19.04.2013 Views

MEDICINA - Uniube

MEDICINA - Uniube

MEDICINA - Uniube

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Prova de Conhecimentos Gerais e<br />

Específi cos<br />

Área de Linguagens e Códigos<br />

Leia o texto a seguir, para responder as questões de 1 a 4.<br />

Não, eu não estou disponível<br />

Há mais ou menos um século, em uma Viena tão ou<br />

mais cosmopolita do que qualquer uma das novas cidadelas<br />

virtuais, são Freud tentava explicar um fenômeno que já inco­<br />

modava muita gente: o esquartejamento do homem contem­<br />

porâneo entre duas forças antagônicas, o corpo e o outro.<br />

Chamadas na época de id e superego, essas de­<br />

mandas ganharam dezenas de nomes ao longo das décadas,<br />

mas não perderam importância. Ao contrário, à medida que a<br />

superconexão das redes concatena boa parte dos ambientes<br />

de interação, cresce a pressão social para um comportamento<br />

mais pragmático, funcional, onipresente, onisciente, onipoten­<br />

te e disponível.<br />

Não é mais permitido a um indivíduo razoavelmente<br />

integrado estar desconectado ou alheio aos fatos, ignorante<br />

de acontecimentos, incapaz de realizar uma tarefa.<br />

O acesso móvel propiciado por tablets e smartpho­<br />

nes e o conhecimento instantâneo disponibilizado nos víde­<br />

os no YouTube e nos verbetes da Wikipédia acabaram com<br />

a época do “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem<br />

sabe”. Hoje todos são compelidos a saber, opinar, comparti­<br />

lhar, blogar e retuitar, mesmo que não façam a mais pálida<br />

ideia do assunto abordado.<br />

A angústia perante a impossibilidade da empreitada<br />

é natural. A ignorância, antes considerada uma bênção, foi<br />

transformada em maldição, obrigando a todos que nasçam<br />

prontos, especialistas. O resultado, previsível, é um enorme<br />

confl ito entre demandas e capacidades, obrigando cada in­<br />

divíduo a empacotar a informação que recebe o mais rápido<br />

possível e transmiti­la para grupos cada vez maiores de pes­<br />

soas que fazem o mesmo, em um tsunami de meias­verdades,<br />

preconceitos, informações rasas e citações fora de contexto.<br />

Por mais que entusiastas de mídias sociais classifi ­<br />

quem essa prática como uma formação de opinião mais de­<br />

mocrática, inovadora e aberta, a realidade a transforma em<br />

um tipo vicioso de fofoca, terreno fértil para todo tipo de boata­<br />

ria, casa de doidos em que todos falam para ninguém escutar.<br />

Na velocidade e na pressão das redes de comparti­<br />

lhamento, a informação gratuita perde seu valor. Sem tempo,<br />

foco ou referências de qualidade, não há como estabelecer<br />

uma refl exão sólida. O resultado é uma espécie de histeria<br />

coletiva, combustível social à espera do primeiro estopim que<br />

a incendeie.<br />

A história mostra vários momentos cuja energia foi<br />

inversamente proporcional à razão. Por mais que tivessem<br />

potencial construtivo, a maioria foi aniquilada ou acabou em<br />

regimes totalitários.<br />

Dicionários e enciclopédias foram feitos para serem<br />

consultados, não decorados. Quando a opinião de especialis­<br />

tas é trocada pela voz coletiva das ruas, corre­se o risco de<br />

ignorar os fatos para perpetuar mitos e falsas verdades. Não<br />

há revista científi ca que comprove os malefícios do leite com<br />

manga, mas todos ouvimos essa história “em algum lugar” pa­<br />

Concurso Vestibular ­ 17 de junho de 2012 5<br />

recido com o Google.<br />

A única saída possível para preservar a sanidade está em<br />

desenvolver o espírito crítico. Isso não demanda atitudes<br />

reacionárias, mas uma seleção da informação recebida, da<br />

relevância de sua fonte e, acima de tudo, se cabe a você to­<br />

mar alguma atitude com relação a ela ou se é mais saudável<br />

ignorá­la.<br />

Luli Radfahrer , Folha de S.Paulo, 7 maio 2012, F8, tec.<br />

Questão Nº 01<br />

Tendo apreendido as ideias do autor, analise os trechos abai­<br />

xo, retirados do livro “Guia policamente incorreto da Filosofi a”,<br />

de Luiz Felipe Pondé, 2012, para identifi car os pensamentos<br />

mencionados por esse autor, que estão em consonância com<br />

as ideias do jornalista Ludli Radafahrer, expressas no texto<br />

acima.<br />

I) O fi lósofo espanhol Ortega y Gasset alega que os fenô­<br />

menos de massa criam a ilusão de opiniões banais com<br />

ares cultos. O homem da democracia, quando quer saber<br />

algo, pergunta para a pessoa do seu lado, e o que a maio­<br />

ria disser, ele assume como verdade. (p.51)<br />

II) A fi lósofa russa Ayn Rand deu a melhor descrição do que<br />

seria uma ética aristocrática das virtudes do mundo con­<br />

temporâneo burguês. Descreve um mundo dominado pela<br />

mentalidade socialista, coletivista, massifi cada, e por isso<br />

mesmo marcada pela preguiça e pela destruição do pen­<br />

samento.(p.41­42)<br />

III) A liberdade é a chave da capacidade criativa e empreen<br />

dedora do homem[...] Quando há excessiva exaltação do<br />

coletivo e da igualdade, inibe­se a liberdade criativa e,<br />

portanto, o pensamento público fi ca pobre e repetitivo, por<br />

isso mesmo medíocre e covarde.(Luiz Felipe Pondé, fi ló­<br />

sofo).(p.50)<br />

IV) O fi lósofo inglês Michel Okeshott argumenta que quase<br />

ninguém é indivíduo de fato (isto é, quase ninguém tem<br />

uma personalidade autônoma e ativa), por isso a regra é<br />

repetir o que a maioria faz. (p.53)<br />

V) Para o fi lósofo Tocqueville, o indivíduo autêntico rapida­<br />

mente se transformará em anti­indivíduo, e “homem mas­<br />

sa”, comprando modelos de personalidade que a mídia<br />

vende e seguindo líderes autoritários ou populistas que<br />

afi rmarão a autonomia para todos. (p.54)<br />

Assinale a alternativa cujos algarismos representam os pen­<br />

samentos mencionados por Luiz Felipe Pondé, que estão em<br />

consonância com as ideias do jornalista Luli Radfahrer.<br />

A) I, II e III, apenas<br />

B) IV e V, apenas<br />

C) I, II e IV, apenas<br />

D) III e V, apenas<br />

E) I, II, III, IV e V<br />

Medicina

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!