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Curso de Texto Completo - ALUB

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2. a palavra atribuída à personagem não é separada daquela consi<strong>de</strong>rada<br />

do narrador por conjunções, advérbios ou pronomes interrogativos, como no<br />

discurso indireto, nem por sinais <strong>de</strong> pontuação (dois pontos e travessão), como<br />

no discurso direto;<br />

3. da mesma forma que no discurso direto, o discurso indireto livre contém<br />

interjeições, orações interrogativas, imperativas, exclamativas e outros elementos<br />

expressivos (no exemplo acima, aparecem Para on<strong>de</strong>? Hem? Tinha para on<strong>de</strong><br />

levar a mulher e os meninos? Tinha nada!);<br />

4. os pronomes pessoais, os tempos verbais, as palavras que indicam<br />

tempo e espaço são usados na mesma maneira que no discurso indireto (por<br />

exemplo, o eu da personagem apresenta-se como ele; um presente transforma-<br />

se em pretérito perfeito, se a narrativa for no pretérito; um aqui torna-se lá; por<br />

isso, uma frase como Tudo na verda<strong>de</strong> era contra ele. Estava acostumado,<br />

tinha a casca muito grossa, mas às vezes arreliava significaria “Tudo na<br />

verda<strong>de</strong> é contra mim. Estou acostumado, tenho a casca muito grossa, mas às<br />

vezes arrelio”).<br />

Por misturar procedimentos do discurso direto e do indireto, por mesclar<br />

as vozes do narrador e da personagem, por reunir elementos emocionais e o<br />

afastamento do eu, o discurso indireto livre fica entre a objetivida<strong>de</strong> e a<br />

subjetivida<strong>de</strong>. Por isso, ele é a forma por excelência <strong>de</strong> representar a consciência,<br />

o imaginário. Mostra a interiorida<strong>de</strong> da personagem em contraposição à<br />

exteriorida<strong>de</strong> manifestada pela visão do narrador. Com esse mecanismo <strong>de</strong> citação<br />

do discurso alheio, o narrador i<strong>de</strong>ntifica-se com a personagem, mas ao mesmo<br />

tempo mantém in<strong>de</strong>pendência em relação a ela. Nele, o narrador faz um jogo <strong>de</strong><br />

aproximação e distanciamento da personagem.<br />

b) Imitação.<br />

Uma outra forma <strong>de</strong> apresentar duas vozes no mesmo texto é a imitação.<br />

Po<strong>de</strong>-se imitar um texto <strong>de</strong>terminado ou um estilo. Quando se imita com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>squalificar um texto ou um estilo, <strong>de</strong> negá-lo, <strong>de</strong> ridicularizá-lo,<br />

temos uma imitação por subversão (também chamada paródia por muitos<br />

autores). Quando não há essa intenção, faz-se uma imitação por captação<br />

(também <strong>de</strong>nominada estilização por certos autores). Na subversão, ressaltam-<br />

se as diferenças entre o que imita e o que é imitado; na captação, as semelhanças.<br />

A percepção <strong>de</strong> que um texto imita um estilo ou um outro texto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

nossa memória textual, isto é, dos conhecimentos a respeito dos textos já<br />

produzidos ou <strong>de</strong> diferentes maneiras <strong>de</strong> escrever.<br />

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