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SESSÃO: Ordinária - Câmara dos Deputados

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA<br />

REVISÃO E REDAÇÃO<br />

<strong>SESSÃO</strong>: 239.3.51.O<br />

DATA: 14/11/01<br />

TURNO: Vespertino<br />

TIPO <strong>SESSÃO</strong>: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

LOCAL: Plenário Principal - CD<br />

HORA INÍCIO: 13h12min<br />

HORA TÉRMINO: 16h55min


CÂMARA DOS DEPUTADOS<br />

Ata da 239ª Sessão, em 14 de novembro de 2001<br />

Presidência <strong>dos</strong> Srs. ...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

ÀS 13 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:<br />

Aécio Neves<br />

Efraim Morais<br />

Barbosa Neto<br />

Severino Cavalcanti<br />

Nilton Capixaba<br />

Paulo Rocha<br />

Ciro Nogueira<br />

Pedro Valadares<br />

Salatiel Carvalho<br />

Enio Bacci<br />

Wilson Santos


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

I - ABERTURA DA <strong>SESSÃO</strong><br />

O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) – Havendo número regimental, declaro<br />

aberta a sessão.<br />

trabalhos.<br />

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos<br />

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.<br />

II - LEITURA DA ATA<br />

O SR. BISPO WANDERVAL, servindo como 2° Secretário, procede à leitura<br />

da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.<br />

O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Passa-se à leitura do expediente.<br />

O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,<br />

procede à leitura do seguinte<br />

III – EXPEDIENTE<br />

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passar ao<br />

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Finda a leitura do expediente, vai-se<br />

IV - PEQUENO EXPEDIENTE<br />

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Armando Abílio.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. ARMANDO ABÍLIO (PSDB-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, registro o transcurso do 42º aniversário de<br />

emancipação política do Município de Borborema, no meu Estado, a Paraíba,<br />

comemorado com grande festa em termos de participação.<br />

À frente da administração municipal de Borborema está o competente Prefeito<br />

José Maranhão, que conta com o apoio da grande maioria na <strong>Câmara</strong> de<br />

Vereadores. Quase to<strong>dos</strong> os Prefeitos — no total de doze — da região polarizada<br />

pelo Município de Borborema estiveram presentes à comemoração, além de to<strong>dos</strong><br />

os Parlamentares estaduais e do Prefeito de Campina Grande, Cássio Cunha Lima,<br />

nosso candidato ao Governo do Estado.<br />

Sr. Presidente, em função da série de ações governamentais que<br />

conseguimos levar para aquele Município, recebi o honroso título de Cidadão<br />

Borboremense. Na ocasião, o Prefeito aproveitou para inaugurar o ginásio de<br />

esportes, por sinal, fruto de moderna arquitetura e boa qualidade de construção, que<br />

recebeu o nome de Martins Maranhão. Anunciou ainda S.Exa. à população que<br />

durante todo o ano haverá diferentes inaugurações.<br />

O outro assunto que me traz à tribuna, Sr. Presidente, diz respeito à reunião<br />

com vários pequenos produtores, realizada em ambiente de inquietação, uma vez<br />

que os débitos contraí<strong>dos</strong> com recursos do FAT, do FNE e do PRONAF não foram<br />

renegocia<strong>dos</strong>. Nessas linhas de crédito estão também os débitos <strong>dos</strong> pequenos<br />

produtores.<br />

De público, dirijo apelo à equipe do Governo no sentido de que, em tempo<br />

ágil, encontre solução para a renegociação do endividamento no setor rural.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

No Nordeste, principalmente no Estado da Paraíba, há alguns anos não existe<br />

inverno regular. E, em função da seca, os pequenos produtores estão sem<br />

condições de quitar os débitos junto ao Banco do Nordeste e ao Banco do Brasil.<br />

Por fim, vale registrar que tive oportunidade de ouvir elogiosos depoimentos a<br />

respeito da ação social do Governo Federal no que diz respeito ao pagamento <strong>dos</strong><br />

Programas Bolsa-Escola, Bolsa-Renda e Bolsa-Alimentação, já inicia<strong>dos</strong>.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, muitas pessoas devem estar se perguntando a serviço de<br />

quem estará o Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o. Como na época da ditadura<br />

militar, baixam-se agora verdadeiros atos institucionais. As últimas decisões do<br />

Presidente da República foram extremamente autoritárias.<br />

O Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, posso afirmar, está a serviço <strong>dos</strong><br />

ricos, daqueles que detêm o grande capital, principalmente do exterior, e contra os<br />

trabalhadores brasileiros, contra os funcionários públicos do nosso País. Não é<br />

possível que, após sete anos sem reajustar o salário desses servidores, com<br />

inflação lenta, porém crescente, S.Exa. não atenda aos grevistas e ainda edite<br />

pacote desse teor, chamando para si o direito de liberar ou não o pagamento de<br />

funcionários.<br />

Sr. Presidente, esse ato do Governo não foi só um castigo aos servidores. Foi<br />

também um desrespeito ao Poder Judiciário, que havia determinado o pagamento<br />

<strong>dos</strong> salários desses trabalhadores. Tenho absoluta certeza de que, após resolver o<br />

problema da greve, esse decreto inconstitucional, autoritário e afrontoso para nosso<br />

País será revogado.<br />

Não bastasse isso, o Executivo baixou medida provisória estabelecendo que,<br />

quando os servidores públicos entrarem em greve, o Governo poderá contratar, em<br />

caráter provisório, novos trabalhadores para substituí-los.<br />

Desde quando servidores públicos de carreira — alguns com 20, 25 anos de<br />

serviço —, trabalhadores que têm grande experiência e responsabilidade para com o<br />

Estado, o serviço público e o povo brasileiro podem ser substituí<strong>dos</strong> por alguém que<br />

não possui a mesma experiência e igual responsabilidade? E se um desses<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

contrata<strong>dos</strong> de maneira provisória se envolver em corrupção, em desvio de dinheiro,<br />

em fraude? Qual será a resposta de S.Exa.?<br />

Sr. Presidente, dormem nas gavetas da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong><br />

Ministérios inúmeros projetos de lei sobre greve de servidor público. Esse direito<br />

está garantido na Constituição, mas nunca ninguém quis fazer sua regulamentação.<br />

Agora, porém, para prestar serviço aos poderosos do mundo, O Governo<br />

Federal vai enviar a esta Casa projeto de lei nesse sentido.<br />

É bom mesmo que venha esse projeto de lei. Esperamos, no entanto, que<br />

não chegue com pedido de regime de urgência constitucional, como no caso da<br />

proposta de reformulação da CLT que suprime direitos <strong>dos</strong> trabalhadores.<br />

Com quase sete anos de mandato, este Governo ainda presta serviço aos<br />

poderosos, aumentando a miséria no País, fazendo os pobres ficarem cada vez<br />

mais pobres e jogando a classe média para a pobreza. Enquanto rouba direitos <strong>dos</strong><br />

trabalhadores e atende aos banqueiros — mais de 40 milhões de reais são<br />

destina<strong>dos</strong> aos banqueiros internacionais —, o Governo diz não haver dinheiro para<br />

conceder aumento de salário para o servidor público.<br />

Sabemos agora a serviço de quem S.Exa. está: <strong>dos</strong> poderosos e contra o<br />

povo trabalhador brasileiro.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Sem revisão da<br />

oradora.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero falar de mais uma medida<br />

antinacional e antidemocrática do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

Refiro-me ao pacote que o Governo Federal anunciou no dia de ontem para<br />

toda a imprensa, formado por uma medida provisória, dois projetos de lei — que,<br />

possivelmente, chegarão a esta Casa com pedido de tramitação em regime de<br />

urgência constitucional — e um decreto.<br />

Esse conjunto de medidas já vem sendo chamado pela imprensa de “Pacote<br />

Antigreve” e tem recebido críticas <strong>dos</strong> servidores públicos federais, <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> de<br />

oposição e de importantes setores da sociedade brasileira, porque coloca nosso<br />

País em condições iguais às vividas no passado e contra as quais tantos brasileiros<br />

lutaram. Eram perío<strong>dos</strong> em que não prevalecia a democracia, perío<strong>dos</strong> de exceção,<br />

perío<strong>dos</strong> em que todas as decisões eram tomadas por meio de pacotes.<br />

Sr. Presidente, lembro-me ainda da época da ditadura militar, que tirou a vida<br />

de tantos trabalhadores brasileiros, jovens, estudantes, dirigentes partidários. Meu<br />

partido, o PCdoB, sofreu muitas perdas durante aquela época. Eu era muito jovem,<br />

mas me recordo que as decisões eram tomadas por intermédio de decretos-leis<br />

edita<strong>dos</strong> pelo regime autoritário. A diferença do passado para hoje é que esse<br />

pacote está sendo editado por decreto, medidas provisórias e projetos de leis que<br />

serão envia<strong>dos</strong> a esta Casa e aqui tramitarão em regime de urgência.<br />

As pretendidas mudanças na CLT não fazem parte desse pacote que o<br />

Executivo vai baixar, mas as incluo nesse rol também.<br />

Atualmente os projetos de lei vêm para esta Casa com pedido de urgência,<br />

não dando espaço ao Congresso Nacional para discuti-los, nem oportunidade à<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

população brasileira de tomar conhecimento das pretensões do Governo Fernando<br />

Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

Nesse caso, Sr. Presidente, são dois projetos de lei, uma medida provisória e<br />

um decreto tratando de questão extremamente grave. O decreto, que foi classificado<br />

pelo Presidente do STJ, Ministro Paulo Costa Leite, como ato de força do Presidente<br />

da República, tem o objetivo de centralizar o pagamento de to<strong>dos</strong> os servidores<br />

públicos federais no Ministério do Planejamento, e sua liberação só ocorrerá com<br />

autorização do Presidente da República.<br />

Para que isso, Sr. Presidente? Para retirar do STJ qualquer possibilidade de<br />

analisar recurso contra bloqueio ou suspensão de pagamento de servidor, como<br />

aconteceu agora no caso <strong>dos</strong> vencimentos <strong>dos</strong> professores e servidores das<br />

universidades públicas, cujo pagamento foi suspenso. Os servidores entraram com<br />

liminar no STJ e ganharam.<br />

O Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, porém, para burlar a derrota<br />

sofrida na Justiça, edita agora decreto dando ao STF o poder de decisão sobre a<br />

questão e centralizando na sua pessoa a autorização para que os servidores<br />

federais recebam seus salários.<br />

De que tratam os projetos de leis? Regulamentação do direito de greve, Sr.<br />

Presidente. A medida provisória, por sua vez, permite a contratação temporária de<br />

servidores federais. Depois de dez dias de greve <strong>dos</strong> servidores, as universidades<br />

poderão contratar, por três meses, permitida a prorrogação por igual período,<br />

professores substitutos.<br />

Que democracia é esta? Em que caminho o Presidente da República está<br />

colocando o nosso País? Ao invés de sentar-se à mesa de negociações e buscar<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

uma saída para a greve <strong>dos</strong> servidores das universidades públicas, que estão<br />

paralisadas há mais de oitenta dias, o Presidente faz algo semelhante ao que faziam<br />

seus antecessores militares, que tomaram o poder por meio de golpe: edita medidas<br />

provisórias e divulga pacotes.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, assim não pode ser. A sociedade e o<br />

Congresso Nacional precisam reagir, inclusive a bancada governista. Não podemos<br />

permitir que a democracia seja solapada dessa forma.<br />

Nós, da Oposição, estaremos lutando não somente nesta Casa, mas também<br />

nas ruas, para mobilizar a população contra as arbitrárias, antidemocráticas e<br />

ditatoriais medidas do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

Muito obrigada.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. CORIOLANO SALES (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, nestes cinco minutos que me são concedi<strong>dos</strong> neste<br />

Pequeno Expediente desejo registrar a votação que ocorrerá hoje, no plenário do<br />

Senado Federal, de projeto de lei de minha autoria que estabelece a gratuidade do<br />

exame de DNA para pessoas carentes e altera a legislação da assistência judiciária,<br />

Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950.<br />

Sr. Presidente, a proposta por mim apresentada nesta Casa, que se<br />

transformou no Projeto de Lei nº 467, de 1999, acrescenta o inciso VI ao art. 1º do<br />

referido diploma legal e estabelece que serão gratuitas as despesas com a<br />

realização de exame de código genético, DNA, requisitado pela autoridade judiciária<br />

nas ações de investigação de paternidade ou maternidade interpostas por pessoas<br />

necessitadas em todo o País.<br />

Acredito que isso ajudará o Governo Federal a resolver o grave problema<br />

social de milhões de pessoas que não têm sua filiação atestada de maneira<br />

adequada pelo Cartório de Registro Civil. A aprovação do projeto dará a essas<br />

pessoas a possibilidade de recorrer ao Judiciário para ter reconhecida a verdadeira<br />

filiação paterna ou materna.<br />

Como é sabido, Sr. Presidente, milhares desses processos tramitam nas<br />

Varas de Família de todo o País, do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Agora, essas<br />

pessoas terão mais oportunidade de contar com o apoio, primeiro, do Judiciário e,<br />

segundo, do Governo Federal, que poderá alocar recursos para universidades e<br />

centros de pesquisas de cada Unidade da Federação brasileira, a fim de que esses<br />

órgãos contribuam para que os exames sejam realiza<strong>dos</strong> o mais rapidamente<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

possível e se constituam em meios de prova nas ações de investigação de<br />

paternidade ou maternidade.<br />

Creio que o projeto de lei possui enorme alcance social. Tramitou nesta Casa<br />

e foi aprovado em todas as Comissões Temáticas, por absoluta maioria. Foi<br />

aprovado também na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e neste<br />

momento está sendo votado pelo Plenário daquela Casa.<br />

Portanto, Sr. Presidente, hoje é um dia de muita alegria. É com muita<br />

satisfação que espero ver a aprovação desse projeto, restando apenas a sanção do<br />

Presidente da República para que seja aberta a oportunidade de dotações de verbas<br />

orçamentárias a instituições que realizam exame de DNA gratuito. Agora, essas<br />

instituições poderão atender a milhões de pessoas necessitadas do País.<br />

Muito obrigado pela oportunidade, Sr. Presidente.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. MARCELO CASTRO (PMDB-PI. Sem revisão do orador.) – Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o povo do Piauí ficou simplesmente estarrecido<br />

com a inusitada decisão do Tribunal Superior Eleitoral de cassar o mandato de um<br />

Governador legitimamente eleito pelo voto popular.<br />

A eleição do Governador Mão Santa representou no Piauí verdadeira<br />

revolução. Em 1994, quando se candidatou pela primeira vez, tinha contra ele todas<br />

as forças políticas e econômicas do Estado.<br />

Só a título de exemplo, <strong>dos</strong> 148 Prefeitos Municipais existentes à época, 145<br />

apoiavam a candidatura adversária.<br />

Trazendo mensagem de renovação e portador de enorme carisma pessoal,<br />

Mão Santa empolgou o Estado e infligiu profunda derrota ao sistema dominante.<br />

Extremamente significativo foi o resultado que obteve em Parnaíba, sua cidade<br />

natal, onde acabara de ser Prefeito, obtendo nada menos que 94% <strong>dos</strong> votos váli<strong>dos</strong><br />

daquela cidade, fato verdadeiramente inédito na história do Brasil. Na Capital do<br />

Estado, onde se concentram os formadores de opinião e a população melhor<br />

informada, alcançou 120 mil votos a mais do que seu oponente.<br />

Em sua campanha de reeleição, já em 1998, enfrentou e derrotou o principal<br />

expoente político da oligarquia piauiense. Foi uma campanha acirrada, em que os<br />

adversários, esses sim, dispunham de poderio econômico impressionante e, em<br />

especial, para os padrões locais, de gigantesco sistema de comunicação de massa.<br />

Os dois Governos de Mão Santa caracterizaram-se por uma administração de<br />

cunho popular, progressista e desenvolvimentista. Trata-se de uma administração<br />

que conhece o Estado que governa, em que o Governador já esteve pessoalmente<br />

em todas as cidades do Piauí, diversas vezes, e o acesso ao Palácio do Karnak é<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

franqueado, pela primeira vez na história, ao cidadão comum. O Estado vinha com a<br />

economia estagnada há muitos anos, mas hoje, para orgulho de to<strong>dos</strong> nós,<br />

piauiense, é uma das que mais crescem no País.<br />

O cerrado piauiense, que produzia 10.400 toneladas de soja, em 1994,<br />

alcançou o patamar de 150 mil toneladas, ou seja, houve um aumento de 1.500%<br />

em apenas seis ou sete anos do Governo Mão Santa.<br />

O crescimento econômico foi acompanhado de perto pelo desenvolvimento<br />

social. Alguns da<strong>dos</strong> revelam a profunda transformação que Mão Santa imprimiu à<br />

fisionomia do Estado nesses anos em que o governou.<br />

No começo da sua administração, a Universidade do Estado do Piauí tinha<br />

apenas dezessete cursos de nível superior, concentra<strong>dos</strong> em apenas oito cidades<br />

do Estado. Hoje tem mais 130 cursos de nível superior espalha<strong>dos</strong> em mais de 31<br />

cidades no interior do Estado do Piauí, sendo que havia apenas 9.852 alunos<br />

inscritos. Hoje temos mais de 29 mil alunos estudando em universidades em<br />

diversos recantos do Piauí, um aumento, portanto, de mais de 300%. No mesmo<br />

período, Sr. Presidente, o número de alunos matricula<strong>dos</strong> no ensino fundamental<br />

subiu de 617 para 738 mil. O número de alunos no nível médio praticamente dobrou.<br />

Assim, Sr. Presidente, foi com profundo espanto e revolta que o povo<br />

piauiense recebeu a notícia da decisão do TSE. Para os piauienses, é uma decisão<br />

inexplicável, que cassa o voto do seu povo, que cassa o melhor Governo que o Piauí<br />

já teve e inverte completamente a noção de quem praticou abuso de poder<br />

econômico na campanha eleitoral.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Quem viu a campanha milionária da oligarquia sabe que o poder econômico<br />

esteve a serviço desta e que Mão Santa ganhou as eleições a despeito desse poder<br />

e não com o uso dele, apoiado apenas na mobilização popular.<br />

O açodamento do Senador Hugo Napoleão em tentar tomar posse como<br />

Governador é outra estranheza. Quem o elegeu Governador? O povo não o elegeu;<br />

ao contrário, o povo o derrotou, o povo negou-lhe esse mandato. O TSE pode muito,<br />

mas ainda não pode substituir o eleitor em nosso ordenamento jurídico.<br />

Temos confiança em que se a decisão do TSE não for reformada pela<br />

Suprema Corte, o TRE mandará realizar novas eleições. E não temos dúvida de que<br />

nessas novas eleições o povo confirmará seu repúdio à oligarquia e sua opção a<br />

favor do Governo Mão Santa, que será o grande eleitor, indicando o candidato que o<br />

povo sufragará.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP.) – Sr. Presidente, gostaria de<br />

manifestar a nossa preocupação com relação às últimas medidas tomadas pelo<br />

Governo que agridem o direito à greve, inviabilizam o diálogo com o funcionalismo<br />

público e violam princípios constitucionais largamente assegura<strong>dos</strong> pela nossa<br />

Constituição e pela nossa estrutura jurídica, pois passam a responsabilidade da<br />

liberação de recursos para o pagamento do funcionalismo ao Presidente da<br />

República. Com isso, transferem prerrogativas do Superior Tribunal de Justiça para<br />

o Supremo Tribunal Federal.<br />

A ameaça de contratar servidores à revelia <strong>dos</strong> funcionários concursa<strong>dos</strong> não<br />

é bom caminho, razão pela qual peço ao Governo que reveja a sua atitude. A greve<br />

realmente é prolongada e causa impactos na sociedade, mas, de outro lado, os<br />

salários de parte considerável do funcionalismo estão sem reajuste há mais de seis<br />

anos, e na proposta orçamentária encaminhada a esta Casa não há perspectiva de<br />

reajuste único já decidido pelo Supremo Tribunal Federal.<br />

A mesa de negociação é o melhor caminho para a democracia e,<br />

seguramente, para a qualidade do serviço público, tarefa essencial do servidor.<br />

Portanto, o Governo deveria buscar saída negociada em vez de aprofundar a política<br />

de retaliação que começou com o Ministro Paulo Renato e se estende por todas as<br />

áreas do Poder Executivo.<br />

Sr. Presidente, deixamos registrado o protesto contra as medidas tomadas<br />

pelo Governo Federal e o apelo para que haja negociação e bom senso.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. REGIS CAVALCANTE (Bloco/PPS-AL. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Sr. Malan, nosso Ministro da Fazenda, não<br />

quis se filiar a qualquer partido político. Na forma determinada pela legislação<br />

específica, não está, assim, apto a participar do próximo pleito eleitoral.<br />

Mas isso não impede que o Sr. Ministro, aqui e ali, invista na área política,<br />

atacando candidatos ou pré-candidatos a Presidente da República, acusando-os, no<br />

mais das vezes, de certo primarismo político e econômico por que insistem em<br />

romper com o modelo econômico imposto ao País. E imposto ao País, vale ressaltar,<br />

não por decisões adotadas dentro de nossas fronteiras, mas, sim, pelos senhores do<br />

capital enquista<strong>dos</strong> no Fundo Monetário Internacional.<br />

Acompanhando o Sr. Malan, alguns economistas de plantão insistem na<br />

continuidade dessa política e chegam mesmo ao cúmulo de indicar ao eleitorado<br />

brasileiro comportamento mais consentâneo com essa idéia que foi, exatamente, a<br />

do povo argentino. Ou seja, o povo votou em De La Rúa para que continuasse a<br />

política de Menem.<br />

Seria cômico, se não fosse trágico, Sr. Presidente. A nação vizinha enfrenta<br />

crise sem precedentes e, para os menos otimistas, encontra-se, sem dúvida, num<br />

beco sem saída, ou com apenas uma: mais e mais sacrifícios para seus<br />

trabalhadores, para sua classe média, para seu povo em geral.<br />

Fragilizada ao extremo em seus recursos financeiros, a Argentina volta-se<br />

para a banca internacional. Sempre monitorada pelos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, vai aos<br />

poucos abandonando compromissos regionais de há muito assumi<strong>dos</strong>. Menospreza,<br />

com isso, o MERCOSUL e entende que somente a ALCA é a salvação. Em resumo,<br />

nenhuma continuidade a não ser a da crise.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Durante esses quase sete anos de Governo do Sr. Fernando Henrique<br />

Car<strong>dos</strong>o temos procurado, por diversas vezes, cobrar medidas efetivas que<br />

demonstrem pelo menos a intenção de saldar a imensa dívida social que o Estado<br />

tem para com a Nação brasileira. Louvamos a implantação do Plano Real,<br />

entendendo que a continuação inflacionária seria benéfica para to<strong>dos</strong> e que a<br />

estabilidade monetária, embora precária, permitiria ao Estado um planejamento de<br />

longo prazo que lhe desse condições de implementar políticas públicas capazes de<br />

atender aos angustiantes reclamos da sociedade.<br />

A reeleição do Sr. Fernando Henrique, maculada por inteiro pela forma<br />

desabrida e pouco ética como foi conseguida, seria, assim o entendemos, a tão<br />

propalada continuidade a que se refere o Sr. Malan, mas acabou sendo, para<br />

desgraça nossa, a continuação de uma política inteiramente descompromissada<br />

com os interesses de nossa gente.<br />

Mas houve rupturas? Sem dúvida. Romperam-se contratos previdenciários<br />

exclusivamente para prejudicar os aposenta<strong>dos</strong> e pensionistas e reduzir o valor das<br />

futuras aposentadorias. Romperam-se contratos trabalhistas, desregulamentando-se<br />

quase totalmente as relações entre capital e trabalho. É desnecessário dizer que<br />

isso se fez em detrimento do trabalhador, como se faz com o pacote emitido pelo<br />

Presidente contra a greve.<br />

Em menos de um ano teremos eleições para Presidente da República. De<br />

nada adianta os teóricos do absurdo tentarem esboçar um quadro alienado de nossa<br />

realidade. Está certo, está mais do que certo que foram muitas as modificações<br />

enfrentadas pelo planeta, mesmo depois da primeira eleição do Sr. Presidente<br />

Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o. A globalização é um fato incontestável, mas não<br />

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irreversível. O terror desatinado, irracional pode se ter exibido de forma mais violenta<br />

que nunca. Sucede, no entanto, que de Carlos Magno a Pinochet ela foi uma prática<br />

constante. E, quando envolvido em véus religiosos, pior ainda. Há crise? Claro que<br />

sim. Mas os chineses, em sua sabedoria milenar, valem-se de dois ideogramas para<br />

escrever a palavra crise: um deles significa perigo, o outro, oportunidade.<br />

Pois as oportunidades para o Brasil estão aí mesmo, o que não significa<br />

atitude cínica como a de valer-se da crise para crescer, aproveitando-se dela.<br />

Temos de buscar o caminho que nossa soberania determinar e que nosso povo<br />

exigir. E, para isso, há que haver rupturas. Impossível admitir que a miséria siga<br />

sendo a companheira diuturna de mais de 40 milhões de brasileiros. Impossível<br />

admitir que a violência seja apenas crescente. E contida em seus fundamentos, mas<br />

não apenas a base de medidas coercitivas, policialescas.<br />

Impossível admitir que a saúde pública seja este caos a que assistimos dia a<br />

dia com horror e desalento. É necessário rompermos com essa linha de ação<br />

impatriótica, subserviente, que lança os interesses do País àquela arena onde<br />

somente jogam — e vencem! — os senhores mais empederni<strong>dos</strong> do capital<br />

financeiro, os especuladores, os que efetivamente criam as crises para delas se<br />

aproveitar.<br />

O Sr. Ministro Pedro Malan pode seguir com sua pregação em defesa da<br />

continuidade. Quando S.Exa. perceber que está falando para apenas os areais do<br />

deserto, pode ser que se dê conta de que esse discurso perdeu o significado e que a<br />

cidadania começa a perceber que, durante oito longos anos, foi duramente<br />

chantageada e enganada por aqueles que tinham a obrigação de fazê-la mais e<br />

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mais institucionalizada. Aí, então, ao Sr. Malan somente restarão as lágrimas: de<br />

desespero ou de remorso.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. ALCESTE ALMEIDA (Bloco/PL-RR. Sem revisão do orador.) – Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, neste momento, aflitos, vemos várias<br />

comunidades do Terceiro Mundo serem dizimadas por epidemias. O Brasil tem<br />

grande incidência de casos de AIDS; a África, numerosos casos. A posição do Brasil<br />

na OMC tem sido nobre e justa: advoga em favor da quebra de patentes e das<br />

emergências da saúde pública no mundo inteiro.<br />

Nesse sentido, por meio da nossa representação naquele país, conseguimos<br />

sensibilizar a maioria das nações. Estas estão solidárias com o Brasil.<br />

Vivemos atualmente com tecnologia muito avançada, usamos normalmente<br />

cartões magnéticos e temos pouca moeda em circulação.<br />

É inconcebível, portanto, subjugarmo-nos aos países de Primeiro Mundo, com<br />

seus parques industriais químicos e medicamentosos. O Terceiro Mundo está<br />

perdendo vidas porque não consegue quebrar as patentes estabelecidas e produzir<br />

seus próprios medicamentos. O Brasil produz importantes componentes de<br />

remédios contra AIDS e outras tantas moléstias — e estes são elogia<strong>dos</strong> no mundo<br />

inteiro —, mas não consegue fabricar o medicamento<br />

Estamos próximos de uma vitória internacional de grande efeito no campo da<br />

saúde. Segundo o noticiário internacional desta manhã, os negociadores da IV<br />

Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio — OMC, reuni<strong>dos</strong> em<br />

Doha, Catar, vararam a madrugada tentando chegar a acordo que envolvesse,<br />

entre outros pontos, a quebra das patentes de remédios.<br />

Os argumentos brasileiros sensibilizaram a grande maioria das nações.<br />

Queremos que países do Terceiro Mundo detentores de tecnologia produzam<br />

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medicamentos contra a AIDS, malária, etc., independentemente de quem seja o<br />

detentor da patente.<br />

Este País foi muito feliz ao sustentar naquele evento que a questão ultrapassa<br />

o aspecto comercial. Cinge-se ela a uma razão humanitária. Nesse sentido, os<br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> concordam plenamente conosco. Aquela Nação contrastou os<br />

recentes atenta<strong>dos</strong> terroristas ocorri<strong>dos</strong> no dia 11 de setembro, em Nova Iorque e<br />

Washington, com a AIDS. Ambos ceifaram muitas vidas.<br />

O Brasil, com diplomacia, de certa forma, usou o texto bíblico ao afirmar que<br />

para termos graça será preciso termos compaixão para com os outros.<br />

Nossa luta para aprovar o acordo sobre patentes de medicamentos em casos<br />

de emergência de saúde pública é possível de ser entendida pelos números. O<br />

Governo brasileiro gasta atualmente 303 milhões de dólares por ano com a compra<br />

de remédios para serem distribuí<strong>dos</strong> gratuitamente aos portadores de HIV. Parte <strong>dos</strong><br />

medicamentos que compõem o coquetel contra AIDS já é produzida no Brasil —<br />

sete <strong>dos</strong> doze anti-retrovirais. Se tivéssemos de importar to<strong>dos</strong> os componentes,<br />

gastaríamos 530 milhões de dólares. Isso, segundo o Ministério da Saúde, tornaria o<br />

programa inviável.<br />

Dos 303 milhões de dólares gastos no ano passado para atender a 85 mil<br />

soropositivos no Brasil, 39% foram para a compra de dois medicamentos protegi<strong>dos</strong><br />

por patentes: o Nelfinavir e o Efavirenz, não por acaso, os mais caros do coquetel.<br />

A própria Organização Mundial de Saúde, referência das políticas de saúde<br />

no mundo inteiro, argumenta que o sucesso no combate à AIDS no Brasil deve-se,<br />

em grande parte, ao acesso aos medicamentos mais baratos, os não-patentea<strong>dos</strong>, e<br />

produzi<strong>dos</strong> localmente.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Assim, o Brasil, com sua posição firme e humanitária, obteve o apoio de 48<br />

países, por meio de documento de dez páginas que defende a licença compulsória,<br />

ou seja, a quebra de patentes no caso de abuso econômico por parte das indústrias<br />

farmacêuticas. A proposta também libera a importação paralela, a compra de<br />

remédio patenteado de um fornecedor no exterior, e não da subsidiária local de<br />

empresa detentora da patente.<br />

O mais incrível é que os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> vinham se apoiando numa lei<br />

nacional que sequer está regulamentada. Disse muito bem Celso Amorim,<br />

Embaixador do Brasil junto à OMC, que os americanos não têm o direito de<br />

interpretar lei que não está regulamentada.<br />

Sr. Presidente, eu me entusiasmo com a defesa <strong>dos</strong> interesses <strong>dos</strong> carentes<br />

e enfermos, que está sendo feita lá do outro lado do mundo,<br />

O mundo precisa ser mais sensível para ajudar aqueles que precisam!<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.)<br />

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Governo Federal anunciou ontem (13 de<br />

novembro) quatro medidas para limitar o poder de greve <strong>dos</strong> servidores públicos<br />

federais, estaduais e municipais.<br />

A primeira medida já foi tomada. Um decreto presidencial publicado ontem no<br />

Diário Oficial da União transfere para o Presidente da República a responsabilidade<br />

de liberar as folhas de pagamento <strong>dos</strong> servidores federais. A partir de agora ficará<br />

mais difícil para os grevistas impedirem cortes salariais na Justiça, como ocorreu no<br />

caso <strong>dos</strong> professores.<br />

A segunda é uma medida provisória autorizando os Ministros a fazer<br />

contratações temporárias para garantir a prestação de serviços públicos essenciais,<br />

quando as greves completarem dez dias.<br />

Também está sendo enviado ao Congresso Nacional projeto de lei com<br />

pedido de urgência, segundo o qual toda e qualquer greve no funcionalismo público<br />

será considerada ilegal depois do 30º dia de paralisação. Caso seja julgada ilegal, os<br />

grevistas poderão ser puni<strong>dos</strong> com descontos no salário e na contagem de tempo<br />

para a aposentadoria, além de poder exigir o pagamento de multas pelos sindicatos.<br />

A quarta e última é também um projeto de lei, que altera o Regime Jurídico<br />

Único, também com pedido de urgência, determinando que, se o servidor faltar por<br />

trinta dias consecutivos, poderá sofrer processo administrativo disciplinar, podendo,<br />

inclusive, perder o cargo. Esse projeto também possibilita a demissão coletiva <strong>dos</strong><br />

grevistas, por meio de processo administrativo disciplinar coletivo.<br />

Juristas renoma<strong>dos</strong> como o Presidente do Superior Tribunal de Justiça,<br />

Ministro Paulo Costa Leite, e Celso Antônio Bandeira de Mello, um <strong>dos</strong> maiores<br />

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especialistas em Direito Administrativo do País consideram as medidas<br />

inconstitucionais e que fulminam o direito de greve, além de institucionalmente<br />

graves e incompatíveis com o Estado democrático de Direito.<br />

Essas medidas são uma afronta ao servidor público brasileiro pelos sete anos<br />

sem reajustes salariais, sendo também um desrespeito às instituições democráticas<br />

tão duramente conquistadas pelos trabalhadores ao longo da nossa história.<br />

Estamos retrocedendo no tempo e voltando, a passos largos, ao regime ditatorial.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. BISPO WANDERVAL (Bloco/PL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) –<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Governo do Sr. Fernando Henrique<br />

Car<strong>dos</strong>o tenta, mais uma vez, desestabilizar o funcionalismo público federal<br />

subvertendo a lei e acabando com a ação sindical em nosso País.<br />

Sr. Presidente, a história mostra-se cruel e implacável com os funcionários<br />

públicos, que há mais de sete anos não têm seu salário corrigido. A atitude do Sr.<br />

FHC assemelha-se à de um ditador, alguém que, afastado da realidade em que vive<br />

nosso povo, promove a perseguição e o desmonte da classe.<br />

A situação de penúria e lamento em que vivem os funcionários públicos<br />

federais tem sido motivo de vergonha, pois nem mesmo em perío<strong>dos</strong> difíceis de<br />

nossa história golpe como o que foi apresentado contra o sindicalismo e a liberdade,<br />

por meio de medida provisória, nunca se registrou.<br />

Sr. Presidente, deve ser somado a este momento o fato de que os Poderes<br />

foram rouba<strong>dos</strong> em sua independência, cabendo a esta Casa de leis a correção de<br />

tais atos. Calam-se os milhares de trabalhadores públicos federais, por meio de<br />

artifícios da lei, no momento em que se prega a democracia. Como corrigir este<br />

erro?<br />

Estamos fazendo apelo ao Sr. Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o para que<br />

determine a revogação das medidas provisórias que subvertem os direitos <strong>dos</strong><br />

trabalhadores, da Justiça brasileira e do Legislativo, retornando ao estado de Direito<br />

a situação ora insustentável.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. OSVALDO REIS (PMDB-TO. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, registro no meu pronunciamento as festividades no Estado<br />

do Tocantins, especialmente nas cidades de Xambioá, Araguaína e Gurupi, que<br />

completam hoje 43 anos de existência.<br />

Xambioá, que em tupi-guarani quer dizer pássaro veloz, é uma promissora<br />

cidade localizada ao norte do Tocantins, na região do Bico do Papagaio, às margens<br />

do majestoso Rio Araguaia.<br />

Habitada originalmente pelos índios carajás, Xambioá teve seu crescimento<br />

marcado pela descoberta de garimpos de cristal-de-rocha nas décadas de 40 e 50,<br />

após a Segunda Guerra Mundial, ficando marcada na história do País pelos crimes<br />

bárbaros cometi<strong>dos</strong> durante a ditadura militar, nas décadas de 60 e 70. Com uma<br />

população ordeira e trabalhadeira, Xambioá resistiu a tudo isso e cresceu. Enfrentou<br />

uma forte batalha contra as endemias, principalmente contra a malária, que em<br />

determinadas épocas atingia praticamente toda a população. Sua vocação<br />

econômica está voltada para o setor primário, mais notadamente para a pecuária.<br />

Devido à localização privilegiada às margens do Rio Araguaia, possui enorme<br />

potencial turístico, com extensas praias de beleza inigualável.<br />

Outra cidade comemora hoje 43 anos. Araguaína é uma das mais pujantes<br />

cidades de Tocantins. Tendo também como habitantes primitivos os índios carajás,<br />

fundou-se às margens do Rio Araguaia. Viveu um crescimento extremamente<br />

rápido, devido ao descobrimento de garimpos de diamante, ouro e cristais e por<br />

servir de portal para a região amazônica.<br />

Localizada às margens da Rodovia Belém—Brasília, Araguaína é hoje a<br />

segunda maior cidade do Tocantins, com uma população formada por pessoas<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

vindas de todas as partes do País, principalmente do Nordeste. Com economia forte<br />

e empresas sólidas instaladas, Araguaína tem na pecuária sua principal atividade<br />

econômica, sendo, inclusive, conhecida como a Capital do Boi Gordo.<br />

Parabéns, Araguaína, pelos 43 anos de desenvolvimento! Tenho orgulho de<br />

dizer que pertenço a essa bela cidade.<br />

Para finalizar, parabenizo também o povo de Gurupi pelos 43 anos de pujante<br />

cidade. Nascida com a implantação da Rodovia Belém—Brasília, Gurupi, que na<br />

língua xerente quer dizer diamante puro, cresceu e passou a ser a cidade pólo do<br />

desenvolvimento do sul de Tocantins, sendo hoje o Município de maior arrecadação<br />

de impostos do Estado, devido à sua condição de grande produtor agrícola e forte<br />

centro de criação de gado.<br />

Parabéns a essas três importantes cidades que representam de forma<br />

significativa o Estado do Tocantins e o Brasil.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

Muito obrigado.<br />

Durante o discurso do Sr. Osvaldo Reis, o Sr.<br />

Moroni Torgan, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,<br />

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.<br />

Lincoln Portela, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Dando prosseguimento ao Pequeno<br />

Expediente, concedo a palavra ao Deputado Vicente Caropreso. S.Exa. dispõe de<br />

até cinco minutos.<br />

O SR. VICENTE CAROPRESO (PSDB-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong> esta é uma tarde memorável. Dois ilustres<br />

membros da Casa tomaram posse hoje no cargo de Ministro do Governo do<br />

Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

O Deputado Arthur Virgílio desempenhou com brilhantismo a árdua missão de<br />

Líder do Governo no Congresso Nacional. Sou testemunha do grande trabalho<br />

desenvolvido por S.Exa., e essa nomeação para o cargo de Ministro de Estado na<br />

Secretaria-Geral da Presidência da República nada mais é do que o reconhecimento<br />

pelos relevantes serviços presta<strong>dos</strong> à causa pública no Brasil. Não posso deixar de<br />

lembrar o nome de outro companheiro de meu partido, Aloysio Nunes Ferreira, que<br />

ocupará a Pasta do Ministério da Justiça. Aos dois companheiros de partido desejo<br />

toda a sorte de que o Brasil necessita.<br />

Gostaria de abordar também aspectos da economia brasileira. O País hoje,<br />

como disse o Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o durante a posse <strong>dos</strong> novos<br />

Ministros, se descola da Argentina em risco de investimento. Já era hora de o<br />

mundo analisar o resultado do trabalho árduo que nossa equipe econômica tem<br />

desempenhado, conseguindo maior solidez nos sistemas econômico e financeiro. O<br />

País teve redução <strong>dos</strong> níveis de cotação da moeda americana. É extremamente<br />

gratificante para uma equipe econômica que tem sido constantemente bombardeada<br />

pela Oposição na Casa colocar-se num patamar que merece aplausos. Ela<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

realmente tem dado conta de sua missão, enquanto inúmeros países têm enfrentado<br />

dificuldades financeiras.<br />

Temos sabido enfrentar os problemas: o da Rússia; o <strong>dos</strong> Tigres Asiáticos; a<br />

crise mexicana e a desvalorização do real em 1999. Em todas essas circunstâncias,<br />

conseguimos ultrapassar as turbulências com bravura e grandes perspectivas.<br />

Segundo os institutos de pesquisa, o comércio terá um bom Natal, o que significa<br />

mais emprego e renda para os brasileiros.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, vim à tribuna para falar também sobre<br />

outro tema. Desejo destacar o trabalho da Indústria de Malhas Mallwee, que está se<br />

preparando para reinaugurar sua estação de tratamento de resíduos industriais,<br />

ampliada e modernizada. A indústria, que tem hoje quatro unidades fabris, nas<br />

cidades de Jaraguá do Sul, onde resido e é minha base eleitoral, Pomerode e<br />

Blumenau, no Estado de Santa Catarina, prepara-se também para inaugurar uma<br />

nova tinturaria de malhas automática, para beneficiamento de teci<strong>dos</strong> têxteis,<br />

através de equipamentos de alta tecnologia, que proporcionam redução no consumo<br />

de energia, bem como água e vapor.<br />

Quero destacar aqui a importância social desta empresa: a Malwee oferece<br />

atualmente 4 mil empregos. Um número significativo num momento em que as taxas<br />

de desemprego no Brasil são preocupantes. Trata-se de indústria que pode ser<br />

considerada um exemplo de atuação, produzindo sem prejudicar o meio ambiente,<br />

motivo de satisfação e respeito do povo catarinense.<br />

Com o crescimento de sua produção, aumentou a necessidade de ampliação<br />

de seu sistema de tratamento de efluentes. A Malwee procurou no mercado mundial<br />

o melhor e mais moderno sistema e encontrou um sistema de tratamento biológico<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

de origem italiana, cujo projeto está em implantação nas proximidades do Parque<br />

Malwee, com capacidade de processar até 5.500 metros cúbicos por dia, sendo o<br />

primeiro tratamento completo desse sistema na América do Sul.<br />

O meio ambiente só tem a ganhar com esta iniciativa. A Malwee prova mais<br />

uma vez que é possível produzir sem poluir, que progresso e preservação<br />

ambientais não são incompatíveis. O sistema vai trazer vantagens consideráveis,<br />

tais como maior redução de lodo gerado, comparando-se a outros processos<br />

existentes. A água será devolvida ao Rio Garibaldi com eficiência média de 97%,<br />

superando as exigências <strong>dos</strong> órgãos ambientais. O sistema vai propiciar ainda maior<br />

recuperação de água para reutilização no processo produtivo. O processo é<br />

biológico e não serão utiliza<strong>dos</strong> produtos químicos no tratamento da água e do sal<br />

utilizado nas tinturarias.<br />

Para a Malwee, ecologia é algo muito especial. Por isso também está<br />

instalando dentro do Parque Malwee uma reserva particular de patrimônio natural, o<br />

aterro ecológico industrial , para dispensação <strong>dos</strong> resíduos sóli<strong>dos</strong>.<br />

Quero aproveitar a oportunidade para destacar também a importância<br />

ecológica do Parque Malwee. São 1 milhão e 500 mil quilômetros quadra<strong>dos</strong> de<br />

área verde preservada e aproximadamente 35 mil árvores de diversas espécies. Na<br />

reserva há dois museus, uma casa de cultura popular e toda infra-estrutura para<br />

esportes e lazer. O parque foi doado aos funcionários em 1982, por meio de uma<br />

associação recreativa.<br />

A Malwee sempre demonstrou sua preocupação com a natureza, desde o<br />

início de suas atividades, em 1964, quando ecologia ainda era assunto de poucos. A<br />

preservação do meio ambiente é sinônimo de qualidade de vida, da interação entre<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

o homem e a natureza. Neste sentido, parabenizamos a Indústria de Malhas Malwee<br />

por sempre ter levado avante suas atividades sob o lema “Produzir sem poluir”, num<br />

atestado de verdadeiro respeito à natureza.<br />

Parabenizo o empresário Wander Weege pela iniciativa de querer integrar sua<br />

indústria à natureza.<br />

Outro assunto, Sr. Presidente, diz respeito à garra e à vontade de um<br />

brasileiro destemido, José Serra.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, desejo destacar também a grande<br />

importância do trabalho da CPI <strong>dos</strong> Medicamentos, que previu toda a preocupação<br />

com a produção de remédios que agora vemos mobilizar a atenção da imprensa e<br />

<strong>dos</strong> organismos internacionais.<br />

Até que enfim os organismos internacionais estão se dando conta de que a<br />

ciência deve ser priorizada como um recurso a que tem direito toda a humanidade e<br />

não como uma guerra entre os povos ou servir para a exploração comercial entre<br />

incluí<strong>dos</strong> e excluí<strong>dos</strong>.<br />

Neste momento em que o Brasil conseguiu vencer as resistências <strong>dos</strong> países<br />

ricos sobre a quebra de patentes de remédios em caso de epidemia, levando 80%<br />

<strong>dos</strong> 142 países membros da Organização Mundial do Comércio a concordar com o<br />

texto da OMC que regulamenta a questão, é preciso reconhecer o trabalho de<br />

algumas autoridades brasileiras. O Ministro José Serra, por exemplo, tem<br />

acompanhado de perto a questão e garante que nada no acordo de patentes pode<br />

impedir os membros da OMC de tomar medidas em defesa da saúde pública. É,<br />

sem dúvida, uma grande vitória não só para os brasileiros como para toda a<br />

humanidade, registrada neste Governo do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Agora caberá a cada país definir os termos da quebra de patente, mas o<br />

grande passo foi dado junto à Organização Mundial do Comércio.<br />

De agora em diante, senhores, passa a valer mais neste setor a vida humana<br />

acima do comércio, o que é um fator de maior dignidade para a humanidade.<br />

Vivemos um momento de grande importância para a saúde pública mundial.<br />

No Brasil, algumas questões preocupantes começam a ser encaminhadas também<br />

com mais determinação. Os Conselhos de Farmácia estão sendo extremamente<br />

importantes na fiscalização de produtos de ação duvi<strong>dos</strong>a. Trata-se de uma<br />

preocupação que também foi levantada pela CPI <strong>dos</strong> Medicamentos. A Vigilância<br />

Sanitária já está comprovando uma série de irregularidades na produção e<br />

comercialização de medicamentos, muitos divulga<strong>dos</strong> através de propaganda<br />

enganosa.<br />

Tudo isso, senhoras e senhores, veio à tona também como uma contribuição<br />

da CPI <strong>dos</strong> Medicamentos, que exigiu desta Casa grandes esforços no trabalho de<br />

fazer uma radiografia de toda a situação, mas que valeu a pena, pois está<br />

provocando mudanças importantíssimas para a área de saúde, que há muito tempo<br />

estavam a requerer providências por parte das autoridades.<br />

O Ministro José Serra pode ter defeitos e ser criticado pelo seu<br />

temperamento, mas S.Exa. tem demonstrado amor pela causa pública.<br />

Reitero meus agradecimentos a essa ilustre figura da política nacional que é o<br />

Senador José Serra. S.Exa. tem demonstrado apego à vida pública. Essa grande<br />

vitória não pertence somente ao PSDB — S.Exa. é membro daquele partido —, mas<br />

também a toda a classe política. Os homens públicos do Brasil têm em quem se<br />

espelhar.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. WILSON SANTOS (PSDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, gostaria de tocar num assunto relevante e que<br />

diz respeito aos quadros da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.<br />

A Lei nº 8.529, de 1992, instituiu a complementação da aposentadoria para<br />

to<strong>dos</strong> os emprega<strong>dos</strong> da EBCT ingressa<strong>dos</strong> em suas hostes até 31 de dezembro de<br />

1976 e em seu art. 1º garante a citada complementação. Portanto, nos termos do<br />

art. 7º da Lei Complementar nº 95, de 1998, está clara a delimitação do campo de<br />

aplicação da Lei nº 8.529.<br />

Desse modo, nobres Deputa<strong>dos</strong>, a partir da edição da Lei nº 8.259,<br />

imaginava-se corrigida aquela injustiça com relação a esses emprega<strong>dos</strong> públicos,<br />

uma vez que lhes havia sido concedida a complementação do valor da<br />

aposentadoria, que nada mais é que a aposentadoria integral.<br />

Apesar <strong>dos</strong> termos da lei, a Previdência Social tem dado entendimento<br />

restritivo ao conteúdo da Lei nº 8.529 para aplicá-la apenas aos servidores<br />

estatutários do antigo Departamento de Correios e Telégrafos — DCT referi<strong>dos</strong> no<br />

art. 1º da Lei nº 6.184, de 1974, não abrangendo, portanto, os servidores celetistas<br />

enquadra<strong>dos</strong> pelo art. 1º daquela lei.<br />

Agindo dessa forma, Sr. Presidente, a Previdência viola os princípios<br />

constitucionais da isonomia e do direito adquirido, prejudicando emprega<strong>dos</strong> que<br />

não poderão ter suas aposentadorias complementadas. Resta apenas aos que estão<br />

sendo excluí<strong>dos</strong> recorrer à Justiça para que lhes seja dado o benefício da<br />

complementação. Vale ressaltar que cerca de mil emprega<strong>dos</strong> e pensionistas <strong>dos</strong><br />

Correios já ajuizaram processos judiciais contra a Previdência, havendo mais de<br />

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duzentas sentenças de Primeira e Segunda Instâncias já proferidas, que<br />

reconhecem o direito <strong>dos</strong> emprega<strong>dos</strong>.<br />

Contudo, tramita nesta Casa um Projeto de Lei sob o nº 1.745, de 1999, que<br />

em seu art. 1º modifica o texto do art. 1º da Lei nº 8.529 e que diz que é “assegurada<br />

a complementação da aposentadoria, paga na forma prevista pela Lei Orgânica da<br />

Previdência Social a to<strong>dos</strong> os emprega<strong>dos</strong> da EBCT, ativos, inativos e aos<br />

respectivos pensionistas, que tenham sido integra<strong>dos</strong> ou admiti<strong>dos</strong> nos seus<br />

quadros até 31 de dezembro de 1976, independentemente do regime jurídico de sua<br />

admissão”.<br />

Daí, Sr. Presidente, é necessário que façamos esforço para apoiar essa<br />

proposta que vem acabar com quaisquer margens de erro de interpretação da Lei n°<br />

8.529 por parte da Previdência Social e que venhamos a corrigir esta injustiça que<br />

se está cometendo contra funcionários da EBCT.<br />

Nobres colegas, os Correios são uma instituição de reconhecida atuação e<br />

credibilidade em nosso País. Há de se perguntar: quem nunca precisou <strong>dos</strong> seus<br />

serviços postais? Não deixemos, portanto, passar em branco a oportunidade de<br />

aprovar o substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.745, de 1999, que tramita na Comissão<br />

de Constituição e Justiça e de Redação, para que acabemos definitivamente com a<br />

angústia de inúmeros profissionais que integram a EBCT.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. ANDRÉ BENASSI (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, os trabalhadores brasileiros já podem habilitar-<br />

se para recuperar as perdas havidas durante os planos econômicos nos Governos<br />

Sarney e Collor em suas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.<br />

Convivendo, à época, com uma inflação galopante e persistente, perdiam os<br />

trabalhadores e a população em geral, diante da absoluta impossibilidade de se<br />

repor aos salários, à poupança e a outros ativos a deterioração contínua da moeda<br />

nacional. Ganhavam apenas os especuladores e os que, detendo o capital,<br />

recorriam à ciranda financeira, ao giro diário pelas instituições bancárias.<br />

A cada pacote econômico, dentre os muitos lança<strong>dos</strong> naquele tempo, como<br />

tentativa para reverter a espiral inflacionária, impunham-se prejuízos enormes às<br />

classes trabalhadoras e produtivas, aplicando-se a técnica de apagar da memória de<br />

cálculos <strong>dos</strong> rendimentos parcelas significativas referentes à inflação de um<br />

determinado período.<br />

Felizmente, acabou-se o tempo de inflação no País, desde que se implantou o<br />

Real, em 1994.<br />

Mas, evidentemente, restaram prejuízos relativos à não-atualização de<br />

valores, por ocasião daqueles fracassa<strong>dos</strong> pacotes econômicos de Governos<br />

anteriores, de tão triste memória para o povo brasileiro.<br />

Por isso, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS, patrimônio <strong>dos</strong><br />

trabalhadores brasileiros, registra sucessivas perdas decorrentes do processo<br />

inflacionário, as quais foram objeto de ações na Justiça por cerca de 800<br />

demandantes, que buscavam a devida reparação do dano.<br />

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Foram quase dez anos de tramitação <strong>dos</strong> processos na Justiça, que, afinal,<br />

considerou legítima a reivindicação <strong>dos</strong> postulantes, conforme decisão promulgada<br />

em mea<strong>dos</strong> do ano passado.<br />

Todavia, a sentença judicial beneficiava tão-somente os que ajuizaram a ação<br />

reparadora das perdas, ou seja, um número insignificante de pessoas. Para a quase<br />

totalidade <strong>dos</strong> trabalhadores com conta no FGTS — mais de 60 milhões de<br />

brasileiros — restaria o caminho de recorrer ao Judiciário, abrindo-se novas ações<br />

que certamente iriam demandar — quem sabe? — outros dez anos para a definição<br />

e a conquista daquele direito.<br />

Em muita boa hora, o Presidente Fernando Henrique, sensível ao problema e<br />

à realidade vivida pelos trabalhadores, decidiu estender o benefício da referida<br />

decisão judicial a to<strong>dos</strong> os que tiveram perdas no período antes do Real e<br />

encaminhou projeto de lei a esta Casa para disciplinar a matéria.<br />

Tive orgulho de participar, tanto na Comissão de Constituição e Justiça e de<br />

Redação, quanto no plenário da Casa, do grande esforço realizado pelas<br />

Lideranças, juntamente com movimentos sindicais, o que levou a um grande acordo<br />

para atender aos anseios <strong>dos</strong> trabalhadores, embora houvesse resistências por<br />

parte de alguns setores, retrógra<strong>dos</strong>, ditos defensores da categoria.<br />

O acordo estabelecido garante que os detentores de contas do FGTS<br />

recuperem suas perdas de maneira escalonada, a partir de junho do próximo ano,<br />

privilegiando os de menor renda, que poderão sacar o valor em uma única parcela,<br />

de até 1 mil reais. Serão beneficia<strong>dos</strong> diretamente 54 milhões de trabalhadores.<br />

Faço o presente registro com muita satisfação, porque configura o<br />

cumprimento de uma importante decisão do Governo do Presidente Fernando<br />

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Henrique, que, além de acabar com a inflação no País, ainda está proporcionando a<br />

devolução de perdas a quem mais sofria com aquele indesejado processo, ou seja,<br />

o conjunto <strong>dos</strong> trabalhadores brasileiros.<br />

Às classes trabalhadoras, faço uma conclamação, Sr. Presidente, para que<br />

procurem as agências <strong>dos</strong> Correios e formalizem o termo de adesão, assegurando,<br />

desde logo, a percepção a essa grande e justa conquista, um direito agora<br />

respeitado, graças à iniciativa do Governo e à aprovação do projeto de lei pelo<br />

Congresso Nacional.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. SÉRGIO BARCELLOS (Bloco/PFL-AP. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> deu<br />

um importante passo no sentido de acabar de uma vez por todas com a imunidade<br />

parlamentar, tradição da instituição desde os tempos do Império.<br />

Vários Parlamentares, através do artigo 53 da Constituição Federal,<br />

procuraram esconder-se por trás de seus mandatos, para não serem apanha<strong>dos</strong><br />

pela justiça no caso de crimes de natureza comum, inclusive e principalmente<br />

aqueles cometi<strong>dos</strong> antes de serem eleitos.<br />

A maior virtude dessa modificação é a afirmação de que “Recebida a<br />

denúncia contra o Senador ou o Deputado por crime ocorrido após a diplomação, o<br />

STF dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela<br />

representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final,<br />

sustar o andamento da ação”.<br />

Isso quer dizer que crimes cometi<strong>dos</strong> antes da diplomação continuarão a ser<br />

julga<strong>dos</strong> e penaliza<strong>dos</strong>, ou não, independente do réu ser Parlamentar eleito pelo<br />

povo.<br />

Tenho completa isenção de dissertar sobre o assunto, pois fui vítima de uma<br />

tremenda armação política por parte de alguns que hoje detêm o poder nesse<br />

Estado. Sofremos, eu e minha família, a humilhação por ser colocado como<br />

mandante de crime que não cometi, como ficou provado nos autos, através das<br />

alegações finais do Ministério Público Estadual e da sentença prolatada pelo MM.<br />

Juiz da 3ª Vara Criminal de Macapá, que me isentaram de qualquer culpa. Mais<br />

tarde, fui novamente inocentado na Comissão de Constituição e Justiça da <strong>Câmara</strong><br />

<strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, assim como pelo soberano Plenário.<br />

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Ninguém está livre de uma trama diabólica, é verdade, mas não podemos<br />

tomar isso como regra geral, mas como regra de exceção, pois a grande maioria <strong>dos</strong><br />

Parlamentares é formada de gente boa, sincera e honesta, que trabalha justamente<br />

para o bem de nosso Brasil e de seus Esta<strong>dos</strong>.<br />

Para sabermos quem é ou não culpado, existe a Justiça, e só ela é capaz de<br />

julgar com isenção e imparcialidade o cidadão acusado, seja ele Parlamentar ou<br />

não.<br />

Nós, Deputa<strong>dos</strong> e Senadores, queremos ser iguais a to<strong>dos</strong> os brasileiros.<br />

Chega de impunidade ou de tentativas de se escudar atrás de um mandato<br />

outorgado pelo povo. Não fomos eleitos para julgar colegas.<br />

Somente seremos invioláveis, civil e penalmente por nossas opiniões,<br />

palavras e votos, proferi<strong>dos</strong> no exercício do mandato ou em função dele, a fim de<br />

que possamos exercer o mandato com independência e seriedade.<br />

A partir de agora, qualquer um que queira candidatar-se a Deputado ou<br />

Senador deve ter em mente que não poderá esconder- se mais atrás de seu<br />

mandato.<br />

Isso é muito bom para o Amapá, pois sabemos de pessoas já<br />

conhecidamente candidatas que são parte de inúmeros processos em andamento<br />

por corrupção, malversação de recursos públicos, desobediência às leis vigentes no<br />

pais, calúnias, difamações, injúrias, ações populares, abuso de poder econômico e<br />

outros mais. Esses processos, então, continuarão com andamento normal, sem que<br />

tenham essas pessoas a tão propalada imunidade parlamentar para protegê-los.<br />

Responderão à Justiça como qualquer cidadão, sem os privilégios de que eram<br />

detentores.<br />

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Dos 513 Deputa<strong>dos</strong> Federais, somente 9, sendo 1 do Amapá, votaram contra<br />

essa matéria que sem dúvida alguma trará muito mais transparência às ações do<br />

Congresso Nacional.<br />

Deu a <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> um importante passo no sentido de<br />

moralização da política brasileira, ganhando com isso a confiança do povo, que, no<br />

fim das contas, será o melhor beneficiado.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ocupo hoje a tribuna para congratular-me com<br />

o DNOCS — Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, com seus<br />

engenheiros, demais técnicos, de nível superior e médio, e com os servidores pelo<br />

transcurso <strong>dos</strong> 92 anos de fundação desse importante órgão de desenvolvimento<br />

regional.<br />

A história do DNOCS confunde-se com a própria história das secas que vêm<br />

martirizando ciclicamente as populações do semi-árido nordestino, causando<br />

prejuízos consideráveis à economia regional.<br />

Criado nos i<strong>dos</strong> de 1909, no Governo do Presidente Nilo Peçanha, tendo na<br />

Pasta da Viação o engenheiro Francisco Sá, o DNOCS iniciou suas atividades com<br />

a denominação de Inspetoria de Obras Contra Secas — IOCS.<br />

A decisão do Presidente Nilo Peçanha de enfrentar o desafio de sucessivas<br />

secas no Nordeste deveu-se, sobretudo, à repercussão nacional, na imprensa do<br />

País, do relatório apresentado no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, pelo<br />

engenheiro Raimundo Pereira da Silva, revelando que em conseqüência do flagelo<br />

climático o Nordeste já perdera mais de 2 milhões de habitantes, pela fome e pelas<br />

moléstias dele decorrentes.<br />

Coube à IOCS a execução de importantes obras nos perío<strong>dos</strong> de longas<br />

estiagens. Foi o primeiro órgão a estudar a problemática do semi-árido. Após alguns<br />

anos de atuação, a IOCS foi transformada, pelo Decreto nº 13.687, em Inspetoria<br />

Federal de Obras Contra Secas — IFOCS, antes de assumir sua atual<br />

denominação, conferida pelo Decreto-Lei nº 8.846, de 28 de dezembro de 1945. E<br />

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posteriormente, a ser constituída em autarquia federal, através da Lei nº 4.229, de<br />

1º de junho de 1963.<br />

Dentre os órgãos regionais, o Departamento Nacional de Obras Contra as<br />

Secas — DNOCS constitui-se na mais antiga instituição federal com atuação no<br />

Nordeste.<br />

Na sua primeira fase, a IOCS contou com o concurso valioso do engenheiro<br />

Arrojado Lisboa, que empreendeu um ambicioso trabalho de levantamento e<br />

reconhecimento <strong>dos</strong> recursos naturais da região, considerando prioritariamente as<br />

diferenciações da terra semi-árida do Nordeste.<br />

Arrojado Lisboa partiu do pressuposto de os Esta<strong>dos</strong> da Paraíba, Rio Grande<br />

do Norte e Ceará terem locais apropria<strong>dos</strong> para irrigação, bacias de captação com<br />

gargantas de entremeio oferecendo zonas apropriadas para a construção de<br />

açudes.<br />

Lisboa considerou de importância imediata a disseminação da pequena<br />

açudagem por todo o semi-árido nordestino, de modo preponderante a grande e a<br />

média açudagem para culturas intensivas e perenes e poços para chapadas e zonas<br />

sedimentares, além da regularização da água caída por obras adequadas.<br />

A partir de então, foram estimula<strong>dos</strong> e incentiva<strong>dos</strong> os trabalhos de<br />

pesquisas geodésicos e cartográficos. Tais trabalhos resultaram na elaboração de<br />

mapas como o geológico do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, por Horace<br />

Williams e Roderic Grandall; o mapa botânico do Ceará, por Albert Leotgren; a carta<br />

biopsométrica da região semi-árida do Brasil, bem como a montagem de postos e<br />

estações pluviométricas no semi-árido nordestino, que ofereceram subsídios<br />

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valiosos a Delgado de Carvalho para a elaboração da carta pluviométrica do<br />

Nordeste.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, sendo, de 1909 até por volta de 1959,<br />

praticamente a única agência governamental federal executora das obras de<br />

engenharia na região, fez de tudo. Construiu açudes, estradas, pontes, portos,<br />

ferrovias, hospitais e campos de pouso, implantou redes de energia elétrica e<br />

telegráficas, usinas hidrelétricas e foi, até a criação da SUDENE, o responsável<br />

único pelo socorro às populações flageladas pelas cíclicas secas que assolam a<br />

região.<br />

Chegou a se constituir na maior "empreiteira" da América Latina na época em<br />

que o Governo Federal construía, no Nordeste, suas obras por administração direta,<br />

tendo marcado com sua presença praticamente todo o solo nordestino. Além de<br />

grandes açudes, como Orós, Banabuiú, Araras, podemos registrar a construção da<br />

Rodovia Fortaleza—Brasília e o início da construção da Barragem de Boa<br />

Esperança.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a Inspetoria de Obras Contra as<br />

Secas — IOCS foi criada com a precípua finalidade de construir açudes e barragens<br />

para acumular água, nos anos de pluviosidade normal ou mais acentuada, para ser<br />

consumida pelas populações e pelos rebanhos nos anos secos.<br />

A versão hoje dominante, porém falaciosa, de que a Inspetoria tivera por<br />

incumbência a promoção do fomento da agricultura irrigada, do ponto de vista<br />

agronômico ou do ponto de vista científico de ciência agrológica, não encontra<br />

respaldo na realidade: primeiro, porque o mister da produção, àquela época, era<br />

deixado à iniciativa privada e não era atribuição de agências governamentais;<br />

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segundo, porque o moderno arsenal científico em que hoje se arrima a produção<br />

agrícola ainda não havia sido criado.<br />

É conveniente destacar os condicionamentos sociais e econômicos que se<br />

antepunham ao desenvolvimento auto-sustentado nordestino, entre os quais a<br />

exigüidade <strong>dos</strong> recursos hídricos, agravada pela ocorrência cíclica, mas de<br />

periodicidade até hoje desconhecida, das secas.<br />

A Inspetoria foi encarregada de acumular água nos sertões. Nisso foi eficiente<br />

e eficaz. Mas não tinha por obrigação fomentar o desenvolvimento da agricultura —<br />

do ponto de vista agronômico.<br />

As mais fortes raízes do subdesenvolvimento nordestino não são aquelas<br />

condicionadas pelo fenômeno das secas, e, sim, aquelas alimentadas pelo regime<br />

feudal, que esteve presente por trezentos anos na metrópole lusa e que foi<br />

transplantado ao Brasil pelos colonizadores portugueses.<br />

Em dezembro de 1945, o Presidente José Linhares e o Ministro Maurício<br />

Joppert da Silva promoveram a reformulação da IFOCS, transformando-a em<br />

DNOCS, inserindo em sua nova estrutura o Serviço Agroindustrial e o Serviço de<br />

Piscicultura, evolução das antigas Comissões Técnicas criadas em 1932.<br />

A exigüidade de recursos deferi<strong>dos</strong> ao DNOCS, aplica<strong>dos</strong> quase<br />

exclusivamente nos setores hidráulico e de acumulação, impediram a aceleração<br />

das obras de irrigação e <strong>dos</strong> serviços de piscicultura.<br />

As áreas irrigadas, dominadas pelos canais, permaneceram nas mãos de<br />

proprietários desprovi<strong>dos</strong> de mentalidade e de capacitação gerencial, desassisti<strong>dos</strong><br />

de crédito e a contar com a ajuda de rurícolas não afeiçoa<strong>dos</strong> à irrigação.<br />

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É que o caráter paraindustrial de que se reveste a irrigação do ponto de vista<br />

agronômico não dispensava orientação e ajuda governamentais.<br />

Não houve um esforço paralelo, antes de 1968, no sentido da reorganização<br />

fundiária nas áreas dominadas pelos canais e no de alfabetizar e instruir o<br />

campesinato; no de financiar a mecanização das lavouras; no sentido da difusão de<br />

insumos — fertilizantes, pesticidas e outros; de criar estruturas de estocagem; de<br />

industrializar os produtos agrícolas; de monetarizar o mercado interiorano, que<br />

funcionava à base do escambo; de elastecer o crédito, cuida<strong>dos</strong> que escapavam às<br />

atribuições da IFOCS, depois DNOCS.<br />

Não havia, ainda, o aproveitamento da energia gerada na calha são-<br />

franciscana, apesar de a IFOCS haver iniciado os estu<strong>dos</strong> básicos para o<br />

aproveitamento <strong>dos</strong> potenciais energéticos, com criação, no seio da Inspetoria, da<br />

Comissão do Vale do São Francisco, antecessora da CHESF e da SUVALE, hoje<br />

CODEVASF.<br />

Com o advento da Revolução de 31 de março de 1964, e logo após, Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a instalação do Governo Castello Branco, a<br />

antiga modalidade empregada no DNOCS de construir obras por administração<br />

direta foi abolida e mergulhou em ociosidade. A idéia central de promover a irrigação<br />

consistia em o DNOCS desapropriar as terras das bacias de irrigação, onde seriam<br />

implanta<strong>dos</strong> os "perímetros irriga<strong>dos</strong>", e dividi-las em pequenos lotes, onde seriam<br />

assenta<strong>dos</strong> os "colonos", em parte recruta<strong>dos</strong> entre os antigos "moradores" <strong>dos</strong><br />

estabelecimentos rurais particulares desapropria<strong>dos</strong>.<br />

A história do DNOCS confunde-se com a história da ocupação do semi-árido<br />

pelo homem e se expressa por um acervo material e tecnológico, legado pelos que<br />

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o antecederam, tenham sido eles engenheiros de larga visão, como Arrojado Lisboa,<br />

cientistas do porte de Von Ihering, de Francisco Aguiar, pesquisadores do nível de<br />

Guimarães Duque, ou simples "cassacos", que, com as mãos, transformaram a<br />

rocha e a terra estéreis nas barragens que reservam a água, mitigam a sede de<br />

homens, animais e de plantas e que pintaram de verde as manchas cinzentas da<br />

caatinga adusta.<br />

É preciso não esquecer que a luta contra as secas no Nordeste nunca se deu<br />

de forma contínua. É oportuno lembrar que já em 1956 os bispos do Nordeste<br />

reuni<strong>dos</strong> em Natal denunciaram, em documento histórico, que as secas na região<br />

são um crime contínuo da imprevidência que a cada uma delas se antecipa e que<br />

a cada uma se sucede, pois que uma seca não começa com a falta de chuva, nem<br />

termina com a volta desta, assim o grave e criminoso das secas tem sido até hoje o<br />

tratamento de fato dado a elas. Tratamento que começa com a prática de se<br />

aguardar as conseqüências das estiagens prolongadas para retornar às medidas de<br />

emergência quando não mais se podia negar evidência.<br />

Por tudo isso, o DNOCS teve uma missão fundamental no processo de<br />

transformação da política governamental de enfrentamento do flagelo das secas.<br />

No presente, sua atuação deve ser direcionada para soluções definitivas da<br />

questão nordestina. Fortalecê-lo é um imperativo da necessidade de uma nova<br />

política de desenvolvimento para a região.<br />

Espera-se, agora, que o DNOCS corresponda plenamente a essa expectativa,<br />

para que o Nordeste conquiste o desenvolvimento integrado e o liberte, afinal, do<br />

fantasma das grandes secas.<br />

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Ao registrar os 92 anos de existência do DNOCS, reafirmo minha confiança<br />

na sua destinação histórica de organismo a serviço de um Nordeste consolidado e<br />

fortalecido, com sólida infra-estrutura social e econômica.<br />

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O SR. FEU ROSA (PSDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero parabenizar to<strong>dos</strong> os membros da<br />

Associação de Moradores da Praia do Canto — AMPC, criada em 30 de setembro<br />

de 1989, em Vitória, Espírito Santo, na pessoa de seu Presidente, Vereador José<br />

Carlos Lyrio Rocha.<br />

Órgão reivindicante das necessidades da Praia do Canto, Barro Vermelho e<br />

Santa Helena junto ao Poder Público, a AMPC cresceu e se tornou uma instituição<br />

reconhecida e forte, indispensável para a valorização e melhoria da qualidade de<br />

vida da comunidade.<br />

Assumindo parte das atribuições da Prefeitura e da <strong>Câmara</strong> de Vereadores, a<br />

Diretoria e o Conselho Fiscal somam 13 pessoas — dois funcionários trabalham das<br />

8h às 18h para atender aos moradores. Reuniões mensais com a comunidade<br />

garantem a sintonia e eficiência da Associação.<br />

Dentre as auto-atribuições da Associação estão a segurança, o plano de<br />

desenvolvimento urbano, o trânsito, a poluição sonora e atmosférica e a questão<br />

fundiária. Tais temas são, em maior ou menor medida, interliga<strong>dos</strong>, referindo-se à<br />

qualidade de vida da população. É importante que uma organização não-<br />

governamental, como a AMPC, atue junto ao Poder Público de forma complementar<br />

e até suplementar em alguns casos.<br />

Quanto à segurança pública, já em 1992 denunciava-se a falta de polícia no<br />

bairro; em 1995, a AMPC entrou em acordo para viabilizar a criação da Polícia<br />

Interativa na Praia do Canto, tendo sido feitas, inclusive, doações de viaturas, motos,<br />

rádios, fardas e computador. Em 1998, a Polícia Interativa ganhou sede própria,<br />

alugada e mobiliada pela AMPC. Vê-se aqui que mesmo pagando altos impostos a<br />

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comunidade ainda se dispõe a financiar atribuições que são do Estado, mas que<br />

este, inadimplente, não pode ou não quer fazer.<br />

A preocupação com o plano diretor urbano, que não envolve participação<br />

financeira, mas muito trabalho intelectual, está registrada desde o primeiro número<br />

do Jornal da Praia do Canto. Inúmeras reuniões foram feitas em torno do assunto,<br />

tentando-se evitar a descaracterização da Praia do Canto como bairro residencial.<br />

Quanto ao trânsito, é um problema que há muito incomoda os moradores;<br />

campanhas educativas são feitas pela comunidade, no vácuo do Estado. Quanto à<br />

poluição atmosférica e sonora, o principal problema são os bares e as casas<br />

noturnas.<br />

Temas como esses são discuti<strong>dos</strong> e soluciona<strong>dos</strong> pela comunidade. Por um<br />

lado, é gratificante a vermos mobilizada; por outro, porém, constata-se a ineficácia<br />

de instituições como a Prefeitura ou a <strong>Câmara</strong> de Vereadores no atendimento das<br />

necessidades <strong>dos</strong> cidadãos.<br />

Talvez não devamos lamentar tal fato, mas reconhecer que estamos<br />

assistindo a um novo modelo de Estado, menor e vinculado à participação popular.<br />

Nesse caso, a AMPC está na vanguarda desse novo modelo. Devemos voltar<br />

nossos olhos para sua experiência e para a experiência de associações congêneres,<br />

pois nelas pode estar sendo gestado o Brasil do futuro.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Estado do Pará continua a alimentar as<br />

manchetes <strong>dos</strong> jornais com temas que envergonham a nossa consciência social e<br />

exigem medidas rigorosas para pôr fim à questão do trabalho infantil. No caso<br />

denunciado na reportagem publicada pelo jornal A Folha de S.Paulo, edição desta<br />

semana, trata-se de um cenário de terror, em que ao trabalho infantil agrega-se a<br />

mutilação de crianças nas carvoarias de Paragominas.<br />

Estamos produzindo uma geração de mutila<strong>dos</strong>. Nos últimos três anos,<br />

naquele Município, segundo os números oficiais, vinte menores queimaram-se ao<br />

cair dentro de fornos de carvão que ficam escondi<strong>dos</strong> no chão. Esse número não<br />

reflete obviamente a realidade, pois muitas crianças não foram atendidas no hospital<br />

público da região, responsável pelos registros oficiais, além do quê, muitas famílias<br />

são levadas a se mudar em busca de novas oportunidades em outras regiões. É<br />

preciso reconhecer que o problema não se restringe a Paragominas, mas se<br />

estende a muitos outros Municípios onde ainda há madeira em abundância.<br />

A situação reflete a extrema pobreza em que vivem muitas famílias em nosso<br />

Estado, obrigadas que são a se submeter às condições subumanas de trabalho que<br />

ainda persistem nas serrarias. Estas contratam seus emprega<strong>dos</strong> e os deixam viver<br />

com suas famílias em casas construídas nas imediações, em troca de uma taxa de<br />

utilização, o que facilita o engajamento de to<strong>dos</strong> — inclusive crianças — na labuta<br />

diária.<br />

A principal fonte de renda das serrarias é a transformação <strong>dos</strong> troncos de<br />

árvores em madeira a ser exportada principalmente para os Esta<strong>dos</strong> do Sudeste e<br />

para o exterior. Os pedaços não aproveita<strong>dos</strong> são transforma<strong>dos</strong> em carvão, que vai<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

servir às siderúrgicas do Pará e do Maranhão, em fornos subterrâneos onde<br />

ocorrem muitos acidentes com as crianças que estão trabalhando no local ou<br />

mesmo passando pelas imediações das serrarias. Tais ocorrências impedem que as<br />

crianças queimadas possam desenvolver uma vida normal e almejar um futuro<br />

promissor.<br />

A Delegacia Regional do Trabalho do Pará já flagrou, de janeiro até setembro<br />

deste ano, 230 crianças e adolescentes trabalhando no Estado, o que significa um<br />

aumento de 77% em relação a todo o ano passado. Essa situação tem de mudar.<br />

Ninguém pode ficar omisso em relação a esses fatos. O trágico no caso é que,<br />

enquanto aumentam os flagrantes, o Governo Federal faz vista grossa e continua na<br />

contramão da História, reduzindo em 15% as verbas para o Programa de<br />

Erradicação de Trabalho Infantil no Orçamento para 2002.<br />

A propósito da questão do trabalho infantil e <strong>dos</strong> acidentes ocorri<strong>dos</strong> com as<br />

crianças, acabo de propor ao Procurador-Geral de Justiça do Pará que sejam<br />

realizadas reuniões envolvendo a DRT, o Ministério Público, os Conselhos Tutelares<br />

das Crianças e Adolescentes, a Secretaria da Educação e representantes de<br />

serrarias e <strong>dos</strong> trabalhadores para viabilizar a assinatura de um termo de<br />

ajustamento de conduta, em que as partes se comprometam a estabelecer<br />

procedimentos que ponham fim a esses acidentes. Entre tais procedimentos está a<br />

concessão de bolsa-escola às crianças, para que não tenham que contribuir para o<br />

orçamento das famílias em atividades insalubres.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. JOAQUIM FRANCISCO (Bloco/PFL-PE. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é oportuno registrar, pela sua<br />

potencial relevância nos rumos futuros da economia brasileira, a decisão anunciada<br />

pelo Governo Federal de assegurar a liberação, no ano de 2002, de montante<br />

orçado em 20 milhões de reais para financiamentos a pequenas e microempresas.<br />

Segundo o Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, trata-se do maior pacote do seu<br />

Governo nessa área.<br />

Ao firmar tal compromisso, a União justifica o reconhecimento da importância<br />

assumida, sobretudo, nas duas últimas décadas pelos empreendimentos<br />

econômicos de reduzida dimensão quantitativa; fenômeno este, aliás, que se<br />

intensifica praticamente no mundo inteiro, no bojo de um processo de<br />

transformações no perfil empresarial, em que convivem os grandes e gigantescos<br />

conglomera<strong>dos</strong>, lado a lado com incontáveis produtores de bens e prestadores de<br />

serviços não menos dinâmicos, criativos e fundamentais para o próprio<br />

funcionamento da vida social. Aí se estabelece uma permanente e vigorosa<br />

interação entre os diversos agentes, tão mais fecunda quanto mais interdependente<br />

ou complementar. É assim que se massifica, desconcentra-se ou democratiza-se a<br />

cadeia produtiva, ganhando em aquisições e inovações que vão repercutir na<br />

geração de renda e riqueza.<br />

Se é consensual, Sr. Presidente, a percepção do fenômeno em nível mundial,<br />

mais oportuno e eficaz ele se apresenta no âmbito de nações emergentes como o<br />

Brasil. Sabe-se que nossa economia, visualizada em seu conjunto, situa-se entre as<br />

dez maiores do planeta. Mas também se sabe que, de par com sua modernização e<br />

opulência em determina<strong>dos</strong> setores, ocorrem distorções inaceitáveis em sua<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

composição, refletidas especialmente nos contrastes engendra<strong>dos</strong> pela<br />

incorporação de tecnologia avançada sem o correspondente embasamento social.<br />

Daí os gritantes desequilíbrios intersetoriais, inter-regionais e interpessoais de<br />

renda, em nada condizentes com aquela apregoada condição de destaque no<br />

panorama internacional. Em outras palavras: o destaque seria mais quantitativo do<br />

que qualitativo, o que responde pela ausência de uma condição efetiva de<br />

desenvolvimento integrado; desenvolvimento, claro está, que requer muito mais para<br />

sua caracterização do que o mero crescimento econômico, ilustrativo das chamadas<br />

assimetrias tão comuns nos países subdesenvolvi<strong>dos</strong>.<br />

Por aí se constata, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a imperiosidade<br />

da adoção de políticas públicas destinadas ao fortalecimento da base da pirâmide<br />

socioeconômica. Não se trata apenas de políticas sociais compensatórias, de<br />

programas atenuadores de carências. Por mais que esses se façam indispensáveis<br />

à diminuição da pobreza que tanto e tão vexatoriamente se abate sobre imensas<br />

parcelas da população brasileira, ferindo a consciência nacional e depondo contra<br />

nossa capacidade de potencializar os recursos materiais e humanos disponíveis em<br />

nossas fronteiras, cumpre reconhecer que esses programas são marca<strong>dos</strong> pelo<br />

efêmero e o emergencial. Eles não descem ao fundo da questão, a despeito <strong>dos</strong><br />

seus benefícios, mesmo os não simplesmente pontuais ou eventuais. Eles se<br />

desdobram na superfície ou nos efeitos de uma realidade que exige padrões<br />

seminais ou estruturais para modificar-se. Falta-lhes o caráter transformador,<br />

catalisador, sistêmico.<br />

Diante do quadro assim desenhado, ganha relevo a participação das<br />

pequenas, médias e microempresas. Sobre elas muito se tem falado — e realizado<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

— nos últimos anos entre nós. Embora se torne cada vez mais evidente sua<br />

importância, inclusive como instrumento de distribuição de renda e dinamização<br />

produtiva, é também evidente que a retórica em torno do assunto tem sido bem mais<br />

efetiva do que as pertinentes ações para sua implementação e consolidação,<br />

conquanto seja de justiça reconhecer-se substancial melhoria na visão e no<br />

comportamento do Estado, em to<strong>dos</strong> os níveis, no trato do tema.<br />

É de destacar-se também, Sr. Presidente, que essa inflexão do Poder Público<br />

em benefício <strong>dos</strong> empreendimentos de pequeno porte vem sendo mais adequada no<br />

próprio campo conceitual. Em primeiro lugar, entraves como os de natureza<br />

burocrática vêm sendo supera<strong>dos</strong> ou secundariza<strong>dos</strong>. Em segundo lugar, as<br />

distorções que costumavam entravar o apoio oficial à implantação e manutenção<br />

das empresas têm cedido espaço a critérios realísticos e objetivos, capítulo este em<br />

instituições como o SEBRAE, cuja rede de proteção exibe salutar expansão. E em<br />

terceiro lugar, tem prevalecido a compreensão de que os pequenos<br />

empreendimentos na se constituem apenas em meros apêndices das grandes<br />

corporações, orbitais <strong>dos</strong> portentosos conglomera<strong>dos</strong>: eles têm luz própria, status<br />

de independência, potencial de auto-sustentação, além de serem nitidamente<br />

intensivos do fator trabalho. Eles respondem também por uma demanda social que<br />

se robustece progressivamente, demanda social que resulta do entendimento de<br />

que os tempos modernos, na esteira das mutações experimentadas pelas relações<br />

de trabalho e pela equação capital/consumo/emprego/renda, requerem<br />

ajustamentos, capacidade de iniciativa, inventividade, mentalidade empreendedora,<br />

visão de conjunto.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A propósito, Sr. Presidente, é ilustrativo o resultado de recente pesquisa<br />

promovida pela Associação Comercial de São Paulo. De acordo com a sondagem,<br />

nada menos que oito em cada dez universitários entrevista<strong>dos</strong> manifestaram o<br />

propósito de constituir suas próprias empresas comerciais, tão logo libera<strong>dos</strong> das<br />

atividades estudantis. Para eles, o mercado amplia- se em novas oportunidades,<br />

abre espaços para iniciativas empresariais, modestas que sejam, que lhes<br />

assegurem participação social e sucesso profissional.<br />

É nessa linha de avaliação e interpretação, Sr. Presidente, Sras e Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong>, que se faz oportuna a iniciativa presidencial objeto deste<br />

pronunciamento. É evidente que os aportes financeiros dela constantes não<br />

esgotam a questão. Cumpre assegurar, de forma sistematizada e permanentemente<br />

atualizada, o acesso das pequenas, médias e microempresas ao crédito, às<br />

modernas tecnologias, a um mercado sempre dinâmico e desafiador. Cumpre<br />

eliminar as barreiras que se antepõem aos atuais e potenciais empreendedores,<br />

ainda não de todo a salvo de preconceitos e conservadorismos paralisantes.<br />

Cumpre, enfim, expandir as políticas destinadas à multiplicação <strong>dos</strong> agentes<br />

produtivos, em to<strong>dos</strong> os setores da economia, em todas as pontas do processo<br />

distributivo.<br />

Era o que tínhamos a dizer.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Governo FHC encaminhou à <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong> projeto de lei que representa a maior preocupação do seu Ministro do<br />

Trabalho, Francisco Dornelles: o fim das leis trabalhistas. Trata-se de proposta que<br />

altera o artigo 618 da CLT, estabelecendo que o negociado em convenção ou<br />

acordo coletivo entre trabalhadores e patrões sobrepõe-se à lei.<br />

Atualmente, o projeto de lei tramita sob urgência constitucional, tendo,<br />

portanto, um prazo de 45 dias para ser aprovado na <strong>Câmara</strong> e outros 45 dias no<br />

Senado. Vê-se que, diante da urgência, a discussão sobre o assunto tende a ser<br />

simplificada, prejudicando o necessário debate sobre seus efeitos. Mesmo com a<br />

pressa do Governo, já foram levantadas críticas que os defensores da proposta até<br />

agora não responderam e provavelmente não o farão, por absoluta impossibilidade!<br />

Dentre as críticas silenciadas pelo Governo FHC, destacamos uma que<br />

ultrapassa o direito do trabalho e se concentra no campo do direito público.<br />

Ao dispor que o negociado se coloca acima do legal, o governo faz uma grave<br />

ameaça não apenas aos direitos trabalhistas, mas ao próprio Estado de Direito. Este<br />

é, a nosso ver, o principal problema da proposta. O negociado é um ato que se dá<br />

entre sujeitos priva<strong>dos</strong>: trabalhadores representa<strong>dos</strong> por seu sindicato de um lado, e<br />

uma empresa, ou sindicato patronal de outro. Encontram-se, negociam conforme<br />

seus respectivos interesses e acertam a forma, como, ao longo de um dado período,<br />

as relações de trabalho serão reguladas, em complemento e em respeito ao que já<br />

dispõe a legislação. Isso é o que acontece hoje: interesses priva<strong>dos</strong> — de<br />

trabalhadores e seus patrões — limita<strong>dos</strong> pelo interesse público, isto é, limita<strong>dos</strong><br />

pelo que dispõe o ordenamento jurídico, o Direito.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A proposta do Governo FHC é que desapareçam os limites da lei. Se as<br />

partes negociam e chegam a um acordo, pouco importa se o que eles decidiram fere<br />

ou não a lei. O que importa é, unicamente, o fruto da negociação entre aqueles<br />

interesses priva<strong>dos</strong> localiza<strong>dos</strong>. Bane-se o princípio que introduz na Constituição<br />

Federal todo o conjunto de direitos e garantias individuais e que está escrito na frase<br />

inicial do artigo 5º da Constituição: “To<strong>dos</strong> são iguais perante a lei”. Assim é e assim<br />

deve ser para que seja mantido o princípio da legalidade, premissa do Estado de<br />

Direito. Não é sem propósito que o artigo 5º é cláusula pétrea, não podendo sequer<br />

ser objeto de emenda constitucional. Mas é através de um simples projeto de lei,<br />

alterando a CLT, que o Governo FHC pretende derrubar o limite constitucional<br />

imposto pelo princípio da legalidade sobre os interesses priva<strong>dos</strong>.<br />

Imaginemos como exemplo que, aprovado esse absurdo projeto de lei,<br />

poderia ser estabelecida, em negociação entre rodoviários e empresas de<br />

transportes, jornada de trabalho diária de 10 horas, sem se importar sobre os efeitos<br />

disso na segurança pública. Perguntamos: ao final dessa extensa jornada, quantos<br />

acidentes de trânsito um motorista de ônibus teria provocado?<br />

Outro caso: donos de escolas da rede particular de ensino impõem aos seus<br />

emprega<strong>dos</strong> professores acordo coletivo fixando em 150 alunos o número máximo<br />

para cada sala de aula do ensino fundamental, ultrapassando qualquer senso de<br />

razoabilidade. A sociedade pode esperar algo de positivo do ensino nessas<br />

condições?<br />

Se hoje o Governo FHC propõe que o princípio da legalidade não exista nas<br />

relações de trabalho, amanhã poderá fazer o mesmo nas relações de consumo, ou<br />

nas relações interempresariais, ou nas relações internacionais. Assim, qualquer<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

contrato privado ilegal — e indecente — seria permitido, e O Estado e o interesse<br />

público sumiriam! Ora, sem lei, não há justiça, não há Ministério Público e não há<br />

Parlamento! Cidadania, então, nem pensar!<br />

Mesmo considerando que o projeto de lei preserva como hierarquicamente<br />

superiores os direitos trabalhistas previstos na Constituição e as normas de<br />

segurança e medicina do trabalho — chama<strong>dos</strong> pelo ministro Dornelles como<br />

“direitos mínimos” — , a negociação coletiva, como instituto <strong>dos</strong> interesses priva<strong>dos</strong>,<br />

pode estabelecer contratos e condições de trabalho individuais tais que tornem nulas<br />

as normas constitucionais. É o caso do aviso prévio. Garantido pela Constituição,<br />

trata-se de direito típico <strong>dos</strong> contratos por tempo indeterminado. Ora, convenção<br />

coletiva pode dispor que em dada categoria apenas vigerão contratos individuais por<br />

tempo determinado; assim, nenhum trabalhador teria direito ao aviso prévio quando<br />

da rescisão contratual.<br />

O Governo do apagão agora propõe o fim da legalidade e o reino <strong>dos</strong><br />

interesses priva<strong>dos</strong> localiza<strong>dos</strong>. É o pior tipo de corporativismo, sabendo-se ainda<br />

que, na atualidade, são poucas as negociações coletivas no Brasil onde não há uma<br />

severa imposição da vontade patronal, em nome da manutenção <strong>dos</strong> empregos.<br />

Em defesa do princípio da legalidade, é fundamental que o Governo FHC<br />

retire o projeto de lei ou que o Congresso Nacional o rejeite. Ou é isso, ou a<br />

sociedade caminhará para a ilegalidade.<br />

Obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Vai-se passar ao<br />

V - GRANDE EXPEDIENTE<br />

Concedo a palavra ao Sr. André Benassi, do PSDB de São Paulo.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. ANDRÉ BENASSI (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o alvorecer do novo milênio está trazendo como<br />

principal característica uma profunda transformação à realidade geopolítica mundial,<br />

que atinge a configuração de poder <strong>dos</strong> países integrantes do bloco desenvolvido e<br />

também as nações que lutam por superar barreiras impostas ao seu<br />

desenvolvimento.<br />

Os atenta<strong>dos</strong> terroristas de 11 de setembro, nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, precipitaram<br />

a atual conjuntura, que irá levar, com certeza, à nova ordem mundial.<br />

De fato, Sr. Presidente, se já era evidente a influência de variáveis de<br />

natureza global da conduta individual das nações e da formação de acor<strong>dos</strong><br />

multilaterais para fazer face à crescente competição internacional do comércio e <strong>dos</strong><br />

investimentos, a partir <strong>dos</strong> episódios de 11 de setembro isso se tornou ainda mais<br />

forte.<br />

A desaceleração da economia mundial, especialmente nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>,<br />

com reflexos sobre os demais países desenvolvi<strong>dos</strong> e principalmente sobre as<br />

nações emergentes com elevado grau de endividamento, já exigia um nível elevado<br />

de competência, lucidez, austeridade e responsabilidade nas ações de cada país,<br />

para a proteção de sua economia, da governabilidade e do seu próprio futuro.<br />

Em discurso no Instituto de Economia Internacional, no final de outubro, Alan<br />

Greenspan, Presidente do Federal Reserve, o Banco Central americano, afirmou<br />

que os benefícios potenciais da plena interação econômica e tecnológica entre<br />

países e regiões precisam provocar mudanças concretas na situação de centenas<br />

de milhões de pessoas. Sem dúvida, é o reconhecimento de que o processo de<br />

globalização precisa servir para o atendimento de necessidades das nações mais<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

pobres, não para aumentar o nível de enriquecimento e distância das mais<br />

desenvolvidas.<br />

Nessa mesma linha, o Presidente Fernando Henrique proferiu o discurso na<br />

abertura da 56ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, sábado, em<br />

Nova Iorque. Em nome do Brasil, nosso Presidente propôs a globalização solidária<br />

em contraponto à globalização assimétrica.<br />

Sr. Presidente, é nesse contexto que o Brasil está construindo novas bases<br />

para enfrentar o futuro, não apenas o futuro mais próximo, <strong>dos</strong> meses seguintes,<br />

como também o das décadas vindouras, para que possamos legar às novas<br />

gerações um país mais forte, desenvolvido e livre das injustiças sociais.<br />

As nações ainda em desenvolvimento, que não souberem ou não tiverem a<br />

capacidade de se preparar com equilíbrio e competência estarão comprometendo o<br />

futuro do seu povo, relegando-o ao crescente empobrecimento e à situação de<br />

permanente instabilidade.<br />

Daí a exigência de iniciativas e decisões firmes, objetivas e corajosas, por<br />

parte do Poder Executivo e também <strong>dos</strong> Poderes Legislativo e Judiciário brasileiros.<br />

Mais do que em qualquer outro período da história, nosso futuro dependerá<br />

essencialmente do que for planejado e decidido no presente. Não há mais espaço<br />

para experiências malsucedidas, para projetos irresponsáveis ou demagógicos, que<br />

impliquem gastos sem a devida receita ou que não atendam aos legítimos interesses<br />

do País e da coletividade nacional.<br />

Perdemos décadas, séculos, seguindo, por exemplo, um modelo de<br />

administração do País que pouco se importava com a questão do equilíbrio fiscal,<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

pois privilegiava despesas sem o devido lastro, baseadas no princípio do<br />

endividamento ou da emissão inconseqüente de moeda.<br />

Felizmente, alcançamos uma extraordinária conquista nos últimos anos.<br />

Graças à perseverança do Governo Federal, desde 1994, com o lançamento do<br />

Plano Real, estamos realizando profundas transformações, incluindo-se mudanças<br />

de caráter cultural como a instituição do ajuste das contas públicas e da Lei de<br />

Responsabilidade Fiscal, esta, em vigor desde maio de 2000.<br />

Só para ilustrar, ao final do exercício passado, apenas 6,4% <strong>dos</strong> Municípios<br />

brasileiros tiveram despesas com pessoal superiores ao limite global estabelecido<br />

pela Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo da<strong>dos</strong> da Secretaria de Assuntos<br />

Fiscais do BNDES. E mais, em 4.215 Municípios, a média das despesas com<br />

pessoal é 43,2% da receita líquida, quando a lei autoriza um limite de 60%. Um<br />

grande avanço no controle <strong>dos</strong> gastos públicos, se considerarmos o descalabro que<br />

antes dominava a maioria das administrações municipais.<br />

Mas a reestruturação do gasto público requer outras reformas, que permitam<br />

avançar mais do que já conseguimos. Precisamos aprovar o projeto de lei que<br />

institui o Conselho de Gestão Fiscal e o que limita a dívida mobiliária federal, assim<br />

como os atos do Senado que fixam os limites globais para a dívida consolidada.<br />

Dessa forma, vencidas as resistências então colocadas para a execução de<br />

tais princípios idealiza<strong>dos</strong> pelo Governo do Presidente Fernando Henrique, o País<br />

dispõe, hoje, de condições para realizar o necessário planejamento visando ao<br />

futuro melhor que to<strong>dos</strong> almejamos. O povo brasileiro, sofrido e humilhado durante<br />

tão prolongado período de inflação galopante e de desperdício do dinheiro público,<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

não admite a volta àqueles tempos e exige, de cada governante e homem público, o<br />

compromisso com a austeridade na gestão <strong>dos</strong> interesses coletivos.<br />

Reformas importantes foram realizadas, Sr. Presidente, como as da<br />

Previdência Social e a administrativa, embora se saiba que elas ainda precisam ser<br />

complementadas com novas medidas de maior ajustamento e contenção <strong>dos</strong><br />

excessos ainda existentes.<br />

Analisemos o exemplo da greve <strong>dos</strong> servidores da Previdência e da Saúde<br />

movida por antigos funcionários do INAMPS, que pleiteiam o pagamento de<br />

diferenças salariais e gratificações já concedidas a alguns pela Justiça e que<br />

montam despesas de 1,4 bilhão de reais a mais por ano. O orçamento, apesar de<br />

algumas destinações específicas, é uma peça global, o que obriga, para se alocar<br />

fontes a uma nova despesa, a que um outro gasto seja cancelado ou suprimido. Em<br />

outras palavras, não há como se aumentar despesa sem que haja a correspondente<br />

fonte de receita.<br />

Apenas para se comparar, o Programa Saúde da Família estima gastar um<br />

bilhão de reais do orçamento, para atender aproximadamente 10 milhões de<br />

pessoas, desenvolvendo ações de promoção da saúde e de prevenção, tratamento<br />

e reabilitação de agravos junto à população mais pobre. Atualmente, 17 mil equipes<br />

estão qualificadas em 70% <strong>dos</strong> Municípios brasileiros.<br />

Por isso é necessário bastante cuidado na fixação das prioridades para<br />

destinação <strong>dos</strong> recursos orçamentários. E precisamos, sobretudo, continuar<br />

realizando mais reformas, como a tributária e a política, além da complementação da<br />

reforma previdenciária, especialmente no que se refere ao regime de aposentadoria<br />

<strong>dos</strong> servidores públicos e à previdência complementar.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Estamos avançando celeremente na área social, tendo como objetivo maior a<br />

eliminação das desigualdades entre os diferentes estratos da população. Para<br />

alguns, ainda parece pequena a percepção <strong>dos</strong> programas em execução nas áreas<br />

da educação e da saúde, por exemplo, mas para a grande maioria do nosso povo,<br />

vítima do abismo social existente no País, receber uma renda mensal para garantir<br />

os seus filhos na escola representa uma nova realidade e uma razão para esperar<br />

um futuro melhor.<br />

São milhões de famílias brasileiras que vivem há muito tempo no abandono,<br />

na miséria e, na falta de perspectivas, começam a readquirir a esperança de uma<br />

vida mais digna para os seus filhos, graças ao Renda Mínima, ao Bolsa-Escola, ao<br />

Bolsa-Alimentação e ao programa a ser brevemente implantado pelo Ministério da<br />

Saúde para atender aos mais pobres e às suas necessidades por medicamentos.<br />

Somente o Bolsa-Escola federal, em 2001, completará a renda de 5,9 milhões<br />

de famílias que ganham até 90 reais por mês, distribuindo 15 reais por criança<br />

matriculada regularmente na escola. Serão 10,7 milhões de crianças beneficiadas.<br />

Atualmente, a rede de ensino fundamental já conta com 97% das crianças de<br />

sete a catorze anos matriculadas. E um <strong>dos</strong> principais indicadores, o índice de<br />

analfabetismo, chegará ao final de 2002 a cerca de 9%, bastante abaixo <strong>dos</strong><br />

vergonhosos níveis até há pouco ostenta<strong>dos</strong> pelo Brasil.<br />

O Bolsa-Alimentação, da mesma forma concebido na área de saúde, também<br />

mediante o pagamento de 15 reais por mês, para amparar mulheres grávidas ou que<br />

estejam amamentando, além de crianças com até seis anos de idade, de famílias<br />

carentes, ajudará a resolver o problema da subnutrição e da mortalidade infantil,<br />

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cujo índice já registrou quedas significativas nos últimos anos: de 41 por mil, em<br />

1993, para 35 por mil, no ano passado.<br />

Conforme acabei de salientar, estamos, sim, melhorando as condições <strong>dos</strong><br />

ensinos básico e médio, ampliando o contingente de alunos, aumentando a<br />

remuneração <strong>dos</strong> professores, com o FUNDEF, reduzindo o analfabetismo e criando<br />

uma nova consciência coletiva de que a educação é a base de tudo. Seria ainda<br />

melhor se pudéssemos atender de imediato a todas as reais necessidades do setor,<br />

incluindo-se o nível superior. Mas é fundamental que avancemos mantendo o<br />

compromisso de equilíbrio das contas públicas, sem o que não seria possível<br />

continuar o processo de melhoria do sistema educacional brasileiro.<br />

Com essa visão de planejamento ordenado, típico <strong>dos</strong> países que já<br />

alcançaram o desejável estágio de pleno desenvolvimento, e igualmente próprio das<br />

organizações empresariais bem estruturadas, o Brasil está se preparando para<br />

conquistar o seu devido lugar no contexto internacional e figurar entre as nações que<br />

apresentam adequa<strong>dos</strong> índices de desenvolvimento humano.<br />

Temos todas as potencialidades para exercer posição de destaque e<br />

liderança no concerto latino-americano, e, até, para ingressar no grupo <strong>dos</strong> países<br />

desenvolvi<strong>dos</strong>. Temos riquezas extraordinárias e condições climáticas invejáveis<br />

para a agropecuária. Somos um país rico também para o setor do turismo. Temos<br />

competência empresarial. Somos um povo empreendedor, trabalhador e criativo. O<br />

Brasil tem recebido reconhecimento internacional pelo que produzem nossos<br />

cientistas e pesquisadores em tão diferentes áreas, como a medicina e a<br />

biotecnologia. Formamos uma nação que luta pela paz, porque o brasileiro é, antes<br />

de tudo, solidário e pacificador.<br />

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A criação de fun<strong>dos</strong> setoriais para financiamento de pesquisas científicas e<br />

tecnológicas permitirão outro salto à frente na incorporação de conhecimento ao<br />

processo de desenvolvimento nacional.<br />

Finalmente estamos aprendendo a aproveitar as nossas reais<br />

potencialidades.<br />

Aqui, uma outra evidente constatação, Sr. Presidente: o Brasil de hoje se<br />

diferencia porque também começa a mudar os rumos históricos que sempre<br />

marcaram nosso comportamento diplomático. Estamos mostrando ao mundo, com<br />

absoluta altivez, o que realmente representamos no cenário regional e o quanto<br />

podemos participar dessa nova ordem mundial.<br />

A viagem empreendida à Europa, há duas semanas, pelo Presidente<br />

Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, quando se encontrou com os principais dirigentes da<br />

Inglaterra, França, Espanha e Rússia, simboliza muito bem o novo momento de<br />

afirmação do Brasil perante a comunidade internacional. Os aplausos recebi<strong>dos</strong> por<br />

nosso Presidente na Assembléia Nacional Francesa e o tratamento especial que lhe<br />

foi conferido por aqueles países atestam que o mundo tem uma nova percepção do<br />

Brasil, reconhecendo-o como um país que se transforma consistentemente,<br />

ganhando em seriedade no trato de suas questões mais agudas, seja da<br />

administração pública, seja da área econômica e principalmente <strong>dos</strong> problemas<br />

sociais.<br />

São as profundas reformas em prática no País que atribuem credibilidade e<br />

autoridade a que o Presidente do Brasil discorra, em fóruns tão especiais e<br />

privilegia<strong>dos</strong> como os da França e de toda a Europa, sobre temas internacionais de<br />

tamanha envergadura, como o fez o Presidente Fernando Henrique ao cobrar <strong>dos</strong><br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

países mais ricos ações concretas contra a miséria, a desigualdade social e a<br />

exploração <strong>dos</strong> mais pobres pelos países desenvolvi<strong>dos</strong>.<br />

O Brasil está sendo ouvido pelo que faz e pelo que propõe ao mundo. Ao<br />

pregar a globalização solidária, uma espécie de imposto sobre transações<br />

financeiras internacionais para ajudar as nações pobres, e ao criticar o<br />

protecionismo <strong>dos</strong> países ricos na área agrícola, em plena capital do maior defensor<br />

desse protecionismo tão prejudicial às exportações brasileiras, o Presidente<br />

Fernando Henrique sinalizou ao mundo que o Brasil precisa participar mais<br />

ativamente do processo de decisões que irá redefinir a nova conjuntura<br />

internacional.<br />

Aliás, sobre a agricultura tenho uma consideração toda especial a fazer. A<br />

agricultura brasileira tem sido uma alavanca do nosso PIB, graças aos avanços<br />

tecnológicos e aos méto<strong>dos</strong> gerenciais modernos emprega<strong>dos</strong> nas lavouras. Poucos<br />

segmentos da economia brasileira mudaram tanto nos últimos vinte anos.<br />

Transformações importantes têm sido realizadas pelos segmentos de ponta,<br />

preocupa<strong>dos</strong> com a competitividade. Graças a essa mudança, o país tem hoje uma<br />

presença importante no mercado mundial de carnes e é capaz de competir com os<br />

melhores do mundo. Com a modernização, a agropecuária mantém-se como um<br />

setor fortemente superavitário no comércio internacional, apesar do já mencionado<br />

protecionismo <strong>dos</strong> países ricos. Precisamos fortalecer ainda mais a nossa política<br />

para o setor, tornando-a mais ativa e eficiente. Uma política agrícola consistente<br />

contribui para modernizar a economia, gerar receita cambial e ampliar o atendimento<br />

do mercado interno.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Cabe também neste instante, Sr. Presidente, uma reflexão sobre a<br />

responsabilidade do Congresso Nacional em todo esse processo. É inadiável o<br />

estreitamento de relações entre os parlamentos <strong>dos</strong> países sul-americanos, a fim de<br />

que consigamos realmente elaborar normas de interesse comum da região, de<br />

modo a formarmos um bloco cuja união determinará a força necessária para<br />

concorrer, no seletivo mercado internacional, com os demais grupos de países já<br />

forma<strong>dos</strong> no mundo inteiro. É fundamental fortalecer a instituição do Parlatino e os<br />

grupos parlamentares dedica<strong>dos</strong> ao MERCOSUL.<br />

A posição de liderança naturalmente atribuída ao Brasil, quer por razões de<br />

ordem geográfica e histórica, quer pela postura de grande estadista do Presidente<br />

Fernando Henrique, impõe a que esta Casa, como a mais legítima representação do<br />

povo brasileiro, assuma a elevada função de promover o trabalho de união com o<br />

Legislativo <strong>dos</strong> países vizinhos. A defesa das teses esposadas pelo Brasil,<br />

certamente, também comuns à Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e demais nações<br />

da América do Sul, deve tornar-se tarefa prioritária nessa quadra decisiva para o<br />

futuro do bloco do Cone Sul.<br />

Nossa Casa vive momento de plena afirmação perante a opinião pública e a<br />

sociedade. A competência, a postura e a liderança do Presidente Aécio Neves estão<br />

determinando avanços importantes na atuação do Legislativo, intensificando o<br />

trabalho de deliberação sobre matérias complexas e controversas e promovendo<br />

alterações na própria conceituação do exercício parlamentar, que fazem aumentar a<br />

confiança nos resulta<strong>dos</strong> da Instituição.<br />

Essas são a mensagem e a proposta que deixo nesta tarde à consideração e<br />

análise <strong>dos</strong> meus ilustres pares, expressando a preocupação em face do grave<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

momento internacional que vivemos, mas reafirmando meu redobrado otimismo<br />

diante do que o Brasil tem demonstrado ser capaz de realizar, superando as crises e<br />

as dificuldades, fazendo reformas e transformando velhas e arcaicas estruturas<br />

brasileiras.<br />

Devemos perseguir, com tenacidade e perseverança, o resgate da dignidade<br />

e a melhoria permanente da qualidade de vida do nosso povo.<br />

A nova ordem internacional haverá de ser mais justa e com menor índice de<br />

desigualdade entre os povos. E ao Brasil certamente estará reservado papel de<br />

maior participação e até influência, na medida em que ficar consolidado o nosso<br />

crescimento econômico com melhor redistribuição de renda, e a completa<br />

modernização de nossas leis e instituições, resultado de um processo em pleno<br />

curso no País, conforme procurei demonstrar ao longo deste pronunciamento.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Faço coro com o Deputado André<br />

Benassi no que tange à Presidência do Deputado Aécio Neves nesta Casa. O<br />

Partido da Social Democracia Brasileira tem o privilégio de abrigar S.Exa., que de<br />

fato tem prestado relevante serviço à Nação brasileira presidindo muito bem esta<br />

Casa. Parabéns ao pronunciamento e à menção ao Deputado Aécio Neves.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Concedo a palavra à nobre Deputada<br />

Almerinda de Carvalho, do PPB do Rio de Janeiro.<br />

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO (PPB-RJ. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, no início do meu mandato,<br />

quando tive a oportunidade de ocupar esta tribuna, pela primeira vez, em Grande<br />

Expediente, usei-a para manifestar minha preocupação com a crise habitacional<br />

verificada em nosso País.<br />

Fiz um sucinto relato sobre o déficit habitacional, destaquei a Medida<br />

Provisória nº 1.823, de 29 de abril de 1999, criando o Programa de Arrendamento<br />

Residencial — PAR e conclamei a atenção de to<strong>dos</strong> para as conseqüências<br />

advindas da crise no setor. Sendo a habitação uma das minhas preocupações,<br />

antecipei-me em fazer aquele pronunciamento no sentido de que a habitação<br />

deveria merecer maior atenção e ser tratada como direito social. Tudo isso como se<br />

me antecipasse ao que viria a acontecer posteriormente.<br />

Como obra do destino, fui designada Relatora da Proposta de Emenda à<br />

Constituição nº 601-A, que propunha alteração ao art. 6º da Constituição Federal de<br />

1988, que contemplava como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o<br />

lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a<br />

assistência aos desampara<strong>dos</strong>.<br />

Em que pese a amplitude <strong>dos</strong> direitos ampara<strong>dos</strong> na Carta Magna, os<br />

Constituintes esqueceram de contemplar um direito <strong>dos</strong> mais essenciais à vida do<br />

cidadão: o direito à moradia.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Oriunda do Senado Federal, a Proposta de Emenda à Constituição nº 601-A,<br />

de 1998, visa alterar o art. 6º da Constituição, para que nele seja incluído o direito à<br />

moradia.<br />

Ouço, com prazer, o Deputado Mauro Benevides.<br />

O Sr. Mauro Benevides – Nobre Deputada Almerinda de Carvalho, como ex-<br />

Constituinte, como V.Exa. bem o sabe, tenho o privilégio histórico de ser o segundo<br />

signatário da Carta, antecedido apenas pelo grande brasileiro Ulysses Guimarães.<br />

Vejo-me compelido aqui a fazer mea-culpa e dizer a V.Exa. que vivenciávamos um<br />

momento de grande expectativa da opinião pública e procuramos inserir no texto<br />

que então se elaborava algo que naquele instante significasse a aspiração justa e<br />

legítima do povo brasileiro. Como sabe V.Exa., não partimos para um trabalho<br />

perfeito e acabado, não recebemos aqui, digamos, um projeto enviado pelo<br />

Presidente da República de então, José Sarney. S.Exa. chegou até a constituir uma<br />

comissão de alto nível para elaborar um projeto de nova Carta. Mas nós,<br />

Constituintes, talvez já numa defesa antecipada daquilo que seria a soberania da<br />

própria Assembléia, preferimos enveredar pela trilha e receber as sugestões e<br />

propostas <strong>dos</strong> Senadores e Deputa<strong>dos</strong> Constituintes e até emendas populares que<br />

chegaram aqui para nossa apreciação. Posso dizer a V.Exa. que a alteração que se<br />

processou, já com o nosso voto, inserindo na Constituição o direito à moradia como<br />

fundamental, até para garantir os direitos do cidadão, representou realmente um<br />

aperfeiçoamento do texto da Carta Magna agora em vigor. Portanto, regozijo-me<br />

com V.Exa. e trago esta explicação no início do seu discurso, o qual naturalmente<br />

aplaudo e espero que seja uma defesa das condições de habitabilidade, com maior<br />

número de moradias para quem delas necessita.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO – Obrigada pelo aparte, Deputado<br />

Mauro Benevides.<br />

Relatando a matéria, ao emitir parecer, certifiquei-me de que no âmbito<br />

internacional o direito à moradia é reconhecido desde 1948, na Declaração Universal<br />

<strong>dos</strong> Direitos Humanos, art. 25, I, que diz o seguinte:<br />

Art. 25.................................................................................<br />

I - Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de<br />

assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,<br />

inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuida<strong>dos</strong><br />

médicos e serviços sociais indispensáveis, e direito à<br />

segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,<br />

viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de<br />

subsistência em circunstâncias fora de seu controle.<br />

Em 1976, a Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos,<br />

denominada HABITAT I, realizada em Vancouver, indicou como consenso<br />

internacional relativo às políticas públicas acerca <strong>dos</strong> assentamentos humanos,<br />

apontando as responsabilidades <strong>dos</strong> governos nas ações que assegurem tal direito<br />

a todas as pessoas.<br />

Foi decidida pela Conferência a criação do Centro das Nações Unidas para<br />

Assentamentos Humanos, sediado em Nairobi, no Quênia, objetivando manter<br />

permanentemente em discussão os assuntos relaciona<strong>dos</strong> a assentamentos<br />

humanos, além de prestar assessoramento e financiar projetos liga<strong>dos</strong> ao setor<br />

urbano e habitacional em países em desenvolvimento.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A segunda Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos<br />

— HABITAT II, realizada em Istambul, em junho de 1996, cujo tema principal foi o<br />

direito à moradia como direito fundamental do homem, foi patrocinada pelos Esta<strong>dos</strong><br />

Uni<strong>dos</strong>, Japão e Coréia.<br />

Ouço, com prazer, o Deputado Dr. Heleno.<br />

O Sr. Dr. Heleno – Deputada Almerinda de Carvalho, parabenizo V.Exa. pelo<br />

pronunciamento a respeito de tema que envolve justamente a não-violência, quer<br />

dizer, o teto, o quixó...<br />

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO – Nós, da Baixada Fluminense,<br />

convivemos com esse problema.<br />

O Sr. Dr. Heleno – Exatamente. Na Baixada Fluminense, o HABITAR/BID<br />

está de fato humanizando as favelas e dando cidadania aos seus moradores de<br />

forma ímpar depois de dois anos de trabalho. O Governo Fernando Henrique está<br />

perseguindo esse débito social desastroso. Quero dizer ainda que o nordestino<br />

vinha trabalhar no Sul com a esperança de que um dia pudesse ter não uma casa<br />

caiada, mas uma casa bonita como as que via no cinema ou em propaganda. Queria<br />

que sua família contasse com uma cobertura, ou seja, a casa, que é seu símbolo.<br />

V.Exa. está tocando nesse assunto, sobre o qual já conversamos bastante.<br />

Seu trabalho em São João de Meriti destaca-se em favor do social, atendendo os<br />

que de fato carecem de assistência social. Quero, como seu colega da cidade<br />

vizinha, parabenizá-la pelo trabalho ímpar no ramo da moradia e por este<br />

pronunciamento.<br />

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO - Agradeço a V.Exa. o aparte, nobre<br />

colega Deputado Dr. Heleno, de Duque de Caxias. Somos vizinhos.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Dessa Conferência resultou a Declaração de Istambul sobre Assentamentos<br />

Humanos na Agenda Habitat, que, mesmo sem a força de tratado internacional,<br />

serviu como referência para formulação das ações governamentais e não<br />

governamentais no enfrentamento das questões <strong>dos</strong> assentamentos humanos. Foi<br />

destacada como objetivo essencial a moradia adequada para to<strong>dos</strong>, afirmando-se<br />

que desde a adoção da Declaração Universal <strong>dos</strong> Direitos Humanos o direito à<br />

moradia tem sido reconhecido como importante elemento do direito a um padrão de<br />

vida adequado.<br />

Os países signatários reconheceram sua responsabilidade no setor<br />

habitacional e sua obrigação de proporcionar à população suporte necessário para<br />

conseguir moradia, bem como proteger e melhorar as condições habitacionais. E<br />

que a provisão de moradia adequada não exige apenas medidas de governos, mas<br />

também de toda a comunidade internacional e de to<strong>dos</strong> os setores da sociedade,<br />

entendendo o documento que a moradia adequada levada a efeito no sentido amplo<br />

engloba não só habitação, mas também infra-estrutura e acesso aos serviços<br />

públicos essenciais.<br />

Além das Conferências das Nações Unidas, da Declaração Universal <strong>dos</strong><br />

Direitos Humanos, muitos outros acor<strong>dos</strong> versaram sobre o tema e reconheceram o<br />

direito à moradia como um direito social, inclusive países como a Argentina, Bélgica,<br />

Colômbia, Equador, Espanha, Guiné Equatorial, Finlândia, Haiti, Honduras, Irã,<br />

México, Peru, Portugal, Rússia, São Tomé e Príncipe, Suécia, os mais varia<strong>dos</strong> em<br />

termos socioeconômicos, culturais e políticos contemplam em suas Constituições o<br />

direito à moradia, bem como dever do Estado manter uma política habitacional.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Nossa Carta Magna, antes do advento da Emenda nº 26, fazia referência ao<br />

direito à moradia, porém, de forma superficial e indireta, como, por exemplo, os arts.<br />

7º, IV; 23, IX, e 183, em que pese a crise do setor habitacional, que aponta um<br />

déficit em torno de 5 milhões de novas moradias, segundo estu<strong>dos</strong> da Fundação<br />

João Pinheiro, em 1995. Além de a pesquisa apontar ainda 8,5 milhões de<br />

habitações consideradas inadequadas pela deficiência de infra-estrutura básica,<br />

como energia elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário etc.<br />

Diante desse quadro, assegurar esse direito ao cidadão brasileiro como um<br />

direito social constitucionalmente previsto, além de representar reconhecimento e<br />

tratamento isonômico em relação a tantos outros países, é uma correção da lacuna<br />

existente na Carta Constituinte, um ato de justiça e dever que se impõe ao<br />

Legislativo.<br />

Assim, relatei a PEC nº 601-A, de 1998, apresentei parecer favorável, que foi<br />

aprovado pela Comissão Especial destinada a apreciar a matéria e também pelo<br />

Plenário da <strong>Câmara</strong>. Foi promulgada pelo Congresso Nacional, resultando na<br />

Emenda Constitucional nº 26, de 2000, publicada no Diário Oficial de 15 de<br />

fevereiro do mesmo ano, dando nova redação ao art. 6º da Carta Magna, que vem<br />

hoje assim estampado:<br />

Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o<br />

trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência<br />

social, a proteção à maternidade e à infância, a<br />

assistência aos desampara<strong>dos</strong>, na forma desta<br />

Constituição.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Sr. Presidente, mesmo reconhecendo que somente a alteração do texto<br />

constitucional, sem que sejam adotadas medidas circunstanciais de ordem prática,<br />

não é capaz de mudar o quadro deficitário da habitação no País, não posso deixar<br />

de reconhecer que é um passo importante para implementação de políticas voltadas<br />

para a construção de moradia.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, passo a abordar outro assunto. Ao<br />

ocupar mais uma vez esta tribuna, faço-o para destacar o papel da Igreja Batista<br />

Nova Filadélfia, em Vilar <strong>dos</strong> Teles, São João de Meriti, pelos relevantes serviços<br />

presta<strong>dos</strong> aos munícipes e demais seguidores.<br />

A Igreja foi organizada no dia 8 de novembro de 1986, pela Igreja Batista<br />

Nova Filadélfia, em Rocha Miranda, pelo Pastor Walater Barbosa Lima, que<br />

consagrou seu Pastor Ely Alves de Souza, na sua organização, que iniciou com<br />

apenas 83 membros.<br />

De sua fundação aos dias atuais, quinze anos depois, a Igreja Nova Filadélfia,<br />

de Vilar <strong>dos</strong> Teles, transformou-se num verdadeiro império, que continua sob o<br />

comando do Pastor Ely, registrando hoje uma legião de 5 mil membros. Sua atuação<br />

rompe os limites do Município de São João de Meriti e alcança diversas partes do<br />

nosso País. Tem-se revelado um autêntico pastor e missionários da mais elevada<br />

distinção, levando a verdadeira palavra de Deus, seguindo os princípios e<br />

ensinamentos <strong>dos</strong> seus ideais, com mensagens simples e objetivas, que adentram<br />

os corações <strong>dos</strong> pecadores e os converte.<br />

A Igreja Batista Nova Filadélfia não se limita apenas a prover seus seguidores<br />

do alimento espiritual, pois desenvolve um trabalho social, traduzido nos mutirões de<br />

evangelização, atendimento médico, odontológico, jurídico, psicológico e outros no<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Município, no Estado e em outras regiões do País, como nos bolsões da seca nos<br />

Esta<strong>dos</strong> da Bahia, Minas Gerais e nas cidades-satélites de Brasília, Distrito Federal,<br />

bem como na região do Entorno.<br />

Destaca-se, ainda, pelo trabalho de alfabetização de adultos e está se<br />

preparando para dar início, em conjunto com o Governo do Estado, à alfabetização<br />

de crianças, com o Projeto MOVA.<br />

Consigna-se, ainda, a atuação da Igreja na obra de missões, com envio de<br />

ofertas e pessoal para atuar junto ao índios tikunas.<br />

No caso particular de São João de Meriti, região da Baixada Fluminense, a<br />

Igreja Batista Nova Filadélfia de Vilar <strong>dos</strong> Teles completa neste mês de novembro<br />

quinze anos de sua fundação, sempre sob o comando do Pastor Ely Alves de<br />

Souza. Quero, de forma particular, parabenizá-lo, assim como to<strong>dos</strong> os membros de<br />

sua igreja, pela dedicação e grandeza com que conduzem seus fiéis. Que continuem<br />

abençoando to<strong>dos</strong> aqueles que seguem seus ensinamentos, em seus lares, nas<br />

atividades profissionais, no lazer e em to<strong>dos</strong> os momentos de suas vidas, para que<br />

prosperem e encontrem a verdadeira paz, mesmo na adversidade do dia-a-dia.<br />

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Comemora-se no dia 18 de<br />

junho os 90 anos da maior igreja evangélica do Brasil: a Assembléia de Deus.<br />

A Assembléia de Deus chegou ao Brasil em 18 de junho de 1911, por<br />

intermédio de dois missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que viviam<br />

nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. Os missionários faziam orações, quando receberam a<br />

mensagem profética de pregar o Evangelho no Pará. Mesmo sem saberem que se<br />

tratava de um Estado brasileiro, chegaram ao Brasil em 19 de novembro de 1910.<br />

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Assim, fundaram a Igreja, em Belém do Pará, em 18 de junho de 1911. Já em<br />

1913 começava a disseminar, a partir do Brasil, para Portugal, por meio de José de<br />

Matos, o primeiro missionário brasileiro no exterior.<br />

Em 15 de novembro de 1927, chegaram em São Paulo Daniel Berg e sua<br />

esposa Sara, onde realizaram um culto no mesmo dia e fundaram a igreja na maior<br />

cidade brasileira.<br />

De sua fundação aos dias atuais, a Assembléia de Deus transformou-se num<br />

verdadeiro império e, segundo o Secretário-Executivo da Convenção Geral, Pastor<br />

Jessé Adriano, são hoje aproximadamente 22 milhões de fiéis e mais de 165 mil<br />

igrejas em todo o Brasil.<br />

Em que pese sua maior taxa de crescimento ocorrer nas grandes cidades,<br />

distancia de ser apenas um desenvolvimento das grandes metrópoles. Registra sua<br />

existência na maioria <strong>dos</strong> povoa<strong>dos</strong> onde até mesmo não se registra a Igreja<br />

Católica, mas lá está presente a Assembléia de Deus.<br />

A Assembléia de Deus é constituída de pastores e missionários da mais<br />

elevada distinção, homens autênticos que levam a verdade e a Palavra de Deus,<br />

seguindo os princípios e ensinamentos <strong>dos</strong> seus leais fundadores, levando<br />

mensagens simples e objetivas, que adentram os corações <strong>dos</strong> pecadores e os<br />

converte.<br />

Não é apenas o trabalho social que a Igreja desenvolve, pois, além disso,<br />

esmera-se na ordem soberana de levar o Evangelho transformador a to<strong>dos</strong> que dele<br />

se socorrem, esteja onde estiverem.<br />

Agora, 90 anos depois de sua fundação, como uma instituição séria, cuja<br />

atividade é um exemplo de progresso e compromisso com seu povo no que diz<br />

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respeito ao bom senso, ao cuidado e ao zelo com o homem e a família, mereceu,<br />

inclusive, no último dia 7, homenagem em sessão solene na <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong>, em Brasília, oportunidade em que inúmeros colegas Parlamentares<br />

manifestaram-se, destacando a importância da Assembléia de Deus no contexto<br />

nacional, ocasião em que o ilustre colega Deputado Magno Malta menciona:<br />

...O primeiro, vendo sobre minha mesa um exemplar<br />

fechado da bíblia, disse-me que uma garrafa de cachaça<br />

fechada não fazia mal a ninguém, assim como uma Bíblia<br />

fechada não fazia bem a ninguém.<br />

Por tudo isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é que quero<br />

parabenizar a Assembléia de Deus pelos seus 90 anos e o faço de forma particular<br />

em nome de seus representantes máximos em âmbito nacional e do meu Município<br />

de São João de Meriti, Estado do Rio de Janeiro: Pastores José Wellington Bezerra,<br />

Presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil; Pastor Túlio de<br />

Barros; Bispo Manoel Ferreira, Presidente da Convenção Nacional das Assembléias<br />

de Deus no Brasil Ministro de Madureira; Pastor Presidente Abner Ferreira, Pastores<br />

das Assembléia de Deus do Município — Altamir Pereira da Fonseca, Luís Carlos<br />

Silva, Etelvino Duarte, Sebastião Soares Peixoto, José Carlos de Nascimento, Adir<br />

de Souza Ferreira, Sebastião Carlos Pereira Araújo, Marcos Pereira da Silva, Pedro<br />

Américo, Edgar Amorim, Edmilson Amorim, Jonas da Silva Fabricante, José Gomes<br />

da Silveira e Elias Braz do Nascimento, pela dedicação e grandeza com que<br />

conduzem seus fiéis. Que continuem abençoando to<strong>dos</strong> aqueles que seguem seus<br />

ensinamentos, em seus lares, nas atividades profissionais, no lazer e em to<strong>dos</strong> os<br />

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momentos de suas vidas, para que prosperem e encontrem a verdadeira paz,<br />

mesmo na adversidade do dia-a-dia.<br />

Sr. Presidente, abordo agora um último assunto. Gostaria de destacar o papel<br />

da Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Internacional Emmanuel, no<br />

Jardim Metrópolis, São João de Meriti, pelos relevantes serviços presta<strong>dos</strong><br />

No dia 15 de novembro de 2001, a Igreja completa 25 anos de sua fundação<br />

(bodas de prata). Em comemoração, realizará, nos dias 15, 16, 17 e 18 próximos, o<br />

7º Congresso da UFADMIE.<br />

Vinte e cinco anos depois, a Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério<br />

Internacional Emmanuel transformou-se num verdadeiro império, sob o comando do<br />

Pastor Sebastião Soares Peixoto, que se tem revelado um autêntico pastor e<br />

missionário da mais elevada distinção, que leva a verdadeira palavra de Deus,<br />

seguindo os princípios e ensinamentos <strong>dos</strong> seus ideais, com mensagens simples e<br />

objetivas que adentram os corações <strong>dos</strong> pecadores e os converte.<br />

A Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Internacional Emmanuel,<br />

não se limita apenas a prover seus seguidores do alimento espiritual, pois<br />

desenvolve um trabalho social, traduzido nos mais diversos meios de atendimento a<br />

sua comunidade.<br />

No caso particular de São João de Meriti, região da Baixada Fluminense, ao<br />

completar neste mês de novembro 25 anos de sua fundação, sempre sob o<br />

comando do Pastor Sebatião Soares Peixoto, quero parabenizá-lo, assim como<br />

to<strong>dos</strong> os membros de sua igreja, pela dedicação e grandeza com que conduzem<br />

seus fiéis. Que continuem abençoando to<strong>dos</strong> aqueles que seguem seus<br />

ensinamentos, em seus lares, nas atividades profissionais, no lazer e em to<strong>dos</strong> os<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

momentos de suas vidas, para que prosperem e encontrem a verdadeira paz,<br />

mesmo na adversidade do dia-a-dia.<br />

Sr. Presidente, peço que meu pronunciamento seja divulgado em A Voz do<br />

Brasil e nos meios de comunicação da Casa.<br />

Muito obrigada.<br />

Durante o discurso da Sra. Almerinda de Carvalho,<br />

o Sr. Lincoln Portela, § 2º do art. 18 do Regimento<br />

Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada<br />

pelo Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento<br />

Interno.<br />

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O SR. PAULO FEIJÓ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ao longo de meus dois mandatos como<br />

Deputado Federal, tenho pautado minha conduta com o máximo de fidelidade<br />

possível aos princípios de meu partido, o PSDB, integrando o bloco de sustentação<br />

do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o nesta distinta Casa de leis, honrando<br />

este compromisso com meu voto de apoio em to<strong>dos</strong> os instantes.<br />

Tenho reiterado, insistentemente, que tal conduta se deve à compreensão<br />

inquestionável que tenho de que tem sido o Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o<br />

responsável pelo processo de reestruturação e modernização do Estado brasileiro,<br />

erguendo os pilares que sustentarão o Brasil em sua nova fase de progresso e<br />

desenvolvimento.<br />

Em minha atuação como Parlamentar, norteio minhas ações com coerência,<br />

responsabilidade e ética, e assim o faço, no momento em que ocupo esta honrada<br />

tribuna, para expor minha satisfação com os trabalhos que têm sido desenvolvi<strong>dos</strong><br />

pelo Governo Federal, notadamente aqueles que implicam melhorias absolutas para<br />

a população e que têm revolucionado o País de ponta a ponta deste imenso território<br />

nacional.<br />

Dentre os colaboradores diretos do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o,<br />

gostaria de citar neste pronunciamento, em especial, o nome do Ministro da Saúde,<br />

José Serra, pelo incansável trabalho que tem desenvolvido ao longo desses últimos<br />

anos na defesa <strong>dos</strong> interesses daqueles setores mais carentes da população<br />

brasileira.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Tem sido a ação do Ministro José Serra objeto de elogios <strong>dos</strong> mais diferentes<br />

Parlamentares desta distinta Casa de leis, independentemente das fileiras<br />

partidárias que engrossem, das opiniões ideológicas que defendam, por<br />

reconhecerem os avanços impetra<strong>dos</strong> na saúde e que dão ao Brasil um perfil social<br />

mais justo, ainda que to<strong>dos</strong>, inclusive nós Parlamentares do PSDB, reconheçamos<br />

que algumas limitações ainda hão de ser enfrentadas e devidamente superadas<br />

neste campo.<br />

É preciso, no entanto, estabelecer um ponto referencial que balize nossas<br />

manifestações. Este ponto deve ser o da consciência crítica, que nos permita, seja<br />

qual for o cenário, impor distanciamento e bom senso necessários para avaliar o<br />

problema da saúde brasileira.<br />

Nesse contexto, não posso então me furtar de registrar que é o Governo<br />

socialdemocrata do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o o responsável direto por<br />

um processo de transformação das principais estruturas de assistência do estado<br />

nacional, tornando-as mais descentralizadas, elegendo prioridades administrativas<br />

nesta esfera.<br />

Sempre afirmei, na condição de Deputado Federal eleito pelo interior do<br />

Estado do Rio de Janeiro, constantemente presente em minha base regional, nos<br />

Municípios do norte, noroeste e centro-norte, que o maior risco do Governo Federal<br />

é tornar banais os seus fatos, em função de uma divulgação falha, em que os<br />

verdadeiros executores <strong>dos</strong> programas implementa<strong>dos</strong> acabam por não receber as<br />

glórias das realizações, ficando apenas com o ônus das demandas que ainda<br />

restam a ser contempladas e que fatalmente o serão.<br />

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Por isso, Sr. Presidente, estou do alto desta tribuna exercendo o meu direito<br />

de cidadão e o meu dever de Parlamentar, de prestar um reconhecimento ao<br />

trabalho executado pelo Ministro da Saúde, José Serra, em que poderia eu perder<br />

vários minutos, detalhando tecnicamente, os diferentes programas que estão<br />

mudando a face do Brasil, como o Bolsa-Alimentação.<br />

Prefiro dar esse testemunho político e pessoal, na medida em que, como<br />

morador do interior fluminense, posso listar as principais realizações do Ministério da<br />

Saúde em todo o norte, noroeste e centro-norte fluminense, em que se destaca uma<br />

linha de ação na construção e reforma de unidades hospitalares, conveniadas ao<br />

SUS, e na destinação de recursos para aquisição de equipamentos para estes<br />

hospitais.<br />

Estamos construindo um hospital no Município de Macaé e iniciaremos a<br />

construção de outro em São João da Barra. Além disso, estamos ampliando três<br />

hospitais em Campos — Álvaro Alvim, Santa Casa e Beneficência Portuguesa —,<br />

um em Bom Jesus do Itabapoana e iremos ampliar também o Hospital Armando<br />

Vidal, no Município de São Fidélis. São recursos de monta extremamente elevada<br />

que nunca foram destina<strong>dos</strong> àquela região.<br />

Ao encerrar este pronunciamento, desejo reiterar o meu compromisso com o<br />

Governo do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, na composição de seu bloco<br />

de apoio no Congresso Nacional, ao mesmo tempo em que o saúdo pela valorosa<br />

contribuição que sua equipe administrativa vem dando ao Brasil, ao Estado do Rio<br />

de Janeiro, aos Municípios do interior fluminense.<br />

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VI - ORDEM DO DIA<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Encerrado o Grande Expediente,<br />

vai-se passar à Ordem do Dia.<br />

Apresentação de proposições<br />

Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.<br />

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:<br />

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O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, estimado Deputado Mauro Benevides, estou apresentando<br />

projeto de decreto legislativo que susta o Decreto nº 4.010, de 12 de novembro de<br />

2001, que dispõe sobre a liberação de recursos para pagamento de servidores<br />

públicos federais no âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e<br />

fundacional. Esse decreto, entre outras irregularidades e exorbitâncias, expressa<br />

autorização ao Presidente da República para liberação de recursos para pagamento<br />

<strong>dos</strong> servidores públicos federais.<br />

Ora, o presente ato do Chefe do Poder Executivo exorbita de seu poder<br />

regulamentar na medida em que a criação, estruturação e atribuição do Ministério<br />

depende de lei. É o que revela a alínea “e” do inciso II do § 1º do art. 61 da<br />

Constituição Federal. Com efeito, ao condicionar o pagamento <strong>dos</strong> servidores<br />

públicos federais à prévia autorização da Presidência da República, o equivalente ao<br />

decreto, está-se dando nova atribuição a esses órgãos e o instrumento adequado<br />

para este fim que é a lei.<br />

Sr. Presidente, apresento este PDL para que seja apreciado pela Casa, em<br />

decorrência do que acontece hoje, isto é, o pacote antigreve baixado pelo Governo<br />

Federal, uma demonstração clara de inconstitucionalidade e de violência neste<br />

momento em que estamos vivendo.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Lincoln Portela para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco<br />

Parlamentar PL/PSL.<br />

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Como Líder. Pronuncia o<br />

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, o Sistema Único de Saúde foi concebido, em<br />

sua origem, como uma forma democrática de oferecer serviços de saúde à<br />

população. Por ele, to<strong>dos</strong> teriam a mesma oportunidade de acesso a hospitais,<br />

cirurgias e tratamentos. Na prática, entretanto, não é isso que se verifica.<br />

Em meu Estado, Minas Gerais, assim como nos demais Esta<strong>dos</strong> brasileiros,<br />

os problemas com atendimento e marcação de consultas têm produzido<br />

conseqüências, muitas vezes, irreversíveis para quem depende desse serviço<br />

público.<br />

Em Montes Claros, por exemplo, a Justiça havia determinado a realização de<br />

uma cirurgia pelo SUS no paciente Donisete Pinheiro da Silva, 38 anos, carvoeiro.<br />

Durante sete meses, ele pleiteou uma vaga para ser operado, mas não conseguiu.<br />

Seu problema de deslocamento de retina se agravou a tal ponto que perdeu a visão<br />

do olho esquerdo.<br />

O calvário desse trabalhador das minas de carvão começou no dia 1º de<br />

fevereiro, quando descobriu a doença. Os médicos lhe recomendaram uma cirurgia<br />

no valor de 3 mil reais, razão pela qual ele procurou o SUS.<br />

Em 9 de março, o Secretário Municipal de Saúde de Montes Claros, Eduardo<br />

Avelino Pereira, concedeu autorização para a cirurgia, mas nos sete meses<br />

seguintes Donisete não conseguiu vaga em nenhum hospital para realizá-la.<br />

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No dia 3 de outubro, um oftalmologista de São Paulo emitiu parecer<br />

desaconselhando a cirurgia, pois a doença passara a ser, na linguagem médica,<br />

“temporal extenso por ter reduzido a acuidade visual”, ou seja, seu olho esquerdo<br />

estava completamente cego.<br />

O Ministério Público está analisando o caso para apurar e punir o<br />

responsável, ou responsáveis, por essa negligência.<br />

Casos como esse deveriam necessariamente chegar ao conhecimento do<br />

Ministro da Saúde, para que os recursos sejam melhor distribuí<strong>dos</strong> para a<br />

construção de mais hospitais e contratação de mais médicos. É inconcebível que<br />

situações como essa continuem a ocorrer num país como o nosso, onde pagamos<br />

altos impostos e temos, em contrapartida, serviços públicos de péssima qualidade.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Vai-se passar ao horário de<br />

VII - COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES<br />

Concedo a palavra ao nobre Deputado Rubens Bueno, para uma<br />

Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar PDT/PPS.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Como Líder. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, trago ao conhecimento da Casa importante fato.<br />

Recebemos mais de noventa pedi<strong>dos</strong> de créditos adicionais suplementares do<br />

Poder Executivo. O companheiro da assessoria da bancada do PPS, Ricardo Capilé,<br />

fez rápido levantamento e informou-nos de que 34 desses créditos adicionais<br />

suplementares são considera<strong>dos</strong> pelo Tribunal de Contas da União obras<br />

irregulares.<br />

Há graves irregularidades no processo de licitação e de alocação <strong>dos</strong><br />

recursos destina<strong>dos</strong> a essas obras. Agora, o Governo envia mais 34 pedi<strong>dos</strong>,<br />

sobrepondo-se àquilo que o Tribunal de Contas da União estabeleceu em relação às<br />

graves irregularidades.<br />

Sr. Presidente, apresento a questão a esta Casa, a fim de que possamos<br />

discuti-la com mais critério. Não é possível que o Tribunal de Contas da União,<br />

órgão de fiscalização, dispense toda a atenção à questão, profissionais capacita<strong>dos</strong><br />

e Ministros se debrucem sobre ela, analisando-a de acordo com o preceito<br />

constitucional, e a Casa venha mais uma vez abrir espaço para o Governo identificar<br />

milhões de reais.<br />

Ainda não conseguimos somar os valores. São milhões e milhões de reais<br />

para 34 obras consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União.<br />

Peço a esta Casa, especialmente aos Líderes da base do Governo, que<br />

discuta melhor o assunto, até porque a situação depõe contra o Parlamento.<br />

Temos de buscar a transparência e exigir — este é o dever do Parlamento —<br />

que, na fiscalização desse tipo de obra, o Poder Legislativo dê toda a atenção ao<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Tribunal de Contas da União e à sociedade brasileira, porque o contribuinte é quem<br />

ao final paga as contas.<br />

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Roberto Argenta para uma Comunicação de Liderança, pelo PSH.<br />

O SR. ROBERTO ARGENTA (PHS-RS. Como Líder. Sem revisão do orador.)<br />

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, neste momento, homenageio o nobre<br />

Deputado Arthur Virgílio pela assunção ao cargo de Secretário-Geral da Presidência<br />

da República. Desejo ao nobre Deputado muito sucesso. Que, no Palácio do<br />

Planalto, S.Exa. continue com a mesma coragem demonstrada durante o exercício<br />

do cargo de Líder do Governo. Sei que S.Exa. defenderá os interesses do Brasil.<br />

Parabenizo o Ministro Aloysio Nunes Ferreira por sua posse no Ministério da<br />

Justiça. Como Deputado e Secretário-Geral da Presidência da República, S.Exa.<br />

sempre demonstrou muito amor ao Brasil. Que S.Exa. continue firme nesse mesmo<br />

propósito.<br />

Desejo que o Senador Ney Suassuna, que assumiu hoje o Ministério da<br />

Integração Nacional, continue com o incansável trabalho iniciado no Senado<br />

Federal.<br />

Representante do Rio Grande do Sul, reconheço o grande trabalho prestado<br />

pelo Ministro Eliseu Padilha durante os anos em que esteve à frente do Ministério<br />

<strong>dos</strong> Transportes. Parabenizo S.Exa. pelo grande dinamismo que implementou<br />

naquele órgão e pelas várias obras com que tem premiado seu Estado, dentre elas<br />

as rodovias, os portos e as ferrovias construídas.<br />

Lembro aos novos Ministros, ao Governo e a todo o Congresso Nacional a<br />

importância de algo que ainda não fizemos. Não se trata especificamente da reforma<br />

tributária, mas, sim, da simplificação tributária, pois é isso que os brasileiros mais<br />

querem. Tanto pequenos, médios e grandes empreendedores, como os<br />

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contribuintes, desejam um sistema tributário mais simples, para que to<strong>dos</strong> saibam o<br />

quanto devem contribuir.<br />

Sem dúvida, a simplificação tributária trará enormes benefícios para o Brasil,<br />

especialmente no momento em que temos de revisar o pacto federativo, as funções<br />

da União, <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e Municípios.<br />

É extremamente importante pensarmos no assunto e buscarmos um projeto<br />

que atenda aos anseios do Brasil.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) – Concedo a palavra à nobre<br />

Deputada Vanessa Grazziotin, pelo Bloco Parlamentar PSB/PCdoB.<br />

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Sem revisão da<br />

oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, faço questão de ler<br />

correspondência recebida pela Liderança do Partido Comunista do Brasil,<br />

encaminhada pelo Sr. José Maria Araújo, Presidente do SINDMETAL do Maranhão,<br />

que trata de assunto da mais extrema gravidade. Sem dúvida, buscaremos apoio<br />

não só do partido e <strong>dos</strong> Parlamentares, mas também de outras categorias, para que<br />

esse problema da periculosidade a que estão expostos os metalúrgicos do Estado<br />

do Maranhão seja resolvido o mais rapidamente possível.<br />

Diz o documento do sindicato que há 12 anos os metalúrgicos enfrentam<br />

batalha judicial contra a maior fábrica de alumínio do País e uma das maiores do<br />

mundo, a ALUMAR, pertencente ao Grupo ALCOA, considerada a empresa mais<br />

lucrativa do grupo. A ALUMAR é um verdadeiro império. No ano passado ela faturou<br />

864 milhões de dólares, ficando entre as três melhores do mundo. Investiu 25<br />

milhões de dólares no ano 2000, principalmente em equipamentos e modernas<br />

tecnologias. Sozinha, seu consumo de energia é da ordem de 790 megawatts/mês,<br />

com 1800 emprega<strong>dos</strong> em seus quadros; em todo o Estado do Maranhão, cuja<br />

população é de 5 milhões de habitantes, o consumo é de apenas 430<br />

megawatts/mês.<br />

Nas instalações da ALUMAR, existem 45 subestações de alta e média<br />

tensão, enquanto que todo o Estado do Maranhão possui apenas 39. Mas a<br />

empresa apresenta ainda outra faceta: seus emprega<strong>dos</strong> são submeti<strong>dos</strong> a jornadas<br />

de trabalho insalubre e perigoso. Do seu quadro de funcionários, vários já perderam<br />

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a vida vítimas de acidentes de trabalho. Cito eletricistas que foram eletrocuta<strong>dos</strong> em<br />

março de 1997, agosto de 1978, agosto e novembro de 1980, julho de 1981, junho<br />

e novembro de 1982, junho de 1983, dezembro de 1984 e junho de 1989.<br />

Outros acidentes, como queimaduras de segundo e terceiro graus,<br />

aconteceram em julho de 2001, quando seis operários foram queima<strong>dos</strong> com arco<br />

voltaico. Mais mutilações vêm ocorrendo, conforme os próprios relatórios da<br />

empresa.<br />

Ainda assim, a ALUMAR recusa-se a desembolsar a quantia de R$12 milhões<br />

para pagamento do adicional de periculosidade a 257 eletricistas e instrumentistas<br />

que trabalharam na empresa até 1997 e até hoje esperam decisão da Justiça.<br />

A gigantesca empresa trava batalha judicial para não pagar adicional de<br />

periculosidade previsto na Lei nº 7.369, de 1985, e na CLT. A empresa manobra,<br />

pressiona e chantageia desde 1989, quando o SINDMETAL ingressou com ação<br />

judicial para cobrar adicional de periculosidade de 30% para eletricistas e<br />

instrumentistas da empresa. Na 1ª e 2ª Instâncias da Justiça do Trabalho, a<br />

ALUMAR perdeu a causa. Inconformada com o resultado, recorreu ao Tribunal<br />

Superior do Trabalho, ao mesmo tempo em que iniciou processo de coação aos<br />

trabalhadores envolvi<strong>dos</strong> na ação.<br />

Ameaça<strong>dos</strong> de demissão, embora não tendo surtido efeito no primeiro<br />

momento, passou a empresa a propor a troca <strong>dos</strong> 50 mil reais devi<strong>dos</strong> a cada<br />

trabalhador por somente 5 mil reais. Assim, a empresa garantiria a aqueles<br />

operários que aceitassem receber somente 5 mil a manutenção do emprego.<br />

Alguns trabalhadores, pressiona<strong>dos</strong> e coagi<strong>dos</strong>, assinaram, outros não o<br />

fizeram. Os que não assinaram, foram imediatamente demiti<strong>dos</strong> pela ALUMAR. Com<br />

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isso, a empresa conseguiu que o processo voltasse, por duas vezes, ao TST, em<br />

Brasília, para homologação <strong>dos</strong> acor<strong>dos</strong>. Foram mais de dois anos de protelação e<br />

nesse período a empresa tratou de terceirizar o setor elétrico, demitindo to<strong>dos</strong> os<br />

trabalhadores do setor, inclusive aqueles com os quais havia feito acordo para<br />

garantir estabilidade no emprego.<br />

Já existe ação no Ministério Público do Trabalho para apurar denúncia de<br />

coação, empregada pela multinacional para conseguir assinatura de tais acor<strong>dos</strong>. A<br />

empresa vem investindo incansavelmente junto ao TST, tendo à frente o Dr. Márcio<br />

Gontijo como seu advogado, para impedir o pagamento do adicional. Ainda assim, o<br />

Sindicato <strong>dos</strong> Metalúrgicos tem vencido. Só no Processo 6 E-RR 180.490/95 houve<br />

dois julgamentos no Tribunal Superior do Trabalho. No último, a votação foi de<br />

quatro votos a dois para os reclamantes.<br />

Mas, estando o processo em último grau de recurso, o Ministro Vantuil<br />

Abdalla, um <strong>dos</strong> que votou com a empresa, remeteu-o ao Pleno do Tribunal para<br />

uniformização de jurisprudência, e por sete vezes o processo entrou e saiu de pauta,<br />

não tendo sido julgado até o momento. A vitória dessa ação desencadeará outras<br />

similares por todo o País.<br />

Nesse sentido, o Sindicato <strong>dos</strong> Trabalhadores Metalúrgicos do Estado do<br />

Maranhão procurou-nos para pedir ajuda no acompanhamento dessa ação, e, sem<br />

dúvida alguma, serão atendi<strong>dos</strong>. A direção do Sindicato também encaminhou-nos<br />

<strong>dos</strong>siê que traz sucinto relato do problema que envolve trabalhadores e a empresa<br />

ALUMAR.<br />

A empresa — conclui a carta do Sindicato — não respeita as leis e os direitos<br />

<strong>dos</strong> trabalhadores, mas o Sindicato espera obter êxito. Para isso, confiamos nas<br />

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ações <strong>dos</strong> homens, pois quando feitas com determinação e afinco, objetivam, acima<br />

de tudo, garantir a aplicação da Justiça. Feito assim, os resulta<strong>dos</strong> são amplamente<br />

procedentes, como em outras vitórias que já teve o Sindicato contra a mesma<br />

empresa, em processos individuais e coletivos, com assunto da mesma matéria e no<br />

mesmo tribunal.<br />

Ao relatar esse caso específico que envolve trabalhadores eletricistas e a<br />

empresa ALUMAR, faço deste um <strong>dos</strong> tantos exemplos que poderia usar para<br />

mostrar, mais uma vez, a injustiça que o Governo quer cometer contra os<br />

trabalhadores brasileiros. Refiro-me ao Projeto de Lei nº 5.483, que altera a CLT.<br />

Com a mudança de um único artigo, o Governo Federal pretende rasgar seu<br />

conteúdo, ou seja, coloca as cláusulas negociadas acima das legais.<br />

Sr. Presidente, os trabalhadores, mesmo tendo seus direitos garanti<strong>dos</strong> por<br />

lei, não conseguem que eles sejam respeita<strong>dos</strong>, sendo muitas vezes necessárias<br />

ações judiciais que se arrastam anos a fio. Imaginem V.Exas. se as leis deste País<br />

perderem o efeito.<br />

Finalizo apelando para os colegas Parlamentares, inclusive para o Presidente<br />

da Comissão de Trabalho, que conduziu brilhantemente as reuniões, no sentido de<br />

não aprovarmos esse projeto, que trará prejuízos ao trabalhador brasileiro e nenhum<br />

benefício à Nação. Já foram, em alguns aspectos, flexibilizadas as relações do<br />

trabalho. Nem por isso as demissões deixaram de acontecer e de aumentar os<br />

lucros de capital a cada ano, a cada mês.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) – No período de Comunicações<br />

Parlamentares, o Bloco Parlamentar PL/PSL dividiu seu tempo entre os eminentes<br />

Parlamentares Lincoln Portela e Ronaldo Vasconcellos. Ambos disporão de cinco<br />

minutos.<br />

Concedo a palavra, inicialmente, ao Deputado Lincoln Portela.<br />

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.)<br />

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Governo de Minas Gerais está cada vez<br />

mais empenhado no combate à tortura, como também na redução das seqüelas por<br />

ela deixadas.<br />

O plenário do Conselho Estadual de Direitos Humanos votou, em 7 de<br />

novembro de 2001, os primeiros vinte processos para pagamento de indenização a<br />

tortura<strong>dos</strong> em dependências policiais do Governo de Minas Gerais durante a<br />

ditadura militar.<br />

Esse é um importantíssimo passo para extinção da tortura no País, apesar de<br />

o dinheiro não reparar os traumas físicos e psicológicos deixa<strong>dos</strong> nos tortura<strong>dos</strong>.<br />

A Comissão responsável pela análise <strong>dos</strong> pedi<strong>dos</strong> propôs o pagamento do<br />

valor máximo previsto pela lei, ou seja, 30 mil reais, tomando como base o parecer<br />

do Conselho Regional de Psicologia, que considera permanentes as seqüelas da<br />

tortura.<br />

Um <strong>dos</strong> casos da pauta da reunião de quarta-feira foi o do Sr. Walter de<br />

Oliveira Tim Garrôcho, que demonstra claramente o que a tortura pode causar em<br />

uma pessoa, trazendo prejuízos emocionais, físicos, financeiros e em toda sua vida<br />

profissional.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Tim Garrôcho foi líder ferroviário em Teófilo Otoni. Preso no dia 31 de março<br />

de 1964, foi transferido para Governador Valadares, onde foi brutalmente torturado<br />

por policiais militares. Em Juiz de Fora foi julgado pela Auditoria Militar do Exército e<br />

condenado a dois anos de prisão, cumpri<strong>dos</strong> nas dependências do Departamento de<br />

Ordem Política e Social — DOPS em Belo Horizonte. Hoje, aos 71 anos, Garrôcho<br />

vive de favores <strong>dos</strong> amigos e da ajuda <strong>dos</strong> filhos, porque não teve direito à<br />

aposentadoria, nem tampouco teve condições de recomeçar sua vida profissional.<br />

Seu trauma se tornou tão grande que ele não consegue contar toda sua história de<br />

uma só vez. Ele precisa contá-la aos poucos. Foram necessários quatro<br />

depoimentos para reconstituir to<strong>dos</strong> os acontecimentos.<br />

O psicólogo Alfredo Martin foi autor do estudo do Conselho Regional de<br />

Psicologia utilizado para justificar o pagamento das indenizações pretendidas pela<br />

Comissão. Ele realizou diversas pesquisas para chegar a essa conclusão, além de<br />

contar com uma vasta experiência adquirida no tempo em que coordenou o Centro<br />

de Atendimento Psicológico aos Migrantes, Refugia<strong>dos</strong> e Asila<strong>dos</strong>, em Paris.<br />

Segundo as estatísticas obtidas por ele, a quantidade de hospitalizações,<br />

doenças e intervenções cirúrgicas é maior entre sobreviventes de tortura do que na<br />

maioria da população. Além disso, as tentativas de suicídio são bem mais freqüentes<br />

e o índice de psicóticos entre os tortura<strong>dos</strong> é cinco vezes maior que o normal.<br />

A indenização às vítimas da tortura é, portanto, de fundamental importância<br />

não só para aliviar o sofrimento no aspecto material, mas também para o<br />

reconhecimento social, as relações afetivas, os vínculos sociais e, principalmente, a<br />

auto-estima.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Sr. Presidente, lembrando da tortura que ocorre nos presídios brasileiros,<br />

quero dizer que, infelizmente, só pensamos no Brasil quando se trata do caráter<br />

retributivo, punitivo ou da tortura. Um dia desses, conversando comigo, um delegado<br />

disse o seguinte: “Eu vou me encontrar na rua com um desses detentos. Um dia ele<br />

vai sair daqui".<br />

Sr. Presidente, um cão feroz, se fica preso, sem comida, se é submetido a<br />

algumas sessões de espancamento e fica sem luz, quando sai da prisão, ataca o<br />

próprio dono. Imagine um ser humano.<br />

Não importa o delito praticado pelo preso; o Estado deve cuidar dele. As leis<br />

precisam ser mais rígidas, a pena deve ser cumprida, mas o preso jamais deve ser<br />

torturado, porque um dia vai sair da prisão com mágoa profunda, ódio,<br />

ressentimento e descontará tudo isso em alguém.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. ARNON BEZERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ARNON BEZERRA (PSDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Nordeste começa a ser<br />

priorizado no que se refere ao destino <strong>dos</strong> investimentos em âmbito mundial, graças<br />

ao competente trabalho realizado por agentes responsáveis por atrair investimentos<br />

no Brasil.<br />

O Governo Federal, os Esta<strong>dos</strong> nordestinos e o Banco do Nordeste, em<br />

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), empreenderam<br />

uma primeira etapa do Programa de Desenvolvimento do Turismo — o PRODETUR<br />

Nordeste —, com investimentos globais em torno de 670 milhões de dólares na<br />

melhoria da infra–estrutura regional. Em virtude do êxito dessa primeira fase, o BID<br />

decidiu apoiar o seu desdobramento.<br />

A primeira etapa contemplou obras de infra–estrutura, com investimentos<br />

maciços em melhoria e ampliação, através de cerca de quatrocentos projetos já<br />

executa<strong>dos</strong> e em andamento e que envolvem a construção de mais de mil<br />

quilômetros de estradas; instalação, ampliação e modernização de oito aeroportos;<br />

aumento do abastecimento de água, beneficiando mais de 1 milhão de pessoas.<br />

Recuperação do Patrimônio Histórico de São Luís, João Pessoa, Recife, Salvador,<br />

Maceió, Porto Seguro e Aracaju; preservação do Meio Ambiente com a fixação de<br />

dunas, recuperação de rios e lagoas, urbanização de trechos da orla marítima,<br />

tratamento de resíduos sóli<strong>dos</strong>; implantação de rede de esgotos, beneficiando mais<br />

de uma dezena de comunidades litorâneas; ampliação da estrutura institucional e<br />

gerencial <strong>dos</strong> órgãos estaduais liga<strong>dos</strong> ao setor turístico; fortalecimento <strong>dos</strong> elos da<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

cadeia produtiva do turismo regional. Esses projetos transformam o PRODETUR<br />

Nordeste num <strong>dos</strong> maiores programas do mundo volta<strong>dos</strong> para o setor turístico.<br />

A infra–estrutura assegurada pelo PRODETUR Nordeste e complementada<br />

pelos investimentos em promoção do turismo e em capacitação profissional tem<br />

como resultado a melhoria da qualidade de vida das populações beneficiadas e o<br />

incremento <strong>dos</strong> negócios oriun<strong>dos</strong> da iniciativa privada, funcionando como<br />

alavancador eficiente de novas oportunidades.<br />

O olhar voltado para o Nordeste trouxe também, e queremos destacar esse<br />

grande exemplo, o início de um processo de desconcentração de renda, em<br />

conseqüência de investimentos vultosos em projetos produtivos nos pólos<br />

agroindustriais. Foram cria<strong>dos</strong> 150 mil empregos, num programa do Banco do<br />

Nordeste que vai muito além do apoio através do crédito, alcançando outras<br />

dimensões do desenvolvimento: infra-estrutura, ciência e tecnologia, meio ambiente<br />

e capacitação. Este trabalho fortalece e consolida as vocações tradicionais e<br />

fomenta, simultaneamente, a estruturação de novas atividades produtivas, a<br />

exemplo do cultivo de flores, da produção de mel e da criação de ovinos e<br />

caprinos, desempenhando papel estratégico na geração de emprego e renda para<br />

os pequenos produtores, em várias microrregiões nordestinas.<br />

É preciso destacar em todo esse processo de excelentes resulta<strong>dos</strong> o papel<br />

central do Banco do Nordeste. A missão de um banco de desenvolvimento, fundado<br />

para trabalhar em prol de uma região com dificuldades climáticas e histórica miséria<br />

estrutural é ,certamente, árdua.<br />

O Banco do Nordeste tem cumprido essa missão em diversos tempos,<br />

enfrentando incontáveis desafios, especialmente a partir do período em que teve<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

que manter seu papel de fomentador da atividade econômica e de desenvolvimento<br />

social, tornando-se, ao mesmo tempo, empresarialmente competitivo.<br />

Nos últimos seis anos o Banco do Nordeste multiplicou 27 vezes o número de<br />

clientes. Em 1995 eram 46 mil e hoje há mais de 1 milhão e 200 mil agentes<br />

produtivos sendo atendi<strong>dos</strong> em toda a sua área de atuação, que inclui, além do<br />

Nordeste, o norte de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo.<br />

O volume de investimentos ampliou a aplicação de recursos para mais de 15<br />

bilhões de reais, contribuindo para a geração de milhões de oportunidades de<br />

emprego na região.<br />

Como agente fomentador do desenvolvimento, o Banco do Nordeste passou a<br />

priorizar, desde 1995, o atendimento ao pequeno agricultor e à pequena, média e<br />

microempresa, buscando harmonizar as cadeias produtivas. O grande desafio tem<br />

sido inserir os agentes produtivos no mercado competitivo, contribuindo para o<br />

desenvolvimento, tendo como foco a perspectiva local.<br />

Somente no primeiro semestre deste ano, os pequenos e médios foram<br />

responsáveis por quase 100% <strong>dos</strong> financiamentos contrata<strong>dos</strong>. O processo de<br />

modernização do Banco do Nordeste trouxe instrumentos inovadores e eficazes de<br />

concessão de crédito, com ações que racionalizam a liberação de financiamento. Os<br />

instrumentos desenvolvi<strong>dos</strong> pelo Banco permitem-lhe estar presente em to<strong>dos</strong> os<br />

1981 Municípios de sua área de atuação e levar os níveis de atendimento aos<br />

pequenos e miniagentes produtivos.<br />

A importância relevante desse trabalho está no alcance do objetivo de<br />

promover o desenvolvimento do Nordeste, chegando às pontas da cadeia produtiva<br />

pela via que leva o apoio até os pequenos. O Nordeste é a região do Brasil que<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

mais expandiu o número de estabelecimentos industriais na década de 90 em todo o<br />

País. Passou de mera fabricante de bens tradicionais para fornecedora das mais<br />

variadas linhas de produtos, desde equipamentos para irrigação a produtos<br />

eletrônicos, petroquímicos e softwares.<br />

Priorizando os pequenos e médios empreendedores, o Banco do Nordeste<br />

vem consolidando instrumentos diferencia<strong>dos</strong> para inseri-los num cenário<br />

competitivo e contribuir, junto com outros agentes do desenvolvimento, nacionais e<br />

multinacionais, para a mudança do cenário de desigualdade que sempre marcou o<br />

nosso País.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) – A Presidência agradece a V.Exa.<br />

as referências feitas à postura parlamentar por mim adotada nesta e na outra Casa<br />

do Congresso.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao Sr.<br />

Deputado Ronaldo Vasconcellos, pelo Bloco Parlamentar PL/PSL.<br />

O SR. RONALDO VASCONCELLOS (Bloco/PL-MG. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Deputado Lincoln Portela e eu<br />

somos do Bloco Parlamentar PL/PSL, composto nesta Casa por 28 Parlamentares.<br />

O nosso Bloco Parlamentar tem postura política de independência ao Governo<br />

Federal. Por intermédio do nosso Líder, Deputado Valdemar Costa Neto — aliás,<br />

grande Líder —, nos encaminhamentos de votação, estamos mais liga<strong>dos</strong> ao<br />

pensamento <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> de oposição desta Casa.<br />

Apesar disso, é justo que eu faça comentários positivos sobre as últimas<br />

modificações na composição do Governo Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

Tive oportunidade de hoje participar da posse de alguns Ministros. É muito<br />

bom para o Governo ter nos seus quadros um Parlamentar do porte, da<br />

competência, da vivência e da maturidade do Deputado Heráclito Fortes. É bom<br />

para o Ministério da Integração Nacional ter um titular do nível do Senador Ney<br />

Suassuna, do PMDB da Paraíba, como é bom para o Ministério da Justiça ter à sua<br />

frente um Parlamentar como o Deputado Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB de São<br />

Paulo.<br />

É lógico que as substituições ocorreram, em alguns casos, no mesmo nível,<br />

saindo um titular competente e entrando outro competente. Mas, em alguns casos,<br />

houve melhora considerável.<br />

Deixei para o final a substituição na Secretaria-Geral da Presidência da<br />

República, que foi assumida hoje pelo combativo, competente, dedicado e<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

determinado Deputado Arthur Virgílio, do PSDB do Amazonas, com quem tive o<br />

privilégio de conviver durante três anos e meio nesta Casa.<br />

Tenho certeza absoluta de que S.Exa. vai dar postura política mais<br />

competente àquela Secretaria, porque conviveu conosco aqui, sentiu nossas<br />

amarguras, nossa vontade de trabalhar, de legislar e até de fiscalizar o Governo por<br />

um Brasil melhor.<br />

Sr. Presidente, deixo registrada minha opinião de que o Governo mudou, e<br />

mudou bem. São quatro Parlamentares nos lugares mais apropria<strong>dos</strong>: três<br />

Deputa<strong>dos</strong> Federais e um Senador.<br />

Com o fato de ter assumido a Secretaria-Geral da Presidência da República<br />

alguém como o Deputado Arthur Virgílio, que conhece este Parlamento e seus<br />

integrantes, que lhes sabe dar tratamento digno, respeitoso, mas também sabe ser<br />

corajoso, determinado e até dizer um “não” quando preciso, ganha esta Casa,<br />

porque um de seus combativos representantes agora é Secretário-Geral da<br />

Presidência da República. E ganha principalmente o poder de articulação da<br />

Presidência junto a este Parlamento.<br />

Desejo ao Deputado Arthur Virgílio felicidades no seu novo cargo. Tenho a<br />

certeza de que ele o exercerá com a maior competência e dedicação.<br />

Parabéns ao Deputado Federal Arthur Virgílio e aos três outros<br />

companheiros que hoje tomaram posse!<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Nobre Deputado Ronaldo<br />

Vasconcellos, a Presidência en<strong>dos</strong>sa os votos de congratulações ao Deputado<br />

Arthur Virgílio, que hoje ascendeu à condição de Secretário-Geral da Presidência da<br />

República. Esperamos que o nosso colega, no Poder Executivo, tenha desempenho<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

à altura das suas tradições políticas e, sobretudo, do prestígio que demonstrou<br />

inequivocamente no desempenho da Liderança do Governo no Congresso Nacional.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao Deputado<br />

Dr. Heleno, que falará pelo PSDB.<br />

O SR. DR. HELENO (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, minha vinda a esta tribuna hoje envolve assunto<br />

extremamente importante, que tem sido motivo de grande preocupação por parte do<br />

Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o e também do Ministro Zequinha Sarney.<br />

Refiro-me à preservação do meio ambiente.<br />

Há muito tempo tenho acompanhado o trabalho do biólogo Mário Moscatelli.<br />

Não o conheço pessoalmente, não sei de sua linha política, mas o importante é a<br />

seriedade de sua atividade no campo da pesquisa e de grande observador do meio<br />

ambiente.<br />

Na semana passada, foi publicado um de seus relatórios sobre o triste estado<br />

das lagoas da Capital do Estado do Rio de Janeiro, que deve merecer a atenção do<br />

Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, do Ministro Zequinha Sarney, do Prefeito<br />

César Maia e de to<strong>dos</strong> nós outros do Brasil.<br />

Pelas suas informações, fica constatado que o que era água está virando<br />

terra. Na Lagoa da Tijuca, Barra da Tijuca, zona oeste da Capital, o assoreamento é<br />

constatado a olho nu. O problema traz riscos para toda a Bacia Hidrográfica de<br />

Jacarepaguá, formada pelas Lagoas de Jacarepaguá, Camorim, Marapendi, Tijuca e<br />

Lagoinha. Isso é drástico. As famosas “ilhas de terra” acabam obstruindo o processo<br />

de renovação das águas. Como somente a Lagoa da Tijuca possui ligação com o<br />

mar, a situação das demais se agrava.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A causa principal é a ocupação desordenada e o acúmulo de resíduos e<br />

esgoto despeja<strong>dos</strong> irregularmente nessas lagoas, o que reduz sua profundidade em<br />

até dez centímetros em vários locais. Dez centímetros! Isso é lamentável.<br />

Sobre esse assunto, vale comentar o que ocorre nas praias da Ilha do<br />

Governador. Devido à grande poluição, a pesca foi reduzida. Alguns pescadores<br />

tiveram de mudar sua atividade. De pescadores, viraram catadores de lixo no mar.<br />

Vejam só que desastre! No lugar de peixes, recolhem objetos joga<strong>dos</strong> no mar,<br />

principalmente plásticos — garrafas, copos etc. Dessa iniciativa foi criado um grupo<br />

de artesãos que, com muita criatividade, montam peças e adereços, os quais<br />

colocam à venda e, assim, vão mantendo seu sustento.<br />

Sr. Presidente, voltando ao caso das lagoas, é preciso que Município, Estado<br />

e Federação unam esforços, no sentido de salvar essa riqueza natural que está<br />

acabando no Estado do Rio de Janeiro. O próprio biólogo Mário Moscatelli<br />

encaminhou relatório à Comissão de Saúde da ALERJ e à Comissão Estadual do<br />

Meio Ambiente sobre a triste condição das lagoas.<br />

A salvação das lagoas depende de três medidas fundamentais. Primeiro,<br />

fiscalização, que consiste na proibição do despejo desordenado de dejetos. Esse<br />

combate deve ser enérgico, pois esse tipo de ação motiva certos cidadãos que, na<br />

ânsia de ganhar dinheiro, fazem suas construções de forma clandestina,<br />

derramando esgoto in natura na Bacia. Segundo, obra de drenagem. Nesse ponto<br />

tem de haver um trabalho conjunto das autoridades municipais, estaduais, com<br />

apoio do Governo Federal. Terceiro, saneamento, assunto que está sendo muito<br />

debatido nesta Casa, graças a Deus.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

É necessário que se defina a política de saneamento. O serviço vai continuar<br />

sendo público. Será? Vai ser privatizado? Será? Precisamos definir. As lagoas do<br />

meu Estado são vítimas desse quadro de indefinições. Por último, educação<br />

ambiental. Nesse ponto, temos tido alguns avanços. Aos poucos, a população vai<br />

descobrindo que respeitar o meio ambiente é o melhor indicador para uma boa<br />

qualidade de vida.<br />

O retrato vivo da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá é a seguinte: ela possui<br />

140 quilômetros quadra<strong>dos</strong> e se divide em cinco lagoas: Lagoa de Jacarepaguá,<br />

afetada pelo despejo irregular de esgoto; Lagoa de Camorim, sofre também com a<br />

poluição de esgoto, lixo e proliferação de algas tóxicas; Lagoa da Tijuca, sofre com a<br />

ocupação desordenada da área, somando-se a isso o despejo de esgoto e lixo;<br />

Lagoa de Marapendi, onde o despejo de esgoto <strong>dos</strong> condomínios é o maior<br />

problema; e Lagoinha, a menos poluída, mas que sofre com o acúmulo de resíduos.<br />

Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ainda é tempo de salvar as lagoas do<br />

meu Estado, o Rio de Janeiro, para que elas, além de continuarem a exercer o seu<br />

papel de útero oceânico, permaneçam incólumes, sempre maravilhosas, e possam<br />

embelezar ainda mais essa nossa não menos Cidade Maravilhosa. Não podemos,<br />

não temos o direito de destruir o que a natureza levou milhões de anos para<br />

construir.<br />

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) – Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Feu Rosa. S.Exa. disporá de três minutos, tempo restante ao seu partido,<br />

o PSDB.<br />

O SR. FEU ROSA (PSDB-ES.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>,<br />

aproveito o início deste meu pronunciamento para reiterar os parabéns ao Deputado<br />

Arthur Virgílio, ao Deputado Aloysio Nunes Ferreira e ao Senador Ney Suassuna.<br />

Acredito que to<strong>dos</strong> os três serão muito bem sucedi<strong>dos</strong> em suas tarefas na<br />

Secretaria-Geral da Presidência da República, no Ministério da Justiça e no<br />

Ministério da Integração Nacional. Desejo aos três Parlamentares muito sucesso!<br />

Fico feliz pelas escolhas do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o e pela<br />

sensibilidade demonstrada com relação ao Parlamento. No meu entender, isso é<br />

extremamente importante. Há uma postura mais parlamentarista, num governo<br />

presidencialista. Como advogo há muitos anos o parlamentarismo, este certamente<br />

será — e espero que isso aconteça o mais rapidamente possível — o melhor regime<br />

político para o Brasil. Parabéns ao Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o por tais<br />

escolhas!<br />

Sr. Presidente, venho a esta tribuna para fazer repercutir politicamente no<br />

Congresso Nacional matéria publicada pelo jornal Valor Econômico, edição de<br />

ontem, 13 de novembro de 2001. Na sua primeira página, o jornal faz a chamada:<br />

“Petroleiras reclamam do IBAMA”. Existe matéria muito grande na página B-5 —<br />

com chamada de primeira página — na qual se detalha o motivo da grande<br />

preocupação das petroleiras com relação à política ambiental do IBAMA de não<br />

descentralizar a ação de licenciamento ambiental — “Petroleiras fazem críticas à<br />

política ambiental do IBAMA”.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Sr. Presidente, gostaria que a matéria fosse inserida nos Anais da Casa, pois<br />

ela traz valores, nomes de empresas e mostra o desastre que tem sido a<br />

concentração do licenciamento do IBAMA somente no Rio de Janeiro.<br />

Nós, do Espírito Santo, estamos sofrendo porque, além de problema com<br />

atraso, com toda a burocracia, ainda há casos comprova<strong>dos</strong> de empresas que<br />

deixam de se instalar no Espírito Santo, portanto, deixam de gerar emprego no<br />

Estado ou deixam de investir no Espírito Santo, porque são forçadas pelo núcleo do<br />

Rio de Janeiro — aliás, isso não ocorre apenas com o Espírito Santo, mas com o<br />

resto do Brasil – a beneficiarem os detentores <strong>dos</strong> licenciamentos ou a levarem seus<br />

recursos para aquele Estado.<br />

Faço um apelo ao Ministro do Meio Ambiente, José Sarney, que também é<br />

Parlamentar, ao Secretário Executivo do Ministério, Dr. José Carlos Carvalho, que<br />

sempre se empenhou pelas causas justas, no sentido de que façam valer a portaria<br />

que regulamenta a descentralização <strong>dos</strong> núcleos de licenciamento ambiental. Que, o<br />

mais rápido possível, ela seja efetuada. Digo isso com muita tranqüilidade, Sr.<br />

Presidente, porque temos os meios necessários, o local, as condições, enfim, tudo o<br />

que for preciso.<br />

Desejamos que sejam aloca<strong>dos</strong> no Estado to<strong>dos</strong> os elementos que<br />

proporcionarão o licenciamento ambiental de qualquer empresa que lá deseje se<br />

instalar. É sabido que 40% do petróleo brasileiro é encontrado em nossas costa; por<br />

isso precisamos começar a fazer o licenciamento o mais rapidamente possível<br />

Temos de dar a qualquer empresa petroleira, nacional ou estrangeira, todas as<br />

condições para investir no nosso Estado. Dessa forma, nosso País conseguirá sair<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

da dependência da importação de petróleo, o que é, aliás, a principal causa do<br />

déficit da nossa balança comercial.<br />

Sr. Presidente, apelo ao Ministro do Meio Ambiente e às autoridades do setor<br />

para que contribuam com o nosso esforço com vistas à conquista da nossa<br />

independência energética.<br />

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR<br />

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MATÉRIA CITADA PELO DEPUTADO FEU<br />

ROSA<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) – A Presidência vai sobrestar a partir<br />

deste instante a seqüência de oradores nas Comunicações Parlamentares, já que o<br />

nobre Deputado Paes Landim, pela Liderança do PFL/PST, deseja ocupar a tribuna<br />

e o fará, como o Regimento Interno lhe garante, por dez minutos. A Comunicação de<br />

Liderança, hierarquicamente, tem prioridade regimental sobre as Comunicações<br />

Parlamentares.<br />

Tem a palavra o nobre Líder Paes Landim.<br />

O SR. PAES LANDIM (Bloco/PFL-PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) –<br />

Sr. Presidente, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, eminente colega, jornal veiculado hoje no meu<br />

Estado, reportondo-se às eleições no Piauí, afirmou que meu partido desejaria se<br />

sobrepor à vontade popular com uma decisão judicial.<br />

No caso do Piauí, a decisão judicial ocorreu exatamente porque o abuso do<br />

poder econômico, político e administrativo empanou as eleições no Estado e evitou<br />

que a verdade eleitoral se efetivasse com a vitória do Senador Hugo Napoleão.<br />

O Ministro Nelson Jobim, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e Relator<br />

da matéria, proferiu o mais corajoso voto da história do Tribunal nos últimos anos,<br />

mostrando como determina<strong>dos</strong> fatos, potencialmente isola<strong>dos</strong>, que não poderiam<br />

eventualmente ocasionar danos à transparência e à verdade eleitoral, foram, em<br />

conjunto, responsáveis pela mudança no quadro eleitoral no meu Estado.<br />

Sr. Presidente, confunde-se processo de impugnação de mandato eletivo,<br />

previsto na Constituição Federal, que dá o prazo de quinze dias para sua<br />

apresentação e exige que corra em segredo de Justiça, com os demais recursos<br />

comuns previstos no Código Eleitoral contra a diplomação de candidatos. Em suma,<br />

confunde-se impugnação de mandato com inelegibilidade de mandato.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Por sua vez, tanto a lei que disciplinou as eleições de 1998 — Lei nº 9.504, de<br />

30 de setembro de 1997 — como a resolução que a regulamentou, de acordo com a<br />

prescrição do art. 105 da aludida lei, estão dentro do princípio constitucional. Em<br />

nenhum momento afirma que votos nulos possam efetivamente se sobrepor à<br />

vontade eleitoral, quando o Tribunal considera que a fraude eleitoral feita através do<br />

abuso do poder econômico, do poder político administrativo, tenha deturpado o<br />

resultado eleitoral.<br />

Neste caso prevalecem os votos vagos e o segundo colocado é o eminente<br />

Senador Hugo Napoleão. A Lei nº 9.504/97, de certa maneira, reproduz o texto<br />

constitucional, que determina que o candidato do segundo turno será o que tiver a<br />

maioria de votos váli<strong>dos</strong>. Uma regra do princípio genérico que normalmente se<br />

reporta a votos nulos, cujo princípio está contido no art. 2º, e seus parágrafos, da Lei<br />

nº 9.504 e na resolução que a regulamenta, prevista, como disse antes, em seu art.<br />

105, ou seja , na Resolução nº 20.103, de 3 de março de 1998.<br />

A Lei nº 9.504 determina que a resolução teria de ser elaborada até o dia 5 de<br />

março pelo TSE, e ela o foi no dia 3 de março de 1998. Portanto, disciplina as<br />

eleições. Diz claramente no § 1º do art. 27 que “serão nulos, para to<strong>dos</strong> os efeitos,<br />

os votos da<strong>dos</strong> a candidatos inelegíveis ou não registra<strong>dos</strong>”. Isso está previsto<br />

também no Código Eleitoral, no § 3º do art. 175.<br />

Portanto, não fala em nenhum momento em votos de candidatos impugna<strong>dos</strong>,<br />

tanto assim que o § 2º desse mesmo artigo diz que o candidato que tenha obtido<br />

liminar para efeito de registro de candidatura, se depois a liminar vier a ser<br />

revogada, os votos, neste caso, não serão nulifica<strong>dos</strong>, porque houve disputa da<br />

eleição, mas serão reverti<strong>dos</strong> em favor da legenda do partido.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Há, portanto, uma grande confusão no meu Estado, entre leigos e juristas,<br />

sobre impugnação de mandato eletivo, que é um processo constitucional por força<br />

de abuso de poder econômico, político e administrativo por parte da autoridade<br />

impugnada, com impugnação de diploma por inelegibilidade ou incompatibilidade de<br />

mandato. É a grande confusão. A matéria é rigorosamente constitucional.<br />

Em razão disso, o eminente Prof. Roberto Rosa, meu colega, professor de<br />

Direito da Universidade de Brasília, escreveu o sintético livro “Direito Processual<br />

Constitucional” sobre matéria constitucional. É um grande indício para se criar no<br />

País distinção muito importante entre o procedimento previsto no Código Eleitoral e<br />

o processo rigorosamente constitucional, como é o caso da impugnação de<br />

mandato.<br />

Tanto é assim, Sr. Presidente, que, folheando en passant a jurisprudência do<br />

TSE, divisei o voto do Ministro Sydney Sanches, em famoso acórdão, em que S.Exa.<br />

mostra a distinção entre o que prevê a Constituição — prazo de quinze dias para o<br />

recurso — e a distinção prevista no Código Eleitoral para os demais recursos, da<br />

ordem de três dias.<br />

Portanto, é indiscutível e legítima a postulação do Senador Hugo Napoleão,<br />

ex-Governador do Piauí, por decisão unânime do TSE, por voto corajoso e ilustre do<br />

grande Ministro Nelson Jobim, que vai marcar a história desse Tribunal, para coibir<br />

abusos de poder econômico, deturpadores e violadores da vontade popular.<br />

Conseqüentemente, só nos resta aguardar serenamente a decisão da Justiça<br />

Eleitoral para que se dê a execução da decisão do TSE.<br />

Por último, Sr. Presidente, gostaria de comentar também fato da maior<br />

ressonância para a política agrícola do meu Estado, sobretudo para a política<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

algodoeira, que foi o convênio firmado entre a Universidade Federal do Piauí, a<br />

EMBRAPA, por meio de recursos solicita<strong>dos</strong> ao Ministério da Agricultura, e a<br />

Delegacia Federal do Ministério da Agricultura do Estado do Piauí, visando à<br />

revitalização da cultura do algodão, o qual já foi considerado o ouro branco do meu<br />

Estado, <strong>dos</strong> sertões nordestinos, do semi-árido, do Nordeste de modo geral, em<br />

contraponto ao café, o chamado ouro preto, conhecido da riqueza da cafeicultura.<br />

Esse convênio com a Universidade Federal do Piauí lança a universidade do<br />

meu Estado na pesquisa acadêmica de um produto vital para a economia do meu<br />

Estado, para exatamente resgatar a pobreza do semi-árido.<br />

Posso dizer a V.Exas. que esse acordo firmado entre a Universidade Federal<br />

do Piauí, a EMBRAPA do meu Estado e, sobretudo, a Delegacia Federal do<br />

Ministério da Agricultura é da maior importância, como futuro impacto na agricultura<br />

piauiense, porque, ao se resgatar a cultura do algodão, tenho certeza de que<br />

aquelas cidades mortas com o declínio do algodão serão também revitalizadas.<br />

Digo sempre que só consegui meu diploma graças à cultura do algodão. Meu<br />

pai adquiria algodão, revendia-o para as praças da Bahia e de Recife e,<br />

conseqüentemente, conseguiu que seus filhos alcançassem o objetivo de se formar<br />

na universidade do Rio de Janeiro e na Bahia.<br />

O declínio da cultura do algodão, por força do ataque do bicudo, por força de<br />

estilo do Governo Federal — desta tribuna venho fazendo discurso na Casa sobre<br />

esse tema desde meu primeiro mandato, há mais de quinze anos —, faz-me lembrar<br />

aquelas cidades mortas do conto de Monteiro Lobato. Eram cidades cheias de vida,<br />

com vontade de crescer e de enriquecer. No Município de Picos, por exemplo, havia<br />

uma usina algodoeira do Grupo Coelho, pioneiros do Nordeste, com quase 6 mil<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

emprega<strong>dos</strong>, mas que tiveram de ser reduzi<strong>dos</strong> a cerca de 700, em razão da falta de<br />

estradas e, sobretudo, de combate às pragas que destruíram o algodão. O Grupo<br />

Coelho foi obrigado a importar algodão do Sul do País e do Paraguai para não<br />

fechar suas fábricas.<br />

Essa iniciativa do Ministério da Agricultura, por intermédio de sua Delegacia<br />

Federal, em parceria com a Universidade, merece todo nosso apoio. Espero que<br />

assim seja feito pelo Sr. Secretário-Executivo do Ministério da Agricultura, Márcio<br />

Fortes, a quem solicito audiência por intermédio do eminente Líder Pauderney<br />

Avelino, o que faço na presença do querido Vice-Líder, pessoa que mais prezo na<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>. Nessa audiência trataremos do projeto fundamental para o<br />

sertão piauiense: a revitalização da cultura do algodão na região do semi-árido.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) – Concedo a palavra ao Deputado Osmar<br />

Terra, que dividirá o tempo do PMDB com o nobre Deputado Mauro Benevides.<br />

O SR. OSMAR TERRA (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, aproveito o espaço destinado à Liderança do meu partido<br />

para fazer referências muito especiais ao Senador Ney Suassuna, que assume o<br />

Ministério da Integração Nacional, e ao Dr. Alderico Lima, que toma posse no<br />

Ministério <strong>dos</strong> Transportes, com a saída do nosso querido amigo Eliseu Padilha.<br />

O Ministro Eliseu Padilha — meu conterrâneo — fez excelente trabalho frente<br />

à sua Pasta. Apesar das enormes dificuldades causadas pela falta de recursos, que<br />

não eram apenas de seu Ministério e da área econômica, mas do País, S.Exa<br />

conseguiu revitalizar as hidrovias, os portos, restaurar o transporte ferroviário e<br />

asfaltar novas estradas País afora.<br />

O Rio Grande do Sul deve muito ao Ministro Eliseu Padilha. S.Exa., com o<br />

apoio do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, construiu rodovias na região<br />

noroeste do meu Estado, que enfrentava sérios problemas por não ter como escoar<br />

sua produção.<br />

Aproveito a oportunidade para saudar o Ministro José Gregori, que muito lutou<br />

pelos direitos humanos e pela democracia durante sua gestão. Tive a oportunidade<br />

de conhecê-lo há mais de quinze anos. Desde então acompanho a trajetória de<br />

S.Exa em defesa da cidadania e do respeito à dignidade humana.<br />

O Ministro José Gregori fez belíssimo trabalho de articulação tanto na<br />

Secretaria Nacional de Direitos Humanos, quanto no Ministério da Justiça.<br />

Parabenizo também nosso Líder Arthur Virgílio. O nobre Deputado sempre<br />

me impressionou pela competência, rapidez de raciocínio, sensibilidade e<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

capacidade de articulação e de síntese. É o grande guerreiro responsável pelos<br />

avanços que este País têm conseguido em defesa <strong>dos</strong> que mais precisam.<br />

Desejo ao Líder do Governo no Congresso Nacional, Deputado Heráclito<br />

Fortes, boa sorte.<br />

Cumprimento também o novo Ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira.<br />

S.Exa., como Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, foi<br />

bastante atuante e soube bem absorver to<strong>dos</strong> os grandes problemas deste País. Foi<br />

um Ministro pára-choques, como costumava chamá-lo o Presidente Fernando<br />

Henrique Car<strong>dos</strong>o. S. Exa. leva essa enorme experiência e relação especial com o<br />

Congresso Nacional para o Ministério da Justiça.<br />

Sr. Presidente, gostaria de fazer referência às últimas notícias oriundas da<br />

área econômica. Aproveito a oportunidade para parabenizar as autoridades<br />

competentes pelo trabalho realizado, especialmente na área da política econômica.<br />

Somos, por isso, um <strong>dos</strong> países mais competitivos do mundo na agricultura.<br />

Hoje, a produtividade do Brasil é maior do que a <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> por<br />

hectare na área de soja. Temos maior produtividade em algodão, açúcar e arroz.<br />

Batemos recordes de competência e de competitividade. Por isso, no Catar, a<br />

postura deste País de pôr fim aos subsídios <strong>dos</strong> países europeus e americanos foi<br />

muito importante. O Brasil tem capacidade de competir com eles de igual para igual,<br />

afinal, tem condições de melhorar muito a exportação e o processo econômico<br />

interno.<br />

Na última semana, o dólar caiu e vem subindo a Bolsa de São Paulo,<br />

demonstrando assim que poderá haver recuperação. O PIB poderá chegar a 3%<br />

neste ano.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A equipe econômica, com to<strong>dos</strong> os problemas que carrega, com todas as<br />

questões pendentes, deu demonstração de competência, pois observamos um<br />

crescimento sustentado. Apesar de todas as crises, do débâcle argentino e <strong>dos</strong><br />

atenta<strong>dos</strong> terroristas, o Brasil dá demonstração de vitalidade única na sua economia<br />

e avança em direção a dias muito melhores para to<strong>dos</strong>.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

O Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do<br />

Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é<br />

ocupada pelo Sr. Átila Lins, § 2º do art. 18 do Regimento<br />

Interno.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PEDRO CHAVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PEDRO CHAVES (PMDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –<br />

Sr. Presidente, pedi a palavra para registrar que comemoramos nesta data a<br />

emancipação política de vários Municípios do Estado de Goiás: Cabeceiras,<br />

Mambaí, Iaciara, Divinópolis de Goiás, Itapirapuã, dentre outros.<br />

Parabenizamos a população desses Municípios e desejamos muito sucesso<br />

aos seus Prefeitos em suas gestões.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) – Para completar o tempo do PMDB,<br />

concedo a palavra o nobre Deputado Mauro Benevides por cinco minutos.<br />

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong>, a posse <strong>dos</strong> novos Ministros de Estado, ocorrida ao meio-dia, trouxe à<br />

tribuna, para breves pronunciamentos, os nobres Deputa<strong>dos</strong> Ronaldo Vasconcellos<br />

e Osmar Terra, que focalizaram o significado desse acontecimento para nossa vida<br />

político-administrativa.<br />

E eu não me dispensaria de também trazer, neste instante, a manifestação da<br />

minha esperança de que os indica<strong>dos</strong> possam desincumbir-se a contento das suas<br />

tarefas, atendendo precipuamente aos anseios da população brasileira.<br />

Durante discurso que proferiu na manhã de hoje, o Presidente Fernando<br />

Henrique Car<strong>dos</strong>o enaltecia os novos Ministros, no caso Aloysio Nunes Ferreira,<br />

Arthur Virgílio e Ney Suassuna. E mencionava, também, a escolha do novo Líder do<br />

Governo no Congresso Nacional, Deputado Heráclito Fortes. S.Exa. não se omitiu,<br />

nem poderia fazê-lo, de destacar a atuação daqueles que vinham ocupando o<br />

Ministério da Justiça, a Secretaria-Geral da Presidência e, durante breve período à<br />

frente do Ministério da Integração Nacional, o atual Presidente do Congresso,<br />

Senador Ramez Tebet.<br />

No que diz respeito ao Ministro da Justiça, permito-me dizer que convivo com<br />

José Gregori há mais de vinte anos. Durante esse lapso de tempo pude aferir as<br />

excepcionais qualidades de S.Exa., sobretudo a preocupação obstinada ao exercer<br />

com dignidade os cargos que lhe são confia<strong>dos</strong> no Poder Executivo. Em São Paulo,<br />

integrou S.Exa. a Comissão de Justiça e Paz; em Brasília, ocupou a Secretaria de<br />

Direitos Humanos, bem assim o Ministério da Justiça. Durante esse período, pude<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

avaliar a extraordinária dedicação de S.Exa. aos interesses da cidadania. Em<br />

nenhum momento, José Gregori deixou de apresentar-se com disposição, coerência<br />

e firmeza para resgatar os direitos porventura posterga<strong>dos</strong> em qualquer Estado da<br />

Federação. Naturalmente, S.Exa. sempre garantiu ao Presidente Fernando Henrique<br />

Car<strong>dos</strong>o imagem de respeitabilidade no que tange a assegurar às minorias mais<br />

vulneráveis as prerrogativas inseridas na Carta de 5 de outubro de 1988.<br />

Portanto, José Gregori teve merecidamente projetado o seu labor no<br />

Ministério da Justiça; igualmente o Ministro Aloysio Nunes Ferreira também recebeu<br />

do Presidente demonstração de confiança no seqüenciamento das medidas postas<br />

em prática pelo Ministro José Gregori, particularmente aquelas relacionadas com a<br />

segurança pública.<br />

O nosso recém-empossado Ministro da Justiça, Sr. Aloysio Nunes Ferreira,<br />

terá grandes desafios à sua frente: dar seqüência ao Plano Nacional de Segurança<br />

Pública que José Gregori começou a colocar em prática, ainda sofrendo restrições<br />

da própria mídia e da realidade emergente, sobretudo nas grandes cidades;<br />

enfrentando a questão da violência e mudando a precária estrutura carcerária do<br />

País, que nos obriga a assistir, com desprazer e preocupação, à eclosão constante<br />

de rebeliões nos presídios de pequena, média e máxima segurança.<br />

Sr. Presidente, também gostaria de registrar que a presença do Senador Ney<br />

Suassuna à frente do Ministério da Integração Nacional e a do nosso colega<br />

Heráclito Fortes na Liderança do Governo nesta Casa, substituindo o Deputado<br />

Arthur Virgílio, são de inquestionável importância para o Governo. Estou<br />

absolutamente convicto de que os investi<strong>dos</strong> saberão corresponder à confiança do<br />

Presidente da República e haverão de merecer, sem dúvida, o respeito e a<br />

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admiração daqueles que, como nós, com eles conviveram no Congresso Nacional,<br />

aferindo as notáveis qualidades que possuem.<br />

Portanto, desejo a eles desempenho à altura das expectativas do povo<br />

brasileiro, engrandecendo a vida pública nacional.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PADRE ROQUE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Tem V.Exa. a palavra<br />

O SR. PADRE ROQUE (PT-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o próximo dia 20 de novembro<br />

de 2001 ficará marcado para sempre na história <strong>dos</strong> defensores <strong>dos</strong> direitos<br />

humanos do Estado do Paraná e, por que não dizer, do Brasil. É que nesse dia o<br />

Senado norte-americano entregará ao advogado Darci Frigo, da Comissão Pastoral<br />

da Terra — CPT do Paraná, o Prêmio Robert Fitzgerald Kennedy, concedido<br />

anualmente às pessoas que se destacam na luta pelos direitos humanos e contra<br />

regimes de opressão e injustiça em todo o mundo. Essa é a primeira vez, desde a<br />

criação do prêmio, em 1984, que um brasileiro é condecorado.<br />

Frigo receberá no Capitólio o prêmio pelas mãos da Sra. Robert Kennedy e<br />

do Senador Edward M. Kennedy, entre outras personalidades e políticos. Além do<br />

reconhecimento e do laurel em dinheiro — um fundo de apoio à luta pelos direitos<br />

humanos —, o prêmio tem grande importância para angariar o apoio internacional à<br />

luta pela reforma agrária no Brasil. Juntamente com a Anistia Internacional e outras<br />

entidades internacionais de luta pelos direitos humanos, o Centro de Direitos<br />

Humanos Memorial Robert F. Kennedy fará repercutir no mundo esse prêmio à luta<br />

contra a violação <strong>dos</strong> direitos humanos <strong>dos</strong> trabalhadores e trabalhadoras sem terra,<br />

<strong>dos</strong> posseiros e homens e mulheres submeti<strong>dos</strong> a trabalho escravo no Brasil.<br />

Um prêmio para a luta pela terra no Paraná e no Brasil.<br />

Por indicação do Centro de Justiça Global, com sede no Rio de Janeiro, o<br />

prêmio que será entregue a Darci Frigo representa um reconhecimento do trabalho<br />

de defesa <strong>dos</strong> direitos humanos <strong>dos</strong> trabalhadores rurais sem terra que vem sendo<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

realizado pela CPT, pelo MST e pela Rede Nacional de Advoga<strong>dos</strong> Populares, no<br />

Paraná e no Brasil, em conjunto com outras entidades e organizações.<br />

O Prêmio Robert F. Kennedy “laureia anualmente indivíduos que, sob grande<br />

risco pessoal, assumam posições contra a opressão e a violação aos direitos<br />

humanos. Para indivíduos que se recusam a ser silencia<strong>dos</strong> por autoridades<br />

abusivas, o prêmio RFK oferece a garantia de que eles não estão sós na sua luta”,<br />

afirma a coordenação do Centro de Direitos Humanos Memorial Robert F. Kennedy.<br />

Darci Frigo foi escolhido entre mais de trinta nomes de todo o mundo, por seu<br />

trabalho de denúncia das violações de direitos humanos cometidas pelo Governo<br />

Jaime Lerner contra os sem-terra. O Governo do Paraná é responsável por uma das<br />

mais trágicas páginas de terror e violência contra os trabalhadores/as rurais no<br />

Brasil: em seu Governo, foram assassina<strong>dos</strong> 16 trabalhadores rurais sem terra,<br />

houve 31 tentativas de assassinato, 489 prisões de trabalhadores, 7 casos de<br />

tortura, 324 lesões corporais, 47 ameaças de morte e 1 seqüestro, em 134 ações de<br />

despejo realizadas de forma arbitrária e violenta pela Polícia Militar, muitas vezes<br />

aliada a milícias armadas e pistoleiros da UDR.<br />

O prêmio é, assim, um reconhecimento internacional da responsabilidade do<br />

Governo Jaime Lerner por essa violência, ele que já foi condenado por nove<br />

personalidades de renomado reconhecimento na luta pelos direitos humanos,<br />

durante o Tribunal Internacional <strong>dos</strong> Crimes do Latifúndio e da Política<br />

Governamental de Violação <strong>dos</strong> Direitos Humanos no Paraná, realizado em Curitiba<br />

no dia 2 de maio de 2001.<br />

Esse prêmio tem grande significado na atual conjuntura nacional de<br />

recrudescimento da violência e do trabalho escravo. O Paraná é considerado o<br />

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laboratório de uma política oficial de repressão e combate ao movimento de luta pela<br />

terra, que vem sendo implementada em outros Esta<strong>dos</strong> do Brasil, no sentido de<br />

criminalizar e isolar a luta pela terra, em favor da manutenção do latifúndio, da<br />

impunidade e da violência.<br />

O Estado do Pará é novamente o exemplo mais contundente da nova onda de<br />

violação <strong>dos</strong> direitos humanos no Brasil: <strong>dos</strong> 22 trabalhadores assassina<strong>dos</strong> no<br />

Brasil até setembro de 2001, 8 deles foram mortos no Pará. Crescem também nesse<br />

Estado os casos de trabalho escravo — o número de trabalhadores liberta<strong>dos</strong><br />

aumentou de 465 em 2000 para 1.812 em 2001, <strong>dos</strong> quais 995 são registra<strong>dos</strong> no<br />

sul e sudeste do Pará —, de torturas e impunidade. O prêmio vai, assim, dar<br />

visibilidade nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e no mundo para a luta pela reforma agrária e pelos<br />

direitos humanos <strong>dos</strong> trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil.<br />

Em nome de toda a população do nosso Estado do Paraná, em nome <strong>dos</strong> que<br />

lutam pelos direitos humanos no Brasil e no mundo, queremos parabenizar o<br />

companheiro Darci Frigo pela sua coragem, pelo seu desprendimento e pela sua<br />

dedicação em defender os direitos humanos, em defender os oprimi<strong>dos</strong>, os<br />

sem-terra e os excluí<strong>dos</strong> de nossa sociedade.<br />

Faço, da tribuna desta Casa, este registro, que constará nos Anais da<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> e fará parte da nossa história. Inúmeras vezes já<br />

denunciamos desta tribuna os crimes e as constantes violações <strong>dos</strong> direitos<br />

humanos cometi<strong>dos</strong> pelo Governo do Sr. Jaime Lerner, do PFL, contra os sem-terra,<br />

contra os trabalhadores do nosso Estado. Repercutíamos neste Parlamento as<br />

denúncias que eram feitas lá em nosso Estado pelos companheiros <strong>dos</strong> movimentos<br />

sociais, pelas entidades e organizações da sociedade civil, pelas igrejas. E<br />

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invariavelmente tínhamos como resposta <strong>dos</strong> apoiadores do Governador que tudo<br />

não passava de denúncias vazias.<br />

Por isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, esse prêmio se reveste<br />

dessa magnitude e dessa importância. Aqui dentro, em nosso País, poucas vezes<br />

nossas denúncias encontraram eco, poucas vezes nossas autoridades federais se<br />

dispuseram a tomar providências contra as arbitrariedades das atitudes cometidas<br />

pelo Governo do nosso Estado. Mas adveio o tempo e o tempo fez justiça. Foi bom<br />

que o reconhecimento da justiça de nossas causas, da veracidade de nossas<br />

denúncias viesse <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> da América. Não que precisássemos disso.<br />

Tínhamos convicção e clareza quanto ao que se passava em nosso Estado. Mas,<br />

para o Sr. Jaime Lerner, que vive proclamando os seus feitos pelas avenidas de<br />

Nova Iorque, que vive fazendo propaganda de suas realizações pela imprensa<br />

norte-americana, o veredicto desse prêmio não poderia ter repercussão mais<br />

devastadora sobre a sua imagem. Ao condecorar Darci Frigo e os que lutam pelos<br />

direitos humanos, o Prêmio Robert F. Kennedy também condenou o Governo do<br />

Paraná. O prêmio é um reconhecimento aos que lutam pelos direitos humanos. E<br />

uma sentença de condenação a um Governo que faliu nosso Estado, que deixou a<br />

corrupção cavalgar solta pelas suas entranhas e maltratou as populações mais<br />

desassistidas do nosso Estado.<br />

Parabéns ao Darci Frigo, parabéns à CPT, parabéns aos defensores <strong>dos</strong><br />

direitos humanos. Que os seus exemplos nos sirvam de lição e modelo para<br />

continuarmos nossa luta pela construção de uma sociedade mais justa e mais<br />

solidária.<br />

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação deste<br />

pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. NILSON MOURÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, no último final de semana, nos<br />

dias 10 e 11 de novembro, tomaram posse os novos dirigentes estaduais do Partido<br />

<strong>dos</strong> Trabalhadores, eleitos pelo processo de eleições diretas. No Estado do Acre, foi<br />

empossado como Presidente o companheiro Sibá Machado, que obteve<br />

aproximadamente 70% <strong>dos</strong> votos <strong>dos</strong> filia<strong>dos</strong> do PT em todo o Estado.<br />

Nos próximos três anos de seu mandato, são muitos os desafios a serem<br />

enfrenta<strong>dos</strong>. Ao mesmo tempo que desejo êxito para a direção que tomou posse,<br />

aproveito para fazer algumas sugestões, que podem, eventualmente, contribuir com<br />

o crescimento e o fortalecimento do PT no Estado do Acre.<br />

São muitas as questões que estão presentes ao debatermos a construção<br />

partidária. Construir um partido é um processo complexo, que se vai fazendo em<br />

meio a muitas contradições, erros, acertos, aprendizado. No Ocidente, desde a<br />

segunda metade do século XIX, nenhuma mudança social relevante se fez sem a<br />

presença e a atuação marcante <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> políticos. Nos últimos trinta anos, com<br />

as conquistas democráticas e sociais, surgiram, ao lado <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> políticos, mas<br />

junto com eles, novos movimentos, autônomos, que têm dado uma grande<br />

contribuição para a transformação da sociedade. Organizar a participação popular<br />

não é, pois, monopólio <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong>.<br />

Assim, hoje mais do que nunca, se faz necessário um trabalho político,<br />

articulado e complementar, entre o partido, os movimentos sociais, as<br />

administrações, os movimentos específicos, as ONGs, tendo em vista a<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

transformação social e a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e<br />

solidária. Quero destacar apenas alguns aspectos, que me parecem os mais<br />

importantes e atuais para contribuir nesse debate.<br />

Primeiro, resgatar o orgulho e o entusiasmo petistas. Nenhuma instituição,<br />

particularmente um partido político de esquerda, consegue uma trajetória histórica<br />

prolongada sem que seus membros tenham no coração ideais, sonhos, entusiasmo<br />

e orgulho profundamente enraiza<strong>dos</strong>. É necessário que as pessoas se sintam<br />

participantes e construtoras de um grande projeto. É isso que permite suportar<br />

sacrifícios, superar crises, manter-se íntegro em meio a tantas turbulências que<br />

caracterizam a vida política. Cabe destacar aqui a urgente retomada da participação<br />

da “velha-guarda petista”, criando-se sempre mais espaços para a juventude. Esta,<br />

com sua ousadia e irreverência, será capaz, sempre, de renovar, quando as coisas<br />

estão estagnadas.<br />

Nosso partido hoje está muito “oficial”, solene, discursivo, com destaque<br />

excessivo para suas “autoridades”. É preciso retomar a participação e a valorização<br />

do filiado, a alegria, a cantoria, a sensibilidade simbólica. Assim, poderemos<br />

reacender o fogo, que pode estar adormecido.<br />

Segundo, equilíbrio entre crescimento institucional e lutas sociais. O PT<br />

nasceu das lutas e sempre teve nos movimentos sociais sua referência. As eleições<br />

de 1989 para Presidente indicaram as amplas possibilidades de realizarmos nosso<br />

projeto nacional. Mas a derrota de 1994 teve um impacto extraordinário na vida do<br />

PT. Conscientemente ou não, o partido priorizou a luta institucional como estratégia<br />

de crescimento. Talvez tenhamos compreendido que realizar um projeto nacional<br />

passaria pelas conquistas de Prefeituras, Governos e ampliação das bancadas<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

parlamentares. Seria uma forma, inclusive, de aprender a lidar com a máquina<br />

administrativa e a “dominar o monstro”. Isso resultou, de fato, no enfraquecimento<br />

das lutas sociais e na formação de uma burocracia até certo ponto autoritária e<br />

deslumbrada com o prestígio e o poder. Se, de um lado, somos cada vez mais<br />

capazes de “dominar o monstro”, de outro, muitos problemas novos são<br />

introduzi<strong>dos</strong>, com os quais não temos familiaridade, mas que fazem parte do<br />

processo político.<br />

Assim, acredito que seja urgente a busca do equilíbrio — equilíbrio dinâmico<br />

— entre seu crescimento institucional e sua presença organizada nos movimentos<br />

sociais. É necessário que se faça um levantamento completo da situação <strong>dos</strong><br />

movimentos sociais no Acre e se definam as prioridades do partido. Respeitar, criar<br />

condições para o avanço das lutas sociais e valorizar esse tipo de engajamento.<br />

Terceiro, diálogo construtivo que envolva partido, administrações e mandatos<br />

parlamentares. Quando estamos fora da administração, nossa luta se direciona para<br />

a conquista de Governos. Quando ganhamos, a administração tende a absorver<br />

uma quantidade razoável <strong>dos</strong> dirigentes. Em função da dinâmica administrativa, ela<br />

tende a se autonomizar do partido e só o busca quando é para resolver problemas<br />

da administração ou nos perío<strong>dos</strong> eleitorais. Nessa relação, o partido está num<br />

plano secundário e pouco tem a dizer ou fazer. Esse fato gera muitas crises e<br />

introduz o descontentamento, a decepção, o ceticismo. Doutra parte, os mandatos<br />

parlamentares, expressão visível e pública da política petista, notadamente do<br />

projeto estratégico, devem estar em plena sintonia com as instâncias partidárias,<br />

manifestando uma concepção de que o mandato é também do partido. Mandatos<br />

isola<strong>dos</strong>, com projetos individuais correndo por fora, buscando o PT apenas como<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

legenda para eleições, em nada se diferem <strong>dos</strong> mandatos <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong><br />

conservadores e pouco contribuem para o fortalecimento do PT.<br />

Desse modo, é preciso encontrar urgentemente formas permanentes de<br />

diálogo construtivo entre as administrações, o partido e as bancadas parlamentares,<br />

para que to<strong>dos</strong> possam se fortalecer. Ao mesmo tempo, é preciso estabelecer com<br />

clareza as regras de ação, nas situações em que há clara divergência. Trata-se de<br />

como trabalhar as divergências, de modo elevado e politizado, para que não resulte<br />

em desmoralização pública, enfraquecimento e munição forte e farta nas mãos da<br />

direita.<br />

Quarto, construir juntos os processos eleitorais. Os perío<strong>dos</strong> eleitorais são,<br />

normalmente, tensos e cheios de crises. Cada dia é uma agonia. Mais do que<br />

nunca, nos próximos meses, administrações, partido e mandatos parlamentares<br />

precisam estar juntos, numa relação transparente, construindo todo o processo, com<br />

todas as cartas na mesa. A condução errada, a intolerância, a imposição de projetos<br />

pessoais acima do projeto do partido poderão comprometer a campanha, os<br />

resulta<strong>dos</strong> eleitorais e abrir feridas que levarão anos para ser cicatrizadas — quando<br />

o são.<br />

Quinto, sólida formação política. Nossas responsabilidades públicas com o<br />

Acre e o Brasil são imensas, talvez até bem maiores do que imaginamos. Nós<br />

somos os portadores das esperanças do povo, apesar de todas as nossas<br />

limitações. Nossa bandeira hasteada é o símbolo da justiça, da ética, das mudanças.<br />

Para que nosso povo não se sinta frustrado em suas aspirações, mas, ao contrário,<br />

sinta-se fortalecido em seus sonhos, é absolutamente necessário que to<strong>dos</strong> os<br />

militantes de referência, to<strong>dos</strong> os que têm responsabilidade pública no partido e nas<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

administrações tenham uma sólida formação política e ideológica, visão do projeto<br />

estratégico do PT, cultura da longa tradição socialista e humanista, que expressam<br />

as fontes teóricas do nosso partido.<br />

Esse é um caminho seguro que nos faz atravessar as tempestades e nos<br />

mantém firmes na caminhada, que não tem data marcada para a sua parada final.<br />

Nunca se chega. Vencemos algumas etapas. A chegada é o permanente caminhar...<br />

Sem firmeza ideológica e visão de projeto político, os problemas serão crescentes,<br />

inevitáveis e inadministráveis. Não queremos somente crescer, queremos crescer<br />

com qualidade e firmeza. O PT veio para ficar e ter vida longa.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Freire<br />

Júnior para uma Comunicação de Liderança, pelo PMDB.<br />

S.Exa. dispõe de nove minutos.<br />

O SR. FREIRE JÚNIOR (PMDB-TO. Como Líder. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, permitam-me que ocupe por alguns minutos,<br />

no espaço reservado à Liderança do PMDB, a tribuna da Casa não apenas como<br />

Deputado, mas na qualidade de Presidente da Comissão de Trabalho, de<br />

Administração e Serviço Público da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

Quero e preciso falar sobre os acontecimentos de hoje, de ontem e do último<br />

dia 7, que impediram, inviabilizaram as discussões e, conseqüentemente, a votação<br />

do Projeto de Lei nº 5.483, de 2001, de autoria do Poder Executivo, que altera<br />

dispositivo da CLT, enviado em regime de urgência constitucional àquela Comissão.<br />

Desde o início, quando o projeto de lei chegou à Comissão de Trabalho, de<br />

Administração e Serviço Público da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, V.Exas. são<br />

testemunhas de que tudo fiz para que as mudanças previstas naquele projeto<br />

fossem discutidas e debatidas à exaustão, não só pelos Parlamentares da<br />

Comissão, como também pela sociedade civil organizada. Com este intuito, e por<br />

esta razão, abri o plenário da Comissão para to<strong>dos</strong>. Por lá passaram, e registraram<br />

suas opiniões e impressões, o Ministro do Trabalho, os representantes do Poder<br />

Judiciário, os membros do Ministério Público, a OAB, as centrais patronais e as<br />

centrais sindicais <strong>dos</strong> trabalhadores, de todas as vertentes. Cada qual disse o que<br />

pensava, e exerceu o livre e democrático direito de ser contra ou a favor do projeto<br />

de lei do Governo Federal, que flexibiliza as relações trabalhistas entre empregado e<br />

empregador.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A Comissão de Trabalho, a quem regimentalmente cabe a responsabilidade<br />

de debater e discutir o mérito da questão, não teve a chance nem a oportunidade de<br />

fazê-lo. Não discutiu nem debateu o mérito do projeto de lei porque aos ilustres<br />

Parlamentares que ali estavam foi repetidamente negado o direito à opinião, à<br />

manifestação e de dizer “sim” ou “não” todas as vezes em que buscamos deliberar,<br />

em que estivemos reuni<strong>dos</strong> para tanto.<br />

Muitos Parlamentares que ali estavam são testemunhas e partícipes do que<br />

aconteceu hoje, ontem e desde quando o projeto de lei em questão chegou à<br />

Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público desta Casa.<br />

Houve desordem e desrespeito. Chegou-se ao limite intolerável do caos. Se a<br />

nós Parlamentares nos cabe o dever de dar à sociedade o livre acesso à discussão<br />

de um projeto de tamanha importância, em contrapartida a sociedade deve<br />

reconhecer e respeitar o direito que temos, a prerrogativa que nos foi concedida pelo<br />

voto livre, secreto e universal de deliberarmos sobre este ou qualquer outro assunto<br />

com liberdade e com autonomia.<br />

Isso não aconteceu ontem. Isso não aconteceu hoje, Sr. Presidente, porque<br />

sequer conseguimos discutir e debater o mérito do projeto de lei de urgência<br />

constitucional enviado pelo Governo a esta Casa.<br />

E lamento muito, lamento muitíssimo que não tenhamos tido tempo, nem<br />

chance, sequer oportunidade de exercer com plenitude as prerrogativas que a nós,<br />

aos membros da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, foram<br />

outorgadas e confiadas.<br />

Lamento mais, e lamento profundamente que nos tenha sido negado o direito<br />

à opinião, o direito à independência, o direito à autonomia. Direitos esses, to<strong>dos</strong> e<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

cada um deles, que além de regimentais, além de constitucionais, são democráticos<br />

e imprescindíveis para a independência do Poder Legislativo, para a independência<br />

desta Casa.<br />

Como em jogo estava essa independência que tanto prezo, e que a mim me<br />

cabia naquela hora defender e resguardar a todo e qualquer custo, tomei a decisão<br />

de não colocar em votação o Projeto de Lei nº 5.483, transferindo para o Plenário<br />

desta Casa a responsabilidade que a nós foi negada por muitos manifestantes<br />

deseduca<strong>dos</strong> e antidemocráticos e até por alguns Parlamentares que, infelizmente,<br />

não conhecem nem respeitam os direitos da maioria. Isso, sim, é lamentável e<br />

condenável também.<br />

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Concedo a palavra ao nobre Deputado<br />

Agnelo Queiroz para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar<br />

PSB/PCdoB.<br />

S.Exa. dispõe de três minutos.<br />

O SR. AGNELO QUEIROZ (Bloco/PCdoB-DF. Como Líder. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a greve <strong>dos</strong> professores das<br />

universidades públicas do País e também <strong>dos</strong> trabalhadores da Previdência Social,<br />

que se arrasta há quase três meses, tem tido um tratamento de menosprezo por<br />

parte do Governo, que não valoriza áreas tão essenciais para a sociedade. O<br />

Governo não consegue dar cabo a uma greve nas universidades públicas, que é o<br />

centro do saber do País. Praticamente todas as pesquisas do setor público são<br />

feitas nas universidades públicas.<br />

Evidentemente, esse tipo de tratamento, de descaso e de inoperância para<br />

com os trabalhadores e para com a própria universidade, por parte do Governo que<br />

não negocia, que não respeita direito de organização, tem causado enorme prejuízo<br />

à nossa população.<br />

É com pesar que queremos aqui condenar este Governo. Na verdade,<br />

gostaríamos aqui de o estar elogiando, se o Governo tratasse com respeito as<br />

universidades e os seus trabalhadores. Depois de um brutal arrocho salarial de sete<br />

anos, um verdadeiro massacre contra os servidores, que os empobreceram<br />

estupidamente, estes tentaram negociar meses a fio. Como última instância, fizeram<br />

um movimento para forçar a negociação. Mesmo assim, o Governo trata o assunto<br />

com descaso e os ignora, mostrando que educação não é prioridade neste País.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

As universidades começaram a anunciar a perda do semestre e que não<br />

haverá vestibular. Milhões de jovens deste País aspiram ao ingresso na<br />

universidade por meio do vestibular. Os que a estão cursando precisam prosseguir<br />

os seus estu<strong>dos</strong>. Enfim, trata-se de um prejuízo inominável.<br />

Este Governo trata desta questão como se nada estivesse acontecendo.<br />

Atendeu aos ruralistas, ao sistema financeiro com bilhões de reais, mas sequer<br />

senta para negociar, de forma decente, com esses trabalhadores.<br />

Tenho certeza de que to<strong>dos</strong> os Parlamentares desejam o fim desse<br />

movimento. Participamos dessa discussão. Tentamos, por meio da Comissão de<br />

Educação e da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização,<br />

intermediar essa questão, mas não foi possível. Houve boa vontade do Congresso,<br />

sacrificando até emendas de Parlamentares. Ainda assim, não houve acolhida, não<br />

houve o mesmo comportamento por parte do Poder Executivo.<br />

Apelo para a sociedade brasileira no sentido de que cobre uma solução do<br />

Governo Federal. Não é possível que haja prioridade para tudo, menos para a<br />

educação e para a Previdência Social, que também está em greve, deixando<br />

milhões de pessoas sem receber seus benefícios.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, estando presente<br />

em plenário o Sr. Francisco do Nascimento Gomes, suplente da coligação<br />

PMDB/PL/PSDB/PTdoB, representante do Estado do Amazonas, em virtude do<br />

afastamento do titular, Deputado Arthur Virgílio, convido S.Exa. a prestar o<br />

compromisso regimental, com o Plenário e as galerias de pé.<br />

(Comparece à Mesa o Sr. Francisco do Nascimento Gomes e presta o<br />

seguinte compromisso):<br />

“PROMETO MANTER, DEFENDER E CUMPRIR A CONSTITUIÇÃO,<br />

OBSERVAR AS LEIS, PROMOVER O BEM GERAL DO POVO BRASILEIRO E<br />

SUSTENTAR A UNIÃO, A INTEGRIDADE E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.”<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Declaro empossado o Sr. Francisco do<br />

Nascimento Gomes. (Palmas.)<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Esta Presidência cumprimenta o nobre<br />

Deputado Dr. Gomes não só pela sua posse — S.Exa. vai ocupar a vaga deixada<br />

pelo Deputado Arthur Virgílio, que, na manhã de hoje, assumiu a Secretaria-Geral da<br />

Presidência da República, como Ministro-Chefe —, mas sobretudo por ser um amigo<br />

e conterrâneo que representará muito bem o Estado do Amazonas nesta Casa,<br />

integrante que é do PFL.<br />

Meus cumprimentos e minhas boas-vindas a V.Exa., Deputado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. LUIZ FERNANDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. LUIZ FERNANDO (PPB-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é dupla a satisfação de termos presenciado a<br />

posse do Deputado Arthur Virgílio, como Ministro-Chefe, na Secretaria-Geral da<br />

Presidência da República e, com o seu afastamento, a do companheiro Dr.<br />

Francisco do Nascimento Gomes nesta Casa legislativa.<br />

Parabenizo o Deputado Francisco Gomes, toda a sua família, amigos,<br />

correligionários e o PFL, partido a que pertence. Esta Casa ganha muito ao receber<br />

figura de alta envergadura política, social e cultural como S.Exa. Concorrendo às<br />

eleições no Estado do Amazonas, onde também foi Vereador, obteve expressiva<br />

votação.<br />

Desejo ao Deputado Francisco Gomes, a partir de agora, muito sucesso.<br />

S.Exa. terá <strong>dos</strong> companheiros do norte do País, especialmente do Acre, Estado<br />

onde nasceu, e do Amazonas, onde vive, todo o apoio para que desempenhe a<br />

contento e com soberania o mandato.<br />

Deputado Francisco Gomes, seja bem-vindo a esta Casa, em meu nome e no<br />

do PPB, partido também da base governista.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PAUDERNEY AVELINO (Bloco/PFL-AM. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Deputado Átila Lins, caro Deputado Dr. Gomes, em nome<br />

da Liderança do Partido da Frente Liberal, receba minha manifestação de<br />

boas-vindas a esta Casa.<br />

Tenho certeza de que V.Exa. encontrará aqui uma Casa de iguais, em que<br />

tentamos exercer o mandato em benefício da população que representamos.<br />

Deputado Dr. Gomes, ao deixar a <strong>Câmara</strong> Municipal de Manaus, onde era<br />

Vereador, o Partido da Frente Liberal, ao qual V.Exa. pertence, sente-se honrado<br />

com sua assunção ao cargo de Deputado Federal. No momento em que se afasta<br />

desta Casa o Deputado Arthur Virgílio para assumir a Secretaria-Geral da<br />

Presidência da República, V.Exa. saberá exercer o mandato que lhe foi conferido,<br />

assim como o fez na condição de Vereador em Manaus por duas vezes.<br />

Deputado Dr. Gomes, seja bem-vindo a esta Casa. A Liderança do PFL está<br />

de portas abertas. Tenho certeza de que juntos formaremos grande time para<br />

defender os interesses da região e do povo que nos elegeu e em nós tem confiado.<br />

(Palmas.)<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. DR. GOMES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. DR. GOMES (Bloco/PL-AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, neste instante em que faço uso da palavra na<br />

tribuna da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, agradeço, em primeiro lugar, a Deus por ter-me<br />

concedido esta oportunidade. Sinto-me feliz com a presença de familiares, amigos,<br />

Deputa<strong>dos</strong> e Vereadores do meu Estado. Se aqui estou é porque os senhores muito<br />

contribuíram para que isso ocorresse.<br />

Somarei esforços, juntamente com toda a bancada federal amazonense, em<br />

prol de dias melhores para o Estado, com vistas a maior crescimento e<br />

desenvolvimento no cenário nacional, aproveitando todo o seu potencial, dada a<br />

situação geográfica no contexto da Amazônia.<br />

Sr. Presidente, fico feliz por ter V.Exa., Deputado do meu Estado, presidindo a<br />

sessão na minha posse, o que para mim é grande honra. Tudo farei para que o<br />

partido a que pertenço com orgulho lute por grandes conquistas não apenas no<br />

Estado, mas no País.<br />

Cumprimento o ilustre Deputado Ildefonço Cordeiro, amigo e conterrâneo —<br />

há vinte anos não nos encontrávamos. Fico feliz por V.Exa. estar me prestigiando,<br />

Deputado.<br />

Na condição de suplente, agradeço ao grande Líder Arthur Virgílio Neto, hoje<br />

Ministro de Estado, a oportunidade de estar pela primeira vez no Congresso<br />

Nacional.(Palmas.)<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Luis<br />

Carlos Heinze para uma Comunicação de Liderança, pelo PPB.<br />

O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PPB-RS. Como Líder. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Rio Grande do Sul voltará a<br />

exportar carne bovina. Isso se deve ao grande trabalho do Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento, capitaneado pelo Ministro Pratini de Moraes, em reunião<br />

realizada ontem em Bruxelas, com a participação do Ministro substituto interino,<br />

Marcio Fortes, e do Secretário de Defesa Agropecuária, Luiz Carlos de Oliveira.<br />

Ficou acertado que, nos próximos dias 20 e 21, o Rio Grande do Sul<br />

exportará carne bovina para a Comunidade Econômica Européia. Os Esta<strong>dos</strong><br />

brasileiros e os países que fazem parte da Organização Internacional de Epizootias<br />

têm de cumprir regras estabelecidas por essa instituição. Foi dito que o Rio Grande<br />

do Sul queria proceder de forma diferente, ao arrepio de decisões e normas da<br />

Organização Internacional de Epizootias. Mas, como está constatado, tudo está<br />

sendo seguido corretamente. O Estado tem atendido a determinações do Ministério<br />

da Agricultura e atingirá os objetivos propostos.<br />

Parabenizo o Rio Grande, em especial o Ministro Pratini de Moraes, que tão<br />

bem conduziu todo o processo de negociação.<br />

De igual forma, o Estado poderá voltar a exportar carne suína para a Rússia.<br />

Mais de 60% da carne suína produzida pelo Rio Grande do Sul é destinada ao<br />

mercado russo. E, pelas mesmas razões da febre aftosa, estava impedido de<br />

exportar.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, faço também pequena crítica ao<br />

Secretário de Agricultura, que afirmou ao jornal Zero Hora de hoje que trabalho da<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

sua Pasta possibilitou aos industriais e produtores de carne suína do Rio Grande do<br />

Sul a exportação. Esclareço a V.Exas. mais uma vez que o trabalho foi feito pelo<br />

Ministério da Agricultura e pela Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul. Não<br />

foi mérito apenas da Secretaria ter conseguido espaço para que o Estado voltasse a<br />

exportar carne, depois de feita a sorologia, comprovando inexistência de febre<br />

aftosa. Participaram do processo para que os objetivos fossem alcança<strong>dos</strong> o<br />

Ministério da Agricultura, a Secretaria de Agricultura, produtores rurais e Prefeituras<br />

Municipais do Rio Grande do Sul.<br />

Neste momento, em que se reabre a possibilidade de exportação de carne<br />

suína para a Rússia, o Secretário de Agricultura do Estado toma o mérito para si,<br />

dizendo que o trabalho foi da sua Secretaria.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) - Concedo a palavra ao nobre Deputado<br />

Fernando Ferro, que dividirá o tempo do PT com o Deputado Wellington Dias.<br />

S.Exa. dispõe de cinco minutos.<br />

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Parlamentares, senhoras e senhores, tenho feito o acompanhamento do<br />

Programa Bolsa-Escola no meu Estado e estou estarrecido com os procedimentos<br />

de certas Prefeituras.<br />

Trago uma denúncia muito grave sobre fato ocorrido no Município de Itambé,<br />

em Pernambuco. Solicitamos à Caixa Econômica Federal a listagem das famílias<br />

merecedoras do Bolsa-Escola. De 2,5 mil pessoas que se cadastraram, cerca de<br />

205 conseguiram ser contempladas com a bolsa.<br />

Pasme, Sr. Presidente, entre os que a conseguiram estão a Sra. Maria de<br />

Fátima Monteiro <strong>dos</strong> Santos, Secretária de Educação daquele Município, e seu filho<br />

Kennedy Monteiro <strong>dos</strong> Santos.<br />

Esse tipo de procedimento desmoraliza e envergonha o Programa. Temos<br />

que reagir a ele. Inicialmente pensei que se tratava de uma coincidência, eram<br />

homônimos. Então, pedi que os da<strong>dos</strong> fossem checa<strong>dos</strong>. Recebi a confirmação<br />

agora há pouco de que são verdadeiros. E esses são apenas os que conseguimos<br />

descobrir. Creio que estão ocorrendo fatos semelhantes em outros Municípios.<br />

Isso é lamentável. Pessoas que necessitam desse dinheiro estão sendo<br />

roubadas. Autoridades que deveriam cumprir seu papel estão tendo esse tipo de<br />

atitude. O Ministério Público vai ter que investigar casos como esse.<br />

O Governo Federal tem que aprender a fazer uma triagem e criar um<br />

conselho nesse Município, com a participação de órgãos da sociedade, para<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

investigar a procedência dessas listagens, muitas vezes utilizadas por Prefeitos<br />

corruptos e imorais, que se aproveitam desse tipo de procedimento exatamente para<br />

atender aos seus apanigua<strong>dos</strong>, aos seus mais diretamente liga<strong>dos</strong>.<br />

Encaminhei à Caixa Econômica Federal um pedido de solicitação de<br />

providências ao Ministério Público. Faço uma sugestão ao Governo Federal: crie<br />

Conselhos Municipais para acompanhar o Programa Bolsa-Escola, com a<br />

participação do Ministério Público, do promotor da cidade, <strong>dos</strong> juízes, <strong>dos</strong> sindicatos,<br />

das igrejas e da Prefeitura, para ver se é possível haver um mínimo de moralidade<br />

nos procedimentos.<br />

Fatos como o que mencionei representam uma irresponsabilidade.<br />

Começamos com o Bolsa-Escola, que é um salva-vidas, porque traz alimentos para<br />

famintos e miseráveis. Entretanto, no caso do Município de Itambé, essas pessoas<br />

estão sendo substituídas pela Secretária de Educação do Município. Triste<br />

educação a que está sob o comando de uma criatura desse tipo.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, finalizo o meu pronunciamento<br />

manifestando outra preocupação. Refiro-me ao Projeto Alvorada. O Ministro das<br />

Comunicações, Sr. Pimenta da Veiga, que é mineiro, anunciou que estaria<br />

concedendo, por meio do Projeto Alvorada, rádios comunitárias para os Municípios.<br />

Pois bem, fomos surpreendi<strong>dos</strong> com a denúncia de que essas rádios estão<br />

sendo instrumentalizadas por Prefeituras e introduzidas como se fossem uma dádiva<br />

que o Prefeito conseguiu junto ao Ministério da Educação.<br />

Ora, existe uma lei neste País que define a concessão de rádios comunitárias.<br />

Elas têm que ser comunitárias de fato, não podendo ser instrumentos do<br />

proselitismo político ou religioso. Têm que ser feitas com moralidade.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Denuncio também ao Ministério Público Federal o procedimento do Ministério<br />

das Comunicações, que está disponibilizando essas rádios via Projeto Alvorada,<br />

caracterizando um verdadeiro trem da alegria para as eleições do ano 2002.<br />

Isso é de extrema gravidade, e ocorreu em perío<strong>dos</strong> passa<strong>dos</strong>. Concessões<br />

de rádios foram feitas para garantir eleições e formar uma rede de comunicação<br />

para atender a determina<strong>dos</strong> interesses.<br />

Portanto, Sr. Presidente, fica registrada a nossa denúncia. Vamos encaminhar<br />

essas informações — temos papéis sobre isso —, pedir providências e denunciar<br />

procedimentos como esse, que é imoral e faz parte de um processo de campanha<br />

eleitoral que já se desencadeou.<br />

Não podemos aceitar que as campanhas eleitorais sejam maculadas,<br />

misturadas e manipuladas por esse tipo de interesse. O Governo sabe que as rádios<br />

comunitárias têm que ser concedidas em outras bases. Elas são autorizadas para<br />

comunidades, para o conjunto de associações de entidades comunitárias, a fim de<br />

prestar serviços de radiodifusão comunitária.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) – Para completar o tempo do Partido <strong>dos</strong><br />

Trabalhadores, concedo a palavra ao Deputado Wellington Dias.<br />

O SR. WELLINGTON DIAS (PT-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Parlamentares, relato importante audiência que tivemos no dia de ontem<br />

no Ministério da Justiça com o então Ministro José Gregori, hoje futuro Embaixador,<br />

na companhia do Presidente da Ordem <strong>dos</strong> Advoga<strong>dos</strong> do Brasil, Seccional do<br />

Piauí, Dr. Nelson Nery Costa, e do Presidente da Ordem <strong>dos</strong> Advoga<strong>dos</strong> do Brasil,<br />

Dr. Rubens Aprobato.<br />

Nessa audiência, entregamos um <strong>dos</strong>siê, que é um levantamento sério, feito<br />

pela Superintendência da Polícia Federal, liderada pelo Superintendente, Delegado<br />

Robert Rios, que também tem um trabalho feito com acompanhamento da<br />

Procuradoria-Geral do Estado, com informações de uma equipe de delega<strong>dos</strong> da<br />

Secretaria de Segurança do Estado e delega<strong>dos</strong> federais, em que foram analisadas<br />

cerca de oitocentas situações de prisões.<br />

Verificou-se que praticamente todas as prisões foram feitas de modo irregular,<br />

houve casos de violência em diversas situações, como para se obter depoimentos.<br />

Algumas pessoas são obrigadas a assumir crimes pratica<strong>dos</strong> por outros. Isso muitas<br />

vezes a própria Polícia reconhece.<br />

O mais grave foi o caso do eletricista Francisco das Chagas, que<br />

recentemente sofreu violência dentro de uma delegacia na Capital do Piauí,<br />

Teresina, e veio a falecer no próprio local. Esse caso fez com que se agilizasse esse<br />

trabalho.<br />

Portanto, levamos ao Ministro a importância de um trabalho em conjunto,<br />

continuado e permanente nessa área. Não podemos trabalhar somente com a<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

presença do Estado, por conta do corporativismo, uma vez que há o envolvimento<br />

de policiais civis, militares e delega<strong>dos</strong>. Devo dizer que há um grupo relativamente<br />

pequeno no Estado, mas existe a demonstração de um certo comando, de uma<br />

quadrilha organizada — digamos assim — que faz parte do processo de<br />

investigação do crime organizado no meu Estado.<br />

Devo dizer ainda que se verifica um verdadeiro loteamento de celas — “Olha,<br />

dessas celas sou eu quem cuida.” — e extorsão por causa disso. No relatório há<br />

depoimentos que revelam claramente esta situação, como a de um cidadão preso<br />

porque, segundo ele, em uma festa teria cortado o braço de determinada pessoa.<br />

Esse foi o motivo que o levou à prisão. Portanto, cada vez que ele passava perto<br />

daquela delegacia, era detido e tinha que liberar dinheiro para relaxar o processo.<br />

Existem situações em que pessoas declaradamente criminosas negociam sua<br />

soltura ou a não-conclusão do inquérito. Depoimentos de magistra<strong>dos</strong> demostram<br />

que muitos desses processos não chegam à Justiça, portanto, não têm andamento.<br />

Estamos falando de um número muito grande de depoimentos. Oitocentos<br />

casos foram analisa<strong>dos</strong> e, por esta razão, merecem reflexão por parte <strong>dos</strong> membros<br />

desta Casa. Para o conhecimento <strong>dos</strong> Srs. Deputa<strong>dos</strong>, encaminhamos cópia desse<br />

estudo à Comissão de Direitos Humanos.<br />

Acreditamos que o principal ponto foi a informação que recebemos ontem de<br />

que o Ministério da Justiça está interessado em acompanhar esse andamento, para<br />

viabilizar uma parceria, juntamente com a área de segurança do nosso Estado, a fim<br />

de vencermos esta situação.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Pretendemos priorizar os delega<strong>dos</strong> de carreira, os bacharéis em Direito e os<br />

concursa<strong>dos</strong>, além de realizar ações preventivas, com o intuito de preparar a própria<br />

comunidade, que muitas vezes apóia esta forma de violência.<br />

Desejamos que cada pessoa, ao ser presa, receba um tratamento em<br />

conformidade com a lei.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Átila Lins) – Concedo a palavra ao nobre Deputado<br />

Darcísio Perondi, para uma Comunicação de Liderança pelo Governo. S.Exa.<br />

disporá de oito minutos.<br />

O SR. DARCÍSIO PERONDI (PMDB-RS. Como Líder. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, hoje, o querido Deputado Arthur<br />

Virgílio, Líder do Governo no Congresso Nacional, assumiu a Secretaria-Geral da<br />

Presidência da República; o dinâmico Senador Ney Suassuna, o Ministério da<br />

Integração Nacional e o Ministro Aloysio Nunes Ferreira, o Ministério da Justiça.<br />

Sr. Presidente, esses três políticos são brasileiros prepara<strong>dos</strong>.<br />

Arthur Virgílio, grande Líder nesta Casa, acessível a to<strong>dos</strong> os Deputa<strong>dos</strong> e<br />

Senadores, encaminhou importantes e necessárias votações para o Brasil,<br />

agregando a base aliada com a Oposição. A <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> perde um<br />

grande Líder, mas o Brasil ganha um Secretário-Geral bem preparado para melhorar<br />

cada vez mais as relações do Poder Executivo com o Congresso Nacional e a<br />

sociedade brasileira.<br />

O Ministro José Gregori foi brilhante. Em sua sabedoria e experiência, fez um<br />

extraordinário trabalho. Lutou pela igualdade racial, estimulou to<strong>dos</strong> os movimentos<br />

sociais brasileiros, em especial o de defesa <strong>dos</strong> direitos da mulher, e conseguiu<br />

melhorar e ordenar mais nossa Polícia Federal. Foi, enfim, um grande interlocutor da<br />

sociedade brasileira dentro do Poder Executivo.<br />

Os Ministros que saíram — José Gregori e Aloysio Nunes Ferreira —<br />

melhoraram as relações do Congresso com o Palácio do Planalto na Secretaria-<br />

Geral. E, agora, o Ministro Aloysio será um grande Ministro da Justiça, por toda<br />

história que escreveu ao longo da sua vida política.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O Ministro Eliseu Padilha foi quem permaneceu no Ministério <strong>dos</strong> Transportes<br />

pelo maior tempo, isto é, por mais de 50 meses. Ministro gaúcho, inteligente,<br />

preparado, pragmático, fez também ótima interlocução com o Congresso Nacional,<br />

recebendo Deputa<strong>dos</strong> da base aliada e da Oposição. Marcou seu trabalho como<br />

Ministro <strong>dos</strong> Transportes viajando por todo o Brasil: remodelou os portos brasileiros;<br />

lutou e buscou recursos externos para duplicar a BR-101, importante para o sul do<br />

País — Curitiba, Florianópolis, Torres, Porto Alegre — e para o desenvolvimento de<br />

todo o transporte brasileiro.<br />

Com certeza, o Ministro Eliseu Padilha marcou sua passagem pelo Ministério<br />

<strong>dos</strong> Transportes. O Brasil fica devendo a S.Exa. pelo trabalho que lá realizou. Hoje,<br />

ao dar posse aos novos Ministros, o Presidente da República ressaltou a<br />

competência e a lealdade do Ministro. Parabéns, Ministro Eliseu Padilha.<br />

O Ministro Ney Suassuna é paraibano, homem sensível e faz parte do meu<br />

partido. Com certeza, também fará um ótimo trabalho no Ministério da Integração<br />

Nacional.<br />

Para encerrar, Sr. Presidente, gostaria de fazer uma observação. O Bolsa-<br />

Escola é um programa que beneficia quase 11 milhões de crianças brasileiras, de 7<br />

a 14 anos, e 5 milhões e 700 mil famílias, aumentando a autoconfiança e a auto-<br />

estima da criança e do jovem, que, assim, permanecem na escola. Além disso, traz<br />

segurança e confiança à mãe que administra os recursos recebi<strong>dos</strong>. Há, sim,<br />

Conselhos Municipais organiza<strong>dos</strong>, e é importante que este Parlamento estimule a<br />

fiscalização.<br />

Faço aqui um pedido muito especial a Prefeitos de duas Capitais brasileiras<br />

que precisam implementar o Programa Bolsa-Escola, mas não o fizeram. Refiro-me<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

a ex-Deputada Federal e atual Prefeita do Estado de São Paulo, Marta Suplicy, e ao<br />

Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.<br />

Na cidade de São Paulo, 258 mil crianças não estão recebendo o auxílio do<br />

Bolsa-Escola. Estão sendo injustiçadas, prejudicadas, mas a Prefeita Marta Suplicy<br />

não conseguiu implementar o Progama Bolsa-Escola, talvez porque tenha ocorrido<br />

dificuldades de ordem técnica. Não passa pela minha cabeça que S.Exa. não queira<br />

esse programa. Inclusive, li ontem em jornal de São Paulo que a Prefeitura está<br />

diminuindo os recursos para a área de educação. Isso é muito triste, se for verdade.<br />

Em Porto Alegre, mais de 30 mil crianças não estão recebendo o Bolsa-<br />

Escola. Há crianças que precisam e querem ser acariciadas, estimadas. Elas<br />

precisam de ir à escola, precisam de roupa, de material escolar, de sapato e<br />

alimentação<br />

Indago se isso ocorre pelo fato de o programa ser do Governo Federal ou<br />

será por incompetência? Não acredito que seja por má vontade.<br />

Milhares de crianças de 7 a 14 anos, nessas duas Capitais administradas<br />

pelo Partido <strong>dos</strong> Trabalhadores, estão sendo, repito, prejudicadas e injustiçadas.<br />

Prefeita Marta Suplicy e Prefeito Tarso Genro, do Partido <strong>dos</strong> Trabalhadores,<br />

implantem com urgência o Programa Bolsa-Escola! Não prejudiquem essas<br />

crianças!<br />

Muito obrigado.<br />

Assumem sucessivamente a Presidência os Srs.<br />

Wellington Dia, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, e<br />

Efraim Morais, 1º Vice-Presidente.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais) - Antes de dar prosseguimento à<br />

sessão, esta Mesa dá conhecimento ao Plenário <strong>dos</strong> seguintes<br />

Ato da Presidência<br />

Nos termos do § 2º do art. 202 do Regimento<br />

Interno, esta Presidência decide constituir Comissão<br />

Especial destinada a, no prazo de 40 (quarenta) sessões,<br />

proferir parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº<br />

550-A, de 1997, do Sr. Deputado Antonio Feijão e outros,<br />

que “dá nova redação ao art. 40 do Ato das Disposições<br />

Constitucionais Transitórias, altera o prazo de vigência da<br />

Zona Franca de Manaus e dá outras providências”, e<br />

Resolve<br />

I - designar para compô-la, na forma indicada pelas<br />

Lideranças, os Deputa<strong>dos</strong> constantes da relação anexa;<br />

II - convocar os membros ora designa<strong>dos</strong> para a<br />

reunião de instalação e eleição, a realizar-se no dia 22 de<br />

novembro de 2001, às 11h, no Plenário nº 9, Anexo II.<br />

Brasília, 14 de novembro de 2001<br />

Efraim Morais<br />

Presidente em exercício<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

COMISSÃO ESPECIAL<br />

PROPOSIÇÃO: PEC 550/97<br />

Bloco PSDB/PTB<br />

Titulares: Affonso Camargo, Antonio Feijão , Arthur Virgílio, Haroldo Bezerra, Josué<br />

Bengtson, Julio Semeghini, Silas <strong>Câmara</strong>, Vicente Arruda.<br />

Suplentes: Léo Alcântara, Odílio Balbinotti, Pedro Canedo, Sérgio Carvalho, 4<br />

(quatro) vagas.<br />

Bloco PFL/PST<br />

Titulares: Átila Lins, Euler Ribeiro, Francisco Garcia, Francisco Rodrigues,<br />

Pauderney Avelino, Vic Pires Franco.<br />

Suplentes: Deusdeth Pantoja, Ildefonço Cordeiro (PSDB), Kátia Abreu, Luis<br />

Barbosa, Mauro Fecury, Sérgio Barcellos.<br />

PMDB<br />

Titulares: Asdrubal Bentes, Confúcio Moura, Elcione Barbalho, Igor Avelino, Jurandil<br />

Juarez, Marinha Raupp.<br />

Suplentes: 6 (seis) vagas.<br />

PT<br />

Titulares: Luciano Zica, Marcos Afonso, Nilson Mourão.<br />

Suplentes: Orlando Fantazzini, 2 (duas) vagas.<br />

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PPB<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Titulares: Dr. Benedito Dias, João Tota, Luiz Fernando.<br />

Suplentes: Almir Sá, Jair Bolsonaro, 1 (uma) vaga.<br />

Bloco PSB/PCdoB<br />

Titulares: Agnelo Queiroz, Vanessa Grazziotin.<br />

Suplentes: 2 (duas) vagas.<br />

Bloco PDT/PPS<br />

Titulares: Airton Cascavel, Eurípedes Miranda.<br />

Suplentes: Giovanni Queiroz, 1 (uma) vaga.<br />

Bloco PL/PSL<br />

Titular: Raimundo Santos.<br />

Suplente: Robério Araújo.<br />

PHS<br />

Titular: Roberto Argenta.<br />

Suplente: Luiz Carlos Hauly (PSDB).<br />

859


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Ato da Presidência<br />

Nos termos do art. 34, inciso II, do Regimento<br />

Interno, esta Presidência decide constituir Comissão<br />

Especial, destinada a apreciar e proferir parecer ao<br />

Projeto de Lei nº 4.828, de 1998, do Poder Executivo, que<br />

“dispõe sobre a produção, o comércio e a fiscalização de<br />

sementes e dá outras providências”, e<br />

Resolve<br />

I - designar para compô-la, na forma indicada pelas<br />

Lideranças, os Deputa<strong>dos</strong> constantes da relação anexa;<br />

II - convocar os membros ora designa<strong>dos</strong> para a<br />

reunião de instalação e eleição a realizar-se dia 22 de<br />

novembro de 2001, quinta-feira, às 10h, no Plenário nº 16,<br />

Anexo II.<br />

Brasília, 14 de novembro de 2001.<br />

Efraim Morais<br />

Presidente em exercício<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

COMISSÃO ESPECIAL<br />

PROPOSIÇÃO: PL 4.828/98<br />

Bloco PSDB/PTB<br />

Titulares: Carlos Batata, Carlos Dunga, José Carlos Elias, Luiz Carlos Hauly, Odílio<br />

Balbinotti, Paulo Mourão, Saulo Pedrosa, Xico Graziano.<br />

Suplentes: Antônio Jorge, Carlos Mosconi, Jovair Arantes, Nelson Marquezelli, Nilo<br />

Coelho, Sérgio Barros, 2 (duas) vagas.<br />

PFL<br />

Titulares: Abelardo Lupion, Cleuber Carneiro, Kátia Abreu, Marcondes Gadelha,<br />

Milton Barbosa, Roberto Pessoa, Ronaldo Caiado.<br />

Suplentes: Costa Ferreira, Gervásio Silva, Joaquim Francisco, Lael Varella, Paulo<br />

Braga, Pedro Fernandes, Reginaldo Germano.<br />

Bloco PMDB/PST/PTN<br />

Titulares: Alberto Fraga, Igor Avelino, Moacir Micheletto, Osvaldo Reis, Silas<br />

Brasileiro, Waldemir Moka.<br />

Suplentes: Confúcio Moura, Edison Andrino, Marcelo Castro, 3 (três) vagas.<br />

PT<br />

Titulares: Adão Pretto, Luiz Sérgio, Nilson Mourão, Padre Roque.<br />

Suplentes: 4 (quatro) vagas.<br />

PPB<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Titulares: Dilceu Sperafico, Hugo Biehl, Salomão Cruz (PFL).<br />

Suplentes: Nelson Meurer, 2 (duas vagas).<br />

Bloco PSB/PCdoB<br />

Titulares: Alcione Athayde, José Antonio Almeida.<br />

Suplentes: 2 (duas) vagas.<br />

Bloco PDT/PPS<br />

Titulares: Alceu Collares.<br />

Suplente: 1 (uma) vaga.<br />

Bloco PL/PSL<br />

Titular: Paulo José Gouvêa.<br />

Suplente: Eujácio Simões.<br />

PHS<br />

Titular: Luis Carlos Heinze (PPB).<br />

Suplente: 1 (uma) vaga.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais) - Concedo a palavra ao nobre Deputado<br />

Átila Lins, pelo Bloco Parlamentar PFL/PST.<br />

O SR. ÁTILA LINS (Bloco/PFL-AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, sem dúvida, hoje é um dia especial para o Estado do<br />

Amazonas. Pela manhã, tive a satisfação de assistir, no Palácio do Planalto, à posse<br />

do nosso colega, amigo e conterrâneo Arthur Virgílio no cargo de Ministro-Chefe da<br />

Secretaria-Geral da Presidência da República. S.Exa. se afasta do Parlamento e da<br />

Liderança do Governo no Congresso Nacional para assumir posto no primeiro<br />

escalão do Poder Executivo.<br />

O sistema político no Brasil é atualmente uma espécie de presidencialismo<br />

híbrido, já que o Presidente da República e o Congresso Nacional detêm numerosas<br />

atribuições estabelecidas pela Constituição Federal.<br />

O cargo agora ocupado por Arthur Virgílio é importantíssimo. S.Exa. exercerá<br />

a função de uma espécie de Ministro que realiza a coordenação política do Governo,<br />

do relacionamento com o Congresso Nacional e a interlocução com os Esta<strong>dos</strong>, o<br />

Distrito Federal e os Municípios. Evidentemente, fará isso com a orientação precisa,<br />

segura e firme do Presidente Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o.<br />

Sr. Presidente, todo o Brasil sabe das qualidades do Deputado Arthur Virgílio,<br />

homem de muita garra, corajoso, determinado e inteligente, que defende com<br />

transigência suas idéias e princípios.<br />

O Parlamento e a sociedade brasileira acostumaram-se a ver a maneira como<br />

age o Deputado Arthur Virgílio.<br />

Nós amazonenses temos a maior satisfação e orgulho de vê-lo nesse cargo.<br />

S.Exa. colocará toda sua inteligência e competência a serviço do País, do<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Amazonas e da região amazônica. To<strong>dos</strong> daquela região estamos esperançosos,<br />

convenci<strong>dos</strong> de que o que for possível o Ministro Arthur Virgílio fará para diminuir as<br />

demandas, que no Amazonas são intensas e extensas. S.Exa. haverá de ajudar-nos<br />

a minimizar as dificuldades do Estado.<br />

Outro fato me faz dizer que este dia é memorável para o Estado do<br />

Amazonas: a leitura que acabamos de ouvir do eminente Presidente Efraim Morais.<br />

Refiro-me ao ato da Presidência que oficializou a criação da Comissão Especial<br />

destinada a proferir parecer à emenda constitucional que prorroga os incentivos<br />

fiscais à Zona Franca de Manaus. Tal assunto é realmente da maior relevância para<br />

nosso Estado, para a Amazônia ocidental e para o Estado do Amapá.<br />

Repito que prorrogar os incentivos da Zona Franca de Manaus é tema da<br />

maior importância, pois esse ainda é um instrumento extremamente necessário ao<br />

desenvolvimento do Amazonas e de toda aquela região. Há de se fazer esse amplo<br />

debate com todas as correntes e setores da vida nacional, para que, ao término <strong>dos</strong><br />

trabalhos da referida Comissão Especial, seja aprovada a proposta de emenda à<br />

Constituição.<br />

A proposta é de autoria do eminente Deputado Antonio Feijão, e a ela se<br />

encontram anexadas emendas da lavra deste orador e de outros companheiros do<br />

Amazonas. Nessa proposta de emenda constitucional há dizeres distintos. Por<br />

exemplo, a minha emenda propõe que a Zona Franca de Manaus tenha seus<br />

incentivos fiscais prorroga<strong>dos</strong> por mais quinze anos; outros companheiros propõem<br />

que esse tempo seja de treze anos e, outros ainda, que seja de dezoito anos. Enfim,<br />

será redigido substitutivo para ser trazido à apreciação do Plenário.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

A constituição dessa Comissão que discutirá assunto relacionado à Zona<br />

Franca de Manaus é da maior relevância para o Estado do Amazonas. A proposta<br />

de emenda está tramitando há quase quatro anos na Comissão de Constituição e<br />

Justiça e de Redação, e só foi aprovada no mês de maio. Depois de aprovada, o<br />

Presidente Aécio Neves solicitou aos Líderes que encaminhassem à Mesa da<br />

<strong>Câmara</strong> os nomes <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> que comporiam a Comissão Especial, hoje<br />

finalmente constituída.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Amazonas se engrandece com a<br />

posse do Ministro Arthur Virgílio e com a instalação, no próximo dia 22, dessa<br />

Comissão Especial. O desejo é de que esse debate tenha participação de to<strong>dos</strong> os<br />

segmentos de to<strong>dos</strong> os rincões deste País e envolva não só habitantes da região<br />

amazônica, que haverão de defender a prorrogação de incentivos fiscais, mas<br />

também pessoas gabaritadas de outros Esta<strong>dos</strong>, que poderão contribuir até mesmo<br />

com críticas. Desse modo, poderemos trazer ao Plenário proposta enxuta.<br />

Tenho certeza de que a Casa aprovará essa emenda extremamente<br />

necessária para a integração da Amazônia no contexto nacional, o que impedirá a<br />

grande cobiça internacional. A Zona Franca ainda é instrumento de desenvolvimento<br />

bastante valioso para aquele Estado.<br />

Sr. Presidente, por fim, registro a posse do Deputado Dr. Gomes, que era<br />

Vereador da <strong>Câmara</strong> Municipal de Manaus, colega de partido, o PFL, que assume o<br />

mandato na vaga decorrente do afastamento do ilustre Deputado Arthur Virgílio.<br />

Tenho certeza de que o Deputado Dr. Gomes muito haverá de contribuir não só para<br />

os debates que dizem respeito ao País, mas também ao Estado do Amazonas. Por<br />

isso, reafirmo meus votos de boas-vindas a S.Exa. Estou convicto de que, como<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

integrante do nosso partido, Dr. Gomes haverá, junto com os Deputa<strong>dos</strong> da bancada<br />

amazonense, de formar grande trincheira para continuarmos defendendo com<br />

intransigência os interesses do Amazonas e do seu povo.<br />

O Sr. Efraim Morais, 1º Vice-Presidente, deixa a<br />

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Wellington<br />

Dias, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Wellington Dias) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Nelson Marchezan para uma Comunicação de Liderança, pelo PSDB.<br />

O SR. NELSON MARCHEZAN (PSDB-RS. Como Líder. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, desloquei-me ao plenário para<br />

fazer pequeno reparo, um adendo ao pronunciamento do nobre Deputado Fernando<br />

Ferro, não com a mesma veemência e com o intuito de S.Exa., mas para felicitá-lo<br />

pela denúncia que trouxe. Se verdadeira, diz respeito à distorção que teria ocorrido<br />

num Município, cujo nome não me lembro, a propósito de pessoa que, filiada aos<br />

Programas Renda Minha e Bolsa-Escola, pela regra não teria direito de fazê-lo.<br />

Sugiro a S.Exa. a criação de um conselho para averiguar, em cada Município,<br />

a validade ou não <strong>dos</strong> registros e sua adequação ao projeto e à lei. A lei estabelece<br />

que toda família com renda até 90 reais per capita tem direito, se tiver filhos na<br />

escola, de participar do Bolsa-Escola, e, caso tenha filhos menores de 6 anos, do<br />

Bolsa-Alimentação, dois programas desdobra<strong>dos</strong> na Lei nº 9.533.<br />

S.Exa. fez bem em oferecer denúncia. To<strong>dos</strong> temos a obrigação de<br />

denunciar, para que esses programas sejam bem aplica<strong>dos</strong>, embora a norma geral<br />

mostre que estão sendo corretamente implementa<strong>dos</strong>.<br />

A Lei nº 10.219, em seu art. 8º, estabelece que o conselho terá em sua<br />

composição, no mínimo, 50% de membros não vincula<strong>dos</strong> à administração<br />

municipal. Portanto, têm de ser pessoas preeminentes da sociedade, de<br />

associações de pais e mestres, sindicatos, entidades sociais, associativas, se<br />

possível ligadas à área social, à educação. As finalidades desse conselho são<br />

acompanhar e avaliar a execução do programa de que trata o art. 2º; aprovar a<br />

relação das famílias cadastradas pelo Poder Executivo Municipal para percepção<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

<strong>dos</strong> benefícios desse programa; estimular a participação comunitária no controle da<br />

execução do programa no âmbito municipal; elaborar, aprovar e modificar o seu<br />

regimento interno e exercer outras atividades estabelecidas em normas<br />

complementares.<br />

O Ministério da Educação e a Caixa Econômica Federal, para efetuarem a<br />

inscrição, têm de receber ata do conselho em que é aprovada. São 6 milhões de<br />

famílias, 11 milhões de crianças, e seria impossível manter o registro de Brasília.<br />

Há dois dias esteve em meu gabinete Prefeito de um Município do Rio<br />

Grande do Sul. Tomou conhecimento da lista e constatou que duas famílias inscritas<br />

no programa não mereciam estar ali. Telefonou para a Caixa Econômica e<br />

suspendeu o programa por um mês. Imediatamente, membro de uma das famílias<br />

procurou o Prefeito para dizer que estava sendo privilegiada e pedir a retirada de<br />

seu nome do programa. O Prefeito retirou o nome da outra família.<br />

Espera-se, no caso de o conselho eventualmente cometer equívoco, que o<br />

Prefeito corrija a situação. Deseja-se que o programa seja executado com clareza,<br />

transparência e fidelidade em to<strong>dos</strong> os Municípios brasileiros.<br />

O programa veio beneficiar famílias humildes e mais pobres. Tem o objetivo<br />

de acabar, em parte, com a pobreza absoluta e, sobretudo, com a fome das<br />

crianças.<br />

Há alguns dias, tomei conhecimento, no Rio Grande do Sul, de que uma<br />

criança do curso de alfabetização desmaiou na escola. A comunidade se mobilizou.<br />

Liguei para a diretora da escola, que cadastrou três filhos dessa família no<br />

programa. Se Deus quiser, nenhuma criança dessa família vai desmaiar por falta de<br />

alimentação.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O Deputado Fernando Ferro faz muito bem em denunciar. Temos de ficar<br />

atentos às irregularidades do programa.<br />

A quantia de 15 reais por filho, que totaliza 45 reais, haja vista que cada<br />

família pode receber, no máximo, por três filhos, se somada ao que pode receber<br />

com o Programa Bolsa-Alimentação, não é tão pouco assim. A propósito, pessoas<br />

que não têm direito aos benefícios estão tentando obtê-los. Se o valor da ajuda<br />

fosse maior, seguramente irregularidades ocorreriam em maior quantidade.<br />

Por outro lado, devemos, futuramente, aumentar o valor do benefício. Há<br />

famílias para as quais 15 reais não são suficientes.<br />

Os conselhos e Prefeitos estão obriga<strong>dos</strong> a manter as fichas de inscrição por<br />

dez anos, de forma que jamais se poderá alegar extravio de documento. A qualquer<br />

momento pode-se comprovar a exatidão da inscrição. E se deseja que o Programa<br />

seja fiel. Por isso estão chamando 5 mil e 500 conselhos do País a contribuir.<br />

Também gostaria de estimular o Deputado Fernando Ferro no sentido de<br />

cobrar a inscrição de alguns Municípios no Programa, uma vez que hoje termina o<br />

prazo. Os Municípios que até hoje não se inscreveram só poderão fazê-lo em março<br />

do ano que vem. Muitas famílias vão deixar de receber o benefício durante oito<br />

meses: agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março.<br />

No total, vão deixar de receber 120 reais por criança. Algumas famílias com três<br />

crianças vão deixar de receber 360 reais, por culpa da omissão de alguns Prefeitos<br />

que não deram importância a isso.<br />

Ora, Sr. Presidente, 120 reais são suficientes para comprar bons lanches,<br />

algumas roupas e até fazer algumas melhorias importantes em casa. Seguramente,<br />

para quem tem três filhos, 360 reais seria um bom salário.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Há Prefeitos que esta noite vão assumir esse débito perante sua comunidade.<br />

No meu Estado mandei fax, telegrama, fonograma para to<strong>dos</strong> os Prefeitos, porque<br />

não queria que perdessem o prazo. Espero que esta noite esses Municípios estejam<br />

inscritos, para que não prejudiquem suas populações durante esses oito meses.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ocupo esta tribuna também para<br />

registrar o falecimento, no dia 24 de outubro último, aos 72 anos, de um <strong>dos</strong><br />

principais e mais tradicionais leiloeiros rurais do Rio Grande do Sul, o gaúcho Fausto<br />

Centeno Crespo. Internado havia trinta dias no Hospital da PUCRS, o leiloeiro não<br />

resistiu a um câncer no esôfago.<br />

Natural de Pelotas, agropecuarista com propriedade em Camaquã, Fausto<br />

Crespo teve marcante atuação, entre as décadas de 60 e 90, nas pistas de remates<br />

do Estado. Nesse período, formou, ao lado de Trajano Silva e Jarbas Knorr, o “trio<br />

de ferro <strong>dos</strong> remates de gado”. Além de comandarem seus escritórios, gritavam e<br />

batiam o martelo no encerramento de cada lance.<br />

Crespo atuou mais de 35 anos no mercado de compra e venda de gado. Foi<br />

pioneiro, também, na realização de videoleilões no Rio Grande do Sul. Ele fez<br />

história e deixou o legado para dois de seus seis filhos, Alexandre e Fábio Crespo,<br />

que também são leiloeiros.<br />

Por essas razões, Sr. Presidente, expresso desta tribuna votos de pesar à<br />

esposa, Leda, aos filhos, Fábio, Alexandre, Ricardo, Mauro, Roberto e Eliane, e aos<br />

demais familiares e amigos, pela perda de Fausto Centeno Crespo, rogando a Deus<br />

que o receba no convívio <strong>dos</strong> eleitos.<br />

Para concluir, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição nos Anais da<br />

Casa de artigo do jornalista Clóvis Rossi a respeito da luta desenvolvida em Doha,<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

no Qatar, pelos Ministros José Serra, da Saúde; Pratini de Moraes, da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento; Celso Lafer, das Relações Exteriores, e Sérgio Amaral,<br />

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.<br />

Esses Ministros estão em reunião de um organismo internacional tentando<br />

abrir as portas <strong>dos</strong> países desenvolvi<strong>dos</strong>, a fim de que sejam criadas novas<br />

condições de relações comerciais. Eu, que requeri a criação da CPI <strong>dos</strong><br />

Medicamentos e a presidi, sinto-me gratificado pela notícia de que as teses<br />

brasileiras na área da saúde têm sido ali acatadas, diante <strong>dos</strong> interesses comerciais<br />

de laboratórios.<br />

alcança<strong>dos</strong>.<br />

Felicito as delegações brasileiras em to<strong>dos</strong> esses eventos pelos resulta<strong>dos</strong><br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Wellington Dias) - A Presidência congratula-se com<br />

V.Exa., Deputado Nelson Marchezan, pois sabe do seu trabalho referente aos<br />

Programas Bolsa-Escola e Bolsa-Renda. Com certeza, V.Exa. contará com meu<br />

apoio para o aumento desse teto.<br />

Também é um orgulho para to<strong>dos</strong> os brasileiros essa importante vitória do<br />

Brasil na área da saúde. A sensibilidade para os problemas do ser humano vence o<br />

economicismo, que, lamentavelmente, golpeia as necessidades da pessoa humana.<br />

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

ARTIGO CITADO PELO DEPUTADO<br />

NELSON MARCHEZAN<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. JOÃO MENDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Wellington Dias) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOÃO MENDES (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o maior <strong>dos</strong> milagres nesta terra de Cabral é<br />

o fato de que, mesmo decorrido meio milênio de sua descoberta, as pessoas não se<br />

acostumam com o absurdo. Isso porque até parece que esta é a terra <strong>dos</strong> absur<strong>dos</strong>,<br />

tantos são os que aqui se perpetram.<br />

Acontece que, absurdo por absurdo, chegou-se recentemente ao paroxismo<br />

desses, qual seja a recente proposta do Poder Executivo com respeito à correção da<br />

tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.<br />

Para principiar, tenha-se em mente a cristalina evidência de que todas as<br />

tabelas assemelhadas de to<strong>dos</strong> os tributos brasileiros, e, pela lógica, de outros<br />

países também, deveriam ser corrigidas segundo a desvalorização da moeda. E<br />

essa correção deveria ser garantia constitucional de todo contribuinte tributário.<br />

A não ser assim, o que o Poder Executivo faz é garantir para si uma receita<br />

tributária a preços constantes, isto é, uma receita que está acima da inflação. Desse<br />

modo, ao contrário de to<strong>dos</strong> nós, há vários anos que a União paira, soberana e<br />

despreocupada, acima do comum <strong>dos</strong> mortais — leia-se: os pagadores da festa —,<br />

uma vez que sua receita jamais é corroída pela desvalorização da moeda.<br />

O problema é que, na ciência econômica, se uns ganham, outros perdem. É<br />

uma verdade aritmética. No caso, o Governo locupleta-se desassombradamente de<br />

um aumento verdadeiro de impostos, que nem mesmo mais disfarçado é, aumento<br />

que recai nos ombros <strong>dos</strong> pobres. Afinal, neste País, afora meia dúzia de<br />

milionários, sabe-se que toda pessoa física rigorosamente pobre é.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O ponto-chave da questão, que hoje em dia não engana mais ninguém, é que<br />

uma coisa é a lei, na sua mórbida frieza, cujo papel tudo aceita, outra, muito<br />

diferente, é o reflexo econômico da legislação. Reflexo aqui genuinamente perverso.<br />

Para dizer o mínimo.<br />

Pior ainda do que isso, se é que se pode imaginar algo pior, é a<br />

engenhosidade <strong>dos</strong> economistas governamentais, cujas soluções para as mazelas<br />

de caixa do Estado são por demais conhecidas. Em resumo, propõe-se o de<br />

sempre: dar esmolas com o dinheiro alheio. Especificamente, os “ricos”, na opinião<br />

<strong>dos</strong> “econocratas”, passariam a pagar a correção da tabela pelos pobres. Mas<br />

“ricos”, repita-se, só mesmo na opinião governamental, visto que em verdade to<strong>dos</strong><br />

pobres são. Menos pobres, sim, não vão além disso, na medida em que certamente<br />

muito longe da classe média estão. Em contrapartida, continua o Estado<br />

desabridamente a gastar.<br />

A situação chega ao impudor da propositura de uma alíquota compensatória<br />

de 35%, repita-se, 35%, para quem ganha mais do que 7.500 reais mensais.<br />

Quando se sabe que a alíquota vigente no caso é de 27,5%, conclui-se que o<br />

aumento, de 27,5% para 35%, é justamente 27,5%. Ou seja, não satisfeitos com<br />

27,5%, os burocratas do economês propõem aumento de mais 27,5%! É o Robin<br />

Hood às avessas: o pobre é que é obrigado a dar aos pobres, em disseminação da<br />

pobreza, sem tirar nem pôr.<br />

Ante tal despautério, vimos, de púlpito, declarar nosso total apoio à correção<br />

plena da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física — tão-só —, junto à nossa<br />

total aversão à criação de novas alíquotas do tributo.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

Por não mais se agüentarem volúpias arrecadatórias governamentais. Chega<br />

de “mordidas do Leão”.<br />

Até porque nem imposto de renda do assalariado deveria haver. Que o<br />

Estado refreie sua volúpia perdulária ou encontre novas fontes de custeio, em<br />

segmentos do universo de contribuintes que não o do trabalhador.<br />

No Brasil, sem dúvida, a absoluta totalidade deles é pobre. Pobre e sofredora.<br />

Portanto, não merece isso.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a Comissão de Finanças e Tributação<br />

da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> decidiu corretamente quando por lá passou o projeto<br />

para a correção da tabela do Imposto de Renda. Houve insistência da Comissão de<br />

Constituição e Justiça e das demais Comissões desta Casa para se fazer justiça à<br />

grande massa de assalaria<strong>dos</strong> brasileiros a serem beneficia<strong>dos</strong> com a correção <strong>dos</strong><br />

tetos de isenção.<br />

É dever da nossa Casa para com a sociedade fazer justiça, a fim de que as<br />

imposições do Estado sejam menores sobre os salários, que vêm sendo corroí<strong>dos</strong><br />

ao longo desses anos pela inflação.<br />

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. seja este pronunciamento divulgado pelos<br />

meios de comunicação da Casa e pelo programa A Voz do Brasil.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

O SR. PRESIDENTE (Wellington Dias) - Esta Presidência registra a presença<br />

de estudantes nas galerias, aos quais lembra que, como houve sessão com votação<br />

hoje pela manhã, o plenário está, neste momento, vazio.<br />

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Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: <strong>Ordinária</strong> - CD<br />

Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

VIII - ENCERRAMENTO<br />

O SR. PRESIDENTE (Wellington Dias) - Nada mais havendo a tratar, vou<br />

encerrar a sessão, antes convocando para sexta-feira, dia 16 de novembro, às 9<br />

horas, sessão ordinária da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

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Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha<br />

(Encerra-se a sessão às 16 horas e 55 minutos.)<br />

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