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Curso de Texto Completo - ALUB

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Mao dia me levantei,<br />

que* vus enton non via fea! pois<br />

E, mia senhor, <strong>de</strong>s aquel di’aya!<br />

me foi a mi muyn mal,<br />

e vos, filha <strong>de</strong> don Paay<br />

Moniz, e bem vus semelha* bem vos parece<br />

d’aver eu por vos guarvaya*, que eu <strong>de</strong>va receber, por vosso<br />

22<br />

intermédio,<br />

pois eu, mia senhor, d’alfaya* um luxuoso vestuário <strong>de</strong> corte<br />

sunca <strong>de</strong> vos ouve nen ei* até hoje não recebi nada <strong>de</strong> vós<br />

valia d’ua correa*. qualquer coisa <strong>de</strong> ínfimo valor<br />

(Cancioneiro da Ajuda. Prefácio e notas <strong>de</strong> Marques Braga. Lisboa, Sá da<br />

Costa, 1945, p. 80-81)<br />

Além do vocabulário bem diferente do da língua atual, notemos<br />

algumas características gramaticais da língua arcaica: 1. os nomes terminados<br />

em-or (como senhor) eram uniformes, ou seja, não tinham uma forma para<br />

o masculino e uma para o feminino; 2. a segunda pessoa do plural dos<br />

verbos terminava em-<strong>de</strong>s (por exemplo, quere<strong>de</strong>s).<br />

Modalida<strong>de</strong>s escrita e falada<br />

Em nossa socieda<strong>de</strong>, quase todas as varieda<strong>de</strong>s lingüísticas apresentam<br />

uma modalida<strong>de</strong> escrita e uma modalida<strong>de</strong> falada. Muitas vezes, pensa-se<br />

que a escrita seja uma simples transcrição da fala. Na verda<strong>de</strong>, a relação<br />

entre elas é muito mais complexa. São duas modalida<strong>de</strong>s distintas. Cabe<br />

lembrar, em primeiro lugar, que a oralida<strong>de</strong> é condição necessária, porém<br />

não suficiente, da fala. Quando lemos, por exemplo, um texto previamente<br />

escrito, temos manifestação oral da linguagem, mas não temos a construção<br />

<strong>de</strong> um texto falado.<br />

Quando se produz um texto, ele é produzido para alguém, que é seu<br />

receptor. O texto falado é recebido ao mesmo tempo que é elaborado.<br />

Enquanto o emissor vai construindo o texto, o receptor vai ouvindo-o. Na<br />

escrita, é diferente, pois o texto é lido só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido escrito, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> estar pronto. Dessa característica resultam várias distinções entre um<br />

texto escrito e um texto falado.<br />

a) Na fala, a recepção ocorre no interior <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> interlocução,<br />

ou seja, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma cena enunciativa, que compreen<strong>de</strong> dois participantes (os<br />

interlocutores) e se passa num <strong>de</strong>terminado tempo e num dado lugar. Essa cena<br />

é a instância <strong>de</strong> instauração <strong>de</strong> um eu (pessoa que fala), um tu (a pessoa com

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