenção<br />

Paulo Básica Ciriaco Filho<br />

Coordena<strong>do</strong>r Marcos Vinícius da Atencão André<br />

Básica Barbosa<br />

Marcos Psicólogo Vinícius André<br />

Psicólogo Marleide Ribeiro de Lira<br />

Marleide Diretora Ribeiro de Planejamento<br />

de Lira<br />

Diretora de Planejamento<br />

51


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

52<br />

MESSIAS<br />

Projeto Loucos pela Vida<br />

Desde o final da década de 70, que<br />

o Brasil vem buscan<strong>do</strong> dispositivos de<br />

tratamento para os transtornos mentais<br />

pauta<strong>do</strong>s na desistitucionalização, reorganizan<strong>do</strong><br />

os serviços e práticas, crian<strong>do</strong><br />

novos espaços de abordagem, necessidades<br />

que foram visualizadas através<br />

da Luta antimanicomial e Reforma<br />

Psiquiátrica Brasileira.<br />

A saúde mental, física e social se interdependem.<br />

O que torna a saúde<br />

mental indispensável é a garantia da<br />

boa qualidade de vida e <strong>do</strong> ambiente<br />

que convivemos. A Organização Mundial<br />

de Saúde reconhece a importância<br />

da saúde mental, que não consiste apenas<br />

na ausência de <strong>do</strong>enças e sim, num<br />

esta<strong>do</strong> completo de bem-estar físico e<br />

social.<br />

Como parte fundamental <strong>do</strong>s recentes<br />

avanços no âmbito da saúde<br />

mental, destaca-se o CAPS (Centro<br />

de Atenção Psicossocial), que tem a<br />

função de atender pessoas com graves<br />

sofrimentos psíquicos, evitan<strong>do</strong> a internação<br />

psiquiátrica. A proposta <strong>do</strong> Centro<br />

é articular-se com a rede de serviços<br />

de Atenção Primária à Saúde (APS) e a<br />

comunidade, buscan<strong>do</strong> a reinserção social.<br />

O município de Messias foi contempla<strong>do</strong><br />

com a implantação de um CAPS<br />

tipo 1, e, desde então, vem desenvolven<strong>do</strong><br />

um trabalho que tem demonstra<strong>do</strong><br />

ótimos resulta<strong>do</strong>s. A equipe técnica<br />

<strong>do</strong> CAPS Marina José da Silva Peixoto<br />

é composta de psiquiatra, psicólogos,<br />

enfermeiro, farmacêutico, assistente<br />

social, educa<strong>do</strong>r físico, terapeuta holístico,<br />

auxiliar de enfermagem e pessoal<br />

administrativo. Instalações amplas, área<br />

verde com árvores frutíferas, horta, piscina,<br />

salas grandes e arejadas, são algumas<br />

das melhores características que o<br />

centro de convivência possui, proporcionan<strong>do</strong><br />

uma sensação enorme de bem<br />

estar e acolhimento.<br />

Entre as atividades realizadas destacase<br />

a atividade física e as terapias holísticas,<br />

que visam harmonizar e equilibrar<br />

o indivíduo, contribuin<strong>do</strong> para<br />

qualidade de vida e bem estar. Algumas<br />

práticas terapêuticas empregadas<br />

são a auriculoterapia, Reiki, exercícios<br />

chineses, yoga, dança terapia, cultivo<br />

de horta e caminhadas ecológicas. En-


tre um exercício e outro é estimula<strong>do</strong><br />

o auxílio ao próximo promoven<strong>do</strong>, no<br />

dia a dia, a prática de hábitos saudáveis,<br />

aumentan<strong>do</strong> a capacidade de enfrentar<br />

pressões de mo<strong>do</strong> a viver harmoniza<strong>do</strong><br />

em relação ao meio ambiente, ao convívio<br />

com as pessoas e consigo mesmo.<br />

A equipe multidisciplinar está sempre<br />

interagin<strong>do</strong> de forma a ampliar, de<br />

mo<strong>do</strong> considerável, os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s<br />

pelos pacientes que convivem<br />

no espaço. São realizadas as práticas<br />

convencionais, como terapia de grupo,<br />

escuta terapêutica, arte terapia, entre<br />

outras. Entre os trabalhos que estão<br />

contribuin<strong>do</strong> para a boa evolução <strong>do</strong>s<br />

usuários, enfatizamos o projeto Construin<strong>do</strong><br />

uma História, onde os usuários<br />

relatam suas histórias de vida e como<br />

chegaram a apresentar os sintomas <strong>do</strong><br />

quadro clínico que se encontram. Após<br />

o relato, são realizadas intervenções<br />

da psicóloga e de outros usuários <strong>do</strong><br />

grupo, o que leva a uma reflexão da sua<br />

condição, a chegada ao CAPS e como<br />

se seguem os momentos de convivência<br />

para adquirir melhorar sua condição<br />

social. Alguns relatos serão seleciona<strong>do</strong>s,<br />

com o devi<strong>do</strong> consentimento <strong>do</strong><br />

usuário e irão fazer parte de um livro,<br />

que será publica<strong>do</strong> em breve.<br />

Relaciona<strong>do</strong> aos usuários de álcool e<br />

outras drogas, a equipe <strong>do</strong> CAPS firmou<br />

uma parceria com a Defensoria Pública<br />

e está forman<strong>do</strong> um Comitê Municipal<br />

para combater o consumo. O Comitê<br />

ajudará na viabilização da construção<br />

de um programa de intervenção integrada,<br />

que inclui ações relacionadas à<br />

promoção da saúde e informação sobre<br />

os riscos <strong>do</strong> uso dessas drogas, além da<br />

disponibilização de serviços de atendimento,<br />

estu<strong>do</strong>s clínicos sobre tratamento<br />

e mobilização social.<br />

Muitos projetos estão em andamento<br />

na área da saúde de Messias, com a finalidade<br />

de trabalhar a reinserção social,<br />

como é o caso de uma pequena fábrica<br />

de <strong>do</strong>ces caseiros, visto que foi identifica<strong>do</strong><br />

que alguns usuários possuem <strong>do</strong>ns<br />

culinários.<br />

Os projetos <strong>do</strong> CAPS não são apenas<br />

basea<strong>do</strong>s na terapia clínica, mas<br />

objetivam a ressocialização. Basea<strong>do</strong><br />

em terapias de grupo, na escuta psicoterapêutica<br />

e projetos que buscam o<br />

desenvolvimento psicossocial <strong>do</strong> indivíduo,<br />

o Centro atua como espaço de<br />

convivência, servin<strong>do</strong> para promover<br />

troca de experiências (profissionalusuário<br />

e usuário-usuário). No CAPS,<br />

queremos a promoção da saúde mental<br />

através de ações concretas, que o indivíduo<br />

busque suas habilidades, não focalizan<strong>do</strong><br />

a <strong>do</strong>ença e o medicamento. A<br />

abordagem segue na contramão da corrente<br />

manicomial, deven<strong>do</strong> se despir de<br />

qualquer posicionamento ambulatorial<br />

ou hospitalocêntrico.<br />

Trabalhar com saúde mental não é<br />

o simples dever de trabalhar e cumprir<br />

horário. É trabalhar com amor e dedicação.<br />

É contribuir para que o usuário<br />

tenha condições iguais a de qualquer<br />

outro indivíduo, ser visto e respeita<strong>do</strong><br />

como um cidadão. É esse comportamento<br />

que a equipe <strong>do</strong> CAPS – MES-<br />

SIAS busca a cada dia de trabalho.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por Francine Regina<br />

Camilo Candi<strong>do</strong><br />

Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> CAPS<br />

Agda Ferreira Bianco<br />

Terapeuta holística<br />

Laura Patrícia de Omena<br />

Psicóloga<br />

Morgana Thereza Gomes<br />

de Oliveira<br />

Enfermeira<br />

53


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

54<br />

PORTO DE PEDRAS<br />

Saúde e atividade física na Estratégica Saúde<br />

da Família da Lage em Porto de Pedras<br />

Porto de Pedras, município localiza<strong>do</strong><br />

no litoral norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, possui<br />

uma população estimada em oito mil<br />

habitantes e conta com quatro equipes<br />

de Saúde da Família. Cuidar da vida<br />

de mo<strong>do</strong> a reduzir a vulnerabilidade ao<br />

a<strong>do</strong>ecimento, a incapacidade física, ao<br />

sofrimento crônico e à morte prematura<br />

de indivíduos, tornou-se mais importante<br />

nas últimas décadas, compon<strong>do</strong><br />

compromisso e responsabilidade na<br />

qualidade de vida da população, fazen<strong>do</strong><br />

com que to<strong>do</strong>s sejam partícipes no cuida<strong>do</strong><br />

com a saúde.<br />

A implantação da Política de Promoção<br />

à Saúde junto ao PSF da Lage<br />

tem, por objetivo, proporcionar à comunidade<br />

melhorias em sua saúde, efetivan<strong>do</strong><br />

o menor número de pacientes à<br />

espera de atendimento médico nas UBS,<br />

diminuin<strong>do</strong> o número de medicamentos<br />

forneci<strong>do</strong>s pela Farmácia Básica, além de<br />

exames.<br />

A equipe da Lage constatou que os<br />

problemas de saúde da comunidade estão<br />

liga<strong>do</strong>s ao estresse, drogas, falta de água,<br />

inatividade física, desnutrição e pobreza,<br />

situações que geram apatia generalizada,<br />

que se reflete no aparecimento de <strong>do</strong>enças<br />

infecciosas e crônicas, fazen<strong>do</strong> com<br />

que as Unidades de Saúde fiquem reple-<br />

CORPO ESPÍRITO.<br />

tas de pessoas poliqueixosas e inertes. É<br />

nesse clima que a equipe busca mudar o<br />

foco da atenção à saúde, garantin<strong>do</strong> que<br />

to<strong>do</strong>s sejam atendi<strong>do</strong>s.<br />

A partir de 2009, o município implantou<br />

o Programa de Promoção à Saúde,<br />

com uma série de práticas educativas. O<br />

sucesso se deu devi<strong>do</strong> ao envolvimento<br />

de toda a equipe, que iniciou os trabalhos<br />

realizan<strong>do</strong> festas como o São João, fazen<strong>do</strong><br />

com que, aos poucos, a população<br />

passasse a frequentar e interagir com a<br />

UBS, enxergan<strong>do</strong> outras possibilidades<br />

além da busca pela cura de <strong>do</strong>enças.<br />

A queixa mais frequente eram as <strong>do</strong>res.<br />

Aos poucos, a equipe começou a retirar<br />

a população da Unidade de Saúde e encaminhá-la<br />

para o Clube Municipal. Lá<br />

começaram as atividades físicas. Festas,<br />

passeios e caminhadas em direção ao mar,<br />

alongamentos e relaxamentos na areia da<br />

praia e na água são pretextos para atividades<br />

que movimentem a comunidade.<br />

Das atividades físicas o grupo passou<br />

às práticas complementares ao SUS,<br />

como a acupuntura, massagens antiestresse,<br />

piqueniques e atividades de terapia<br />

ocupacionais, como crochê, fuxico<br />

e pintura. Tais atividades têm refleti<strong>do</strong><br />

na diminuição <strong>do</strong> uso de medicamentos,<br />

controle de pressão arterial e diabetes, in-


clusive as poliqueixas. Houve também<br />

uma mudança significativa no humor e<br />

na estima das pessoas.<br />

A atividade física está associada à<br />

qualidade de vida e saúde. A consequência<br />

<strong>do</strong> bom condicionamento de<br />

exercícios feitos com regularidade está<br />

diretamente ligada ao bem-estar, trazen<strong>do</strong><br />

inúmeros benefícios de ação preventiva,<br />

diminuin<strong>do</strong> casos de agravos,<br />

<strong>do</strong>enças e de uso de medicamentos. A<br />

preocupação em promover e manter a<br />

saúde deve ser ressaltada para a população,<br />

que, cada vez mais, necessita da<br />

prática de exercícios físicos regulares em<br />

sua rotina para combater os efeitos nocivos<br />

da vida sedentária.<br />

O SUS inovou nos aspectos organizativos<br />

através de estratégias e méto<strong>do</strong>s de<br />

atuação, até então não vivencia<strong>do</strong>s nem<br />

experimenta<strong>do</strong>s na sua potencialidade,<br />

consideran<strong>do</strong> que seu objetivo maior<br />

é a qualidade <strong>do</strong>s atos de promoção,<br />

proteção, preservação e recuperação da<br />

saúde individual e coletiva. A realização<br />

de atividade física como coadjuvante na<br />

qualidade de vida e seus benefícios são<br />

vislumbra<strong>do</strong>s logo de imediato, entretanto,<br />

é muito difícil a população aderir<br />

de imediato à essa prática. A experiência<br />

da equipe <strong>do</strong> PSF IV da Lage conseguiu<br />

tirar a população da inércia em<br />

que se encontrava.<br />

O que verificamos, mesmo sen<strong>do</strong> um<br />

pequeno município, é semelhante ao<br />

que ocorre, por exemplo, nas grandes<br />

metrópoles, onde as Doenças e Agravos<br />

Não Transmissivos - DANTS são<br />

as maiores responsáveis por mortalidade,<br />

internações hospitalares, reabili-<br />

tação e gastos pelo SUS. Alguns estu<strong>do</strong>s<br />

demonstram que, de mo<strong>do</strong> geral, essas<br />

<strong>do</strong>enças crônicas não transmissíveis têm<br />

os mesmos fatores predisponentes (obesidade,<br />

sedentarismo, uso <strong>do</strong> tabaco e<br />

fatores psicossociais). Demonstram,<br />

ainda, que o controle de alguns <strong>do</strong>s fatores<br />

de risco independentes reduziu de<br />

forma importante a morbi-mortalidade<br />

secundária.<br />

O Ministério da Saúde tem incentiva<strong>do</strong><br />

práticas complementares ao SUS e<br />

às ações de promoção da saúde. Segun<strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>s, as Doenças Crônicas Não<br />

Transmitidas atacam 60% das <strong>do</strong>enças<br />

no Brasil. A Organização Mundial<br />

da Saúde – OMS estima que 22% das<br />

<strong>do</strong>enças cardíacas, podem ser evitadas<br />

se a população estiver pratican<strong>do</strong> atividade<br />

física. Assim, a equipe da Lage<br />

começa um processo de sensibilização<br />

com a população para a realização das<br />

atividades físicas.<br />

Além da atenção, a comunidade<br />

descobriu suas competências e habilidades<br />

e, principalmente, tiveram acesso<br />

à informações diversas. A unidade de<br />

saúde, antes com grande lotação para<br />

consultas ou à procura de remédios,<br />

agora está repleta de multiplica<strong>do</strong>res:<br />

fazen<strong>do</strong>, aprenden<strong>do</strong> e ensinan<strong>do</strong>. Isso<br />

é SUS, isso é cidadania!<br />

Entre os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s, uma<br />

população sensibilizada para convivência<br />

em grupo com respeito mútuo, com<br />

fator de qualidade de vida e uma equipe<br />

ESF sensibilizada em defesa da não<br />

violência, da atividade física e da promoção<br />

à saúde. <br />

CORPO IMAGEM. ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por Theny Mary Viana<br />

Fireman<br />

Ex-coordena<strong>do</strong>ra da<br />

Atenção Básica<br />

Maria <strong>do</strong>s Prazeres de<br />

Barros<br />

Ex-coordena<strong>do</strong>ra da<br />

Vigilância à Saúde<br />

55


ATITUDE ATITUDE . revista revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

56<br />

SANTANA DO IPANEMA<br />

Programa Mãe Santanense garantin<strong>do</strong> vidas<br />

Basea<strong>do</strong> numa série histórica, durante<br />

o perío<strong>do</strong> de 2000 a 2012, acompanhou-se<br />

a saúde de gestantes e crianças,<br />

em que os indica<strong>do</strong>res de saúde de<br />

Santana <strong>do</strong> Ipanema apontaram problemas<br />

como alta mortalidade materna<br />

e infantil, baixa cobertura de pré-natal,<br />

baixa escolaridade materna, mulheres<br />

sem informação sobre a importância<br />

da realização <strong>do</strong>s exames e consultas <strong>do</strong><br />

pré-natal, além <strong>do</strong> alto número de gestantes<br />

sem pré-natal.<br />

Diante <strong>do</strong> diagnóstico, as duas áreas<br />

foram contempladas no Pl<strong>ano</strong> Municipal<br />

de Saúde 2011 - 2013 e durante<br />

a realização <strong>do</strong> Seminário de Descentralização<br />

<strong>do</strong>s Objetivos <strong>do</strong> Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Milênio – ODM’s - realiza<strong>do</strong><br />

em novembro de 2011, com a participação<br />

da Secretaria da Presidência da<br />

República. Dos oito objetivos, estávamos<br />

naquele momento, garantin<strong>do</strong> seis,<br />

três deles de responsabilidade da Saúde.<br />

Ao ser implanta<strong>do</strong>, o programa Mãe<br />

Santanense necessitava de reorganização<br />

<strong>do</strong>s serviços, garantia de recursos<br />

financeiros para pagamento de exames<br />

laboratoriais e de imagens, definição<br />

de protocolo clínico para o pré-natal,<br />

definição de atendimentos normais e,<br />

aos partos de risco, retaguarda hospitalar<br />

como referência, participação da<br />

população, contratação de gineco-obstetra,<br />

monitoramento das ações e avaliação<br />

<strong>do</strong>s serviços.<br />

O principal objetivo da atenção ao<br />

pré-natal é acolher a mulher desde o<br />

início da gravidez, asseguran<strong>do</strong> sua<br />

saúde, com a realização de to<strong>do</strong>s os exames<br />

e consultas e, no fim da gestação,<br />

o nascimento de uma criança saudável,<br />

garantin<strong>do</strong> o bem-estar materno<br />

e neonatal. Uma atenção pré-natal e<br />

puerperal qualificada e humanizada se<br />

dá por meio da incorporação de condutas<br />

acolhe<strong>do</strong>ras e sem intervenções<br />

desnecessárias, <strong>do</strong> fácil acesso a serviços<br />

de saúde de qualidade, com ações que<br />

integrem to<strong>do</strong>s os níveis da atenção:<br />

promoção, prevenção e assistência à<br />

saúde da gestante e ao recém-nasci<strong>do</strong>,<br />

desde o atendimento ambulatorial básico<br />

ao atendimento hospitalar de alto<br />

risco.


Para executar o projeto, o município<br />

conta com técnicos qualifica<strong>do</strong>s e<br />

nove Equipes de Saúde da Família, um<br />

EACS, um Hospital Regional e uma<br />

Casa da Mulher, como referência no<br />

Pré-natal de Alto Risco, além de ser<br />

referência para as áreas <strong>do</strong> PACS. O<br />

Programa contempla, no mínimo, as<br />

sete consultas de pré-natal e acompanhamento<br />

da equipe multiprofissional,<br />

formada por médicos, enfermeiros,<br />

dentistas, psicólogos, nutricionistas, assistentes<br />

sociais, terapeuta ocupacional<br />

e fisioterapeutas. São oferta<strong>do</strong>s cursos<br />

e oficinas para as gestantes e seus companheiros,<br />

garantin<strong>do</strong> atesta<strong>do</strong> médico<br />

para comprovação da falta ao serviço,<br />

quan<strong>do</strong> é também participante <strong>do</strong>s<br />

eventos.<br />

Os cursos, oficinas e reuniões vem<br />

mudan<strong>do</strong> o comportamento e as atitudes<br />

das mulheres, pois ao receberem<br />

o kit explicativo para o coto umbilical<br />

e explicações de como proceder em<br />

determinadas situações, as gestantes<br />

compreendem que estão ajudan<strong>do</strong> no<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> bebê. Mães e pais<br />

recebem instruções básicas, que são<br />

fundamentais no reconhecimento das<br />

necessidades da criança, como a importância<br />

da estimulação ao aleitamento<br />

materno.<br />

Cada gestante recebe uma pasta<br />

identifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> pré-natal, onde são<br />

arquiva<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os exames e a história<br />

da sua gravidez, cujo objetivo é garantir<br />

a informação onde quer que essa<br />

gestante vá, facilitan<strong>do</strong> o trabalho <strong>do</strong>s<br />

profissionais de saúde. Outro sucesso é<br />

a captação da gestante o mais precoce<br />

possível, que estimula a mulher a procurar<br />

os serviços. Entre as propostas<br />

<strong>do</strong> Programa Mãe Santanense, existe a<br />

garantia de um acompanhante na hora<br />

<strong>do</strong> parto. Para diminuir o estresse, a ansiedade<br />

e o me<strong>do</strong>, como também conhecer<br />

a equipe que realizará o parto, a<br />

gestante poderá visitar o Hospital.<br />

Para 2012, a estimativa de atendimento<br />

é de 998 gestantes, destas 848<br />

serão de baixo risco e 150 de alto risco.<br />

Para garantir a realização de exames<br />

laboratoriais e de imagem, a SMS disponibilizou<br />

o valor de R$ 123.775,00.<br />

Os números mostram o avanço <strong>do</strong> projeto:<br />

em 2000, 237 gestantes sem consulta<br />

de pré-natal e, em 2012, apenas<br />

7 mulheres chegaram ao município no<br />

último trimestre da gravidez; em 2000,<br />

25 gestantes com a informação de consultas<br />

ignoradas e, em 2012, nenhuma<br />

gestante ficou sem informação. <br />

CORPO CASA.<br />

ATITUDE ATITUDE . revista revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por Normanda da Silva<br />

Santiago<br />

Ex-secretária de Saúde e atual<br />

secretária de Pão de Açúcar<br />

Sibele de Oliveira Arroxellas<br />

Assessora Técnica<br />

57


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por Silvana Gomes de<br />

França Secretária de<br />

Saúde de Santana <strong>do</strong><br />

Mundaú/<strong>AL</strong><br />

Fábio Claudino Pereira<br />

Assessor técnico<br />

Gerlane Dias da Silva<br />

Assessora técnica<br />

58<br />

SANTANA DO MUNDAÚ<br />

Saúde no campo: promoção e prevenção das<br />

DSTs e imunização contra o Tét<strong>ano</strong> e<br />

Hepatite<br />

Situa<strong>do</strong> na região <strong>do</strong>s Quilombos <strong>do</strong><br />

Palmares, o município de Santana <strong>do</strong><br />

Mundaú tem como limite os municípios<br />

de Branquinha, Chá Preta, São José<br />

da Lage, União <strong>do</strong>s Palmares e o esta<strong>do</strong><br />

de Pernambuco. Conheci<strong>do</strong> como terra<br />

da laranja lima e banha<strong>do</strong> pelo Rio<br />

Mundaú, o município possui uma população<br />

estimada em 11 mil habitantes<br />

com cobertura de 100% da Estratégia<br />

Saúde da Família (ESF).<br />

A frequência de uso de bebidas alcoólicas,<br />

foi observada entre os trabalha<strong>do</strong>res<br />

liga<strong>do</strong>s ao setor da construção civil, que<br />

ficam vulneráveis a sofrerem acidentes de<br />

trabalho, bem como a contaminação por<br />

<strong>do</strong>enças sexualmente transmissíveis.<br />

A implantação <strong>do</strong> projeto de Promoção<br />

e Prevenção das DSTs e imunização<br />

contra o Tét<strong>ano</strong> e Hepatite, surgiram<br />

diante da necessidade de focalizar<br />

a prevenção em saúde como um to<strong>do</strong>.<br />

O Setor de Recursos Hum<strong>ano</strong>s <strong>do</strong> município<br />

visualizou o problema e, teve a<br />

preocupação em garantir a oportunidade<br />

de trabalho para a população da nova cidade<br />

mundauense.<br />

Na prática, o trabalho consistiu em<br />

imunizar grupos mais expostos e distribuir<br />

preservativos masculino e feminino,<br />

como forma de prevenção contra<br />

as <strong>do</strong>enças sexualmente transmissíveis. O<br />

nosso maior desafio hoje é a resistência<br />

por parte <strong>do</strong>s operários, mediante as suas<br />

crenças, mitos, me<strong>do</strong>s, religiões, cultura<br />

e desconhecimento.<br />

Diante desse fato, houve a necessidade<br />

de trabalhar os conceitos pré estabeleci<strong>do</strong>s<br />

desses assuntos com os homens<br />

e as mulheres, orientan<strong>do</strong>-os de forma<br />

didática e aberta sobre a gravidade das<br />

<strong>do</strong>enças transmitidas por relação sexual,<br />

além da importância <strong>do</strong> planejamento<br />

familiar, ajudan<strong>do</strong> a reduzir o índice de<br />

gravidez na a<strong>do</strong>lescência.<br />

As atividades de mobilização e orientação<br />

junto aos trabalha<strong>do</strong>res aconteceram<br />

no local de trabalho, o canteiro de<br />

obras de Santana <strong>do</strong> Mundaú, que segue<br />

em reconstrução após a enchente <strong>do</strong> Rio<br />

Paraíba. Na visita, foram distribuí<strong>do</strong>s<br />

mil preservativos masculinos e setecentos<br />

homens foram imuniza<strong>do</strong>s.<br />

Fortalecer as ações de prevenção e promoção<br />

de acidentes ao trabalha<strong>do</strong>r, garantin<strong>do</strong><br />

qualidade de vida e bem-estar à<br />

toda comunidade é uma das principais<br />

metas da equipe da Secretaria de Saúde<br />

<strong>do</strong> nosso município.


TEOTÔNIO VILELA<br />

Amplian<strong>do</strong> a Atenção Básica: humanizan<strong>do</strong><br />

o atendimento aos cidadãos<br />

Com treze unidades de saúde em<br />

reforma, o município de Teotônio Vilela<br />

precisou ser prático para garantir atendimento<br />

o<strong>do</strong>ntológico à população.<br />

A saída foi alugar consultórios existentes<br />

na cidade para retomar as ações<br />

de saúde bucal. Dentistas <strong>do</strong> município<br />

também caíram em campo na promoção<br />

e prevenção nas escolas. Agrega<strong>do</strong><br />

à o<strong>do</strong>ntologia, o município vem<br />

priorizan<strong>do</strong> a reestruturação da Atenção<br />

Básica, responsável por quase 80%<br />

das necessidades de saúde, com maior<br />

demanda no eixo materno-infantil.<br />

Focan<strong>do</strong> ações com base nos indica<strong>do</strong>res<br />

e exames, a secretaria de saúde<br />

vem organizan<strong>do</strong>, sistematicamente,<br />

a demanda para as citologias, estruturan<strong>do</strong><br />

o sistema para a discussão <strong>do</strong><br />

Protocolo de Pré-natal, que deverá capacitar<br />

to<strong>do</strong>s os profissionais na realização<br />

<strong>do</strong> atendimento e <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> da<br />

mulher e da criança e, posteriormente,<br />

implementan<strong>do</strong> as ações de cuida<strong>do</strong><br />

com a infância. Para ampliar o atendimento,<br />

faz-se necessário a contratação<br />

de profissionais, principalmente de médicos,<br />

para completar as equipes.<br />

A população de Teotônio Vilela é de<br />

41 mil habitantes, segun<strong>do</strong> Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística. O<br />

município possui 15 equipes de ESF e<br />

uma Equipe <strong>do</strong>s Agentes Comunitários<br />

de Saúde, cuja proposta é transformar o<br />

EACS em mais uma equipe de Saúde da<br />

Família, garantin<strong>do</strong> cobertura de 100%<br />

na Atenção Básica <strong>do</strong> município. A<br />

proposta se baseia na Portaria 2.288/11<br />

<strong>do</strong> Ministério da Saúde.<br />

Outra grande demanda vem da Unidade<br />

Mista Nossa Senhora das Graças<br />

que, na necessidade de cumprir seu papel<br />

de retaguarda das Equipes de Saúde<br />

da Família, requer investimentos das três<br />

esferas de governo, pois desde que foi<br />

criada, sempre deu resulta<strong>do</strong>s positivos<br />

e resolutividade na assistência. Uma das<br />

metas <strong>do</strong> município é criar um Centro<br />

de Especialidades que dará respal<strong>do</strong> aos<br />

trabalhos da Atenção Básica.<br />

Graças à parceria com o Ministério<br />

da Saúde, o município foi contempla<strong>do</strong><br />

com a construção de uma Unidade de<br />

Saúde e com as reformas e ampliação<br />

de outras unidades, o que facilitará o<br />

trabalho <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> com a população<br />

vilelense.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

59


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

60<br />

CORPO ÁGUA.<br />

por Theny Mary Viana<br />

Fireman<br />

Assessora técnica<br />

Joseane Granja<br />

Secretária adjunta<br />

Izabel Borges<br />

Secretária de Saúde<br />

Capacitações constantes para melhorar<br />

o cuida<strong>do</strong>, elaboran<strong>do</strong> e discutin<strong>do</strong><br />

conjuntamente os protocolos<br />

de serviços, conforme o Decreto Presidencial<br />

nº 7.508/11, vem sen<strong>do</strong> trabalhadas<br />

na educação permanente <strong>do</strong><br />

município, que se prepara para atuar<br />

basea<strong>do</strong> na humanização <strong>do</strong> atendimento<br />

e condição sine qua non <strong>do</strong> processo<br />

<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>.<br />

A proposta é implicar a responsabilização<br />

<strong>do</strong>s serviços e <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

da saúde em construir, com os usuários,<br />

a resposta possível às suas <strong>do</strong>res, angústias,<br />

problemas e aflições, de forma a<br />

serem realizadas consultas e atendimentos<br />

com responsabilização e autonomia<br />

de cada usuário.<br />

O acolhimento pressupõe um serviço<br />

de saúde organiza<strong>do</strong>, garanti<strong>do</strong> por<br />

uma equipe multiprofissional, nos atos<br />

de receber, escutar, orientar, atender,<br />

encaminhar e acompanhar o usuário,<br />

principal envolvi<strong>do</strong> na atenção. Significa<br />

a base da humanização nas relações e<br />

caracteriza o primeiro ato de cuida<strong>do</strong>,<br />

contribuin<strong>do</strong> para o aumento da resolutividade.


UNIÃO DOS P<strong>AL</strong>MARES<br />

CTA itinerante melhora acessibilidade das<br />

comunidades a testes HIV-AIDS<br />

União <strong>do</strong>s Palmares é pólo entre os<br />

municípios vizinhos e tem, como uma<br />

das principais atividades econômicas, a<br />

produção de açúcar e álcool, atividades<br />

que promovem o intercâmbio de trabalha<strong>do</strong>res<br />

de outras cidades. Além da<br />

produção canavieira, existe a feira livre,<br />

que funciona a maior parte da semana.<br />

A secretaria de Saúde verificou que o<br />

grande fluxo de pessoas, de variadas localidades,<br />

tem provocan<strong>do</strong> o aumento<br />

da vulnerabilidade às DST/AIDS, especialmente<br />

entre o grupo de profissionais<br />

<strong>do</strong> sexo.<br />

O perfil da AIDS no município é caracteriza<strong>do</strong><br />

como epidemia em ascensão<br />

ocupan<strong>do</strong>, atualmente, o quarto lugar<br />

no esta<strong>do</strong>, com 37 casos (Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Departamento<br />

de DST, AIDS e Hepatites<br />

Virais - CTA). Devi<strong>do</strong> a grande incidência<br />

desses agravos, viu-se a necessidade<br />

de implantar uma unidade de referência<br />

que desenvolvesse ações de prevenção as<br />

DST/AIDS e auxiliasse as pessoas contaminadas<br />

no tratamento da <strong>do</strong>ença.<br />

Essa unidade de referência é o Centro<br />

de Testagem e Aconselhamento, em<br />

funcionamento desde outubro de 2002.<br />

É forma<strong>do</strong> por uma equipe multidisciplinar,<br />

composta por médica ginecologista,<br />

enfermeira, psicólogas, assistentes<br />

sociais, auxiliar de enfermagem, biomédica<br />

e recepcionista.<br />

Diariamente, o CTA de União <strong>do</strong>s<br />

Palmares realiza palestras educativas<br />

sobre o que é a <strong>do</strong>ença, os riscos de<br />

contaminação, como também ensina a<br />

melhor forma de prevenção. O Centro<br />

disponibiliza preservativos, materiais<br />

educativos e oferta exames para Sífilis,<br />

HIV e Hepatites B e C. Com o aumento<br />

<strong>do</strong> número de casos positivos de<br />

HIV, viu-se a necessidade de ampliar<br />

a oferta desses testes. Foi então que o<br />

serviço programou as ações <strong>do</strong> projeto<br />

CTA itinerante, já realiza<strong>do</strong> no próprio<br />

município e em outras cidades alagoanas.<br />

To<strong>do</strong>s os serviços <strong>do</strong> CTA são oferta<strong>do</strong>s<br />

as comunidades rurais, nas Unidades<br />

Básicas de Saúde de difícil acesso,<br />

bem como nas localidades urbanas, que<br />

ficam distantes da sede <strong>do</strong> Centro. Desde<br />

que foi implantan<strong>do</strong>, o CTA itinerante<br />

realizou testes em 1.021 pessoas de<br />

diferentes localidades.<br />

A realização desse projeto tem contribuí<strong>do</strong><br />

para que as pessoas conheçam<br />

o seu esta<strong>do</strong> sorológico, tenham acesso<br />

ao diagnóstico e tratamento precoce,<br />

principalmente, no caso de gestantes.<br />

Nos casos positivos, a SMS tem garantin<strong>do</strong><br />

o cuida<strong>do</strong> e acompanhamento<br />

da <strong>do</strong>ença. <br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

por Rimelc Shirley Lins de<br />

A. Pontes<br />

Ex-secretária de Saúde<br />

Adeyne Farias de Andrade<br />

Ex-coordena<strong>do</strong>ra CTA<br />

CORPO SÃO.<br />

61


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Núcleo de Saúde Pública:<br />

elo entre academia, serviços de sáude e<br />

movimentos sociais em Alagoas<br />

Com a participação das universidades<br />

no movimento pela Reforma Sanitária,<br />

percebeu-se a oportunidade de iniciar a<br />

organização de uma estrutura voltada<br />

para oferecer, de forma sistemática, uma<br />

contribuição à consolidação <strong>do</strong> sistema<br />

de saúde brasileiro: os Núcleos de Saúde<br />

Pública. Essa nova estrutura surge com<br />

o papel da proporcionar a Universidade<br />

a encontrar novas fronteiras de conhecimento,<br />

particularmente na área de<br />

planejamento, gerência e assistência <strong>do</strong>s<br />

serviços.<br />

Cria<strong>do</strong> no <strong>ano</strong> de 1989, o Núcleo<br />

de Saúde Pública da Universidade Federal<br />

de Alagoas – NUSP/UF<strong>AL</strong>, possui<br />

natureza técnico-científica e tem como<br />

missão a formação de pessoas críticas,<br />

reflexivas e éticas para atuar na área da<br />

saúde pública, contribuin<strong>do</strong> para o fortalecimento,<br />

a defesa e a consolidação<br />

<strong>do</strong> SUS em Alagoas, à melhoria da<br />

qualidade de vida da população e a efetivação<br />

da cidadania por meio da educação<br />

permanente (formação, controle<br />

62<br />

social, gestão e assistência), com ações<br />

de ensino, extensão e pesquisa.<br />

Sua missão tem consonância com a<br />

missão da UF<strong>AL</strong> de produzir, multiplicar<br />

e recriar o saber coletivo (em todas<br />

as áreas <strong>do</strong> conhecimento, de forma<br />

comprometida com a ética, justiça social,<br />

desenvolvimento hum<strong>ano</strong> e bem<br />

comum). O NUSP busca o objetivo de<br />

construir conhecimento no campo da<br />

Saúde Pública e áreas afins, atuan<strong>do</strong> de<br />

forma interdisciplinar.<br />

Para realizar sua missão, conta com<br />

uma equipe técnica multiprofissional,<br />

composta por profissionais (<strong>do</strong>centes<br />

e técnicos) da UF<strong>AL</strong>, colabora<strong>do</strong>res de<br />

órgãos públicos <strong>do</strong> setor saúde <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

de Alagoas, voluntários, estagiários<br />

e bolsistas de trabalho de cursos de<br />

graduação, estudantes de graduação e<br />

de pós-graduação. É um órgão de apoio<br />

acadêmico vincula<strong>do</strong> à Faculdade de<br />

Medicina da Universidade e relacionase<br />

com o Hospital Universitário Alberto<br />

Antunes, com os diversos cursos<br />

por Suely Nascimento<br />

Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> NUSP/<br />

FAMED/UF<strong>AL</strong>


e setores da UF<strong>AL</strong>, por meio de ações e<br />

projetos em desenvolvimento.<br />

Durante os vinte e três <strong>ano</strong>s de existência,<br />

o NUSP/UF<strong>AL</strong> tem realiza<strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>s e pesquisas relacionadas<br />

às políticas públicas de saúde, agin<strong>do</strong><br />

como elo entre a academia, os serviços<br />

de saúde e os movimentos sociais, ten<strong>do</strong><br />

acumula<strong>do</strong> experiência de âmbito nacional<br />

em formação e desenvolvimento<br />

de recursos hum<strong>ano</strong>s, planejamento,<br />

gestão, assistência em saúde, educação<br />

em saúde, educação popular e controle<br />

social.<br />

Consoli<strong>do</strong>u parcerias com a Secretaria<br />

de Esta<strong>do</strong> da Saúde de Alagoas, o<br />

Conselho de Secretarias Municipais de<br />

Saúde de Alagoas – Cosems/<strong>AL</strong>, diversos<br />

municípios alago<strong>ano</strong>s, como as secretarias<br />

municipais de saúde de Maceió<br />

e de Arapiraca, a Fundação Universitária<br />

de Desenvolvimento de Extensão<br />

e Pesquisa – FUNDEPES, a Escola Nacional<br />

de Saúde Pública da Fundação<br />

Oswal<strong>do</strong> Cruz – ENSP/Fiocruz e com<br />

o Núcleo de Estu<strong>do</strong>s em Saúde Pública<br />

da Universidade de Brasília – NESP/<br />

UNB.<br />

Ainda no contexto nacional, o NUSP/<br />

UF<strong>AL</strong> faz parte da Rede de Escolas de<br />

Formação em Saúde Pública e vem articulan<strong>do</strong>-se<br />

com o Instituto de Saúde<br />

Coletiva da Universidade Federal da<br />

Bahia – ISC/UFBA. Em parceira com<br />

ENSP/Fiocruz ,coordenou em Alagoas<br />

o I e II Curso Nacional de Qualificação<br />

de Gestores <strong>do</strong> SUS - CNQGS, onde<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

299 alunos gestores concluíram o curso,<br />

no perío<strong>do</strong> de 2009 a 2012. Com<br />

o ISC/UFBA vem firman<strong>do</strong> parceria na<br />

área de planejamento em saúde.<br />

No primeiro semestre de 2012, o<br />

fortalecimento <strong>do</strong>s vínculos com o<br />

Cosems/<strong>AL</strong> se efetiva por meio da relatoria<br />

<strong>do</strong> XXV<strong>III</strong> Congresso <strong>do</strong> Conasems<br />

em parceria com o NESP/<br />

UNB, além da construção da Tenda<br />

Paulo Freire, no referi<strong>do</strong> evento por<br />

meio <strong>do</strong> Laboratório de Educação<br />

Popular e Saúde - LEPS e com diversos<br />

atores da educação popular no contexto<br />

nacional1 .<br />

Participa de espaços de lutas pela consolidação<br />

<strong>do</strong> SUS e garantia de direitos<br />

sociais, tais como: Conselho Estadual de<br />

Saúde de Alagoas, Fórum em defesa <strong>do</strong><br />

SUS/<strong>AL</strong>, Movimento de Reintegração<br />

das Pessoas Porta<strong>do</strong>ras de Hanseníase<br />

– MORHAN/<strong>AL</strong>, Comitê Estadual<br />

de Combate à Dengue, e, Movimento<br />

Popular de Saúde – MOPS.<br />

No campo da formação para o trabalho<br />

no Sistema Único de Saúde,<br />

realiza cursos de atualização, de aperfeiçoamento<br />

e de pós-graduação Lato<br />

Sensu, vivências e oficinas. Em 2012,<br />

realizou projetos para profissionais de<br />

saúde <strong>do</strong> município de Maceió, o Curso<br />

de Capacitação para Gerentes das<br />

Unidades Básicas de Saúde – GERUS,<br />

1. Movimento Popular de Saúde, Rede de<br />

Educação Popular em Saúde, Articulação<br />

Nacional de Práticas e de Educação Popular<br />

em Saúde, e Comitê Nacional de Educação<br />

Popular e Saúde.<br />

PARCEIROS<br />

63


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

e a Capacitação técnico-pedagógica em<br />

Violência Doméstica contra Criança e<br />

A<strong>do</strong>lescente – VDCA.<br />

O VDCA teve como produto a elaboração<br />

e publicação de uma cartilha.<br />

Encontra-se em andamento, o VII Curso<br />

de Especialização em Saúde Pública,<br />

o <strong>III</strong> Curso de Especialização em Vigilância<br />

em Saúde, o II Curso de Especialização<br />

em Gestão <strong>do</strong> Trabalho em<br />

Saúde, to<strong>do</strong>s executa<strong>do</strong>s com recursos<br />

da política de Educação Permanente.<br />

Também foi inicia<strong>do</strong> o Curso Realidades<br />

Brasileiras, volta<strong>do</strong> para coletivos<br />

de movimentos sociais e sindicais junto<br />

com a Rede de Educação Cidadã – RE-<br />

CID, Assembleia Popular e MOPS.<br />

No campo <strong>do</strong> ensino contribui com a<br />

formação na graduação na área da saúde<br />

e áreas afins, por meio de estágio, de<br />

vivências e de projetos de extensão, envolven<strong>do</strong><br />

alunos de diferentes cursos da<br />

UF<strong>AL</strong>. Alguns projetos como o “Resgatar”,<br />

envolve estudantes de outras instituições<br />

de ensino <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas.<br />

A pesquisa tem contribuí<strong>do</strong> para a sistematização<br />

e construção de novos conhecimentos,<br />

buscan<strong>do</strong> a inovação na<br />

gestão de serviços, contribuin<strong>do</strong> para<br />

estu<strong>do</strong>s no campo da epidemiologia e<br />

<strong>do</strong> planejamento em saúde.<br />

nusP/ufaL<br />

Página: http://www.ufal.edu.br/unidadeacademica/<br />

famed/pesquisa/grupos-nucleos/nusp<br />

Rede social: http://www.facebook.com/nusp.ufal?fref=ts<br />

E-mail: nusp.famed.ufal2@gmail.com<br />

Telefones/Fax: 82-3214-1156 / 3214-1157<br />

Hoje, o Núcleo de Saúde Pública<br />

vem executan<strong>do</strong> vinte e três (23) projetos<br />

que envolvem o ensino, a pesquisa<br />

e a extensão com ações de humanização<br />

em saúde, assistência à criança, à<br />

gestante e ao a<strong>do</strong>lescente, saúde bucal,<br />

educação ambiental, educação popular<br />

em saúde, controle social no SUS,<br />

educação permanente em saúde, prevenção<br />

da morbidade por acidentes de<br />

trânsito, reintegração de pessoas com<br />

hanseníase, aprendizagem e vivências<br />

no SUS e planejamento em saúde.<br />

Conta com <strong>do</strong>is laboratórios com<br />

ações permanentes: o Laboratório de<br />

Educação Popular e Saúde - LEPS, e o<br />

Laboratório de Planejamento em Saúde<br />

– LAPLAN.<br />

No campo da extensão, a inovação<br />

atual <strong>do</strong> LEPS/NUSP/UF<strong>AL</strong> é Sala de<br />

Cuida<strong>do</strong>s Antônio Piranema onde desenvolve<br />

ações no campo das práticas<br />

integrativas de cuida<strong>do</strong>s à saúde (como<br />

o Reik, massoterapia, meditação, yoga e<br />

danças circulares). Ao longo <strong>do</strong>s <strong>ano</strong>s a<br />

equipe de trabalho mantém firme a luta<br />

constante pela defesa e consolidação <strong>do</strong><br />

Sistema Único de Saúde - SUS, sobretu<strong>do</strong><br />

no âmbito <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas,<br />

sen<strong>do</strong> indiscutível a sua importante colaboração<br />

nos avanços alcança<strong>do</strong>s. <br />

64<br />

64


por Guilherme Benjamin<br />

Brandão Pitta<br />

Diretor de Atendimento ao<br />

Associa<strong>do</strong> AMB | Professor<br />

Adjunto e Doutor de Cirurgia<br />

da Uncisal<br />

Um alerta ao pé diabético<br />

A prevalência <strong>do</strong> Diabetes na população<br />

geral brasileira está chegan<strong>do</strong> a<br />

10% <strong>do</strong>s indivíduos que terão, pelo<br />

menos, 50% de chances de terem problemas<br />

com os seus pés. Chamamos estes<br />

pacientes de porta<strong>do</strong>res de pés diabéticos,<br />

que se caracterizam por alterações<br />

da sensibilidade (<strong>do</strong>rmências, queimor,<br />

pontadas e furadas nas pernas), ao que<br />

denominamos de neuropatia diabética<br />

em botas e acomete a maioria <strong>do</strong>s pacientes<br />

que podem, ou não, estar associa<strong>do</strong>s<br />

com problemas de circulação e<br />

com a diminuição da chegada de fluxo<br />

sanguíneo nos membros inferiores (esfriamento,<br />

<strong>do</strong>r ao andar e palidez) poden<strong>do</strong><br />

acarretar ferimentos superficiais<br />

ou profun<strong>do</strong>s, que levam o risco de<br />

amputação maior ou menor nestes indivíduos.<br />

No nosso esta<strong>do</strong>, apenas 9% da população<br />

possui pl<strong>ano</strong>, seguro ou convênio<br />

de saúde, sobrecarregan<strong>do</strong> o Sistema<br />

Único de Saúde, que não tem consegui<strong>do</strong><br />

atender os pacientes com problemas<br />

nos pés. Não temos programa específico<br />

para atendimento integral ao paciente<br />

porta<strong>do</strong>r de pé diabético e a atenção<br />

primária não está treinada o suficiente<br />

para atendê-lo, seja de maneira preventiva,<br />

de orientação, de tratamento<br />

primário ou reabilitação.<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

Na atenção secundária especializada<br />

temos poucos locais com especialistas<br />

que possam atender as <strong>do</strong>enças vasculares<br />

e, na terciária, temos apenas um<br />

hospital atenden<strong>do</strong> alta complexidade<br />

em cirurgia vascular e en<strong>do</strong>vascular<br />

com atendimento limita<strong>do</strong>, sem ambulatório<br />

e emergência para o SUS.<br />

Em 2010, segun<strong>do</strong> levantamento<br />

<strong>do</strong> DATASUS, tivemos mais de 42<br />

mil cirurgias de amputações menores<br />

e maiores, situação considerada como<br />

sen<strong>do</strong> verdadeiro genocídio para a nossa<br />

população brasileira. Alagoas chegou<br />

perto de mil cirurgias mutila<strong>do</strong>ras sen<strong>do</strong><br />

campeã no Brasil. Precisamos nos sensibilizar<br />

em prol dessa causa, realizan<strong>do</strong><br />

um mutirão de atitudes, minoran<strong>do</strong> o<br />

sofrimento de nossos semelhantes num<br />

atendimento integral e digno, na atenção<br />

primária <strong>do</strong> paciente com pé diabético,<br />

que apresenta o risco de ferimento<br />

e posterior amputação no nosso HGE<br />

ou no Hospital de Coruripe.<br />

To<strong>do</strong>s precisam cooperar: a Associação<br />

Médica Brasileira (AMB),<br />

os Conselhos Regionais de Medicina<br />

(CRM) e as Sociedades de Especialidades,<br />

propon<strong>do</strong> programas que possam<br />

ser discuti<strong>do</strong>s e implanta<strong>do</strong>s pelo<br />

Ministério da Saúde e incorpora<strong>do</strong>s pelas<br />

Secretarias de Saúde, com execução<br />

65


ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

rápida no atendimento primário <strong>do</strong>s<br />

PSFs.<br />

Não podemos deixar de prescindir<br />

<strong>do</strong>s Conselhos de Saúde, das Associações<br />

de diabéticos e <strong>do</strong> Ministério<br />

Público para cobrar, fiscalizar e ajudar<br />

na execução destes programas, tornan<strong>do</strong>-os<br />

prioritários e, principalmente,<br />

que tenham aporte financeiro suficiente<br />

para sua implementação.<br />

A AMB, junto com o CREM<strong>AL</strong> realiza<br />

um projeto piloto de treinamento<br />

de médicos da atenção primária <strong>do</strong>s<br />

municípios com o objetivo de diminuir,<br />

em 50%, as amputações no esta<strong>do</strong> de<br />

Alagoas, para isso, precisamos <strong>do</strong> apoio<br />

<strong>do</strong>s gestores das esferas estadual e municipal<br />

para instituir um programa definitivo<br />

de treinamento de to<strong>do</strong>s os médicos<br />

da atenção primária, estabelecer<br />

polos de atenção secundária, com especialistas<br />

nas dez regiões de saúde <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

e, pelo menos, três serviços de alta<br />

complexidade no esta<strong>do</strong> nas duas macro<br />

regiões de Maceió e Arapiraca, com<br />

o fluxograma defini<strong>do</strong> para os pacientes<br />

que precisam de exames de laboratórios<br />

e de imagem, curativos, cirurgias vasculares<br />

e en<strong>do</strong>vasculares. Com a implementação<br />

desse programa estaremos gastan<strong>do</strong><br />

apenas 30% da verba destinada<br />

com as atuais internações hospitalares,<br />

amputações e liminares na justiça para<br />

cirurgias de alta complexidade.<br />

66<br />

Temos que treinar to<strong>do</strong>s profissionais<br />

da saúde <strong>do</strong>s PSF para atender este paciente.<br />

Precisamos implantar programas<br />

de reabilitação para os amputa<strong>do</strong>s, com<br />

fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia,<br />

en<strong>do</strong>crinologia, ortopedia, oftalmologia,<br />

cirurgia vascular e cardiologia,<br />

fabrican<strong>do</strong> e <strong>do</strong>an<strong>do</strong> próteses e órteses<br />

adequadas para o restabelecimento da<br />

função <strong>do</strong>s seus membros inferiores.<br />

É uma decisão de governo minimizar<br />

este problema de saúde pública que<br />

temos aqui no nosso esta<strong>do</strong>. Tivemos<br />

várias experiências vitoriosas em municípios<br />

que implantaram este programa,<br />

como no Rio de Janeiro, Brasília,<br />

Natal, Aracaju, Rio Branco e outros,<br />

que diminuíram os índices de amputações.<br />

Em Cuba, com uma população em<br />

torno de 11 milhões de habitantes, temos<br />

apenas 900 amputações por <strong>ano</strong>,<br />

semelhante aos índices de Alagoas, com<br />

uma população em torno de 2 milhões,<br />

isso acontece porque a atenção primária<br />

tem bom funcionamento e é acompanhada,<br />

mais perto entre os pacientes com<br />

risco de amputação.<br />

Vamos retirar nosso esta<strong>do</strong> da legião<br />

de amputa<strong>do</strong>s com maiores índices no<br />

Brasil e torná-lo um esta<strong>do</strong> que respeita<br />

e atende com dignidade o seu cidadão!


Arte educação<br />

Balanço das águas<br />

transporta cultura<br />

através <strong>do</strong> Velho Chico<br />

Galeria Karandash<br />

Galeria Karandash<br />

Av. Moreira e Silva, n° 89 - Farol<br />

CEP: 57051-500 - Maceió / <strong>AL</strong><br />

Fone: (82) 3317.6693<br />

Envolven<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes<br />

<strong>do</strong>s povoa<strong>do</strong>s Ilha <strong>do</strong> Ferro (Pão de<br />

Açúcar) e Entremontes (Piranhas),<br />

mais uma vez o “Cinema no Balanço<br />

das Águas” leva ao sertão alago<strong>ano</strong> seu<br />

projeto de arte educativa cultivan<strong>do</strong>,<br />

naquela região de grandes artistas populares,<br />

a beleza, a magia <strong>do</strong> cinema e o<br />

desenvolvimento sociocultural.<br />

Contempla<strong>do</strong> pelo Programa BNB<br />

de Cultura (<strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Nordeste e<br />

BNDES), o projeto proposto pelo museu<br />

Coleção Karandash de Arte Popular<br />

e Contemporânea, começou em<br />

dezembro <strong>do</strong> <strong>ano</strong> passa<strong>do</strong>, com oficinas<br />

de cenografia, vídeo, fotografia e<br />

cinema de animação.<br />

Além das aulas que serão ministradas,<br />

filmes clássicos e modernos <strong>do</strong><br />

cinema nacional e internacional serão<br />

ATITUDE . revista <strong>do</strong> <strong>COSEMS</strong>/<strong>AL</strong> . nº3<br />

exibi<strong>do</strong>s nas duas comunidades, às<br />

margens <strong>do</strong> rio São Francisco.<br />

Desde a primeira edição <strong>do</strong> “Museu<br />

no Balanço das Águas”, inician<strong>do</strong> em<br />

2008, essas navegações culturais entre<br />

Pão de Açúcar e Piranhas – passan<strong>do</strong><br />

também por outros municípios e comunidades<br />

ribeirinhas em Alagoas e<br />

Sergipe, como Belo Monte, Niteroí,<br />

Gararú, Ilha <strong>do</strong> Ouro e Traipu , o barco<br />

Santa Maria cumpre sua renovada<br />

função de desbrava<strong>do</strong>r das artes e da<br />

cultura.<br />

Além <strong>do</strong> patrocínio <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong><br />

Nordeste, BNDES e Ministério da<br />

Cultura, o “Cinema no Balanço das<br />

Águas – Segunda Edição” recebe apoio<br />

<strong>do</strong> SEBRAE-<strong>AL</strong>, da Galeria Karandash<br />

e <strong>do</strong> SESC-<strong>AL</strong>. <br />

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Fortalecen<strong>do</strong> o SUS nos municípios alago<strong>ano</strong>s

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