20.04.2013 Views

Curso de Texto Completo - ALUB

Curso de Texto Completo - ALUB

Curso de Texto Completo - ALUB

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mesmos afetos quem se vê no mesmo estado. Abrasai, <strong>de</strong>struí, consumi-<br />

nos a todos; mas po<strong>de</strong> ser que algum dia queirais espanhóis e portugueses,<br />

e que os não acheis. Holanda vos dará os apostólicos conquistadores, que<br />

levem pelo Mundo os estandartes da cruz; Holanda vos dará os pregadores<br />

evangélicos, que semeiem nas terras dos bárbaros a doutrina católica e a<br />

reguem com o próprio sangue; Holanda <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> vossos<br />

Sacramentos e a autorida<strong>de</strong> da Igreja Romana; Holanda edificará templos,<br />

Holanda levantará altares, Holanda consagrará sacerdotes e oferecerá o<br />

sacrifício <strong>de</strong> vosso Santíssimo Corpo; Holanda, enfim, vos servirá e venerará<br />

tão religiosamente, como em Amsterdão, Mel<strong>de</strong>burgo e Flisinga e em<br />

todas as outras colônias daquele frio e alagado inferno se está fazendo todos<br />

os dias. (VIEIRA, Antônio. Sermões. 7 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Agir, 1975,<br />

p. 31-32)<br />

No primeiro texto, Gregório <strong>de</strong> Matos, dirige-se a Deus, solicitando-lhe<br />

o perdão por seus pecados. No entanto, esse pedido é interessante, pois o<br />

poeta consi<strong>de</strong>ra que perdoar é um ganho para Deus, já que con<strong>de</strong>nar implicaria<br />

perda <strong>de</strong> sua glória. Portanto o que o poeta faz, nesse soneto, é dizer a Deus<br />

que não <strong>de</strong>ve ele fazer um mau negócio, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> perdoar-lhe. Nesse texto,<br />

o enunciador quer que se entenda exatamente aquilo que foi dito. Há uma<br />

concordância entre o que se disse e o que se preten<strong>de</strong>u dizer.<br />

Já o segundo texto apresenta uma particularida<strong>de</strong> diferente. Faz ele parte<br />

do célebre Sermão pelo bom sucesso das armas <strong>de</strong> Portugal contra as <strong>de</strong><br />

Holanda, pregado em 1640, em Salvador, na Bahia, quando os holan<strong>de</strong>ses<br />

apertavam o cerco contra a cida<strong>de</strong>, ameaçando invadi-la.<br />

Nesse sermão, Vieira dirige-se diretamente a Deus, pedindo, suplicando<br />

e até exigindo que ele salve a cida<strong>de</strong>. O sermão começa com um versículo do<br />

salmo XLIII:<br />

Levanta-te! Por que dormes, ó Senhor? Levanta-te e não nos repilas para<br />

sempre. Por que voltas a face? Esquece-te da nossa miséria e da nossa<br />

tribulação? Levanta-te, ó Senhor, ajuda-nos e redime-nos por causa <strong>de</strong> teu<br />

nome.<br />

O texto transcrito acima começa um versículo do livro <strong>de</strong> Jó (VII, 21):<br />

Eis que agora estarei no pó, mas, se amanhã me buscar<strong>de</strong>s, não estarei.<br />

Esse texto bíblico funciona como argumento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>: se Jó falou assim<br />

com Deus, Vieira também se sente no direito <strong>de</strong> dirigir-se severamente à divinda<strong>de</strong>.<br />

Depois da citação latina, o pregador começa a parafrasear o que disse Jó: se<br />

Deus não mo<strong>de</strong>rasse seus tormentos, se continuasse a mandar-lhe sofrimentos<br />

180

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!