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Relatório de Estágio Mestrado Integrado em Medicina PUNÇÃO ...

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<strong>Relatório</strong> <strong>de</strong> <strong>Estágio</strong><br />

<strong>Mestrado</strong> <strong>Integrado</strong> <strong>em</strong> <strong>Medicina</strong><br />

<strong>PUNÇÃO</strong> ASPIRATIVA POR AGULHA FINA E A SUA<br />

IMPORTÂNCIA DIAGNÓSTICA NAS LESÕES DA TIRÓIDE<br />

Orientador<br />

Willian Rebouças Schmitt<br />

Prof. Doutor Carlos Alberto da Silva Lopes<br />

Porto 2011


RESUMO<br />

A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é utilizada como exame<br />

compl<strong>em</strong>entar inicial na avaliação das lesões da tirói<strong>de</strong>, tendo gran<strong>de</strong> aceitação por se<br />

tratar <strong>de</strong> um método minimamente invasivo, <strong>de</strong> fácil execução e excelente relação<br />

custo-benefício. Apesar da PAAF ser uma técnica <strong>de</strong> simples execução, o sucesso do<br />

método <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da experiência do patologista e da habilida<strong>de</strong> técnica na obtenção <strong>de</strong><br />

amostras a<strong>de</strong>quadas. Como tal, propus-me a realizar um estágio no Instituto <strong>de</strong><br />

Patologia e Imunologia Molecular da Universida<strong>de</strong> do Porto (IPATIMUP), laboratório<br />

certificado e acreditado na realização <strong>de</strong>sta técnica, on<strong>de</strong> acompanhei um cito-<br />

patologista tanto na realização <strong>de</strong> punções aspirativas <strong>de</strong> lesões da tirói<strong>de</strong>, como na<br />

preparação e coloração das lâminas do material puncionado, na observação<br />

microscópica das mesmas, e no estabelecimento dos diagnósticos citopatológicos.<br />

Os objectivos <strong>de</strong>ste estudo foram o <strong>de</strong> conhecer e avaliar o benefício da PAAF<br />

como método compl<strong>em</strong>entar <strong>de</strong> diagnóstico, listar os diagnósticos citológicos e<br />

comparar estes dados com os existentes na literatura. O estágio foi realizado no<br />

período <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010 a Fevereiro <strong>de</strong> 2011.<br />

Foram avaliados 417 doentes com patologia nodular da tirói<strong>de</strong>. As mulheres<br />

correspon<strong>de</strong>ram a 89% da população estudada. A mediana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> da população foi<br />

<strong>de</strong> 53 anos com variação <strong>de</strong> 17 a 87 anos. Em 95% dos casos foi possível estabelecer<br />

o diagnóstico citológico, sendo benignos <strong>em</strong> 90%, in<strong>de</strong>terminados <strong>em</strong> 4% e malignos<br />

<strong>em</strong> apenas 1% dos casos. O diagnóstico <strong>de</strong> nódulo colói<strong>de</strong> foi o mais frequente,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo a 331 (79,3%) das PAAF.<br />

Os resultados <strong>de</strong>sta análise, conjuntamente com a revisão bibliográfica<br />

efectuada, confirmam que a PAAF t<strong>em</strong> um papel fundamental na abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um<br />

doente com patologia nodular da tirói<strong>de</strong>. Além disto, trata-se <strong>de</strong> um método com<br />

poucas complicações associadas, não tendo sido registada nenhuma para além do<br />

ligeiro <strong>de</strong>sconforto no local <strong>de</strong> punção <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados doentes. A sua introdução na<br />

abordag<strong>em</strong> dos doentes com nódulos na tirói<strong>de</strong> t<strong>em</strong> um impacto significativo,<br />

essencialmente no que se refere à diminuição do número <strong>de</strong> intervenções cirúrgicas<br />

para diferenciar entre nódulos benignos e malignos.<br />

2


ABSTRACT<br />

The fine needle aspiration cytology (FNAC) technique is used as an initial<br />

compl<strong>em</strong>entary exam in the evaluation of the thyroid lesions, it has also a wi<strong>de</strong><br />

acceptance because it is a minimally invasive method, easily performed and cost-<br />

effective. Although FNAC is a simple technique to perform, the success of the method<br />

<strong>de</strong>pends on the experience of the pathologist and the technical ability to obtain<br />

a<strong>de</strong>quate samples. As such, I have applied to an internship at the Institute of Molecular<br />

Pathology and Immunology of Oporto University (IPATIMUP) certified laboratory and<br />

accredited in the practice of this technique, where I followed a cytopathologist<br />

performing fine needle aspiration of thyroid, in the preparation and staining of sli<strong>de</strong>s,<br />

the microscopic observation of th<strong>em</strong> and establishment of cytopathology diagnoses.<br />

The goals of this study were to un<strong>de</strong>rstand and evaluate the benefit of FNAC as<br />

a compl<strong>em</strong>entary method of diagnosis, list the cytological diagnoses and to compare<br />

these data with existing literature. The internship was conducted from October 2010 to<br />

February 2011.<br />

It were evaluated a total of 417 patients with nodular thyroid disease. Women<br />

accounted for 89% of the population. The median age of the population was 53 years<br />

ranging from 17 to 87 years. In 95% of cases it was possible to establish the cytological<br />

diagnosis as benign in 90%, in<strong>de</strong>terminate in 4% and malignant in only 1% of cases.<br />

The diagnosis of colloid nodule was the most frequent, accounting for 331 (79.3%) of<br />

cases.<br />

The result of this analysis, together with the literature review carried out<br />

confirms that the FNAC has a fundamental role in the approach of a patient with<br />

nodular thyroid disease. Moreover, it is a method with few complications associated<br />

without having been recor<strong>de</strong>d any, besi<strong>de</strong>s slight discomfort at the puncture site in<br />

certain patients. Its introduction in the approach of the patients with thyroid nodules had<br />

a significant impact, mainly as regards the reduction in the number of surgical<br />

procedures to differentiate between benign and malignant nodules.<br />

3


AGRADECIMENTOS<br />

As minhas palavras <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento vão para todos aqueles que<br />

contribuíram directa ou indirectamente para a elaboração da tese <strong>de</strong> <strong>Mestrado</strong>.<br />

Ao Prof. Doutor Carlos Lopes, pelo incentivo, apoio e orientação prestados.<br />

Ao Prof. Doutor Fernando Schmitt, pelo ex<strong>em</strong>plo e motivação, disponibilida<strong>de</strong> e<br />

orientação no aprendizado da técnica <strong>de</strong> punção aspirativa por agulha fina e apoio<br />

prestado ao longo <strong>de</strong> todo o estágio.<br />

Ao Doutor Renê Gerhard pela sua colaboração durante o estágio e auxílio na<br />

obtenção do material fotográfico.<br />

disponíveis.<br />

A todos os colaboradores do IPATIMUP, que se mostraram s<strong>em</strong>pre<br />

Por fim, mas não menos importante, aos meus pais Fernando e Denise e ao<br />

meu irmão Felipe por toda paciência, ajuda e apoio durante o curso, particularmente<br />

nesta etapa final.<br />

4


LISTA DE ABREVIATURAS<br />

5-HT – Serotonina<br />

ACTH – Hormona adrenocorticotrófica<br />

BTA – British Thyroid Association<br />

H&E – H<strong>em</strong>atoxilina-eosina<br />

NCI – National Cancer Institute<br />

N/C –Rácio Núcleo/Citoplasma<br />

NEM2 – Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2<br />

PAAF – Punção Aspirativa por Agulha Fina<br />

T3– Triiodotironina<br />

T4– Tiroxina livre<br />

TAC – Tomografia Axial Computorizada<br />

TPOab– Anticorpos antitireoperoxidase<br />

TSH– Hormona Tireo-estimulante<br />

VIP – Peptí<strong>de</strong>o Vasoactivo Intestinal<br />

5


NOTA EXPLICATIVA<br />

O presente relatório <strong>de</strong> estágio foi elaborado no âmbito da unida<strong>de</strong> curricular do 6º ano<br />

inserida no plano <strong>de</strong> estudos do <strong>Mestrado</strong> <strong>Integrado</strong> <strong>em</strong> <strong>Medicina</strong> do ICBAS.<br />

Ao longo do curso, <strong>de</strong>terminados conhecimentos teóricos adquiridos não são<br />

aplicados na prática clínica, não por falta <strong>de</strong> estruturação do curso mas pela<br />

especialização cada vez maior das diversas áreas da <strong>Medicina</strong>.<br />

A Punção Aspirativa por Agulha Fina na (PAAF) é uma técnica diagnóstica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância clínica, o que suscitou o interesse <strong>em</strong> conhecê-la melhor.<br />

O presente trabalho encontra-se essencialmente estruturado <strong>em</strong> duas partes:<br />

I. Introdução: é realizado uma revisão bibliográfica acerca da técnica <strong>de</strong><br />

PAAF, da abordag<strong>em</strong> ao doente com patologia nodular da tirói<strong>de</strong> e dos<br />

padrões citológicos mais comum <strong>em</strong> citologia <strong>de</strong> tirói<strong>de</strong>.<br />

II. <strong>Relatório</strong> do <strong>Estágio</strong>: apresenta-se os objectivos, metodologia, resultados<br />

e discussão dos dados obtidos acerca dos 417 doentes observados.<br />

6


INDICE<br />

I – INTRODUÇÃO 1<br />

1. Punção Aspirativa por Agulha Fina: princípios gerais 1<br />

1.1. Histórico 1<br />

1.2. Laboratório e Material 1<br />

1.3. Imagiologia 2<br />

1.4. Qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve realizar a técnica ? 2<br />

1.5. Execução da técnica 3<br />

1.6. Preparação da amostra 4<br />

1.6.1. Esfregaço <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po 4<br />

1.6.2. Esfregaço <strong>em</strong> dois t<strong>em</strong>pos 5<br />

1.6.3. Método <strong>de</strong> processamento <strong>em</strong> meio líquido 6<br />

1.7. Fixação e Coloração 6<br />

1.8. Interpretação da amostra 7<br />

2. Abordag<strong>em</strong> ao doente com patologia nodular da tirói<strong>de</strong> 7<br />

3. Importância diagnóstica da Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF) 11<br />

na tirói<strong>de</strong><br />

4. Padrões citológicos <strong>em</strong> patologias da tirói<strong>de</strong> 15<br />

4.1. Nódulo colói<strong>de</strong> 15<br />

4.2. Lesões quísticas 15<br />

4.3. Hiperplasias 16<br />

4.4. Tiroidite 16<br />

4.5. Neoplasias 18<br />

4.5.1. Neoplasias foliculares 18<br />

4.5.1.1. A<strong>de</strong>noma Folicular 18<br />

4.5.1.2. Carcinoma Folicular 18<br />

4.5.2. Carcinoma Papilar 19<br />

4.5.3. Carcinoma Medular 20<br />

4.5.4. Carcinoma Anaplásico 21<br />

4.5.5. Linfoma 22<br />

4.5.6. Metástases 22<br />

II - RELATÓRIO DO ESTÁGIO 23<br />

1. Material e Métodos 23<br />

2. Resultados 24<br />

3. Discussão /Conclusão 28<br />

4. Bibliografia 32<br />

III- ANEXOS 36<br />

7


I – INTRODUÇÃO<br />

1. Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF)<br />

1.1.Histórico:<br />

A punção aspirativa por agulha fina (PAAF), é uma técnica que surge pela<br />

primeira vez no século XIX, no Hospital St Bartholomew’s no Reino Unido, on<strong>de</strong> dois<br />

cirurgiões propuseram a aspiração <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> massa hepática e respectivo estudo<br />

anátomo-patológico durante o acto cirúrgico (Deeley,1974). No entanto, foi apenas <strong>em</strong><br />

meados dos anos 50, que esta técnica ganhou uma maior atenção pela comunida<strong>de</strong><br />

internacional, após inúmeros estudos publicados pelo Instituto Karolinska na Suécia,<br />

que conjugavam o acto técnico inicial com o rigor científico e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> critérios<br />

diagnósticos fundamentais que faltavam (So<strong>de</strong>rstrom, 1952).<br />

Actualmente, a PAAF é utilizada como exame compl<strong>em</strong>entar inicial na<br />

avaliação <strong>de</strong> vários órgãos, tendo gran<strong>de</strong> aceitação por se tratar <strong>de</strong> um método<br />

minimamente invasivo, <strong>de</strong> fácil execução e com boa relação custo-benefício (Schmitt,<br />

2007). As complicações pós-procedimento são raras e consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> dor, <strong>de</strong>sconforto<br />

local ou h<strong>em</strong>atoma.<br />

Este método <strong>de</strong> diagnóstico permite o estudo <strong>de</strong> células, fragmentos teciduais<br />

ou fluídos, obtidos com agulha sob vácuo. Como outros exames compl<strong>em</strong>entares, é<br />

um recurso diagnóstico auxiliar que <strong>de</strong>ve ser interpretado no contexto do quadro geral<br />

do doente.<br />

1.2. Laboratório e material:<br />

Um laboratório acreditado neste tipo <strong>de</strong> método <strong>de</strong> diagnóstico é o lugar i<strong>de</strong>al<br />

para a realização da punção aspirativa, permitindo ao patologista um contacto directo<br />

com o doente e a obtenção <strong>de</strong> informação clínica <strong>de</strong>talhada. Estes laboratórios <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

satisfazer <strong>de</strong>terminados requisitos mínimos tanto na sua constituição, como no<br />

material existente como é o caso <strong>de</strong> uma marquesa <strong>de</strong> fácil acesso por parte do<br />

médico e do técnico que o auxilia, um lavatório, um microscópio e uma mesa <strong>de</strong> apoio<br />

com todo o material necessário à realização <strong>de</strong>ste procedimento. Este material<br />

8


consiste <strong>em</strong> agulhas com calibre variável entre 23 e 27G (0,4 - 0,6mm), seringas <strong>de</strong><br />

20, 10 e 15ml, luvas <strong>de</strong> látex <strong>de</strong>scartáveis, lâminas <strong>de</strong> vidro e a “pistola” (Cameco®).<br />

O material obtido <strong>de</strong>ve, se possível, ser avaliado <strong>de</strong> imediato por microscopia<br />

óptica pelo patologista, o que po<strong>de</strong> diminuir a taxa <strong>de</strong> amostras ina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> 20%<br />

para 1% (Nasuti et al, 2002). A eficácia e viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

essencialmente da qualida<strong>de</strong> da amostra obtida. A combinação <strong>de</strong> uma PAAF guiada<br />

por ecógrafo com avaliação imediata da amostra pelo patologista resultou num<br />

aumento <strong>de</strong> 24% da eficácia e na diminuição <strong>de</strong> 84% das amostras ina<strong>de</strong>quadas<br />

conforme <strong>de</strong>monstrado por Dray et al. (2000).<br />

1.3. Imagiologia:<br />

A evolução da imagiologia nas últimas décadas, revolucionou a técnica <strong>de</strong><br />

punção aspirativa, que beneficiou directamente da maior portabilida<strong>de</strong> e resolução dos<br />

aparelhos <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>, permitindo a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> lesões anteriormente <strong>de</strong> difícil<br />

acesso, <strong>de</strong> pequenas dimensões e imperceptíveis ao exame objectivo.<br />

A introdução da PAAF ecoguiada permitiu uma avaliação mais <strong>de</strong>talhada e o<br />

estadiamento <strong>de</strong> lesões da cabeça e do pescoço, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> tumores não palpáveis<br />

da mama e da tirói<strong>de</strong> (Frates et al, 2005). O diagnóstico <strong>de</strong> lesões intratorácicas<br />

passou também a ser possível através <strong>de</strong>ste método, <strong>de</strong> forma mais simples, segura e<br />

eficaz.<br />

Nas áreas da gastroenterologia e da pneumologia, a punção aspirativa guiada<br />

por endoscópio e TAC, respectivamente, revolucionaram o estudo <strong>de</strong> lesões<br />

anteriormente inacessíveis do pâncreas, árvore biliar, mediastino e pulmão, com uma<br />

alta taxa <strong>de</strong> eficácia e um número reduzido <strong>de</strong> complicações (Erickson, 2004; Kucuk et<br />

al, 2004).<br />

1.4. Qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve realizar a técnica?<br />

Apesar <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> diagnóstico tecnicamente simples, a<br />

experiência do patologista executante influencia directamente a qualida<strong>de</strong> da amostra<br />

obtida (Dray et al, 2000), pois a importância <strong>de</strong> uma correcta localização da lesão,<br />

inserção da agulha e colecta <strong>de</strong> células gera uma sequência <strong>de</strong> eventos que não po<strong>de</strong><br />

9


ser subestimada. Mesmo tendo <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que vários especialistas po<strong>de</strong>m<br />

realizar esta técnica, nomeadamente oncologistas, radiologistas <strong>de</strong> intervenção,<br />

cirurgiões e internistas, o citopatologista continua a ser o mais indicado na sua<br />

realização. Está comprovada uma menor taxa <strong>de</strong> amostras ina<strong>de</strong>quadas quando a<br />

aspiração é realizada por este (Coghill et al, 1995; Singh et al, 2003).<br />

Estudos apontam para que, numa fase inicial <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, sejam<br />

necessárias cerca <strong>de</strong> 250 aspirações até que uma amostra <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> possa<br />

ser obtida, uma vez que simples factores como o tipo <strong>de</strong> lesão, o tamanho e a sua<br />

<strong>de</strong>tecção ao exame físico <strong>de</strong>terminam alterações bastante significativas na sua taxa<br />

<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> (Kocjan, 2005).<br />

1.5. Execução da técnica:<br />

Na execução <strong>de</strong>sta técnica, a confiança e segurança são também<br />

fundamentais, <strong>de</strong>vendo o aspirador fixar o nódulo durante a inserção da agulha <strong>em</strong><br />

diferentes posições com a mão não dominante entre os <strong>de</strong>dos indicador e médio. O<br />

conhecimento da correcta anatomia por parte do patologista é <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância,<br />

não só para evitar complicações, como pequenas h<strong>em</strong>orragias, mas também para<br />

compreen<strong>de</strong>r possíveis contaminações do material obtido, como, por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

presença <strong>de</strong> células epiteliais respiratórias na colheita <strong>de</strong> células da tirói<strong>de</strong>, após<br />

punção aci<strong>de</strong>ntal da traquéia.<br />

A punção aspirativa tornou-se um componente essencial na investigação <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> maioria das massas palpáveis, suscitando uma crescente preocupação com a<br />

taxa <strong>de</strong> diagnósticos falso-negativos, o que motivou uma reavaliação da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

amostra ina<strong>de</strong>quada. Após excluída a inviabilida<strong>de</strong> da amostra, o diagnóstico <strong>de</strong>finitivo<br />

<strong>de</strong> lesão benigna ou maligna é bastante preciso. Actualmente, a taxa <strong>de</strong> amostras<br />

ina<strong>de</strong>quadas é variável, e <strong>de</strong>ve ser inferior a 10%, sendo que i<strong>de</strong>almente não <strong>de</strong>ve<br />

ultrapassar os 5% por laboratório (Kocjan, 2005).<br />

A técnica <strong>de</strong> aspiração mais utilizada é a <strong>de</strong> aspiração <strong>em</strong> vácuo, na qual a<br />

agulha penetra a lesão e <strong>em</strong> seguida é exercida pressão negativa <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da<br />

seringa acoplada à pistola (Cameco®). É importante salientar que a pressão negativa<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser aplicada antes da agulha sair da lesão, <strong>de</strong> modo a evitar a<br />

aspiração do material para <strong>de</strong>ntro da seringa, o que dificulta a sua posterior extracção<br />

(Figura 1).<br />

10


Se a técnica for executada <strong>de</strong> modo correcto, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>sacoplar a seringa da<br />

agulha, preencher a seringa com ar e acoplar novamente a agulha, expelindo o<br />

material sobre a lâmina, ou então batendo directamente o compartimento da agulha<br />

contra a lâmina, tomando as <strong>de</strong>vidas precauções para não ocorrer<strong>em</strong> lesões<br />

aci<strong>de</strong>ntais.<br />

Figura 1 – Técnica <strong>de</strong> aspiração <strong>em</strong> vácuo guiada por<br />

ecografia.<br />

1.6. Preparação da amostra:<br />

O gran<strong>de</strong> objectivo na preparação do esfregaço é a obtenção <strong>de</strong> uma camada<br />

b<strong>em</strong> preservada e homogénea <strong>de</strong> células, concentradas numa pequena área da<br />

lâmina, o que facilita a observação microscópica. A preparação <strong>de</strong> um esfregaço <strong>de</strong><br />

boa qualida<strong>de</strong> é um dos passos fundamentais <strong>de</strong>ste procedimento pois,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da boa qualida<strong>de</strong> do material aspirado, este não po<strong>de</strong>rá ser<br />

interpretado se o esfregaço não for b<strong>em</strong> realizado.<br />

Exist<strong>em</strong> diferentes técnicas na realização do esfregaço que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m,<br />

essencialmente do tipo e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material aspirado.<br />

1.6.1. Esfregaço <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po:<br />

Esta técnica é utilizada <strong>em</strong> amostras <strong>de</strong> pouco volume e <strong>de</strong> lesões<br />

predominant<strong>em</strong>ente sólidas. Na preparação do esfregaço, o material aspirado <strong>de</strong>ve<br />

ser colocado próximo a uma das extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s da lâmina, preferencialmente na<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se localiza a etiqueta, <strong>de</strong>ixando a outra livre. Com a mão esquerda,<br />

segura-se a lâmina com o material, e na mão direita segura-se numa segunda lâmina<br />

11


limpa que t<strong>em</strong> como único propósito realizar o esfregaço. Esta segunda lâmina <strong>de</strong>ve<br />

fazer um ângulo <strong>de</strong> 45º com a primeira e o movimento <strong>de</strong>ve ser realizado no sentido<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, tendo <strong>em</strong> especial atenção para o esfregaço não ultrapassar o bordo<br />

oposto da lâmina. Para isto, <strong>de</strong>ve-se levantar a lâmina que realiza o esfregaço antes<br />

<strong>de</strong> atingir a extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> da lâmina receptora (Figura 2).<br />

1.6.2. Esfregaço <strong>em</strong> dois t<strong>em</strong>pos:<br />

O esfregaço <strong>em</strong> dois t<strong>em</strong>pos é utilizado para colecções líquidas nas quais as<br />

células se encontram <strong>em</strong> suspensão. A quantida<strong>de</strong> excessiva <strong>de</strong> material não permite<br />

a utilização do esfregaço <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po. Para realizar este esfregaço, o material<br />

aspirado é colocado na parte central da lâmina e, com a outra lâmina limpa,<br />

perfazendo um ângulo <strong>de</strong> 45º, <strong>de</strong>ve-se fazer um esfregaço até à extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> que<br />

contém a etiqueta, retornando lentamente ao centro da lâmina. De seguida, levanta-se<br />

a segunda lâmina <strong>de</strong> modo a drenar o excesso <strong>de</strong> líquido e, segurando-a na<br />

horizontal, faz-se o esfregaço <strong>em</strong> direcção à extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> final da lâmina receptora.<br />

Apesar da maior complexida<strong>de</strong>, este método permite esfregaços <strong>de</strong> alta<br />

qualida<strong>de</strong>, uma vez que as partículas ficam concentradas no centro da lâmina e o<br />

excesso <strong>de</strong> líquido é r<strong>em</strong>ovido.<br />

Figura 2 – Esfregaço <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po<br />

O aspecto macroscópico do esfregaço permite-nos inferir sobre a sua<br />

qualida<strong>de</strong>. Um esfregaço <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> nunca atinge a extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> da lâmina,<br />

enquanto um esfregaço <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificado pela espessura do<br />

material disposto na lâmina, pela sua extensão até à extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>, ou mesmo pelo<br />

excesso <strong>de</strong> conteúdo h<strong>em</strong>ático (Figura 3).<br />

12


Figura 3 – Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> classificação macroscópica da qualida<strong>de</strong> dos esfregaços;<br />

1 – Boa qualida<strong>de</strong>; 2,3,4 – Má qualida<strong>de</strong>.<br />

1.6.3. Método <strong>de</strong> processamento <strong>em</strong> meio líquido:<br />

As amostras ricas <strong>em</strong> fluídos ou sangue po<strong>de</strong>m ser expelidas directamente<br />

para um recipiente apropriado para citologia <strong>em</strong> meio líquido, <strong>de</strong> modo a obter uma<br />

maior concentração <strong>de</strong> células num espaço mais reduzido da lâmina e,<br />

respectivamente, uma redução do número <strong>de</strong> eritrócitos. Este método permite o<br />

estudo da amostra através <strong>de</strong> meios auxiliares como a citometria <strong>de</strong> fluxo ou a<br />

imunocitoquímica.<br />

1.7. Fixação e coloração.<br />

Após a realização do esfregaço, o material po<strong>de</strong> ser fixado por duas técnicas<br />

distintas. A primeira, consiste <strong>em</strong> secar a preparação ao ar, para posterior coloração<br />

do tipo Romanowsky. A segunda implica a fixação por etanol a 95% ou metanol a 70%<br />

e <strong>de</strong> seguida a coloração do tipo Papanicolau ou H<strong>em</strong>atoxilina-eosina (H&E).<br />

A maioria dos citopatologistas prefere as colorações <strong>de</strong> Papanicolau ou <strong>de</strong><br />

Romanowsky. A coloração <strong>de</strong> Papanicolau inclui a h<strong>em</strong>atoxilina, que reage com os<br />

ácidos nucleicos e resulta numa coloração azulada dos núcleos, e dois corantes<br />

citoplasmáticos, o Orange G e o EA.<br />

Exist<strong>em</strong> pelo menos três tipos <strong>de</strong> coloração sob a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Romanowsky:<br />

Gi<strong>em</strong>sa, May-Grünwald-Gi<strong>em</strong>sa e Diff-Quik. No entanto, as três possu<strong>em</strong> o mesmo<br />

padrão <strong>de</strong> coloração que caracteriza este método, que reage com diversos<br />

13


componentes celulares tais como mucinas, ácidos nucleicos e componentes da matriz<br />

extracelular. Pela visualização microscópica i<strong>de</strong>ntifica-se um padrão roxo-<br />

avermelhado, que permite o reconhecimento do material colói<strong>de</strong>, dificilmente visível<br />

através das outras colorações. Certos <strong>de</strong>talhes nucleares, como a cromatina e a<br />

m<strong>em</strong>brana nuclear, não são facilmente i<strong>de</strong>ntificáveis por esta coloração, o que implica<br />

uma compl<strong>em</strong>entação com a coloração <strong>de</strong> Papanicolau, quando esta informação é<br />

relevante para o diagnóstico.<br />

Alguns citopatologistas, no entanto, prefer<strong>em</strong> o método <strong>de</strong> coloração<br />

histológica da H<strong>em</strong>atoxilina-eosina, essencialmente <strong>de</strong>vido à maior facilida<strong>de</strong> e<br />

rapi<strong>de</strong>z na comparação das características do núcleo, citoplasma e estroma entre as<br />

preparações citológicas e histológicas.<br />

I<strong>de</strong>almente, as amostras <strong>de</strong>veriam ser divididas e coradas tanto pela coloração<br />

<strong>de</strong> Romanowsky como pela <strong>de</strong> Papanicolau, uma vez que se compl<strong>em</strong>entam,<br />

fornecendo informação acerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes celulares e da matriz extracelular.<br />

1.8. Interpretação da amostra.<br />

Após fixação e coloração da amostra, o passo que se segue é a interpretação<br />

dos resultados através da microscopia óptica. O patologista, <strong>de</strong>ve inferir sobre a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostra e elaborar um diagnóstico sobre a benignida<strong>de</strong> ou malignida<strong>de</strong><br />

da lesão aspirada.<br />

2. Abordag<strong>em</strong> ao doente com Patologia Nodular da Tirói<strong>de</strong>:<br />

A patologia nodular da tirói<strong>de</strong> é um achado clínico frequente, caracterizado pela<br />

alteração nodular, crescimento excessivo, b<strong>em</strong> como a sua transformação funcional ou<br />

estrutural <strong>em</strong> uma ou diversas áreas da glândula. O nódulo tiroi<strong>de</strong>u é uma das<br />

condições patológicas mais frequentes na prática médica, com uma prevalência <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 3 a 7% (Hegedus, 2004) na população geral e, aproximadamente, 50% dos<br />

habitantes <strong>em</strong> áreas carentes <strong>em</strong> iodo, apresentando-se <strong>de</strong> forma visível, palpável ou<br />

sintomática. Com a aplicação <strong>de</strong> meios auxiliares <strong>de</strong> diagnóstico mais sensíveis, o<br />

14


número <strong>de</strong> nódulos assintomáticos verificado é ainda maior (Yeung et al, 2008). Pela<br />

ecografia, por ex<strong>em</strong>plo, consegue-se <strong>de</strong>tectar nódulos <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 20 a 76% (Tan et<br />

al, 1997; Ezzat et al,1994) <strong>em</strong> indivíduos s<strong>em</strong> qualquer queixa <strong>de</strong> doença tiroi<strong>de</strong>ia. Em<br />

estudos morfológicos realizados <strong>em</strong> autópsias, encontram-se nódulos <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong><br />

32% da população com 40 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que sobe para 37% quando se refere<br />

apenas a mulheres, e chega aos 40% <strong>em</strong> indivíduos acima dos 75 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

(Ross, 2005). Os nódulos tiroi<strong>de</strong>us correspon<strong>de</strong>m a quistos, bócios, tiroidites,<br />

a<strong>de</strong>nomas ou carcinomas.<br />

A etiologia dos nódulos da tirói<strong>de</strong> é incerta e po<strong>de</strong> ter orig<strong>em</strong> tanto <strong>em</strong><br />

patologias benignas, como <strong>em</strong> patologias malignas (Tabela 1). No entanto, cerca <strong>de</strong><br />

38% (Kuma et al, 1994) <strong>de</strong>stes nódulos são auto-limitados, acabando por regredir s<strong>em</strong><br />

qualquer atitu<strong>de</strong> terapêutica. A gran<strong>de</strong> questão relativa a estes nódulos será a sua<br />

malignização. O carcinoma da tirói<strong>de</strong> é relativamente raro, atinge cerca <strong>de</strong> 1% da<br />

população e é responsável por 0,5% das mortes relacionadas com o cancro (Hegedus,<br />

2004). No entanto, correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 5 % dos nódulos palpáveis. Devido à alta<br />

prevalência dos nódulos tiroi<strong>de</strong>us na população <strong>em</strong> geral, é crucial a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma<br />

abordag<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>atizada <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>terminar a estratégia diagnóstica e terapêutica<br />

mais a<strong>de</strong>quada.<br />

O diagnóstico das patologias da tirói<strong>de</strong> baseia-se no seu estudo clínico e <strong>em</strong><br />

exames auxiliares <strong>de</strong> diagnóstico. Pela sua posição anatómica, a tirói<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

facilmente ser observada e palpada clinicamente, o que muitas vezes fornece<br />

informações valiosas. Entre os exames compl<strong>em</strong>entares, evi<strong>de</strong>nciam-se a ecografia e<br />

a cintigrafia, sendo o iodo radioactivo também <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> não só no<br />

diagnóstico, como no tratamento <strong>de</strong> lesões tiroi<strong>de</strong>ias, pelo facto do radioisótopo ser<br />

captado por células neoplásicas, sobretudo nas metástases pulmonares ou ósseas,<br />

principalmente <strong>de</strong> carcinomas foliculares diferenciados.<br />

Nos últimos anos, a PAAF t<strong>em</strong> sido progressivamente utilizada, dada a sua<br />

elevada especificida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong>, constituindo assim, <strong>em</strong> muitos centros médicos<br />

especializados, a primeira etapa na avaliação <strong>de</strong> um nódulo da tirói<strong>de</strong>, mesmo antes<br />

da indicação da cintigrafia. A gran<strong>de</strong> maioria dos nódulos é assintomática e<br />

<strong>de</strong>scoberta aci<strong>de</strong>ntalmente pelo médico assistente durante uma consulta <strong>de</strong> rotina não<br />

relacionada com esta patologia. A utilização crescente <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong><br />

imag<strong>em</strong> como a ecografia e a TAC veio aumentar ainda mais o número <strong>de</strong>stes<br />

achados aci<strong>de</strong>ntais (Mitchell et al, 2005).<br />

15


Tabela 1: Causas mais comuns <strong>de</strong> nódulos na tirói<strong>de</strong><br />

Benignas<br />

Malignas<br />

- Nódulo colói<strong>de</strong><br />

- Tiroidites<br />

- Quisto simples ou h<strong>em</strong>orrágico<br />

- A<strong>de</strong>nomas<br />

- Tiroidite subaguda<br />

Primárias<br />

- Carcinoma papilar, folicular, medular, anaplásico<br />

- Linfoma<br />

Secundárias<br />

- Carcinoma metastático<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do método pelo qual foi <strong>de</strong>tectado, todos os doentes com<br />

nódulos na tirói<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser abordados inicialmente por uma história clínica, um<br />

exame físico minucioso e inquiridos sobre a sintomatologia relacionada, alterações do<br />

tamanho do nódulo, exposição prévia a radiações e história familiar <strong>de</strong> patologia da<br />

tirói<strong>de</strong> ou endócrina. Alguns factores clínicos <strong>de</strong>verão alertar para possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

presença <strong>de</strong> nódulo <strong>de</strong> características malignas (Tabela 2). Factores como o género<br />

masculino, a existência <strong>de</strong> um nódulo único <strong>de</strong> consistência pétrea, a<strong>de</strong>rência às<br />

estruturas adjacentes, com mais <strong>de</strong> 40mm e a presença <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nopatia cervical <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

ser consi<strong>de</strong>rados sinais <strong>de</strong> alerta para malignida<strong>de</strong>. A história <strong>de</strong> exposição da tirói<strong>de</strong><br />

à radiação ionizante é um dado essencial na investigação <strong>de</strong> um nódulo palpável, uma<br />

vez que aumenta a prevalência <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> para 20 a 50 % (Favus et al, 1976).<br />

Tabela 2: Sinais clínicos <strong>de</strong> alerta<br />

- Género masculino<br />

- Extr<strong>em</strong>os etários (< 20 anos ou > 65 anos)<br />

- Crescimento repentino do nódulo<br />

- Sintomas <strong>de</strong> invasão local: Disfagia, cervicalgia e rouquidão<br />

- História <strong>de</strong> irradiação da cabeça/pescoço<br />

- História familiar <strong>de</strong> carcinoma da tirói<strong>de</strong> ou polipose (Síndrome <strong>de</strong> gardner)<br />

A investigação inicial <strong>de</strong> um nódulo tiroi<strong>de</strong>u <strong>de</strong>ve acompanhar-se <strong>de</strong> um estudo<br />

funcional da glândula, fornecido pelos níveis séricos da hormona tireo-estimulante<br />

(TSH), tiroxina livre (T4) e triiodotironina (T3). A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> métodos altamente<br />

sensíveis <strong>de</strong> doseamento do TSH permite a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> alterações apenas subtis<br />

16


da função tiroi<strong>de</strong>ia, mesmo quando utilizados isoladamente (Gharib et al, 2007). Se os<br />

níveis <strong>de</strong> TSH se encontram alterados, o próximo passo será o doseamento <strong>de</strong> T3 e<br />

T4 livres, b<strong>em</strong> como a pesquisa <strong>de</strong> anticorpos antitireoperoxidase (TPOab) e<br />

anticorpos dirigidos ao receptor do TSH, encontrados frequent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> doentes com<br />

Doença <strong>de</strong> Graves ou Tiroidite <strong>de</strong> Hashimoto. Um nível <strong>de</strong> TSH baixo num contexto <strong>de</strong><br />

patologia nodular da tirói<strong>de</strong>, geralmente é sinónimo <strong>de</strong> hipertiroidismo secundário a um<br />

nódulo autónomo, ao contrário <strong>de</strong> um nível elevado, que por sua vez, indica<br />

hipotiroidismo. Níveis séricos elevados <strong>de</strong> TSH à apresentação inicial do nódulo<br />

constitu<strong>em</strong> um indicador in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> (Boelaert et al, 2006).<br />

A cintigrafia da tirói<strong>de</strong> t<strong>em</strong> um papel limitado na avaliação <strong>de</strong> um nódulo<br />

solitário, tendo sido utilizada no passado como método compl<strong>em</strong>entar <strong>de</strong> estratificação<br />

<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> relacionada com a captação <strong>de</strong> radioisótopo. Actualmente, é<br />

utilizada no diagnóstico <strong>de</strong> hiperfunção tiroi<strong>de</strong>ia, na avaliação <strong>de</strong> massas retro-<br />

esternais, no seguimento <strong>de</strong> tumores malignos e na avaliação <strong>de</strong> metástases<br />

(Delbridge, 2006).<br />

O estudo ecográfico é o método compl<strong>em</strong>entar <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> mais sensível na<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> lesões da tirói<strong>de</strong>, pois permite medir objectivamente os nódulos, avaliar<br />

alterações difusas do parênquima, confirmar os achados do exame físico, avaliar a<br />

relação dos nódulos com estruturas adjacentes, a presença <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nopatias cervicais e<br />

ainda guiar a punção. A ecografia é um método não invasivo e com uma relação<br />

custo-benefício bastante apelativa pois permite <strong>de</strong>tectar nódulos não i<strong>de</strong>ntificados ao<br />

exame físico, ou por outro método compl<strong>em</strong>entar <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, a cintigrafia. A superiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta técnica sobre a palpação da tirói<strong>de</strong> foi<br />

<strong>de</strong>monstrada num estudo, que <strong>de</strong>monstrou a alteração da conduta terapêutica após<br />

realização do estudo ecográfico <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 44% dos doentes referenciados por<br />

nódulo solitário <strong>de</strong>tectado durante a palpação num exame físico <strong>de</strong> rotina (Marqusee<br />

et al, 2000).<br />

O exame ecográfico dos nódulos tiroi<strong>de</strong>us <strong>de</strong>ve focar-se nas dimensões,<br />

composição, eventual presença <strong>de</strong> nódulos adicionais e sinais ecográficos <strong>de</strong><br />

malignida<strong>de</strong> como irregularida<strong>de</strong> dos bordos, microcalcificações, halo periférico<br />

ausente e composição predominant<strong>em</strong>ente sólida. No entanto, a sensibilida<strong>de</strong>, a<br />

especificida<strong>de</strong> e os valores preditivos positivo e negativo <strong>de</strong>stes critérios são variáveis<br />

entre os diferentes estudos, não apresentando nenhuma característica,<br />

simultaneamente, alta sensibilida<strong>de</strong> e valor preditivo positivo para carcinoma da<br />

tirói<strong>de</strong>.<br />

17


A coexistência <strong>de</strong> dois ou mais critérios ecográficos <strong>de</strong> risco parece aumentar a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>, essencialmente se essas características for<strong>em</strong> a<br />

constituição sólida e a presença <strong>de</strong> microcalcificações (Wang et al, 2007), sendo por<br />

isso, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância, um bom relatório por parte do radiologista na <strong>de</strong>scrição<br />

do nódulo <strong>em</strong> causa.<br />

Doentes com múltiplos nódulos tiroi<strong>de</strong>us têm o mesmo risco <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> do<br />

que aqueles com nódulo solitário ou ainda bócio difuso (Franklyn et al, 1993), sendo<br />

recomendado o estudo ecográfico a todos os doentes que se apresent<strong>em</strong> com<br />

nodularida<strong>de</strong> na tirói<strong>de</strong>. Porém, o rastreio da população <strong>em</strong> geral não é recomendado<br />

<strong>de</strong>vido à alta prevalência <strong>de</strong> nódulos <strong>de</strong> pequenas dimensões e clinicamente<br />

inaparentes. Assim, o rastreio <strong>de</strong>ve ser realizado apenas aos indivíduos que<br />

apresent<strong>em</strong> factores <strong>de</strong> risco b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finidos (Tabela 3).<br />

Tabela 3: Rastreio ecográfico da Tirói<strong>de</strong><br />

Contra-indicado<br />

palpação<br />

Indicado<br />

- Na população <strong>em</strong> geral<br />

- Doentes com baixo risco <strong>de</strong> carcinoma da tirói<strong>de</strong> e tirói<strong>de</strong> normal à<br />

- Nódulo palpável<br />

- História <strong>de</strong> exposição a radiação ionizante da cabeça/pescoço<br />

- História familiar <strong>de</strong> Carcinoma medular da tirói<strong>de</strong>, NEM2, Carcinoma<br />

papilar da tirói<strong>de</strong><br />

- A<strong>de</strong>nopatia cervical inexplicável<br />

3. Importância diagnóstica da Punção Aspirativa com Agulha<br />

Fina (PAAF) na tirói<strong>de</strong>:<br />

Integrada no diagnóstico <strong>de</strong> patologias <strong>de</strong> diversos órgãos, a PAAF t<strong>em</strong> na<br />

tirói<strong>de</strong>, um dos seus gran<strong>de</strong>s campos <strong>de</strong> aplicação, fornecendo informação valiosa<br />

sobre as diversas patologias, sendo o seu gran<strong>de</strong> objectivo a distinção <strong>de</strong> patologias<br />

benignas <strong>de</strong> malignas, ao fornecer informação específica acerca da composição<br />

celular do nódulo direccionando <strong>de</strong>ste modo a actuação terapêutica (Olgilvie et al,<br />

18


2006). Estima-se que nos Estados Unidos a introdução da PAAF tenha diminuído <strong>em</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 35 a 75 % o número <strong>de</strong> cirurgias e resultou numa economia <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 15<br />

milhões <strong>de</strong> dólares anuais no custo total do tratamento dos pacientes com nódulos<br />

solitários da tirói<strong>de</strong>. A PAAF é um método compl<strong>em</strong>entar com uma sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 65 – 85% e uma especificida<strong>de</strong> que atinge os 72 – 100%.<br />

O estudo microscópico das preparações baseia-se <strong>em</strong> dois aspectos<br />

fundamentais, a análise das células do parênquima do nódulo tiroi<strong>de</strong>u e a dos<br />

el<strong>em</strong>entos adjacentes. No primeiro aspecto, é fundamental i<strong>de</strong>ntificar a disposição<br />

arquitectural dos el<strong>em</strong>entos do parênquima, b<strong>em</strong> como a presença <strong>de</strong> alterações<br />

celulares como atipias, pleomorfismo nuclear e relação núcleo/citoplasma. Quanto à<br />

disposição arquitectural as células, po<strong>de</strong>m-se apresentar sob a forma <strong>de</strong> estruturas<br />

foliculares, projecções papilíferas, blocos sólidos ou células foliculares isoladas. Os<br />

el<strong>em</strong>entos adjacentes, quando presentes, são representados por material proteico-<br />

colói<strong>de</strong>, histiócitos <strong>em</strong> activida<strong>de</strong> fagocitária ou células inflamatórias.<br />

No entanto, a sobreposição <strong>de</strong> várias características presentes no esfregaço<br />

torna por vezes difícil a distinção entre benigno e maligno, sendo 10 a 20% dos casos<br />

diagnosticados como in<strong>de</strong>terminados. Tal situação suscitou a pesquisa <strong>de</strong> um<br />

marcador específico <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> que até hoje ainda não reuniu concordância entre<br />

os inúmeros estudos realizados.<br />

Outra fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta técnica são as amostras insatisfatórias que po<strong>de</strong>m advir<br />

<strong>de</strong> um esfregaço mal realizado, amostra acelular ou h<strong>em</strong>ática, ou menor experiência<br />

do patologista. A introdução da ecografia como adjuvante da PAAF, resultou numa<br />

redução da taxa <strong>de</strong> aspirados acelulares ou insatisfatórios <strong>de</strong> 14% para 8% (Hossein<br />

et al, 2003; Eng et al 2010) e possibilitou ainda a localização <strong>de</strong> nódulos<br />

imperceptíveis à palpação ou com menos <strong>de</strong> 10mm.<br />

Actualmente, exist<strong>em</strong> diferentes sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> classificação propostos para o<br />

diagnóstico citológico do material obtido por aspiração, sendo a classificação<br />

<strong>de</strong>scritiva, a Britânica <strong>de</strong> Thys e a <strong>de</strong> Bethesda as mais utilizadas.<br />

Na classificação britânica os resultados da citologia po<strong>de</strong>m ser classificados<br />

<strong>em</strong> cinco categorias (Thy 1 – Thy5) <strong>de</strong> acordo com a classificação proposta pela<br />

British Thyroid Association (BTA) (Eng, et al 2010) (Tabela 4).<br />

19


Tabela 4: Classificação BTA<br />

Classificação Diagnóstico<br />

Thy 1<br />

Thy 2<br />

Thy 3<br />

O sist<strong>em</strong>a Bethesda, recomendado pela National Cancer Institute (NCI) <strong>em</strong><br />

2007, classifica os nódulos <strong>em</strong> seis classes e correlaciona o achado citológico com a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carcinoma da tirói<strong>de</strong> (Tabela 5) (Cibas et al, 2009). Além disso,<br />

diante <strong>de</strong> um resultado <strong>de</strong> classe I ou II, uma nova punção aspirativa é sugerida como<br />

investigação diagnóstica.<br />

Não diagnóstica; Amostra insuficiente; Quisto <strong>de</strong> conteúdo<br />

colói<strong>de</strong> ou apenas histiócitos e ausência <strong>de</strong> células epiteliais;<br />

Benigno, não neoplásico; Quisto constituído apenas por células<br />

epiteliais benignas;<br />

Lesão celular folicular ou <strong>de</strong> células <strong>de</strong> Hurthle; Suspeita <strong>de</strong><br />

neoplasia folicular ou <strong>de</strong> células <strong>de</strong> Hurthle;<br />

Thy 4 Suspeita <strong>de</strong> Malignida<strong>de</strong>;<br />

Thy 5 Diagnóstico <strong>de</strong> Malignida<strong>de</strong>;<br />

Orientação<br />

terapêutica<br />

Repetir PAAF, se<br />

possível ecoguiada; No<br />

caso <strong>de</strong> lesão quística<br />

aspirar novamente;<br />

Repetir PAAF <strong>em</strong> 3-6<br />

meses; Dois resultados<br />

consecutivos <strong>de</strong><br />

patologia não-<br />

neoplásica num<br />

intervalo <strong>de</strong> 3-6 meses<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> excluir<br />

neoplasia;<br />

Discussão<br />

multidisciplinar –<br />

Lobectomia<br />

diagnóstica;<br />

Discussão<br />

multidisciplinar –<br />

Intervenção cirúrgica;<br />

Discussão<br />

multidisciplinar –<br />

Intervenção cirúrgica;<br />

20


Tabela 5: Classificação <strong>de</strong> Bethesda<br />

Classe Diagnóstico<br />

Apesar da existência <strong>de</strong>stes dois sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> classificação, gran<strong>de</strong> parte dos<br />

patologistas prefere fazer uma <strong>de</strong>scrição dos achados citopatológicos, <strong>de</strong> forma<br />

s<strong>em</strong>elhante à que se faz com o estudo histopatológico da tirói<strong>de</strong>. Desta forma os<br />

achados citológicos são classificados como: material insuficiente, benigno, suspeito ou<br />

maligno. Nos casos benignos, para além <strong>de</strong> benignida<strong>de</strong>, os achados citológicos são<br />

relatados <strong>de</strong> acordo com a patologia subjacente, tais como nódulo colói<strong>de</strong> e tiroidite.<br />

Nos casos malignos, os achados são relatados do mesmo modo, ou seja, como<br />

carcinoma papilar, medular, indiferenciado ou outro. Quando são encontrados critérios<br />

suspeitos, mas não suficientes para o diagnóstico <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> o caso é relatado<br />

como suspeito. Existe uma condição, reconhecida também nos outros sist<strong>em</strong>as<br />

classificativos, que é consi<strong>de</strong>rada uma limitação da citologia da tirói<strong>de</strong> e não permite<br />

diagnóstico diferencial entre a<strong>de</strong>noma e carcinoma folicular. Nestes casos o<br />

diagnóstico é <strong>de</strong> tumor/neoplasia folicular e a exérese do nódulo para o diagnóstico<br />

<strong>de</strong>finitivo é s<strong>em</strong>pre recomendada.<br />

Risco <strong>de</strong><br />

Malignida<strong>de</strong><br />

(%)<br />

Classe I Amostra insatisfatória 1 – 4<br />

Classe II Nódulo benigno 0-3<br />

Classe III<br />

Classe IV<br />

Atipia <strong>de</strong> significado<br />

in<strong>de</strong>terminado ou lesão folicular<br />

<strong>de</strong> significado in<strong>de</strong>terminado<br />

Neoplasia folicular ou nódulo<br />

suspeito <strong>de</strong> neoplasia folicular<br />

5-15<br />

15-30<br />

Classe V Lesão suspeita <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> 60-75<br />

Classe VI Nódulo maligno 97-99<br />

Plano terapêutico<br />

Repetir PAAF, se possível<br />

ecoguiada; No caso <strong>de</strong> lesão<br />

quística aspirar;<br />

Repetir PAAF <strong>em</strong> 3-6 meses; Dois<br />

resultados consecutivos <strong>de</strong><br />

patologia não-neoplásica num<br />

intervalo <strong>de</strong> 3-6 meses <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

excluir neoplasia;<br />

Discussão multidisciplinar –<br />

Lobectomia diagnóstica;<br />

Discussão multidisciplinar –<br />

Lobectomia diagnóstica;<br />

Discussão multidisciplinar –<br />

Intervenção cirúrgica;<br />

Discussão multidisciplinar –<br />

Intervenção cirúrgica;<br />

21


4. Padrões citológicos <strong>em</strong> patologias da Tirói<strong>de</strong>:<br />

4.1. Nódulo Colói<strong>de</strong>:<br />

O nódulo colói<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 60 a 70 % dos diagnósticos obtidos por<br />

punção aspirativa, constituindo o resultado mais comum <strong>de</strong> benignida<strong>de</strong>. O seu risco<br />

<strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> é muito baixo.<br />

Os achados citológicos sugestivos <strong>de</strong> nódulo colói<strong>de</strong> são (Gray et al, 2010):<br />

Material colói<strong>de</strong> abundante;<br />

Agrupamentos <strong>de</strong> células foliculares;<br />

Cromatina uniform<strong>em</strong>ente distribuída;<br />

Alterações regressivas, como a transformação quística e focos <strong>de</strong><br />

h<strong>em</strong>orragia recente, associadas a macrófagos com intensa fagocitose<br />

<strong>de</strong> h<strong>em</strong>ossi<strong>de</strong>rina.<br />

4.2. Lesões Quísticas:<br />

As lesões <strong>de</strong> conteúdo líquido são uma indicação relativamente frequente para<br />

a PAAF, quer por questões diagnósticas, quer terapêuticas. A lesão quística da tirói<strong>de</strong><br />

não suscita habitualmente dúvidas ao seu diagnóstico, à excepção da sua localização<br />

fora da glândula, como é o caso do triângulo anterior ou posterior do pescoço que<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> alertar o citopatologista para uma metástase <strong>de</strong> um carcinoma da tirói<strong>de</strong> b<strong>em</strong><br />

diferenciado. Os quistos da tirói<strong>de</strong> são um tipo <strong>de</strong> lesão relativamente comum que<br />

resultam da <strong>de</strong>generação quística <strong>de</strong> um nódulo a<strong>de</strong>nomatoso. No entanto, qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> nódulo da tirói<strong>de</strong> po<strong>de</strong> sofrer este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>generação, incluindo o a<strong>de</strong>noma e<br />

o carcinoma folicular e o carcinoma da tirói<strong>de</strong>. O risco <strong>de</strong> malignização é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

4% para lesões puramente quísticas, po<strong>de</strong>ndo aumentar para cerca <strong>de</strong> 14% nos casos<br />

<strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> conteúdo misto, quistos recorrentes e quistos com dimensões superiores<br />

a 3 ou 4 cm.<br />

Os achados citológicos sugestivos <strong>de</strong> lesão quística são (Gray et al, 2010):<br />

Material colói<strong>de</strong> abundante;<br />

Macrófagos numerosos;<br />

Conteúdo celular escasso.<br />

22


4.3. Hiperplasias:<br />

A hiperplasia primária da tirói<strong>de</strong> ou doença <strong>de</strong> Basedow Graves, resulta da<br />

presença <strong>de</strong> anticorpos <strong>de</strong> imunoglobulina que se ligam aos mesmo receptores <strong>de</strong><br />

m<strong>em</strong>brana que o TSH, resultando no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hipertiroidismo. As<br />

manifestações clínicas do hipertiroidismo estão relacionadas com o estado<br />

hipermetabólico induzido pelo excesso <strong>de</strong> hormonas tiroi<strong>de</strong>ias e a uma estimulação<br />

excessiva do sist<strong>em</strong>a nervoso simpático, sendo característicos <strong>de</strong>sta patologia a<br />

exoftalmia e o mixe<strong>de</strong>ma pré-tibial. A PAAF não é necessária para o diagnóstico<br />

primário <strong>de</strong>sta patologia, uma vez que este po<strong>de</strong> ser obtido por um exame físico<br />

minucioso, análise bioquímicas e serológicas. No entanto, a hiperplasia po<strong>de</strong> ser<br />

observada <strong>em</strong> outras situações clínicas, como nas alterações focais do bócio<br />

multinodular ou mesmo na fase inicial <strong>de</strong> uma Tiroidite auto-imune.<br />

Os achados citológicos <strong>de</strong> hiperplasia inclu<strong>em</strong> (Gray et al, 2010):<br />

Aspirados h<strong>em</strong>orrágicos;<br />

Colói<strong>de</strong> escasso, isolados ou dispostos <strong>em</strong> macro e microfolículos;<br />

Células foliculares com núcleos arredondados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões;<br />

nucléolos solitários e mo<strong>de</strong>rada anisonuleose;<br />

Vacuolização do citoplasma <strong>em</strong> “chama <strong>de</strong> vela”.<br />

4.4. Tiroidite:<br />

As tiroidites resultam <strong>de</strong> um processo inflamatório da tirói<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>m ser<br />

classificadas como agudas, subagudas ou crónicas. A sua etiologia po<strong>de</strong> ser<br />

infecciosa, auto-imune ou <strong>de</strong>sconhecida. Clinicamente, as principais manifestações<br />

das tiroidites inclu<strong>em</strong> aumento <strong>de</strong> volume da glândula e alterações da função tirói<strong>de</strong>ia.<br />

Neste contexto, a punção aspirativa adquire um papel crucial na exclusão <strong>de</strong><br />

uma neoplasia, dado que o quadro inflamatório propicia um crescimento rápido da<br />

glândula, que adquire uma superfície lobulada, <strong>de</strong> consistência firme, mobilida<strong>de</strong><br />

reduzida e a<strong>de</strong>rência a estruturas adjacentes.<br />

A tiroidite aguda é causada por bactérias piogénicas, principalmente<br />

estafilococos. Os microorganismos chegam à glândula por via h<strong>em</strong>atogénica, linfática<br />

ou como complicação <strong>de</strong> uma infecção. Clinicamente, o quadro correspon<strong>de</strong> a um<br />

processo infecciosos agudo, com febre que po<strong>de</strong> atingir 39º ou 40ºC, calafrios, astenia<br />

e taquicardia. A tirói<strong>de</strong> encontra-se aumentada, apresentando calor e rubor local,<br />

23


contudo, o sintoma local mais característico é a dor intensa. Ao microscópio,<br />

evi<strong>de</strong>nciam-se acentuados infiltrados <strong>de</strong> neutrófilos e alguns linfócitos, po<strong>de</strong>ndo mais<br />

tar<strong>de</strong> evoluir para a formação <strong>de</strong> abcessos (Gray et al, 2010).<br />

Nas tiroidites do tipo auto-imune, <strong>de</strong>staca-se a tiroidite <strong>de</strong> Hashimoto, a causa<br />

mais comum <strong>de</strong> hipotiroidismo nas regiões on<strong>de</strong> os níveis <strong>de</strong> iodo na dieta são<br />

a<strong>de</strong>quados. É predominante no sexo f<strong>em</strong>inino entre os 45 e 65 anos numa relação <strong>de</strong><br />

10:1, e manifesta-se por falência gradual da tirói<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>struição auto-imunitária<br />

acompanhada <strong>de</strong> infiltrado linfói<strong>de</strong> e atrofia do parênquima. Os doentes com tiroidite<br />

<strong>de</strong> Hashimoto têm risco aumentado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver linfomas, tal a intensida<strong>de</strong> e a<br />

persistência do infiltrado linfói<strong>de</strong> (Aozasa, 1990).<br />

al, 2010):<br />

Os achados citológicos no quadro <strong>de</strong> uma Tiroidite auto-imune inclu<strong>em</strong> (Gray et<br />

Intenso infiltrado linfói<strong>de</strong> polimorfo com histiócitos <strong>de</strong> tipo centro<br />

germinativo;<br />

Células <strong>de</strong> Hürtle - células volumosas com citoplasma acidófilo ou<br />

granuloso e núcleos redondos e pleomórficos;<br />

Colói<strong>de</strong> escasso;<br />

Histiócitos epiteliói<strong>de</strong>s e multinucleados.<br />

A tiroidite subadguda, também <strong>de</strong>nominada tiroidite granulomatosa, <strong>de</strong> células<br />

gigantes ou <strong>de</strong> De Quervain, é a inflamação da tirói<strong>de</strong> causada por um vírus ou após<br />

uma infecção viral, sobretudo das vias aéreas. Esta patologia é mais frequente <strong>em</strong><br />

mulheres jovens, sendo o seu início agudo, insidioso ou ocasionalmente<br />

assintomático. As manifestações locais inclu<strong>em</strong> aumento do volume da tirói<strong>de</strong> e dor<br />

intensa na região cervical, que irradia para o ângulo da mandíbula e região auricular e<br />

intensifica-se com a movimentação da cabeça, <strong>de</strong>glutição e tosse.<br />

A inflamação po<strong>de</strong> atingir apenas uma porção <strong>de</strong> um lobo, o lobo por completo,<br />

ou a glândula na sua totalida<strong>de</strong> e o parênquima torna-se endurecido, simulando um<br />

nódulo isolado à palpação, po<strong>de</strong>ndo formar-se a<strong>de</strong>rências às estruturas adjacentes.<br />

As características mais comuns da Tiroidite <strong>de</strong> De Quervain à microscopia<br />

inclu<strong>em</strong> (Gray et al, 2010):<br />

Numerosos histiócitos multinucleados;<br />

Alterações <strong>de</strong>generativas i<strong>de</strong>ntificadas nas células foliculares, restos<br />

celulares e material colói<strong>de</strong> (grânulos paravacuolares);<br />

24


Infiltrado <strong>de</strong> células inflamatórias, com presença <strong>de</strong> neutrófilos e<br />

linfócitos.<br />

4.5. Neoplasias:<br />

Os diferentes tipos <strong>de</strong> neoplasias existentes (Tabela 6) difer<strong>em</strong> tanto na sua<br />

patogénese, como na epi<strong>de</strong>miologia, apresentação inicial, história natural da doença,<br />

tratamento e prognóstico. De um modo geral, o carcinoma da tirói<strong>de</strong> é mais prevalente<br />

no sexo f<strong>em</strong>inino numa razão <strong>de</strong> 2,5:1.<br />

Tabela 6: Neoplasias da Tirói<strong>de</strong><br />

Benignas<br />

- A<strong>de</strong>noma<br />

Malignas<br />

- Carcinoma Papilar<br />

- Carcinoma Folicular<br />

- Carcinoma Medular<br />

- Carcinoma Anaplásico<br />

- Linfoma<br />

- Sarcoma<br />

- Metástase<br />

4.5.1. Neoplasias Foliculares:<br />

4.5.1.1.A<strong>de</strong>noma Folicular:<br />

Representa a neoplasia mais comum da tirói<strong>de</strong> na população adulta. O seu<br />

crescimento é lento, evi<strong>de</strong>nciando alterações morfológicas e bioquímicas resultantes<br />

da diferenciação das células foliculares. Habitualmente, são tumores únicos,<br />

contrastando com os diversos nódulos característicos do bócio multinodular. Os<br />

a<strong>de</strong>nomas <strong>de</strong> maiores dimensões, po<strong>de</strong>m apresentar características <strong>de</strong>generativas<br />

com áreas <strong>de</strong> fibrose e calcificação, ou ainda sofrer <strong>de</strong>generação quística. A gran<strong>de</strong><br />

maioria <strong>de</strong>stes nódulos é assintomática e são hipofuncionantes, sendo raros os casos<br />

associados a hipertiroidismo.<br />

4.5.1.2.Carcinoma Folicular:<br />

É o segundo tipo <strong>de</strong> carcinoma mais frequente da tirói<strong>de</strong>, constituindo<br />

aproximadamente 25% dos casos <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>, com predominância na ida<strong>de</strong> adulta<br />

e no sexo f<strong>em</strong>inino. Trata-se <strong>de</strong> um tumor que metastiza caracteristicamente por via<br />

h<strong>em</strong>atogénea, atingindo frequent<strong>em</strong>ente o pulmão e o osso. Os achados citológicos<br />

25


<strong>de</strong>stas lesões ass<strong>em</strong>elham-se aos dos a<strong>de</strong>nomas, sendo a sua distinção <strong>de</strong>finida pela<br />

invasão capsular ou vascular.<br />

Os achados típicos das neoplasias foliculares inclu<strong>em</strong> (Gray et al, 2010):<br />

Aspirado hipercelular com colói<strong>de</strong> espesso e escasso;<br />

Rácio célula/colói<strong>de</strong> elevado;<br />

Arranjo celular <strong>em</strong> microfolículos e zona central com material colói<strong>de</strong>;<br />

Po<strong>de</strong>m estar presentes alguns indicadores <strong>de</strong> atipia: aumento do<br />

tamanho e número <strong>de</strong> núcleos, aumento do número <strong>de</strong> nucléolos,<br />

irregularida<strong>de</strong> na distribuição da cromatina e m<strong>em</strong>brana irregular.<br />

As características citológicas <strong>de</strong> um nódulo hiperplásico benigno no contexto<br />

<strong>de</strong> um bócio multinodular po<strong>de</strong>m sobrepor-se ao <strong>de</strong> uma neoplasia folicular, o que<br />

po<strong>de</strong> causar dificulda<strong>de</strong> no seu diagnóstico, sendo que as características clínicas e<br />

laboratoriais po<strong>de</strong>m auxiliar no diagnóstico diferencial. A distinção entre o a<strong>de</strong>noma<br />

folicular e o carcinoma folicular b<strong>em</strong> diferenciado não po<strong>de</strong> ser feita apenas pelas<br />

características citológicas observadas após punção aspirativa.<br />

4.5.2.Carcinoma Papilar:<br />

O carcinoma papilar é a neoplasia maligna mais frequente da tirói<strong>de</strong> e<br />

correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 70% dos casos. O sexo f<strong>em</strong>inino é o mais acometido, numa<br />

relação <strong>de</strong> 3:1, po<strong>de</strong>ndo manifestar-se <strong>em</strong> qualquer ida<strong>de</strong> com uma maior incidência<br />

entre os 30 e os 50 anos. A exposição à radiação, essencialmente durante a infância,<br />

é um factor <strong>de</strong> risco b<strong>em</strong> estabelecido, chegando a representar cerca <strong>de</strong> 90% dos<br />

carcinomas relacionados com a radiação.<br />

Clinicamente, o carcinoma papilar manifesta-se pela presença <strong>de</strong> um nódulo<br />

tiroi<strong>de</strong>u, geralmente circunscrito, po<strong>de</strong>ndo, no entanto, causar sintomas <strong>de</strong><br />

compressão como disfagia, tosse ou rouquidão. A diss<strong>em</strong>inação linfática é frequente,<br />

com atingimento preferencial dos gânglios da região cervical. Contudo, esta<br />

diss<strong>em</strong>inação não t<strong>em</strong> influência no prognóstico dos doentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que estes<br />

gânglios sejam <strong>de</strong>tectados e excisados at<strong>em</strong>padamente, tendo os doentes uma taxa<br />

<strong>de</strong> sobrevida aos 10 anos <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80%.<br />

O diagnóstico <strong>de</strong> carcinoma papilar é facilmente estabelecido pelo<br />

citopatologista pela presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas características (Gray et al, 2010):<br />

Arquitectura papilar;<br />

26


Aspirado celular com escassa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material colói<strong>de</strong>;<br />

Inclusões intra-nucleares;<br />

Corpos psamomatosos;<br />

Histiócitos multinucleados;<br />

“Chewing gum” colói<strong>de</strong>.<br />

Apesar das características citadas ser<strong>em</strong> fort<strong>em</strong>ente indicativas para o<br />

diagnóstico, <strong>de</strong>ve-se aten<strong>de</strong>r ao facto <strong>de</strong> que estas, por vezes, po<strong>de</strong>m ser<br />

i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> outras patologias como é o caso do bócio multinodular, tiroidite <strong>de</strong><br />

Hashimoto, tumor <strong>de</strong> células <strong>de</strong> Hürtle e o carcinoma medular. A presença <strong>de</strong> corpos<br />

psamomatosos, por si só, representa um achado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor diagnóstico, porém<br />

está presente <strong>em</strong> apenas um terço dos casos.<br />

4.5.3. Carcinoma Medular:<br />

Origina-se da diferenciação das células parafoliculares, produtoras <strong>de</strong><br />

calcitonina, e representa cerca <strong>de</strong> 5 a 10% dos carcinomas da tirói<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

neoplasia um pouco mais frequente no sexo f<strong>em</strong>inino, numa relação <strong>de</strong> 1,5:1 e com<br />

maior incidência na quinta década <strong>de</strong> vida. Em cerca <strong>de</strong> 75% dos casos, o carcinoma<br />

medular é esporádico, sendo os restantes casos relacionados com a transmissão<br />

familiar, muitas vezes associada a feocromocitoma, hiperplasia ou a<strong>de</strong>noma da<br />

paratirói<strong>de</strong>, ou ainda no contexto <strong>de</strong> uma neoplasia endócrina múltipla (NEM2). A<br />

forma esporádica é geralmente unilateral, enquanto a familiar é frequent<strong>em</strong>ente<br />

bilateral e multicêntrica, associada a hiperplasia das células parafoliculares, que<br />

prece<strong>de</strong> o aparecimento do carcinoma medular.<br />

A diss<strong>em</strong>inação do tumor ocorre essencialmente por via linfática, atingindo<br />

preferencialmente os gânglios da região cervical, sendo a diss<strong>em</strong>inação h<strong>em</strong>atogénea<br />

b<strong>em</strong> menos frequente e tardia.<br />

Este tipo <strong>de</strong> tumor secreta calcitonina e, por vezes, outras substâncias como<br />

prostaglandinas, ACTH, VIP e 5-HT, responsáveis por alterações clínicas como<br />

diarreia, síndrome <strong>de</strong> Cushing ou síndrome carcinói<strong>de</strong>. O doseamento da calcitonina é<br />

importante, no diagnóstico <strong>de</strong>ste tumor, para orientação quanto à presença <strong>de</strong><br />

metástases e na avaliação <strong>de</strong> risco familiar.<br />

Ao diagnóstico citológico, este tipo <strong>de</strong> neoplasia apresenta <strong>de</strong>terminadas<br />

características (Gray et al, 2010):<br />

27


Aspirado celular disperso;<br />

Pleomorfismo celular;<br />

Citoplasma com grânulos avermelhados (Coloração <strong>de</strong> Gi<strong>em</strong>sa);<br />

Substância amilói<strong>de</strong> (Vermelho-Congo);<br />

Positivida<strong>de</strong> para a calcitonina (Imunohistoquímica);<br />

Núcleo poligonal ou ovói<strong>de</strong>, <strong>em</strong> localização excêntrica (aspecto<br />

plasmocitói<strong>de</strong>). Po<strong>de</strong> apresentar fendas e inclusões;<br />

Cromatina grosseira com aspecto <strong>em</strong> “sal e pimenta”.<br />

4.5.4.Carcinoma Anaplásico:<br />

O carcinoma anaplásico, também <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> carcinoma indiferenciado, é a<br />

neoplasia maligna menos frequente da tirói<strong>de</strong> (cerca <strong>de</strong> 5% dos casos) e, no entanto,<br />

aquela que confere pior prognóstico. O seu pico <strong>de</strong> incidência refere-se aos indivíduos<br />

com 50 anos, com discreta preferência para o sexo f<strong>em</strong>inino.<br />

O tumor raramente forma nódulos <strong>de</strong>limitados, sendo <strong>de</strong> modo geral, evi<strong>de</strong>nte<br />

a invasão do parênquima tiroi<strong>de</strong>u adjacente. Trata-se <strong>de</strong> uma neoplasia altamente<br />

agressiva, cujo quadro clínico inicial po<strong>de</strong> ser resultante da invasão local <strong>de</strong> estruturas<br />

adjacentes, como o esófago ou traqueia produzindo sintomas como disfagia ou<br />

rouquidão. Na maioria dos casos, os doentes não são candidatos à cirurgia e a<br />

quimioterapia e radioterapia revelam-se ineficazes, o que resulta num t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

sobrevida <strong>de</strong> poucos meses.<br />

O diagnóstico <strong>de</strong> carcinoma indiferenciado <strong>de</strong>ve ser suspeitado no caso <strong>de</strong><br />

doentes idosos com um tumor cervical <strong>de</strong> rápido crescimento, sendo a punção<br />

aspirativa o método i<strong>de</strong>al para o seu diagnóstico, uma vez que permite confirmar a<br />

suspeita e evitar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cirurgia ou “core-biópsia”. Outro aspecto<br />

fundamental da PAAF é o diagnóstico diferencial com o linfoma da tirói<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong><br />

ter uma apresentação bastante s<strong>em</strong>elhante com o carcinoma indiferenciado mas, no<br />

entanto, o seu prognóstico é bastante melhor uma vez que as estratégias terapêuticas<br />

<strong>de</strong>finidas para este tipo <strong>de</strong> patologia são b<strong>em</strong> mais eficazes.<br />

As características observadas pelo citopatologista mais comuns neste tipo <strong>de</strong><br />

neoplasia são (Gray et al, 2010):<br />

Células gigantes, fusiformes ou pavimentosas com características<br />

bizarras;<br />

28


Fundo necrótico com células inflamatórias.<br />

4.5.5. Linfoma:<br />

Para além do envolvimento por linfoma sistémico, a tirói<strong>de</strong> po<strong>de</strong>,<br />

ocasionalmente, ser se<strong>de</strong> <strong>de</strong> linfomas malignos primários que correspon<strong>de</strong>m a cerca<br />

<strong>de</strong> 5% das neoplasias malignas da glândula. Os linfomas malignos, mais comuns <strong>em</strong><br />

mulheres entre os 60 e 70 anos, são quase s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> células B, do tipo não-Hodgkin,<br />

e são formados por gran<strong>de</strong>s células não-clivadas que <strong>de</strong>rivam dos centros<br />

germinativos dos folículos linfói<strong>de</strong>s. A tirói<strong>de</strong> é infiltrada difusamente pelas células<br />

neoplásicas que inva<strong>de</strong>m a glândula quase na sua totalida<strong>de</strong>. Existe uma estreita<br />

relação entre este tipo <strong>de</strong> linfoma e a patologia auto-imune da tirói<strong>de</strong>, como é o caso<br />

da Tiroidite <strong>de</strong> Hashimoto. O prognóstico para a doença localizada é bom, com um<br />

t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> sobrevida <strong>de</strong> 10 anos para cerca <strong>de</strong> 75% dos doentes.<br />

À microscopia, esta neoplasia apresenta (Gray et al, 2010):<br />

Corpos linfo-glandulares;<br />

População <strong>de</strong> células linfói<strong>de</strong>s isoladas, <strong>de</strong> tamanho intermédio a<br />

gran<strong>de</strong>.<br />

Muitas vezes o diagnóstico <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> um linfoma requer confirmação por<br />

imunofenotipag<strong>em</strong> com recurso a técnicas <strong>de</strong> imunocitoquímica ou citometria <strong>de</strong> fluxo.<br />

4.5.6. Metástases:<br />

Estudos realizados <strong>em</strong> autópsias indicam que cerca <strong>de</strong> 10% dos doentes que<br />

morr<strong>em</strong> por carcinoma, apresentam metástases na tirói<strong>de</strong>, mesmo na ausência <strong>de</strong><br />

manifestações clínicas ou alterações da função da glândula relevantes. Determinadas<br />

neoplasias, como o carcinoma <strong>de</strong> células claras do rim, po<strong>de</strong>m mimetizar uma lesão<br />

primária da tirói<strong>de</strong>, assim como metástases <strong>de</strong> carcinomas da mama ou do pulmão<br />

po<strong>de</strong>m simular carcinomas anaplásico ou papilar da tirói<strong>de</strong>. Na fase <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação<br />

<strong>de</strong> um melanoma, a tirói<strong>de</strong> é quase s<strong>em</strong>pre alvo <strong>de</strong> metastização. Por último, no caso<br />

<strong>de</strong> linfomas, ou na fase terminal <strong>de</strong> uma leuc<strong>em</strong>ia linfói<strong>de</strong> crónica, a tirói<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

alvo <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação.<br />

29


II – RELATÓRIO DO ESTÁGIO<br />

1.Material e Métodos:<br />

No período <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010 a Fevereiro <strong>de</strong> 2011, foram realizadas PAAF<br />

sob orientação ecográfica a 417 doentes encaminhados ao Instituto <strong>de</strong> Patologia e<br />

Imunologia Molecular da Universida<strong>de</strong> do Porto.<br />

Os materiais citológicos foram colectados por citopatologistas pertencentes a<br />

este serviço por punção percutânea com agulha <strong>de</strong> 0,6 x 30 mm (23 G) Luer<br />

(Terumo®) ou 0,5 x 16 mm (25 G) Luer (Terumo®), conectada a seringa plástica <strong>de</strong> 10<br />

ml (BD Discardit II®) e acoplada à pistola (Cameco®)<br />

A punção foi guiada pela palpação e por aparelho <strong>de</strong> ecografia, com recurso a<br />

um transdutor linear com 8 MHz <strong>de</strong> resolução. Não foi utilizado anestésico local. Os<br />

doentes foram orientados quanto ao procedimento e instruídos a se posicionar<strong>em</strong> na<br />

posição supina e com a cabeça <strong>em</strong> extensão, com o dorso apoiado sobre uma<br />

almofada.<br />

O material obtido por aspiração, sob a forma <strong>de</strong> dois a quatro esfregaços e<br />

após secag<strong>em</strong> ao ar, foi fixado com metanol a 70% e posteriormente corado com a<br />

coloração <strong>de</strong> May-Grünwald-Gi<strong>em</strong>sa.<br />

Foram consi<strong>de</strong>radas amostras a<strong>de</strong>quadas aquelas que apresentaram os<br />

critérios mínimos: presença <strong>de</strong> seis a oito grupos <strong>de</strong> células foliculares, b<strong>em</strong><br />

visualizados <strong>em</strong> pelo menos dois esfregaços, cada grupo contendo <strong>de</strong>z ou mais<br />

células. Todavia, esses critérios pu<strong>de</strong>ram ser flexibilizados ao longo do estudo,<br />

quando o material citológico estudado veio acompanhado <strong>de</strong> informações clínicas<br />

pertinentes e informação acerca das características ecográficas. Os casos que não<br />

cumpriram estes critérios foram consi<strong>de</strong>rados ina<strong>de</strong>quados.<br />

As amostras a<strong>de</strong>quadas foram classificadas <strong>de</strong> acordo com a <strong>de</strong>scrição dos<br />

achados citopatológicos e enquadram-se <strong>em</strong> quatro categorias básicas, <strong>de</strong> acordo<br />

com a análise do esfregaço: benigno, in<strong>de</strong>terminado, suspeito <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> ou<br />

maligno. Para além <strong>de</strong>stas categorias, os achados citológicos foram relatados <strong>de</strong><br />

acordo com a patologia subjacente. Uma limitação existente na citologia da tirói<strong>de</strong><br />

refere-se à impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar o diagnóstico diferencial entre a<strong>de</strong>noma e<br />

30


carcinoma folicular. Nestes casos o diagnóstico foi <strong>de</strong> tumor/neoplasia folicular e para<br />

efeitos estatísticos, foram incluídos na classificação <strong>de</strong> diagnóstico in<strong>de</strong>terminado.<br />

2.Resultados:<br />

Dos 417 doentes consi<strong>de</strong>rados para análise, 370 (89%) pertenciam ao género<br />

f<strong>em</strong>inino e 47 (11%) ao masculino (Gráfico 1). A ida<strong>de</strong> dos doentes <strong>em</strong> causa, esteve<br />

compreendida entre os 17 e os 87 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com uma mediana <strong>de</strong> 53 anos. O<br />

Gráfico 2 <strong>de</strong>monstra a distribuição dos doentes por ida<strong>de</strong> e género.<br />

Gráfico 1 - Distribuição da patologia nodular por género e sua frequência relativa (%)<br />

31


N<br />

No caso <strong>de</strong> doentes com bócio multinodular, a escolha do nódulo a ser<br />

submetido à punção foi baseada nos seus achados ecográficos. Os maiores nódulos,<br />

b<strong>em</strong> como os nódulos hipoecóicos e/ou heterogéneos, foram os nódulos escolhidos<br />

para a punção. Foram puncionados até dois nódulos por doente. Dos 417 doentes<br />

observados, o nódulo predominante, ou <strong>de</strong> características suspeitas, teve localização<br />

preferencial no lobo esquerdo (43%), seguido <strong>de</strong> localização no lobo direito (37%) e<br />

menos frequent<strong>em</strong>ente bilateral (19%). Em apenas 1% dos casos a localização foi no<br />

istmo (Gráfico 3).<br />

Ida<strong>de</strong>(anos)<br />

anosanos<br />

Gráfico 2 – Distribuição etária e por sexo dos doentes 417 doentes com patologia<br />

nodular da tirói<strong>de</strong><br />

32


Gráfico 3 – Distribuição percentual das principais localizações dos nódulos<br />

puncionados dos 417 doentes observados<br />

No total, foram analisadas 417 citologias do material aspirado. Após<br />

interpretação dos achados citopatológicos, obtiveram-se 331 achados sugestivos <strong>de</strong><br />

nódulos colói<strong>de</strong>s (79,3%) (Anexo 1), 11 <strong>de</strong> lesão quística (2,6%) e 33 sugestivos <strong>de</strong><br />

tiroidite linfocítica (8%) (Anexo 2). O diagnóstico <strong>de</strong> tumor folicular foi registado <strong>em</strong> 16<br />

casos (3,8%) (Anexo 3) e o <strong>de</strong> carcinoma papilar <strong>em</strong> 5 (1,2%) (Anexo 4). Em 21 das<br />

preparações, o material era escasso para o diagnóstico, perfazendo 5% do total das<br />

amostras analisadas (Gráfico 4).<br />

33


Gráfico 4 – Distribuição dos diagnósticos observados por citologia aspirativa.<br />

Em relação aos relatórios citológicos obtidos, foi constatada a seguinte<br />

distribuição percentual: 90% <strong>de</strong> nódulos benignos, 1% <strong>de</strong> nódulos malignos, 4% <strong>de</strong><br />

nódulos <strong>de</strong> diagnóstico in<strong>de</strong>terminado, 5% <strong>de</strong> material ina<strong>de</strong>quado e nenhum <strong>de</strong><br />

suspeita <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> (Gráfico 5).<br />

Dos 375 doentes com diagnóstico citológico por PAAF <strong>de</strong> nódulo benigno,<br />

gran<strong>de</strong> parte (79%) teve este diagnóstico atribuído à presença <strong>de</strong> hiperplasia nodular,<br />

também <strong>de</strong>scrita como nódulo colói<strong>de</strong>. Apenas uma minoria estava relacionada com a<br />

tiroidite (9%) e a lesão quística (3%). Em relação aos nódulos com relatório<br />

citopatológico <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>, 100% tiveram diagnóstico final <strong>de</strong> carcinoma papilar (n<br />

= 5). Em 21 dos casos (5%), as punções realizadas obtiveram resultado ina<strong>de</strong>quado<br />

ou in<strong>de</strong>finido, <strong>de</strong>vido à apresentação <strong>de</strong> material hipocelular ou h<strong>em</strong>orrágico. O<br />

diagnóstico in<strong>de</strong>terminado reflecte uma limitação da própria técnica <strong>de</strong> não conseguir<br />

distinguir o a<strong>de</strong>noma folicular ou <strong>de</strong> células <strong>de</strong> Hürthle dos carcinomas. Dessa forma,<br />

a excisão cirúrgica é necessária para o diagnóstico, que <strong>de</strong>ve ser histopatológico.<br />

34


Gráfico 5 – Distribuição percentual das lesões nodulares <strong>de</strong> acordo com o diagnóstico citológico<br />

3. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO:<br />

Neste estudo, foram observados 370 doentes do género f<strong>em</strong>inino (89%) e 47<br />

(11%) do masculino, achados comparáveis com os da literatura. A faixa etária variou<br />

<strong>de</strong> 17 a 87 anos, com uma mediana <strong>de</strong> 53 anos. A ida<strong>de</strong> (Sakorafas et al, 2006) e o<br />

sexo (Lansford et al, 2006) são factores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> nos doentes com<br />

patologia nodular, sendo maior o risco <strong>em</strong> doentes do género masculino e com ida<strong>de</strong>s<br />

inferiores a 16 anos ou superiores a 45 anos. No entanto, nos 5 casos com diagnóstico<br />

citológico <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>, os doentes eram do género f<strong>em</strong>inino e apenas um tinha<br />

ida<strong>de</strong> superior a 45 anos. Apesar <strong>de</strong> não ser concordante com a literatura, tal facto<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se ao número escasso <strong>de</strong> doentes com diagnóstico maligno (n=5) que não<br />

35


constitu<strong>em</strong> uma amostra estatisticamente significante. Contudo, os 5 casos<br />

correspon<strong>de</strong>m a carcinomas papilares da tirói<strong>de</strong>, cuja incidência é mais precoce (30 –<br />

50 anos) quando comparada aos outros carcinomas da tirói<strong>de</strong> (Sosa et al, 2006).<br />

Os resultados citológicos foram benignos <strong>em</strong> 90% dos casos, in<strong>de</strong>terminados<br />

<strong>em</strong> 4% dos casos e malignos <strong>em</strong> 1% dos casos, sendo que <strong>em</strong> 5% dos casos, o<br />

material foi hipocelular ou <strong>de</strong> conteúdo h<strong>em</strong>orrágico, o que não permitiu o seu<br />

diagnóstico. Comparando diversos estudos publicados nas últimas décadas (Tabela 7)<br />

po<strong>de</strong>mos verificar que o material aspirado foi insuficiente para o diagnóstico entre 11 a<br />

15%, os diagnósticos <strong>de</strong> benignida<strong>de</strong> oscilaram entre 44 e 74,5%, os in<strong>de</strong>terminados<br />

entre 4 e 29%, e 5 a 16% foram compatíveis com nódulos malignos. A alta<br />

percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong> nódulos benignos (90%) e a reduzida percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

malignida<strong>de</strong> (1%), obtidas neste trabalho, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se ao facto da indicação clínica<br />

ou ecográfica dos doentes submetidos a PAAF não ter sido restrita, aumentando <strong>de</strong>ste<br />

modo o número <strong>de</strong> doentes que possivelmente não teriam critérios para punção.<br />

Nos casos <strong>em</strong> que não foi possível efectuar o diagnóstico citológico, verificou-<br />

se uma quantida<strong>de</strong> insuficiente <strong>de</strong> material aspirado, particularmente <strong>de</strong>vido à<br />

escassez <strong>de</strong> células foliculares. De um modo geral, uma amostra é consi<strong>de</strong>rada<br />

a<strong>de</strong>quada se for verificada a presença <strong>de</strong> seis a oito grupos <strong>de</strong> células foliculares b<strong>em</strong><br />

visualizados <strong>em</strong> pelo menos dois esfregaços, cada grupo contendo <strong>de</strong>z ou mais<br />

células (Hai<strong>de</strong>r et al, 2011). No presente estudo, <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 5% dos casos não foi<br />

possível obter material suficiente para diagnóstico, quer pela presença <strong>de</strong> material<br />

hipocelular, quer h<strong>em</strong>orrágico, o que representa uma percentag<strong>em</strong> inferior quando<br />

comparado aos estudos publicados (Tabela 7). Tal facto provavelmente se <strong>de</strong>ve ao<br />

uso <strong>de</strong> ecografia para guiar todas as aspirações. Após a introdução da PAAF<br />

ecoguiada, verificou-se uma redução da taxa <strong>de</strong> material insuficiente (Baskin et al,<br />

2004; Yeung et al, 2008), que actualmente <strong>de</strong>ve ser inferior a 10% e i<strong>de</strong>almente não<br />

<strong>de</strong>ve ser superior a 5 % (Kocjan, 2005). Em cerca <strong>de</strong> 90% dos casos, após repetição<br />

da PAAF, o diagnóstico citológico torna-se possível, sendo a persistência <strong>de</strong> material<br />

insuficiente para diagnóstico um sinal <strong>de</strong> alerta para malignida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>tectada <strong>em</strong> 9%<br />

dos casos (Cooper et al, 2009). A repetição da punção não <strong>de</strong>ve ocorrer num espaço<br />

<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po inferior a 3 meses, o que impediu a análise da correlação entre os resultados<br />

da primeira punção e sua consequente repetição.<br />

36


Tabela 7: Comparação <strong>de</strong> Resultados <strong>de</strong> PAAF<br />

Referência<br />

Bibiográfica<br />

Gharib et al.<br />

(1993)<br />

Baloch et<br />

al.(1998)<br />

Deandrea et<br />

al. (2002)<br />

Morgan et al.<br />

(2003)<br />

Gharib et al.<br />

(2007)<br />

Schmitt<br />

(2011)<br />

Benigno In<strong>de</strong>terminado Maligno<br />

Material<br />

Ina<strong>de</strong>quado<br />

70% 10-15% 5% 10-15%<br />

69% 4% 16% 11%<br />

74.5% - 11% 14.5%<br />

44% 29% 13% 14%<br />

70% 10% 5% 15%<br />

90% 4% 1% 5%<br />

O diagnóstico <strong>de</strong> tumor folicular constitui uma das maiores limitações da<br />

citologia aspirativa da tirói<strong>de</strong>, dada a impossibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> diferenciar o a<strong>de</strong>noma do<br />

carcinoma folicular, resultando na classificação <strong>de</strong> diagnóstico in<strong>de</strong>terminado. Apesar<br />

da existência <strong>de</strong> alguns critérios citológicos que possam auxiliar esta diferenciação<br />

(Montironi et al, 1990), a lobectomia diagnóstica continua sendo necessária para o<br />

diagnóstico <strong>de</strong>finitivo através do estudo histopatológico da lesão. Somente 25% dos<br />

casos diagnosticados citologicamente como in<strong>de</strong>terminado representam um carcinoma<br />

(Mihai et al, 2009), o que comprova a existência <strong>de</strong> uma probabilida<strong>de</strong> significativa<br />

<strong>de</strong>stas lesões representar<strong>em</strong> uma lesão benigna e muitos doentes ser<strong>em</strong> submetidos<br />

a uma intervenção cirúrgica <strong>de</strong>snecessária. Tornam-se assim imperativos os estudos<br />

que avaliam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entar a citologia com o uso da<br />

imunohistoquímica ou <strong>de</strong> marcadores genéticos. Diversos estudos com marcadores<br />

como a galectina- 3 (Feilchenfeldt et al, 2003), a citoqueratina 19 (Khurana et al, 2003)<br />

37


e o HBME-1 (Prasad et al, 2004) comprovaram a sua alta sensibilida<strong>de</strong> para o<br />

carcinoma papilar da tirói<strong>de</strong>. No entanto, a baixa especificida<strong>de</strong> obtida não permite a<br />

sua utilização como marcador fi<strong>de</strong>digno no estudo pré-operatório dos doentes. Por<br />

outro lado, estudos acerca da mutação do B-RAF (Bentz et al, 2009) revelaram tratar-<br />

se <strong>de</strong> um método com alta especificida<strong>de</strong>, porém com baixa sensibilida<strong>de</strong>, que apesar<br />

<strong>de</strong> carecer <strong>de</strong> validação diagnóstica, po<strong>de</strong> ser um método eficaz na avaliação pré-<br />

operatória da agressivida<strong>de</strong> biológica do tumor, permitindo a<strong>de</strong>quar a abordag<strong>em</strong><br />

cirúrgica e a terapêutica indicada (Melck et al, 2010). Infelizmente, ainda não foi<br />

<strong>de</strong>monstrado nenhum método com especificida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> suficiente para<br />

predizer a malignida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> neoplasias.<br />

No total das 5 citologias malignas obtidas 100% eram carcinomas papilares,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo à sua maior frequência nos carcinomas da tirói<strong>de</strong>, tendo sido possível<br />

até à data a obtenção <strong>de</strong> apenas uma correlação histológica que foi concordante com<br />

o diagnóstico citológico, tratando-se <strong>de</strong> um carcinoma papilar multifocal. Visto não ter<br />

sido possível obter as restantes correlações histopatológicas, o número <strong>de</strong> carcinomas<br />

foliculares permanece incerto, não tendo sido registados nenhum caso <strong>de</strong> carcinomas<br />

medulares, anaplásicos ou outros.<br />

A PAAF é um método <strong>de</strong> diagnóstico com uma eficácia <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 98% nos casos <strong>de</strong> carcinoma papilar da tirói<strong>de</strong> (Gharib et al, 1993). Contudo,<br />

a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter todas as correlações histopatológicas e o número reduzido<br />

<strong>de</strong> diagnósticos <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> não permite inferir sobre a sua eficácia neste caso. A<br />

taxa <strong>de</strong> falsos negativos associados a este método <strong>de</strong> diagnóstico oscila entre os 1 e<br />

os 5% (Gharib,1993). A recomendação da repetição da biópsia <strong>em</strong> lesões <strong>de</strong><br />

diagnóstico citológico benigno na evidência <strong>de</strong> novas alterações ecográfica,<br />

crescimento superior a 20% ou sintomatologia associada, diminuiu a taxa <strong>de</strong> falsos<br />

negativos para cerca <strong>de</strong> 1,3%(Cheha<strong>de</strong>, 2001). Na ausência <strong>de</strong>stas características, os<br />

doentes po<strong>de</strong>m ser acompanhados pelo seu médico assistente apenas com o controlo<br />

analítico e ecográfico.<br />

Os resultados <strong>de</strong>sta análise, conjuntamente com a revisão bibliográfica<br />

efectuada, confirmam que a PAAF t<strong>em</strong> um papel fundamental na abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um<br />

doente com patologia nodular da tirói<strong>de</strong> (Cooper et al, 2006), uma vez que se trata <strong>de</strong><br />

uma patologia altamente prevalente na população portuguesa e <strong>de</strong> um método<br />

simples, seguro e com excelente relação custo-benefício (Schmitt, 2006). Trata-se <strong>de</strong><br />

um método com poucas complicações associadas, não tendo sido registada nenhuma<br />

para além do ligeiro <strong>de</strong>sconforto no local <strong>de</strong> punção <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados doentes. A sua<br />

38


introdução na abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>stes doentes teve um impacto bastante significativo,<br />

essencialmente no que se refere à redução do número <strong>de</strong> intervenções cirúrgicas<br />

(Yeung et al, 2008) <strong>de</strong>vido à diferenciação entre nódulos benignos e malignos sendo<br />

<strong>de</strong> enfatizar a percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> casos benignos registados.<br />

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41<br />

42


Anexos<br />

Anexo 1: Nódulo Colói<strong>de</strong><br />

a) b)<br />

c) d)<br />

Anexo 1: Citologia aspirativa <strong>de</strong> nódulo da tirói<strong>de</strong> com agulha fina. Nódulo colói<strong>de</strong>.<br />

Coloração <strong>de</strong> May-Grünwald-Gi<strong>em</strong>sa<br />

a) Macrofolículo + colói<strong>de</strong> (100x)<br />

b) Macrofolículo, colói<strong>de</strong> e histiócitos com grânulos <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ossi<strong>de</strong>rina (100x)<br />

c) Macrofolículo (100x)<br />

d) Macrofolículo (200x)<br />

43


Anexo 2: Tiroidite Linfocítica<br />

a) b)<br />

c)<br />

Anexo 2: Citologia aspirativa <strong>de</strong> nódulo da tirói<strong>de</strong> com agulha fina. Tiroidite<br />

Linfocítica. Coloração <strong>de</strong> May-Grünwald-Gi<strong>em</strong>sa<br />

a) Agrupamento <strong>de</strong> células foliculares + células inflamatórias (200x)<br />

b) Histiócitos epiteliói<strong>de</strong>s (400x<br />

c) Plasmócito (400x)<br />

44


Anexo 3: Tumor Folicular<br />

a) b<br />

c) d)<br />

Anexo 3: Citologia aspirativa <strong>de</strong> nódulo da tirói<strong>de</strong> com agulha fina. Tumor Folicular.<br />

Coloração <strong>de</strong> May-Grünwald-Gi<strong>em</strong>sa<br />

a) Tumor folicular: hipercelularida<strong>de</strong>, arranjo microfolicular (50x)<br />

b) Tumor folicular: hipercelularida<strong>de</strong>, arranjo microfolicular (100x)<br />

c) Tumor folicular: hipercelularida<strong>de</strong>, arranjo microfolicular (200x)<br />

d) Tumor folicular: microfolículos (400x)<br />

45


Anexo 4: Carcinoma Papilar<br />

a) b)<br />

c) d)<br />

Anexo 4: Citologia aspirativa <strong>de</strong> nódulo da tirói<strong>de</strong> com agulha fina. Carcinoma<br />

Papilar. Coloração <strong>de</strong> May-Grünwald-Gi<strong>em</strong>sa<br />

a) Arranjo papilar (50x)<br />

b) Papila ( 100x)<br />

c) Células neoplásicas + colói<strong>de</strong> espesso metacromático (200x)<br />

d) Pseudoinclusão nuclear (400x)<br />

46

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