Diretrizes Médico Periciais em Psiquiatria - Sindicato dos Bancários
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nó na garganta, afonia, retenção urinária, alucinações, perda da<br />
sensação de tato ou dor, diplopia, cegueira, surdez, convulsões;<br />
sintomas dissociativos tais como amnésia ou perda da consciência<br />
outra que não por desmaio).<br />
C. (I) ou (II): (1) após investigação apropriada, nenhum <strong>dos</strong> sintomas no Critério<br />
B pode ser completamente explicado por uma condição médica geral<br />
conhecida ou pelos efeitos diretos de uma substância (por ex., droga de<br />
abuso, medicamento). (2) quando existe uma condição médica geral<br />
relacionada, as queixas físicas ou o prejuízo social ou ocupacional resultante<br />
exced<strong>em</strong> o que seria esperado a partir da história, exame físico ou acha<strong>dos</strong><br />
laboratoriais.<br />
D. Os sintomas não são intencionalmente produzi<strong>dos</strong> ou simula<strong>dos</strong> (como no<br />
Transtorno Factício ou na Simulação).<br />
4.16.1 Conduta médico-pericial<br />
O segurado comparece à Perícia com incontáveis exames compl<strong>em</strong>entares, com<br />
resulta<strong>dos</strong> inexpressivos <strong>em</strong> relação às múltiplas queixas. A dramaticidade da narrativa é<br />
característica: “o coração vai sair pela boca”; “o peito vai explodir”; “parece que t<strong>em</strong> uma<br />
fogueira no meu estômago”. Caso se aborreça ou for confrontado pelo Perito, poderá ter<br />
um quadro tipo desmaio, conversivo, mas s<strong>em</strong> maior gravidade.<br />
Na histeria, s<strong>em</strong>pre que o sintoma servir para o alívio da ansiedade, há um<br />
mecanismo ao qual chamamos de Lucro Emocional Primário. Diante de um conflito,<br />
normalmente proporcionado pela discrepância entre “aquilo que o histérico quer fazer com<br />
aquilo que ele deve fazer”, ou ainda, “com aquilo que ele consegue fazer ou com a<br />
situação que está acontecendo”, o sintoma histérico aparece para proporcionar algum<br />
alívio. Observe-se que nas relações de trabalho como os pacientes histéricos são de<br />
difícil convívio por sua baixa tolerância as frustrações, fruto de sua imaturidade.<br />
Num outro mecanismo, a pessoa histérica obtém um Lucro Emocional Secundário,<br />
ou seja, conquista um suporte de aprovação, complacência ou compaixão do ambiente<br />
para com sua eventual falha ou para a não realização da atividade que lhe é avessa.<br />
Este mecanismo é usado nos exames médicos periciais onde o vitimismo e as a atitudes<br />
de auto comiseração são freqüentes, na tentativa de “convencer “ o perito da gravidade<br />
de suas queixas.<br />
Observa-se <strong>em</strong> algumas pessoas histéricas uma acentuada dependência<br />
<strong>em</strong>ocional de outra(s) pessoa(s) íntimas, seja do companheiro(a), do(s) filho(s) ou <strong>dos</strong><br />
pais.<br />
Notamos essa característica de dependência das pessoas histéricas <strong>em</strong> relação<br />
aos outros, quando elas parec<strong>em</strong> despojar-se de qualquer pensamento ou decisão<br />
pessoal. O discurso dessas pessoas dá-nos a impressão que elas são marionetes nas<br />
mãos <strong>dos</strong> d<strong>em</strong>ais (quando na realidade é exatamente o contrário); ... ”eles acharam que<br />
eu deveria procurar um médico”.... “eles me levaram ao pronto socorro”... “eles me<br />
acharam doente”... S<strong>em</strong>pre são “eles” qu<strong>em</strong> tomam decisões, parecendo que o histérico<br />
está imune e à marg<strong>em</strong> de seu destino.<br />
Um <strong>dos</strong> traços mais marcantes da personalidade histérica é a sugestionabilidade.<br />
Os histéricos, de um modo geral, são extr<strong>em</strong>amente sugestionáveis, d<strong>em</strong>onstrando com<br />
isso seu clássico infantilismo e falta de maturidade da personalidade. Eles têm os afetos<br />
e as relações interpessoais pueris, com predomínio da vida <strong>em</strong> fantasia como tentativa de<br />
negar uma realidade frustrante e penosa. Insistent<strong>em</strong>ente as pessoas histéricas estão a<br />
reclamar que ninguém as entende. Essa teatralidade é muito marcante, fazendo com que<br />
eles estejam s<strong>em</strong>pre ensaiando e interpretando papéis que acredita adequa<strong>dos</strong> à si<br />
próprios. Os histéricos pod<strong>em</strong> sentir to<strong>dos</strong> os efeitos colaterais <strong>dos</strong> medicamentos,<br />
dificultando a adesão ao tratamento. Suas queixas ao exame pericial é que estão cada<br />
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