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Livro ICE - Instituto de Cidadania Empresarial

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Iniciativa<br />

<strong>ICE</strong><br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Cidadania</strong> <strong>Empresarial</strong><br />

Rua Eng. Antônio Jovino, nº 220 cj. 11<br />

05727-220 São Paulo SP<br />

Telefax: (11) 3749-9603<br />

http://www.ice.org.br<br />

ice@ice.org.br<br />

Presidência Executiva<br />

Renata <strong>de</strong> Camargo Nascimento<br />

Gerente <strong>de</strong> Projetos<br />

Maria Célia Tanus Barletta<br />

Realização<br />

Projeto Casulo<br />

Rua Paulo Bourrol, 100<br />

05686-050 São Paulo SP<br />

Telefax (11) 3578-0506 / 3758-0536<br />

http://www.projetocasulo.org.br<br />

projetocasulo@projetocasulo.org.br<br />

Assessoria<br />

Trattos Consultoria S/C Ltda<br />

Rua Padre Guilherme Pompeu, 01 Centro<br />

06500-000 Santana do Parnaíba - SP<br />

Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

Projeto Casulo<br />

Wagner Luciano da Silva<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Comunitário<br />

Guilherme do Amaral Carneiro<br />

Coor<strong>de</strong>nação Artístico Cultural<br />

Marta Priolli<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Institucional<br />

Luis Fernando Guggenberger<br />

Equipe<br />

Autoria e Edição <strong>de</strong> texto<br />

Alexandre Isaac<br />

Colaboração em Textos<br />

Guilherme do Amaral Carneiro<br />

Vanessa Egle<br />

Leitura Crítica e Revisão<br />

E<strong>de</strong>r dos Santos Camargo<br />

Edição <strong>de</strong> Arte e Diagramação<br />

Mariano Mau<strong>de</strong>t Bergel<br />

Ilustrações<br />

Paulo Brito Silva (Paulo Urso)<br />

Logo Observatório, pgs: 27,35, 40, 44, 49, 63,<br />

79, 85, 95, 99, 104, 111, 125.<br />

Alex Rodrigues Diniz (La Bamba)<br />

Pgs: 22, 31, 58, 67, 114, 120, 129, 133, 136.<br />

Tiago <strong>de</strong> Oliveira (Careta)<br />

Pgs: 19, 74, 79, 90, 141<br />

Fotos<br />

Projeto Casulo<br />

Meta Ambiental - Pg 80<br />

Jovens Pesquisadores<br />

Diana <strong>de</strong> Souza<br />

Edson Salvino da Costa<br />

Francemildo Pessoa da Silva<br />

Genival dos Santos Piauí<br />

Juliana dos Santos Piauí<br />

Marciana Balduíno <strong>de</strong> Souza<br />

Renato dos Reis Nascimento<br />

Sidney Cosme C. Faria<br />

Verônica Santos Gomes<br />

Viviane <strong>de</strong> Paula Gonzaga


Que po<strong>de</strong> a nossa pesquisa?<br />

Não po<strong>de</strong> nada.<br />

Conta só o que viu.<br />

Não po<strong>de</strong> mudar o que viu.<br />

A pesquisa, entretanto, ajuda a ver, a rever,<br />

a multiver o Real nu, cru, belo, triste.<br />

Desvenda o Panorama, espalha,<br />

universaliza as imagens e informações que captou.<br />

Nos obriga a sentir, divulgar, a criticamente julgar.<br />

A querer bem, ou protestar.<br />

A <strong>de</strong>sejar mudanças.<br />

A se mobilizar.<br />

Adaptado do poema <strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>


2<br />

SUMÁRIO<br />

● PREFÁCIO - Maria do Carmo Brant Carvalho .................................................................................... 3<br />

● <strong>ICE</strong> – INSTITUTO DE CIDADANIA EMPRESARIAL .................................................................................. 5<br />

● PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO DO REAL PARQUE<br />

E JARDIM PANORAMA - PROJETO CASULO ........................................................................................ 6<br />

● OBSERVATÓRIO DE JOVENS – REAL PANORAMA DA COMUNIDADE ................................................ 8<br />

● POR QUE UM OBSERVATÓRIO DE PESQUISAS? .................................................................................. 9<br />

● NOSSO “OBSERVATÓRIO DE JOVENS” .............................................................................................. 10<br />

● APRENDENDO E ENSINANDO.............................................................................................................. 11<br />

● PENSANDO AS JUVENTUDES ..............................................................................................................15<br />

● UMA EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO ..................................................................................................18<br />

● A VOZ DOS OBSERVADORES ..............................................................................................................19<br />

ENCONTROS COM JOVENS<br />

1º VIVENDO E APRENDENDO A CONVIVER ...................................................................................... 22<br />

2º VIVER UNS COM OS OUTROS, EM VEZ DE UNS CONTRA OS OUTROS ...................................... 27<br />

3º DIVERSIDADE, IGUALDADES E DIFERENÇAS .................................................................................. 31<br />

4º NOSSO PONTO DE ENCONTRO .................................................................................................... 35<br />

5º VIVER EM SOCIEDADE, MOVIMENTO CIDADANIA ........................................................................ 40<br />

6º VIVER EM SOCIEDADE, MOVIMENTO CIDADANIA II .................................................................... 44<br />

7º PANORAMA, DIREITOS E RESPONSABILIDADES ............................................................................ 49<br />

8º ÉTICA, A MORADA HUMANA ........................................................................................................ 58<br />

9º QUANDO AS ANDORINHAS FAZEM O VERÃO ............................................................................ 63<br />

10º HOMEM, ANIMAL POLÍTICO .......................................................................................................... 67<br />

11º TRABALHO: PRAZER OU TORTURA? .............................................................................................. 74<br />

12º O AMBIENTE INTEIRO .................................................................................................................... 79<br />

13º SOCIEDADE DO CONSUMO, CAPITAL TOTAL ................................................................................ 85<br />

14º O PAPEL DA MÍDIA .......................................................................................................................... 90<br />

15º CONHECIMENTO CIENTÍFICO E SENSO COMUM ............................................................................ 95<br />

16º COMEÇANDO A PESQUISAÇÃO .................................................................................................... 99<br />

17º PESQUISAÇÃO II ............................................................................................................................ 104<br />

18º PESQUISAÇÃO III – Entrevistando chefes <strong>de</strong> domicílios ...................................................................... 111<br />

19º PESQUISAÇÃO IV – Entrevistando jovens, adultos e idosos ................................................................ 114<br />

20º PESQUISAÇÃO V – A opinião dos jovens ........................................................................................ 120<br />

21º PESQUISAÇÃO VI – Uma pesquisa qualitativa sobre a história do lugar .............................................. 125<br />

22º PESQUISAÇÃO VII – Conhecendo as instituições locais ...................................................................... 129<br />

23º PROJETOS E INTERVENÇÕES NO TERRITÓRIO ............................................................................ 133<br />

24º PROJETOS E INTERVENÇÕES NO TERRITÓRIO II .......................................................................... 136<br />

25º O FUTURO POR FAZER .................................................................................................................. 141<br />

IDÉIAS DE INTERVENÇÃO .......................................................................................................................... 144<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 149


PREFÁCIO<br />

O texto que o leitor aqui recebe possui várias preciosida<strong>de</strong>s.<br />

Uma primeira diz respeito à sistematização <strong>de</strong> metodologia voltada à formação <strong>de</strong> jovens.<br />

Temos muito poucos estudos publicados que sistematizem conteúdos e metodologias <strong>de</strong> formação<br />

para este segmento contendo intencionalida<strong>de</strong>s, valores, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e cuidado formativo.<br />

Falamos muito na atualida<strong>de</strong> sobre os jovens, sobretudo daqueles marcados pelas<br />

vulnerabilida<strong>de</strong>s da vida nas periferias das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s com pouquíssimas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

ampliação <strong>de</strong> seu universo cultural e convivência com a cida<strong>de</strong>. Falamos em priorizar os jovens, mas<br />

não sabemos no mais das vezes como dialogar e oportunizar a eles projetos <strong>de</strong> sentido.<br />

Os jovens carecem <strong>de</strong> um processo formativo cujo alvo central é a leitura do mundo. Esta é outra<br />

preciosida<strong>de</strong> da opção formativa aqui apresentada.<br />

O conjunto <strong>de</strong> oficinas ofertadas aos jovens constituem-se em chaves para leitura e ampliação<br />

da compreensão <strong>de</strong> mundo, em um processo on<strong>de</strong> valores éticos, estéticos e o conhecimento são um<br />

meio para compreen<strong>de</strong>r o mundo e agir; produz novas textualida<strong>de</strong>s em busca <strong>de</strong> diferentes<br />

referências para dialogar e viver no e com o mundo e a humanida<strong>de</strong>.<br />

Leitura do mundo começa no próprio mundo - lugar <strong>de</strong> pertença para experienciar e percorrer o<br />

mundo cida<strong>de</strong>, o mundo humanida<strong>de</strong>.<br />

Esta é outra preciosida<strong>de</strong>. Os jovens pesquisam seu bairro, conhecem seus moradores,<br />

i<strong>de</strong>ntificam problemas, mas também fortalezas e potenciais <strong>de</strong>scobertos na tenacida<strong>de</strong> do olhar<br />

investigativo.<br />

Leitura do mundo não é só contemplação, interage pela ação no mundo lugar - cida<strong>de</strong> - humanida<strong>de</strong>.<br />

O jovem, e todos nós, ganhamos neste processo <strong>de</strong> leiturAção cumulativa, a apreensão <strong>de</strong> nossa<br />

própria humanida<strong>de</strong>.<br />

3


Este ganho <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> se revela em exercícios <strong>de</strong> cidadania ativa e, o que é fundamental,<br />

ganhos <strong>de</strong> irmanda<strong>de</strong>/solidarieda<strong>de</strong> para viver no mundo e com o mundo.<br />

É este o caminho metodológico formativo que os jovens, centro <strong>de</strong>sta ação comunicam.<br />

Ler o mundo convoca em nós um conjunto <strong>de</strong> competências e habilida<strong>de</strong>s: atribuir sentido, buscar<br />

e analisar informações, levantar hipótese, <strong>de</strong>senhar estratégias, estabelecer relações...<br />

Promove o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mudança e surgimento <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> soluções para problemas concretos.<br />

Há uma outra preciosida<strong>de</strong> também da maior importância: a qualificação dos jovens para a vida<br />

pública e para a vida profissional.<br />

Se falamos em <strong>de</strong>senvolvimento da empregabilida<strong>de</strong> dos jovens, este é sem dúvida um plus que<br />

os jovens ganharam. Também se qualificaram como pesquisadores sociais.<br />

É assim que a metodologia aqui apresentada é uma preciosida<strong>de</strong>.<br />

Maria do Carmo Brant Carvalho<br />

Doutora em Serviço Social pela PUC-SP. Pós-doutora em Serviço Social Aplicado<br />

pela École <strong>de</strong>s Hautes Etu<strong>de</strong>s en Sciences Sociales <strong>de</strong> Paris.<br />

Professora titular no programa <strong>de</strong> pós-graduação em Serviço Social – PUC-SP.<br />

Coor<strong>de</strong>nadora Geral do CENPEC – Centro <strong>de</strong> Estudos e<br />

Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.


<strong>ICE</strong> - INSTITUTO DE CIDADANIA EMPRESARIAL<br />

O <strong>ICE</strong> - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong> <strong>Empresarial</strong> é uma associação civil sem fins econômicos,<br />

sediada em São Paulo, criada em 1999 por um grupo <strong>de</strong> empresários paulistas a partir da<br />

constatação <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veriam participar mais ativamente na busca <strong>de</strong> soluções para o agravamento<br />

das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais no Brasil. A experiência exitosa do <strong>ICE</strong> <strong>de</strong> São Paulo leva a criação, em<br />

2001, do <strong>ICE</strong> Maranhão.<br />

O <strong>ICE</strong> utiliza-se do potencial <strong>de</strong> articulação inter-setorial <strong>de</strong> seus associados para, em parceria<br />

com o Po<strong>de</strong>r Público e com a socieda<strong>de</strong> civil, <strong>de</strong>senvolver programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário inovadores e emancipatórios, por meio <strong>de</strong> metodologias <strong>de</strong> ação multiplicáveis,<br />

otimizando recursos e possibilitando impacto social positivo.<br />

Missão<br />

Conscientizar a classe empresarial e provocar seu envolvimento em projetos e iniciativas do<br />

Terceiro Setor.<br />

Visão<br />

Ser referência em práticas sociais e influenciar, por meio <strong>de</strong> projetos e programas bem<br />

sucedidos, a formulação, execução e monitoramento <strong>de</strong> políticas públicas.<br />

Diretrizes <strong>de</strong> Atuação<br />

Mobilização <strong>Empresarial</strong><br />

Sensibilização e envolvimento <strong>de</strong> empresários e empresas, por meio <strong>de</strong><br />

formação conceitual e mobilização <strong>de</strong> recursos e competências.<br />

Articulação Intersetorial<br />

Fortalecimento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> promoção do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário por meio <strong>de</strong> articulação política, parcerias e relações<br />

institucionais. Com este objetivo, o <strong>ICE</strong> integra importantes re<strong>de</strong>s nacionais<br />

e internacionais, como a Re<strong>de</strong> América e a Re<strong>de</strong> Social SP.<br />

Programas<br />

Apoio e operação direta <strong>de</strong> projetos e programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário, com foco no empreen<strong>de</strong>dorismo jovem, sendo a<br />

principal iniciativa o Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento Comunitário do Real<br />

Parque e Jardim Panorama - Projeto Casulo.<br />

DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO<br />

FOCO:<br />

EMPREENDEDORISMO JOVEM<br />

MOBILIZAÇÃO<br />

EMPRESARIAL<br />

ARTICUL AÇÃO<br />

INTERSETORIAL<br />

PROGRAMAS<br />

5


6<br />

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO DO<br />

REAL PARQUE E JARDIM PANORAMA - PROJETO CASULO<br />

Em 15 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003, o <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong> <strong>Empresarial</strong> (<strong>ICE</strong>), em parceria com a<br />

Prefeitura <strong>de</strong> São Paulo e com vinte empresas, fundações e institutos, inaugurou o Programa <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Comunitário do Real Parque e Jardim Panorama - Projeto Casulo, no bairro do<br />

Real Parque, zona sudoeste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. A atuação do Projeto Casulo está focada na<br />

educação e na cultura, entendidas em seu sentido ampliado, e nos jovens, em virtu<strong>de</strong> da escassez<br />

<strong>de</strong> políticas públicas que os contemplem e da falta <strong>de</strong> perspectivas que a socieda<strong>de</strong> atualmente lhes<br />

oferece, e por enten<strong>de</strong>r que seus anseios, propostas e protagonismo po<strong>de</strong>m contribuir para<br />

transformação da socieda<strong>de</strong>.<br />

Missão<br />

Contribuir para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população do Real Parque e Jardim<br />

Panorama, por meio <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento comunitário que prioriza o jovem como<br />

agente estratégico <strong>de</strong> transformação social.<br />

Público Atendido<br />

São atendidos 540 jovens, com ida<strong>de</strong> entre 12 e 24 anos, em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong><br />

social. O Projeto Casulo prioriza os jovens como agentes <strong>de</strong> transformação social e apóia projetos<br />

por eles propostos, incentivando sua mobilização, autonomia e ação comunitária.<br />

Programas e ativida<strong>de</strong>s culturais<br />

O Projeto Casulo aposta no jovem como indutor <strong>de</strong> mobilização e transformação social. Para<br />

isso, é fundamental que ele domine os códigos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e adquira, além <strong>de</strong> maior<br />

escolarida<strong>de</strong>, outras habilida<strong>de</strong>s no plano da sociabilida<strong>de</strong>, da ampliação <strong>de</strong> seu repertório cultural,<br />

da participação na vida pública e da fluência comunicativa.<br />

Oficinas Culturais<br />

O Projeto Casulo oferece Oficinas Culturais <strong>de</strong> Música, Teatro, Danças<br />

Brasileiras, Artes Plásticas e Hip-Hop, com o objetivo ampliar o universo cultural e<br />

informacional dos adolescentes e jovens, estimulando a criativida<strong>de</strong> e aprofundando as<br />

competências estéticas e artísticas.<br />

Também são realizadas visitas a espaços culturais, como museus, teatros e cinemas.


Espaço Multimídia<br />

O Espaço Multimídia do Projeto Casulo oferece oficinas <strong>de</strong> som, imagem, informática<br />

e edição <strong>de</strong> textos, possibilitando aos jovens participantes a construção <strong>de</strong> uma visão<br />

crítica sobre os meios <strong>de</strong> comunicação e fortalecendo-os para sua integração no mundo<br />

do trabalho.<br />

Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Jovens Professores<br />

O Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Jovens Professores visa garantir a formação<br />

universitária <strong>de</strong> jovens em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social, no curso normal<br />

superior <strong>de</strong> Educação.<br />

O Programa garante 50% <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> estudos para os 20 jovens<br />

participantes e é realizado pelo <strong>Instituto</strong> Superior <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> São Paulo -<br />

Singularida<strong>de</strong>s. Os jovens participantes são oriundos dos outros Programas e<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidos pelo Projeto Casulo e, em contrapartida, atuam em<br />

algumas áreas do Projeto Casulo, como a Biblioteca Comunitária, que possui um<br />

acervo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2.000 livros e que aten<strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong>.<br />

Programa Jovens Urbanos<br />

O Programa “Jovens Urbanos” tem como objetivo a formação <strong>de</strong> jovens<br />

para a implantação <strong>de</strong> empreendimentos sociais e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda,<br />

partindo da crença <strong>de</strong> que a população juvenil é capaz <strong>de</strong> contribuir para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento comunitário. São realizadas oficinas educativas,<br />

culturais e tecnológicas, orientando-os na elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong><br />

intervenção social que possam ser implementados na comunida<strong>de</strong>.<br />

O programa garante aos jovens a ampliação <strong>de</strong> sua escolarida<strong>de</strong>, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências e habilida<strong>de</strong>s para a vida pública e<br />

pessoal, a ampliação do repertório cultural e social e o acesso qualificado<br />

ao novo mundo do trabalho, promovendo ainda a realização <strong>de</strong> projetos<br />

<strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida nas comunida<strong>de</strong>s atendidas.<br />

7


8<br />

Nada é impossível <strong>de</strong> Mudar<br />

Desconfiai do mais trivial,<br />

na aparência singelo.<br />

E examinai, sobretudo,<br />

o que parece habitual.<br />

Suplicamos expressamente:<br />

não aceiteis o que é <strong>de</strong><br />

hábito como coisa natural,<br />

pois em tempo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m sangrenta,<br />

<strong>de</strong> confusão organizada,<br />

<strong>de</strong> arbitrarieda<strong>de</strong> consciente,<br />

<strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sumanizada,<br />

nada <strong>de</strong>ve parecer natural<br />

nada <strong>de</strong>ve parecer<br />

impossível <strong>de</strong> mudar.<br />

Bertold Brecht<br />

Fazer pesquisa é como se<br />

cada dia fosse único e especial.<br />

Novas vidas e novos rostos,<br />

novas histórias e<br />

novos conhecimentos.<br />

Viviane <strong>de</strong> Paula, 22<br />

OBSERVATÓRIO DE JOVENS<br />

REAL PANORAMA DA COMUNIDADE<br />

A proposta do Projeto Casulo coloca os jovens no centro da ação e lhes atribui um papel<br />

estratégico no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento comunitário pretendido. A mobilização e o<br />

empo<strong>de</strong>ramento <strong>de</strong>stes jovens requerem, entre muitas outras coisas, o aprofundamento <strong>de</strong> sua<br />

compreensão da realida<strong>de</strong> em que vivem, em seus múltiplos e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes aspectos.<br />

Nasce assim o Observatório <strong>de</strong> Jovens, cujo foco central é a capacitação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> jovens<br />

com o objetivo <strong>de</strong> conhecer e compreen<strong>de</strong>r melhor o mundo. O Observatório <strong>de</strong> Jovens preten<strong>de</strong><br />

formar jovens pesquisadores que possam olhar para suas comunida<strong>de</strong>s, “fazer perguntas”, analisar<br />

informações e propor ações <strong>de</strong> intervenção, visando à transformação e à melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida dos moradores do Jardim Panorama e Real Parque, zona sudoeste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O Observatório <strong>de</strong> Jovens se propõe a produzir conhecimento sobre uma <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong><br />

a partir <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> jovens que vivem cotidianamente essa mesma realida<strong>de</strong>, se beneficiando<br />

diretamente das informações produzidas, revelando os problemas e as riquezas da comunida<strong>de</strong>,<br />

intensificando o potencial criativo <strong>de</strong> intervenção sobre o vivido e investindo na participação juvenil.<br />

É importante fazer um agra<strong>de</strong>cimento especial ao CEASM - Centro <strong>de</strong> Estudos e Ações Solidárias<br />

da Maré, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, cuja experiência <strong>de</strong> Observatório Social inspirou a criação do<br />

Observatório <strong>de</strong> Jovens no Projeto Casulo. Visitamos o CEASM em meados <strong>de</strong> 2003 e ficamos<br />

impressionados e encantados com as falas <strong>de</strong> alguns dos jovens que atuavam na produção <strong>de</strong><br />

conhecimento sobre o Complexo da Maré. Suas falas tinham consistência e <strong>de</strong>monstravam uma<br />

enorme apropriação e compreensão da realida<strong>de</strong> em que estavam inseridos e sobre a qual<br />

<strong>de</strong>sejavam intervir.<br />

Naquela ocasião, estava começando um processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> jovens no Real Parque<br />

para a realização <strong>de</strong> uma Pesquisa Social Participante que iria conhecer melhor a comunida<strong>de</strong> para<br />

subsidiar futuras ações, e que se <strong>de</strong>sdobrou no Observatório <strong>de</strong> Jovens. A experiência do CEASM<br />

reforçou nossa crença na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir na formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> jovens que tivessem um<br />

novo olhar sobre a realida<strong>de</strong>, um olhar crítico-investigativo capaz <strong>de</strong> provocar sua inquietação em<br />

relação aos problemas, riquezas e <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

Nosso <strong>de</strong>sejo é, acima <strong>de</strong> tudo, fazer com que os jovens comecem a olhar para o que é<br />

aparentemente natural e corriqueiro e enxerguem o que lá se escon<strong>de</strong>. Desejamos <strong>de</strong>spertar sua<br />

inquietação e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar o que <strong>de</strong>ve ser transformado. Esperamos po<strong>de</strong>r apoiá-los e<br />

acompanhá-los nesse caminho.<br />

Maria Célia Tanus Barletta


POR QUE UM OBSERVATÓRIO DE PESQUISAS?<br />

O Observatório <strong>de</strong> Jovens é uma iniciativa do Projeto Casulo e preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>smistificar a idéia<br />

<strong>de</strong> que “pesquisa” é algo burocrático, puramente escolar e que, portanto, não constitui matéria <strong>de</strong><br />

interesse dos jovens. Ao contrário, por enten<strong>de</strong>r a fase da infância e juventu<strong>de</strong> como um momento<br />

marcante <strong>de</strong> exploração e experimentação, a proposta do Observatório é transformar dúvidas e<br />

indagações cotidianas em algo que aju<strong>de</strong> a produzir e compreen<strong>de</strong>r os sentidos e significados do<br />

mundo físico e social.<br />

O homem vive alienado, passa pela vida e não consegue explicar ou ver sentido para a maioria<br />

das coisas. Acen<strong>de</strong> a luz e não sabe explicar como funciona; manda um e-mail e não sabe como isso<br />

acontece. Vê uma criança em situação <strong>de</strong> rua e um idoso catando papelão, mas não sabe explicar<br />

tais fenômenos sociais. O objetivo do Observatório é <strong>de</strong>senvolver um olhar crítico e investigativo nos<br />

jovens, fazer com que eles se perguntem porque, e como <strong>de</strong>terminadas coisas acontecem.<br />

Trata-se <strong>de</strong> inquietar-se constantemente “fazendo perguntas pro mundo”,<br />

buscando conhecer melhor o funcionamento das coisas, promovendo aprendizagens,<br />

possibilitando o prazer <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir e compreen<strong>de</strong>r, e ampliando nossas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenções.<br />

Além do mais, a vida cotidiana faz <strong>de</strong> nós, quer queiramos, quer não, gran<strong>de</strong>s consumidores <strong>de</strong><br />

pesquisas. Com efeito, é provável que não se passe um dia sem que nos sejam apresentados os<br />

resultados <strong>de</strong> uma pesquisa: nos jornais, na TV, na propaganda, nos discursos dos políticos, etc.<br />

Nossa socieda<strong>de</strong> se tornou uma socieda<strong>de</strong> da informação. Uma boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<br />

informações provém dos resultados <strong>de</strong> pesquisas. Quantas vezes na vida escutamos: “a pesquisa<br />

<strong>de</strong>monstrou que...” Enfim, apren<strong>de</strong>r sobre pesquisa nos ajuda a ser consumidores conscientes, bem<br />

como eventuais produtores <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Nem todo mundo se torna um pesquisador profissional, mas qualquer<br />

que seja nosso campo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, um dia ou outro, vamos ter que<br />

preparar um questionário, um formulário ou uma pesquisa <strong>de</strong> opinião,<br />

conduzir uma entrevista, observar comportamentos, tirar conclusões, medir<br />

os efeitos <strong>de</strong> uma intervenção, interpretar dados e tabelas, fazer uma<br />

análise <strong>de</strong> uma informação, texto ou notícia.<br />

Em nosso dia-a-dia, existem ocasiões em que po<strong>de</strong>mos utilizar, com<br />

vantagem, nossa competência em pesquisa. De fato, cada vez que um<br />

problema se apresenta e que <strong>de</strong>sejamos resolvê-lo <strong>de</strong> modo eficaz,<br />

<strong>de</strong>vemos avaliar sua importância, recolher as informações necessárias e<br />

consi<strong>de</strong>rar as diversas soluções possíveis para, finalmente, tomar a<br />

<strong>de</strong>cisão mais apropriada.<br />

É preciso <strong>de</strong>spertar o sentimento<br />

<strong>de</strong> “luta” por uma vida melhor<br />

e tentar aos poucos ir mudando o<br />

quadro <strong>de</strong> nossa comunida<strong>de</strong>,<br />

por meio do conhecimento<br />

e da informação.<br />

Diana <strong>de</strong> Souza, 19<br />

9


É como olhar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro pra <strong>de</strong>ntro...<br />

conhecer a comunida<strong>de</strong>,<br />

sentir que aqui há pessoas que têm<br />

rosto, idéias e i<strong>de</strong>ais, sabedoria<br />

e traços que <strong>de</strong>nunciam um<br />

pouco <strong>de</strong> suas histórias.<br />

10<br />

Juliana Piauí, 19<br />

NOSSO “OBSERVATÓRIO DE JOVENS”<br />

O procedimento <strong>de</strong> formação dos jovens tem o formato <strong>de</strong> Oficinas pedagógicas que<br />

pressupõem uma aprendizagem mais efetiva; proximida<strong>de</strong> entre educadores e jovens; trabalho em<br />

grupo; experimentação e exploração; produto final a cada encontro. São vinte e cinco Oficinas<br />

pedagógicas divididas em três gran<strong>de</strong>s processos:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

1 Integração, sensibilização e formação <strong>de</strong> grupo, com 4 oficinas<br />

2 Leitura <strong>de</strong> mundo, com 18 oficinas<br />

3 Intervenções no território, com 3 oficinas<br />

O conjunto <strong>de</strong> oficinas que compõem o processo “Integração, sensibilização e formação<br />

<strong>de</strong> grupo”, visa inserir os jovens num conjunto <strong>de</strong> experiências grupais que proporcionem<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> convivência com as diferenças e <strong>de</strong>senvolva competências e habilida<strong>de</strong>s para agir<br />

em sintonia com o outro, apren<strong>de</strong>ndo a concordar e discordar, a <strong>de</strong>cidir em grupo, a valorizar o<br />

saber social e a cuidar do lugar em que vivemos.<br />

O conjunto <strong>de</strong> oficinas <strong>de</strong> “Leitura <strong>de</strong> mundo” preten<strong>de</strong> oferecer um currículo que<br />

proporcione aos educadores e jovens “chaves” para leitura e ampliação da compreensão <strong>de</strong><br />

mundo, em um processo educativo on<strong>de</strong> o conhecimento é o meio para compreen<strong>de</strong>r o<br />

mundo e agir. Enten<strong>de</strong>ndo que ler o mundo encontra-se relacionado não só a apren<strong>de</strong>r a ler<br />

e escrever, mas a posicionar-se criticamente com relação a conceitos, valores e normas<br />

socioculturais estabelecidos e vivenciados na socieda<strong>de</strong>. Essas oficinas preten<strong>de</strong>m<br />

proporcionar aos jovens e educadores novas formas <strong>de</strong> ler e escrever a realida<strong>de</strong>,<br />

produzindo novas textualida<strong>de</strong>s em busca <strong>de</strong> diferentes referências para enfrentar e viver<br />

nesse mundo. As oficinas são <strong>de</strong>senvolvidas a partir das convicções <strong>de</strong> que é preciso<br />

apren<strong>de</strong>r a ler o mundo, a ler nas entrelinhas, a receber criticamente as mensagens<br />

veiculadas, analisando-as, comparando-as, percebendo os diferentes recursos <strong>de</strong> linguagem,<br />

as estruturas dos textos ou mensagens e suas diversas intenções e formas. Nesse processo os jovens irão<br />

refletir, juntamente com você, sobre alguns conceitos, normas e valores expressos na socieda<strong>de</strong><br />

(cidadania, trabalho, consumo, meio ambiente, mídia, política, etc.), e realizarão algumas pesquisas<br />

com diferentes públicos em suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

O conjunto <strong>de</strong> oficinas “Intervenções no território” expressa a idéia <strong>de</strong> que é preciso ler e<br />

interpretar o mundo para propor e implementar projetos e idéias que transformem a nossa realida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sigual e injusta.<br />

Os projetos e idéias elaborados pelos jovens, a partir das certezas e dúvidas provenientes das<br />

oficinas <strong>de</strong> “Integração, sensibilização e formação <strong>de</strong> grupo” e <strong>de</strong> “Leitura <strong>de</strong> mundo”,<br />

“são o futuro a fazer, um amanhã a concretizar, um possível a transformar em real, uma idéia a<br />

transformar em ato”.


APRENDENDO E ENSINANDO....novas lições, nas comunida<strong>de</strong>s, nas escolas, nas Ong’s<br />

A aprendizagem é um processo ininterrupto que se inicia com o nascimento e que se esten<strong>de</strong><br />

por toda a vida. Sempre existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r coisas novas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenhamos<br />

vonta<strong>de</strong> e motivação para apren<strong>de</strong>r e que, principalmente, existam condições facilitadoras para o<br />

processo <strong>de</strong> aprendizagem. Cotidianamente estamos apren<strong>de</strong>ndo ao ouvir as outras pessoas,<br />

dialogando ou discutindo, entrando em contato com o conhecimento construído pela humanida<strong>de</strong> e<br />

com práticas culturais e valores expressos na socieda<strong>de</strong>.<br />

As novas aprendizagens ocorrem na combinação entre aquilo que se apresenta como um novo<br />

saber, e os conceitos, idéias e conhecimentos já introjetados ao longo <strong>de</strong> nossa história individual e<br />

coletiva. Antes <strong>de</strong> incorporar ou rejeitar novas idéias, a pessoa faz um confronto entre suas<br />

concepções e aquelas apresentadas pelo mundo. Nesse sentido, ao compartilhar uma nova idéia ou<br />

conceito com os jovens, o educador <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar as opiniões e hipóteses já expressas nas falas<br />

e nas ações dos educandos.<br />

“Apren<strong>de</strong>r, sob qualquer forma que seja, é sempre apren<strong>de</strong>r em um momento <strong>de</strong> minha história<br />

- mas também em um momento <strong>de</strong> outras histórias, as da humanida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da qual<br />

vivo, do espaço no qual aprendo, das pessoas que são encarregadas <strong>de</strong> me ensinar. (...)<br />

Apren<strong>de</strong>mos porque existem ocasiões <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, em um momento on<strong>de</strong> se é mais ou menos<br />

disponível para aproveitar essas ocasiões; mas, às vezes, a ocasião não se reapresentará: apren<strong>de</strong>r<br />

é então uma obrigação ou uma oportunida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>ixou passar”. Charlot (1998)<br />

Com base nessas concepções e princípios você po<strong>de</strong> organizar os encontros e as oficinas<br />

pedagógicas, <strong>de</strong> maneira a proporcionar que todos aprendam e, acima <strong>de</strong> tudo, aprendam a<br />

apren<strong>de</strong>r, adquirindo confiança e autonomia progressiva ao entrar em contato com novos<br />

conhecimentos, e com as diversas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem colocadas a disposição do grupo.<br />

Na condição <strong>de</strong> educador e facilitador para o <strong>de</strong>senvolvimento das oficinas pedagógicas <strong>de</strong>vese<br />

consi<strong>de</strong>rar ainda que:<br />

❍ Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, criticida<strong>de</strong>, postura ética, humilda<strong>de</strong> e tolerância.<br />

❍ Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma <strong>de</strong> discriminação.<br />

❍<br />

É preciso procurar <strong>de</strong>scobrir o que o jovem é, o que sabe, o que traz consigo, o que ele se mostra<br />

capaz <strong>de</strong> fazer.<br />

Como educador que se propõe a formar jovens na perspectiva <strong>de</strong> que eles<br />

formem um grupo, se apropriem <strong>de</strong> fatos sociais locais e globais, sejam críticos com<br />

relação a conceitos, valores e normais sociais, além <strong>de</strong> propor intervenções locais<br />

com vistas à melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da coletivida<strong>de</strong>, é preciso ainda:<br />

Para perguntar, pesquisar,<br />

conhecer, é necessário apren<strong>de</strong>r<br />

a conviver com a curiosida<strong>de</strong>,<br />

o <strong>de</strong>parar-se com o inusitado,<br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assombrar-se.<br />

Madalena Freire<br />

11


12<br />

A lição sabemos <strong>de</strong> cor<br />

Só nos resta apren<strong>de</strong>r.<br />

Beto Gue<strong>de</strong>s e<br />

Ronaldo Bastos<br />

• Desenvolver a convicção <strong>de</strong> que a mudança é possível, <strong>de</strong> que por mais difícil que pareça é pela<br />

ação individual e coletiva que a realida<strong>de</strong> se transforma.<br />

• Iniciar um processo <strong>de</strong> reflexão voltado para a i<strong>de</strong>ntificação não só <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s, mas também<br />

<strong>de</strong> riquezas e potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudança presentes na realida<strong>de</strong> social.<br />

• Perceber que a maior riqueza <strong>de</strong> um lugar é o seu povo e o ambiente, por isso é importante<br />

conhecê-los melhor, saber o que pensam as pessoas, <strong>de</strong>scobrir sua força, seus talentos, seus sonhos,<br />

reconhecer os espaços e suas potencialida<strong>de</strong>s. São as pessoas que lá vivem e trabalham que po<strong>de</strong>m<br />

informar com precisão o que falta e o que precisa ser mudado. É conversando com elas,<br />

conhecendo suas idéias sobre a realida<strong>de</strong> local que po<strong>de</strong>mos reavivar a participação comunitária.<br />

• Promover a mobilização e o engajamento dos jovens em um processo permanente <strong>de</strong><br />

informação-reflexão-ação.<br />

Essencialmente, todas as oficinas dos três processos, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas<br />

no sentido <strong>de</strong> garantir que os conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s adquiridos convirjam<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo, afetivo e social, dos jovens pesquisadores.<br />

Nas oficinas <strong>de</strong> “Integração, sensibilização e formação <strong>de</strong> grupo” preocupe-se em<br />

manter um ambiente emocional propício à sociabilida<strong>de</strong> e aprendizagem, permeado pelo respeito<br />

à individualida<strong>de</strong>, ao diálogo aberto, incentivando os jovens a falarem <strong>de</strong> suas emoções, <strong>de</strong> seus<br />

medos, <strong>de</strong> seus sonhos, <strong>de</strong> seus projetos, criando assim vínculos <strong>de</strong> afeto e confiança entre todos.<br />

Consi<strong>de</strong>re-os na sua completu<strong>de</strong>, ou seja, em suas peculiarida<strong>de</strong>s pessoais, cognitivas e afetivas,<br />

além do ambiente em que vivem: a família, a escola que freqüentam e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da qual<br />

estão inseridos.<br />

Nas oficinas <strong>de</strong> “Leitura <strong>de</strong> Mundo” e <strong>de</strong> “Intervenções no território” é fundamental que<br />

os jovens se apropriem da cultura local e global reconhecendo a diversida<strong>de</strong> com que os espaços<br />

são ocupados e geridos, possibilitando aos jovens pesquisadores refletir sobre suas práticas<br />

alterando suas próprias maneiras <strong>de</strong> ver, sentir, pensar e perceber seu entorno e o mundo. Ao longo<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas oficinas é preciso promover oportunida<strong>de</strong>s para que os jovens possam<br />

expor as suas idéias <strong>de</strong> forma clara, compreensível, argumentando e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo-as, utilizando<br />

diferentes formas <strong>de</strong> linguagem (oral, escrita) para criar, comunicar, expressar idéias, imagens e<br />

sentimentos. O conteúdo compartilhado nessas oficinas <strong>de</strong>ve propiciar que os jovens leiam o mundo<br />

atribuindo sentido, buscando e analisando informações, levantando hipóteses, elaborando<br />

estratégias, estabelecendo relações entre os acontecimentos e pesquisando suas causas. Além disso<br />

preten<strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mudança e o surgimento <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> soluções para a resolução<br />

dos problemas concretos i<strong>de</strong>ntificados pelos jovens e pela própria comunida<strong>de</strong>.


O Cotidiano das Oficinas Pedagógicas<br />

O processo <strong>de</strong> formação dos jovens está organizado em 25 encontros com temas específicos.<br />

Até o 17º encontro o educador terá acesso a um texto base para compartilhar com os jovens e a um<br />

conjunto <strong>de</strong> orientações e propostas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que subsidiam o <strong>de</strong>senvolvimento do tema<br />

em questão. Nos encontros que vão do 18º até 22º você e os jovens estudarão as “propostas <strong>de</strong><br />

instrumentais <strong>de</strong> pesquisa” para serem aplicados em diferentes segmentos populacionais na<br />

comunida<strong>de</strong>. É hora do trabalho <strong>de</strong> campo on<strong>de</strong> os jovens praticam por meio <strong>de</strong> diversos ensaios<br />

(entre eles mesmos e com familiares e amigos) para <strong>de</strong>pois realizarem as pesquisas com o público<br />

<strong>de</strong>finido. Nos três últimos encontros será necessário que você elabore um plano <strong>de</strong> aula mais<br />

<strong>de</strong>talhado. Você terá que ler os três textos anteriormente para <strong>de</strong>finir as estratégias <strong>de</strong> formação.<br />

São textos que subsidiam os jovens a elaborarem projetos <strong>de</strong> intervenção comunitária.<br />

Não existe um roteiro pré-<strong>de</strong>terminado para ser seguido nas discussões e no <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

ativida<strong>de</strong>s, é o educador que com sua sensibilida<strong>de</strong> e leitura <strong>de</strong> grupo, planeja, executa e avalia os<br />

encontros. No entanto, propomos uma metodologia que consi<strong>de</strong>ra que cada encontro <strong>de</strong>ve<br />

contemplar um primeiro momento <strong>de</strong> aquecimento intencional, on<strong>de</strong> a partir da <strong>de</strong>finição<br />

do tema a ser trabalhado, o educador propõe ativida<strong>de</strong>s que mobilizem as vonta<strong>de</strong>s e capacida<strong>de</strong>s<br />

dos jovens e facilitem o processo <strong>de</strong> discussão que se seguirá. É uma espécie <strong>de</strong> acolhimento do<br />

grupo que visa sensibilizar os jovens para as discussões e trabalhos do encontro. O tipo <strong>de</strong><br />

aquecimento escolhido <strong>de</strong>ve estabelecer uma correlação direta com o tema que será abordado no<br />

encontro. Você po<strong>de</strong> se utilizar <strong>de</strong> músicas, poesias, e dinâmicas relacionadas ao tema do encontro.<br />

Um segundo momento <strong>de</strong> Apresentação e Aproximação com relação ao tema a ser<br />

compartilhado, on<strong>de</strong> o educador <strong>de</strong>safia os jovens a discutir um <strong>de</strong>terminado assunto, consi<strong>de</strong>rando<br />

seus saberes, idéias e hipóteses, propondo ativida<strong>de</strong>s que promovam a ampliação do repertório<br />

cultural dos jovens com relação a esse assunto.<br />

Um terceiro momento <strong>de</strong> Leitura do texto e ativida<strong>de</strong>s individuais e coletivas que<br />

preten<strong>de</strong> disponibilizar aos jovens informações mais sistematizadas sobre o tema em questão. Esses<br />

textos expressam <strong>de</strong> alguma maneira o conhecimento acumulado historicamente sobre <strong>de</strong>terminado<br />

tema, e revelam um pouco da visão <strong>de</strong> mundo e das convicções e dúvidas que o projeto Casulo e<br />

nosso Observatório <strong>de</strong> Jovens têm a propósito <strong>de</strong>ssas questões. Não se esqueça <strong>de</strong> promover e<br />

valorizar as produções dos jovens provenientes das ativida<strong>de</strong>s individuais e coletivas que<br />

foram propostas.<br />

E finalmente um momento <strong>de</strong> impressões e avaliações sobre o tema e o encontro<br />

para que você possa i<strong>de</strong>ntificar e acompanhar <strong>de</strong> que maneira as diferentes aprendizagens estão<br />

circulando no grupo, além <strong>de</strong> fornecer subsídios para o <strong>de</strong>senvolvimento dos próximos encontros. É<br />

a partir da avaliação dos jovens que você po<strong>de</strong> rever suas práticas e metodologias, colocando a<br />

disposição do grupo, seus saberes e convicções <strong>de</strong> forma não impositiva, contribuindo <strong>de</strong>ssa<br />

maneira, para que os jovens sejam críticos e reflexivos com relação aos conceitos, valores, certezas<br />

e dúvidas expressos nesses textos.<br />

A aprendizagem não acontece<br />

num passe <strong>de</strong> mágica,<br />

ela se dá por meio <strong>de</strong><br />

um processo pedagógico,<br />

on<strong>de</strong> mágico e platéia<br />

são responsáveis<br />

pela magia da<br />

transformação <strong>de</strong> ambos.<br />

A. Isaac<br />

13


14<br />

Ainda como indicação, propomos que você disponibilize aos jovens um “diário <strong>de</strong> bordo”<br />

on<strong>de</strong> a cada encontro um jovem possa registrar <strong>de</strong> forma criativa, bem humorada e não burocrática,<br />

os acontecimentos do dia. Trata-se <strong>de</strong> um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> memórias do grupo. Um encontro po<strong>de</strong> ser<br />

lembrado apenas por uma poesia ou uma música sobre o tema que vocês trabalharam. Provi<strong>de</strong>ncie<br />

também, caso você tenha condições, um “baú <strong>de</strong> saberes” - uma caixa com livros, revistas, Cds<br />

e textos informativos relacionados a diferentes áreas <strong>de</strong> conhecimento, como Ciências Naturais,<br />

Sociais e Arte, para que os jovens os acessem em diferentes momentos dos encontros.<br />

Como já fora dito anteriormente, todos nós estamos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia que nascemos, em um processo<br />

<strong>de</strong> aprendizagem contínuo. Nesse sentido, para uma otimização dos encontros e oficinas,<br />

é preciso que você educador estu<strong>de</strong> antecipadamente todos os temas dos 25<br />

encontros propostos, para que você se sinta seguro ao <strong>de</strong>senvolver as ativida<strong>de</strong>s e<br />

possa colocar a disposição do grupo seus conhecimentos e saberes.<br />

Na medida do possível estaremos indicando, a cada encontro, um ví<strong>de</strong>o, um outro texto e um<br />

en<strong>de</strong>reço na internet para ampliação do repertório a propósito dos temas a serem trabalhados. Caso<br />

você utilize outras estratégias para o processo <strong>de</strong> formação dos jovens, não se esqueça <strong>de</strong> trabalhar<br />

com objetos culturais reais, como TV, rádio, revistas, jornais, internet, promovendo e ampliando o<br />

acesso a esses veículos <strong>de</strong> informação.<br />

Importante: Dada a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos dos temas <strong>de</strong>senvolvidos a cada encontro, você<br />

sentirá a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> horas trabalhadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da amplitu<strong>de</strong><br />

do tema. Talvez seja necessário três ou quatro dias para “encerrar” as discussões sobre um<br />

<strong>de</strong>terminado assunto. As pesquisas que realizarão e as três oficinas <strong>de</strong> intervenção no território<br />

com certeza necessitarão mais horas <strong>de</strong> discussão.


PENSANDO AS JUVENTUDES<br />

Apesar <strong>de</strong>, nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos, po<strong>de</strong>rmos i<strong>de</strong>ntificar algumas características<br />

marcantes da fase da juventu<strong>de</strong>, é preciso promover contextualizações consi<strong>de</strong>rando essencialmente<br />

questões como, gênero, etnia, condição social e econômica, cultura local, momento histórico,<br />

particularida<strong>de</strong>s e referências <strong>de</strong> cada sujeito. Ou seja, não é possível promover generalizações do<br />

tipo “os jovens são inconseqüentes e individualistas”, “os jovens são onipotentes”, “isso é da ida<strong>de</strong>”,<br />

ou ainda relacionar a fase da juventu<strong>de</strong> exclusivamente a questões problemáticas como, violência,<br />

drogas, gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada, etc. É um cuidado a ser tomado para não incorrermos no equívoco <strong>de</strong><br />

categorizar a idéia <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> em um mo<strong>de</strong>lo hermético e consequentemente estereotipado <strong>de</strong>ssa<br />

fase da vida.<br />

Estamos falando que é preciso consi<strong>de</strong>rar as diversas juventu<strong>de</strong>s e diferentes leituras a propósito<br />

<strong>de</strong>ssas juventu<strong>de</strong>s, “os jovens negros da periferia dos gran<strong>de</strong>s centros”, “os jovens das áreas rurais”,<br />

“os jovens da classe média”, “os jovens filhos <strong>de</strong> intelectuais e militantes políticos”, “os jovens filhos<br />

<strong>de</strong> religiosos”, “os jovens em situação <strong>de</strong> rua”, “os jovens indígenas”, “os jovens do Maranhão e os<br />

jovens do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul”, e tantas outras variáveis e condições. Dessa maneira, a concepção<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> é uma construção cultural e histórica, cada socieda<strong>de</strong>, ou ainda, cada grupo social,<br />

<strong>de</strong>fine e organiza a maneira pela qual se dá a passagem da infância para juventu<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>sta para<br />

a fase adulta. Portanto, a adolescência e juventu<strong>de</strong>, da forma como a enxergamos atualmente, não<br />

se constitui como um período natural do <strong>de</strong>senvolvimento, mesmo as transformações físicas do corpo<br />

são sentidas e vivenciadas por meio da intermediação da cultura, marcadas hegemonicamente pelo<br />

lugar social e pela situação econômica dos sujeitos.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista da condição biológica po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r a fase da juventu<strong>de</strong> nos<br />

segmentos etários dos 15 aos 24 anos, e a adolescência dos 15 aos 19 anos, e é justamente nesse<br />

período marcado por transformações biológicas, psicológicas e sociais que o jovem tenta construir,<br />

na relação com outros jovens e adultos, sua nova forma <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> se perceber no mundo. Ao longo<br />

da construção <strong>de</strong>ssa nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, por mais que não pareça, os jovens estão muito atentos aos<br />

adultos que o cercam, selecionando aspectos <strong>de</strong> que não gostam e outros que lhe agradam, fazendo<br />

oposições, rejeitando ou ainda concordando. Ainda no processo <strong>de</strong> constituição e significação da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> os adolescentes e jovens lançam mão <strong>de</strong> diversas e intensas experiências - experiências<br />

<strong>de</strong> pensamentos, palavras e ações.<br />

A juventu<strong>de</strong>, marcadamente nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas, caracteriza-se por um momento <strong>de</strong> busca<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> maior inserção social, é também nessa fase que se apresentam fortemente as<br />

questões referentes ao pertencimento a grupos, às escolhas amorosas, profissionais, culturais etc.<br />

Meu pai não aprova o que eu faço,<br />

tão pouco eu aprovo<br />

o filho que ele fez.<br />

Belchior<br />

A juventu<strong>de</strong> não é progressista<br />

nem conservadora por índole,<br />

porém é uma potencialida<strong>de</strong><br />

pronta para qualquer nova<br />

oportunida<strong>de</strong>.<br />

Mannheim<br />

15


É jovem quando <strong>de</strong>scortina<br />

a clara possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mudar <strong>de</strong> opinião,<br />

É jovem quando salta<br />

o precipício da razão e tem<br />

uma queda pra ilusão,<br />

É jovem quando entra no oceano<br />

<strong>de</strong> quarenta correntezas<br />

sem nenhuma embarcação,<br />

Signo da sincerida<strong>de</strong>, da impulsão,<br />

do sonho, da realização,<br />

É jovem quando carrega<br />

o mundo com as mãos<br />

16<br />

Adaptado <strong>de</strong> musica <strong>de</strong><br />

Oswaldo Montenegro<br />

Trabalhando com jovens<br />

No atual cenário da realida<strong>de</strong> brasileira e das políticas públicas nas áreas da infância,<br />

adolescência e juventu<strong>de</strong>, torna-se absolutamente fundamental a criação <strong>de</strong> espaços e projetos que<br />

acolham os jovens para dialogar, refletir e discutir questões que os afetam, proporcionando-lhes<br />

experiências diversificadas que contribuam para ampliação da sua visão <strong>de</strong> mundo e<br />

consequentemente <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolhas.<br />

Aos educadores, professores, Ong’s e escolas que preten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver trabalhos e projetos<br />

com foco no público juvenil, <strong>de</strong>stacamos alguns temas e questões, que do nosso ponto <strong>de</strong> vista, não<br />

po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>rados:<br />

• A formulação e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos com foco no público jovem não <strong>de</strong>ve objetivar<br />

exclusivamente a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ocupacionais para juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a prevenir o<br />

ócio e as condutas anti-sociais. É preciso enten<strong>de</strong>r esses projetos como uma resposta da<br />

socieda<strong>de</strong> e do po<strong>de</strong>r público, na perspectiva da garantia dos direitos constitucionais dos<br />

adolescentes e jovens.<br />

• Nas socieda<strong>de</strong>s contemporâneas <strong>de</strong>senvolveu-se a idéia <strong>de</strong> que o importante é o que os jovens<br />

vão se tornar quando forem adultos, afinal eles não são nem crianças nem adultos. Essa idéia<br />

marca a juventu<strong>de</strong> por aquilo que ela não é, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa fase da<br />

vida. Nessa perspectiva a juventu<strong>de</strong> seria um período <strong>de</strong> preparação e <strong>de</strong> espera, on<strong>de</strong> os<br />

principais marcos do final <strong>de</strong>ssa fase seriam a inserção no mundo do trabalho, a constituição<br />

<strong>de</strong> um novo núcleo familiar e a procriação.<br />

• Os jovens, especialmente os provenientes das classes populares, são<br />

afetados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo por <strong>de</strong>svantagens sociais, cognitivas e afetivas, além <strong>de</strong><br />

sofrerem pela <strong>de</strong>satenção pública à educação, saú<strong>de</strong>, assistência e <strong>de</strong>mais<br />

direitos fundamentais para sua formação. No entanto, a socieda<strong>de</strong> espera<br />

<strong>de</strong>les comportamentos i<strong>de</strong>ais - “docilida<strong>de</strong>”, “pon<strong>de</strong>ração”, “humilda<strong>de</strong>”,<br />

“capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tolerar frustrações e adiar gratificações”. Comportamentos<br />

hegemonicamente juvenis como imediatismo, agressivida<strong>de</strong>, alternância <strong>de</strong><br />

sentimentos e <strong>de</strong>sejos, contestação da autorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ser percebidos como<br />

características próprias do <strong>de</strong>senvolvimento biológico, psicológico e social<br />

<strong>de</strong>ssa fase da vida.<br />

• Em uma socieda<strong>de</strong> profundamente assentada e marcada pela distribuição<br />

<strong>de</strong>sigual da renda e on<strong>de</strong> o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> consumo proposto pelo mercado é<br />

conflitante com a realida<strong>de</strong> da maioria <strong>de</strong> nossos jovens, é preciso perceber<br />

criticamente os sentimentos <strong>de</strong> revolta, o não reconhecimento do outro como<br />

semelhante e os comportamentos <strong>de</strong>sviantes (drogadição e <strong>de</strong>linqüência).<br />

• É preciso investigar a relação que os diferentes grupos juvenis guardam com à escola, com o mundo<br />

do trabalho, com a família, com suas comunida<strong>de</strong>s, com a mídia e a cultura <strong>de</strong> massa, com a


violência, com o tempo livre, com seus sonhos, angustias e frustrações. Só assim po<strong>de</strong>remos contribuir<br />

para que os jovens ajam e pautem suas escolhas por critérios <strong>de</strong> justiça, ética e cidadania.<br />

• Consi<strong>de</strong>rar o ponto <strong>de</strong> vista dos jovens, portanto, implica um esforço interno e uma reeducação<br />

do olhar sobre eles, evitando olhá-los a partir do que lhes falta. Para permitir que o jovem<br />

experimente outros modos <strong>de</strong> ser, é preciso, antes <strong>de</strong> qualquer coisa, experimentar diferentes<br />

modos <strong>de</strong> vê-lo, evitando que o estigma o enclausure em papéis pre<strong>de</strong>terminados — na maioria<br />

das vezes, oscilando entre os papéis <strong>de</strong> vilão e <strong>de</strong> vítima. O olhar que prioriza o que falta aos<br />

jovens aparece em falas como “eles não têm limites, não têm valores, não têm perspectivas, não<br />

têm sonhos, não têm boa auto-estima”. Esse modo <strong>de</strong> ver os jovens pressupõe um mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al do<br />

que eles <strong>de</strong>veriam ser, raramente coincidindo com os jovens reais, com os quais o educador<br />

trabalha. Se o olhar fica preso ao ângulo do que falta ao jovem, a escuta não se realiza e o<br />

educador, em vez <strong>de</strong> ajudá-lo a pensar sobre si, acaba ocupando o lugar <strong>de</strong> quem faz julgamentos<br />

morais.<br />

• É preciso que o educador e a Ong tenham consciência da responsabilida<strong>de</strong> do papel que<br />

representam frente aos adolescentes e jovens com os quais trabalham, pois além dos jovens que<br />

conseguem sonhar, estabelecer objetivos e vislumbrar um futuro melhor para si e para coletivida<strong>de</strong>,<br />

encontrarão aqueles que não acreditam que po<strong>de</strong>m apren<strong>de</strong>r, que não po<strong>de</strong>m transformar o<br />

mundo coletivamente e que não acreditam em si mesmos. É essencialmente para esse público que<br />

os educadores e Ong’s <strong>de</strong>vem investir e canalizar suas ações, <strong>de</strong> maneira que esses jovens possam<br />

olhar para si mesmos e perceber suas potencialida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>scobrindo que são capazes, como<br />

qualquer outro, <strong>de</strong> produzir, criar e intervir.<br />

• As novas exigências do “mundo do trabalho” como disponibilida<strong>de</strong> para apren<strong>de</strong>r sempre,<br />

maior preparo tecnológico, flexibilida<strong>de</strong> e polivalência, apontam para a necessida<strong>de</strong> da<br />

ampliação do tempo <strong>de</strong> escolarização dos jovens e maior contato com outras ativida<strong>de</strong>s<br />

educativas e culturais, que ampliem seu universo informacional e respondam às suas<br />

necessida<strong>de</strong>s sócio-emocionais.<br />

• “O <strong>de</strong>semprego, o subemprego e as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção profissional <strong>de</strong>sprezam o<br />

talento <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> jovens brasileiros.” (Relatório OIT — Organização Internacional do Trabalho, 2004)<br />

17


18<br />

UMA EXPERIÊNCIA DO OBSERVATÓRIO<br />

Em 2004, um grupo <strong>de</strong> 10 jovens formados pelo Projeto Casulo produziu uma pesquisa na<br />

comunida<strong>de</strong> do Real Parque.<br />

A pesquisa i<strong>de</strong>ntificou 821 unida<strong>de</strong>s domiciliares no espaço que <strong>de</strong>nominamos “favela”, 63<br />

moradias no “alojamento” e 489 apartamentos nos condomínios do Cingapura, totalizando 1.373<br />

residências na comunida<strong>de</strong> do Real Parque. Desse total, foram entrevistados 1.116 responsáveis<br />

pelo domicílio; houve ainda 257 unida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> os moradores não foram encontrados, não havia<br />

moradores ou os moradores se recusaram a receber os jovens pesquisadores. A pesquisa apontou<br />

que o Real Parque possui 4.314 moradores, sendo 1.230 jovens <strong>de</strong> 14 a 24 anos.<br />

A pesquisa foi feita com dois tipos <strong>de</strong> questionários, um que <strong>de</strong>nominamos<br />

“populacional”, para ser aplicado em todas as unida<strong>de</strong>s domiciliares, outro que<br />

<strong>de</strong>nominamos “amostral”, para ser aplicado em segmentos populacionais <strong>de</strong>finidos:<br />

jovens <strong>de</strong> 15 a 24 anos, adultos <strong>de</strong> 25 a 60 anos e idosos acima <strong>de</strong> 60 anos.<br />

Os jovens entrevistaram os responsáveis pelo domicílio que respon<strong>de</strong>ram a diferentes<br />

perguntas sobre família, vida social, trabalho, saú<strong>de</strong>, educação, lazer, religião,<br />

participação comunitária e <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> futuro para o bairro. O questionário populacional<br />

contemplou as questões do perfil socioeconômico da comunida<strong>de</strong> do Real Parque,<br />

procurando <strong>de</strong>finir quem são, em dados gerais, os moradores locais; como vivem; qual<br />

sua procedência; sexo; ida<strong>de</strong>; escolarida<strong>de</strong>; ocupação; renda. Já o questionário amostral<br />

buscou i<strong>de</strong>ntificar os costumes, saberes, habilida<strong>de</strong>s, sonhos, <strong>de</strong>sejos e percepções <strong>de</strong><br />

210 moradores da comunida<strong>de</strong>, sendo 70 jovens, 70 adultos e 70 idosos.<br />

A gran<strong>de</strong> diferença <strong>de</strong>ssa pesquisa está no fato <strong>de</strong> ser participante, ou seja, realizada pelos<br />

próprios jovens da comunida<strong>de</strong> — que cartografaram a comunida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificaram as residências,<br />

ajudaram a <strong>de</strong>finir questões relevantes para os dois questionários, “bateram <strong>de</strong> porta em porta”,<br />

ajudaram a tabular os resultados e a elaborar a uma publicação com os resultados.<br />

Uma segunda pesquisa será realizada, exclusivamente com o público jovem das comunida<strong>de</strong>s do<br />

Jardim Panorama e Real Parque. Serão entrevistados 500 jovens <strong>de</strong> 14 a 24 anos, sendo 300 do Real<br />

Parque e 200 do Panorama. Essa amostra se constitui em mais <strong>de</strong> 40% da população jovem <strong>de</strong>sses<br />

bairros, segundo a primeira pesquisa realizada pelo Observatório em 2004. Serão aplicados 50<br />

questionários por ida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rando a proporção <strong>de</strong> 25 para o gênero masculino e 25 para o<br />

gênero feminino. As questões relativas ao instrumental <strong>de</strong> pesquisa serão <strong>de</strong>finidas com o grupo <strong>de</strong><br />

jovens, ao mesmo tempo em que realizaremos um estudo comparativo com os resultados da pesquisa<br />

A voz dos Adolescentes, realizada pelo Unicef a propósito da situação da adolescência no Brasil.<br />

Queremos comparar a opinião dos adolescentes do Brasil com as impressões dos jovens <strong>de</strong> 14 a 24<br />

anos das comunida<strong>de</strong>s do Real Parque e Jardim Panorama a propósito dos temas: escola, trabalho,<br />

família, sonhos expectativas e <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> futuro, pobreza e violência, política, esporte, lazer e cultura.<br />

Após a realização da etapa <strong>de</strong> campo e tabulação da pesquisa participante, os jovens do Observatório<br />

Social compartilharão os dados, por meio <strong>de</strong> palestras, com os <strong>de</strong>mais jovens participantes dos<br />

programas do Casulo, com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizações locais, faculda<strong>de</strong>s e órgãos públicos, entre outros.


A VOZ DOS OBSERVADORES<br />

A nossa História começa assim...<br />

Outubro <strong>de</strong> 2003<br />

Cartazes nas pare<strong>de</strong>s e postes da comunida<strong>de</strong>, “Pesquisa Social Participante, precisamos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z jovens”.<br />

A idéia era fazer uma pesquisa para conhecer melhor a comunida<strong>de</strong> e para isso, precisavam <strong>de</strong><br />

pessoas que morassem na “favela”.<br />

A curiosida<strong>de</strong> nos levou a participar da primeira reunião e saber do que se tratava aquele<br />

anúncio.<br />

Nesta reunião estiveram presentes jovens e outros moradores, mas os que ficaram foram apenas<br />

10 jovens, que permaneceram durante toda a pesquisa. Alguns já se conheciam da escola e da rua<br />

e outros, apesar <strong>de</strong> morarem na comunida<strong>de</strong> nem se olhavam ao passar na rua.<br />

A maior parte <strong>de</strong> nós participava das oficinas culturais no Projeto Casulo, apenas o Sidney não<br />

fazia oficina e ficou sabendo da pesquisa através <strong>de</strong> uma tia que participava da Associação<br />

Esportiva e Cultural SOS Juventu<strong>de</strong>, organização parceira do Projeto Casulo.<br />

Os motivos que nos mantiveram unidos foram: encontro <strong>de</strong> amigos, ampliação do currículo<br />

profissional, curiosida<strong>de</strong> e melhor ocupação do tempo.<br />

Após todo esse processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> grupo e adaptação, iniciou-se uma capacitação, que<br />

se <strong>de</strong>u por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates e oficinas sobre alguns temas como, por exemplo, <strong>Cidadania</strong>, Ética,<br />

Moral, Meio ambiente, Pesquisa e outros temas ligados com a comunida<strong>de</strong>.<br />

Durante esse processo tivemos acesso aos dados do IBGE, e do programa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />

renda ”Renda Mínima” que mostrava uma pesquisa feita no distrito do Morumbi, on<strong>de</strong> os dados<br />

pareciam não coincidir com a nossa realida<strong>de</strong>.<br />

Através dos nossos olhares, constatamos que os dados não estavam <strong>de</strong> acordo com a nossa<br />

comunida<strong>de</strong>, pois estes dados associavam a favela do Real Parque com a elite, igualando as condições<br />

sociais, não havendo na favela falta <strong>de</strong> saneamento básico, mas sim, gran<strong>de</strong>s casas <strong>de</strong> alvenaria com<br />

muitos banheiros, on<strong>de</strong> viviam pessoas bem remuneradas, com ótimas condições <strong>de</strong> vida.<br />

Assim enxergamos, o porquê <strong>de</strong> tanta falta <strong>de</strong> atenção do po<strong>de</strong>r público nessa comunida<strong>de</strong>, pois<br />

segundo estes dados o Real Parque não precisaria <strong>de</strong> um olhar mais especial, pois só haveria a elite<br />

morando nessa região.<br />

Como cita um dos observadores: ”Não sei, como conseguem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ver este contraste social,<br />

pois estamos inseridos no meio <strong>de</strong> uma das maiores vias <strong>de</strong> acesso à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, que é a<br />

Marginal Pinheiros, só não enxerga a Favela quem não quer, o governo faz <strong>de</strong> conta que não<br />

estamos aqui. Parece que somos inexistentes! Além disso, parte da elite quer nos excluir daqui.<br />

19


20<br />

Ao longo da capacitação foi brotando em nós a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber, quais eram os verda<strong>de</strong>iros<br />

dados da comunida<strong>de</strong>? Como estas pessoas que moravam aqui sobrevivem? Quais eram suas<br />

necessida<strong>de</strong>s? O que elas planejam para o futuro próximo, quais são suas expectativas?<br />

Levantamos hipóteses sobre problemas i<strong>de</strong>ntificados pelo grupo e por li<strong>de</strong>ranças da<br />

comunida<strong>de</strong>, e a partir disso elaboramos o questionário populacional (questionário aplicado com<br />

todos os responsáveis pelas residências, que pretendia conhecer os aspectos socioeconômicos das<br />

famílias) e o amostral (tinha a pretensão <strong>de</strong> conhecer o aspecto cultural e as perspectiva <strong>de</strong> vida<br />

dos moradores).<br />

Começamos o nosso trabalho fazendo o mapeamento dos becos e vielas da favela, para facilitar<br />

as nossas visitas e nos organizarmos melhor. Com a ajuda <strong>de</strong> alguns voluntários conseguimos<br />

numerar todos os barracos para que <strong>de</strong>pois pudéssemos construir um mapa da comunida<strong>de</strong><br />

contendo todas as ruas, vielas, casas e apartamentos do conjunto habitacional.<br />

O mapeamento nos marcou bastante, porque os moradores achavam que éramos da prefeitura<br />

e que estávamos fazendo este trabalho para retirar os barracos. Foi marcante para nós o contato<br />

com realida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>, pois ao contrario dos dados que foram nos apresentados, po<strong>de</strong>mos<br />

constatar que aquelas informações estavam muito distantes da vida daquelas pessoas, e serviu para<br />

que déssemos mais valor para nossa própria vida, nos fortalecendo para não <strong>de</strong>ixar a nossa<br />

pesquisa só no papel, mas para servir <strong>de</strong> instrumento para modificar a realida<strong>de</strong>.<br />

O trabalho <strong>de</strong> campo começou com uma gran<strong>de</strong> expectativa, todos nós estávamos envolvidos<br />

numa gran<strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> sentimentos. A princípio ficamos um pouco envergonhados. Como bater na<br />

porta <strong>de</strong> alguém que não tínhamos intimida<strong>de</strong>? O que falar e como falar?<br />

Com o tempo, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muito estudo e ensaio, ficamos mais a vonta<strong>de</strong>, e percebemos o<br />

quanto às pessoas são receptivas, o quanto à comunida<strong>de</strong> tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar, falar sobre<br />

seus sonhos e expectativas <strong>de</strong> vida. No entanto, havia moradores que não <strong>de</strong>monstravam interesse<br />

ao serem entrevistados, <strong>de</strong> saber o porquê estávamos ali com pranchetas nas mãos, coletando seus<br />

dados. Talvez porque é muito comum pesquisadores baterem a porta das casas buscando<br />

informações pessoais e familiares, e isso não se reverter em uma intervenção que melhore a vida dos<br />

moradores da comunida<strong>de</strong>.<br />

Para nós o que ficou <strong>de</strong> experiência foi conhecer um pouco mais da cultura da nossa<br />

comunida<strong>de</strong>, que às vezes <strong>de</strong> tão imersos que estamos nela, não conseguimos enxergar os traços<br />

<strong>de</strong>sta cultura. Também foram importantes as oficinas e ativida<strong>de</strong>s que realizamos ao longo <strong>de</strong> nossa<br />

formação como pesquisadores sociais. Algo que também se evi<strong>de</strong>nciou foi o total <strong>de</strong>scaso <strong>de</strong><br />

políticas públicas que aten<strong>de</strong>ssem estes moradores, ações na área da educação, saú<strong>de</strong>, saneamento<br />

básico, transporte e moradia.<br />

Sem contar os momentos inesquecíveis que pu<strong>de</strong>mos vivenciar a cada entrevista realizada,<br />

situações que nos <strong>de</strong>ixavam emocionados, indignados, mas com muita esperança. Foi muito<br />

importante olhar <strong>de</strong> perto e ouvir atentamente os moradores do Real Parque e Jardim Panorama.


Em <strong>de</strong>corrência da pesquisa realizada <strong>de</strong>u-se continuida<strong>de</strong> ao Observatório <strong>de</strong> Jovens, espaço<br />

<strong>de</strong> estudo, reflexão e <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> intervenções e projetos comunitários. Por meio <strong>de</strong> uma<br />

parceria com a Prefeitura <strong>de</strong> São Paulo (Programa Bolsa Trabalho), aumentamos nosso grupo e<br />

passamos por uma nova formação que teve duração <strong>de</strong> cinco meses on<strong>de</strong> discutimos sobre<br />

cidadania, políticas públicas, mídia, consumo, valores, e diferentes temas que antes eram distantes<br />

da nossa realida<strong>de</strong>, e que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> discutidos permitiram que ampliássemos nosso repertório<br />

cultural, nossas visões e questionamentos.<br />

Por fim, o término da formação elaboramos projetos <strong>de</strong> intervenção na comunida<strong>de</strong> relacionados<br />

à educação, meio-ambiente, esporte, sexualida<strong>de</strong>, cultura hip-hop e outros.<br />

Juliana dos Santos Piauí - 19 anos<br />

Genivaldo dos Santos Piauí - 18 anos<br />

Sidnei Cosme Candido Faria - 18 anos<br />

Francemildo P. da Silva - 17 anos<br />

Karina Santos da Silva - 18 anos<br />

Edson Salvino da Costa - 19 anos<br />

Renato dos Reis Nascimento - 17 anos<br />

Diana <strong>de</strong> Sousa Sales - 19 anos<br />

Verônica Santos Gomes - 19 anos<br />

Marciana Balduino Souza - 20 anos<br />

Viviane <strong>de</strong> Paula Gonzaga - 22 anos<br />

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1<br />

22<br />

VIVENDO E APRENDENDO A CONVIVER


É na família, na escola, na comunida<strong>de</strong> e no trabalho, que ao longo da nossa vida vamos<br />

constituindo a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> em um processo <strong>de</strong> aprendizagem contínuo. Todas as coisas que<br />

apren<strong>de</strong>mos e compartilhamos fazem parte daquilo que somos, pensamos e fazemos.<br />

As pessoas não nascem sabendo conviver umas com as outras, ao contrário, a convivência<br />

social, por não ser natural, requer aprendizagens básicas que <strong>de</strong>vem ser ensinadas,<br />

aprendidas e <strong>de</strong>senvolvidas todos os dias. José Bernardo Toro (1995)<br />

“APRENDER A NÃO AGREDIR O OUTRO”.<br />

Os homens precisam ser ensinados a não agredir, nem física nem psicologicamente, os outros<br />

seres humanos. Não <strong>de</strong>vemos aceitar com normalida<strong>de</strong> xingamentos, espancamentos, homem que<br />

bate em mulher, irmão que <strong>de</strong>sconhece irmão, polícia que agri<strong>de</strong> cidadão, briga <strong>de</strong> gangues,<br />

torcidas uniformizadas que se agri<strong>de</strong>m mutuamente, violência no trânsito, discriminações, fome,<br />

guerras ou injustiças. O que está por trás da valorização da não-agressão é o princípio da vida. Ao<br />

valorizar a minha vida e a do outro, estou valorizando a humanida<strong>de</strong>.<br />

“APRENDER A COMUNICAR-SE”.<br />

As pessoas <strong>de</strong>vem exercitar a comunicação: é o pressuposto para o entendimento, para o<br />

acordo, para a resolução <strong>de</strong> conflitos e para a convivência. Por meio da comunicação constrói-se<br />

uma nova visão <strong>de</strong> mundo e uma nova “forma <strong>de</strong> olhar”. As linguagens oral, escrita e artística<br />

<strong>de</strong>vem ser entendidas como instrumentos para se viver melhor.<br />

“APRENDER A INTERAGIR”.<br />

Interagir é agir em sintonia com o outro, apren<strong>de</strong>ndo a concordar e discordar sem romper a<br />

convivência. Respeitar as convicções políticas, religiosas, a condição social, a situação econômica,<br />

o time <strong>de</strong> futebol, o jeito <strong>de</strong> vestir, <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir do outro.<br />

“APRENDER A DECIDIR EM GRUPO”.<br />

Decidir as coisas em grupo é mais difícil do que <strong>de</strong>cidir sozinho. O exercício da <strong>de</strong>mocracia não<br />

é fácil e exige muita disciplina; no entanto, são inúmeras as vantagens <strong>de</strong> se <strong>de</strong>cidirem as coisas em<br />

grupo. O comprometimento coletivo, a certeza <strong>de</strong> que todos pu<strong>de</strong>ram ser consi<strong>de</strong>rados, a rapi<strong>de</strong>z<br />

e eficiência nos resultados são exemplos <strong>de</strong>ssas vantagens.<br />

“APRENDER A SE CUIDAR”.<br />

“Respirar bem fundo e <strong>de</strong>vagar, que a energia tá no ar. Bom é não fumar, beber só pelo<br />

paladar, comer <strong>de</strong> tudo que for bem natural, e só fazer muito amor, que amor não faz mal” (Joyce,<br />

cantora e compositora da música popular brasileira). Novamente, estamos falando da valorização<br />

da vida. Cuidar do corpo, da mente e do espírito é sinal <strong>de</strong> respeito consigo mesmo. É preciso<br />

valorizar os hábitos <strong>de</strong> higiene, a prevenção contra doenças, valorizar o hábito <strong>de</strong> não fumar e a<br />

prática <strong>de</strong> esportes e lazer.<br />

Apren<strong>de</strong>ndo e ensinando<br />

uma nova lição...<br />

vem vamos embora<br />

que esperar não é saber,<br />

quem sabe faz a hora<br />

não espera acontecer.<br />

Geraldo Vandré<br />

23<br />

1


1<br />

24<br />

“APRENDER A CUIDAR DO LUGAR EM QUE VIVEMOS”.<br />

Os seres humanos vêm historicamente <strong>de</strong>struindo todos os recursos da Terra. A contaminação dos<br />

rios e dos mares, a poluição do ar que respiramos, a extração <strong>de</strong>scontrolada dos recursos minerais, a<br />

<strong>de</strong>vastação das matas e a extinção <strong>de</strong> algumas espécies <strong>de</strong> animais são exemplos da <strong>de</strong>struição dos<br />

recursos naturais da Terra. Ao mesmo tempo que <strong>de</strong>vemos compreen<strong>de</strong>r por que e para que alguns<br />

homens estão <strong>de</strong>struindo esses recursos, <strong>de</strong>vemos lutar pela preservação <strong>de</strong>les. O que está por trás<br />

<strong>de</strong>ssa luta é o compromisso com nossa vida e com a das futuras gerações. Cuidar do lugar on<strong>de</strong><br />

vivemos não se restringe a preservar os recursos da Terra: é no cotidiano que cuidamos da nossa casa,<br />

da nossa rua, dos equipamentos públicos como escolas, hospitais, praças, parques, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

“APRENDER A VALORIZAR O SABER SOCIAL”.<br />

Quando nascemos, muitas coisas já estão dadas, ou seja, já existe um conjunto <strong>de</strong> regras,<br />

valores, práticas culturais e tradições que formam a história do grupo social. É assim que o<br />

conhecimento produzido por uma geração <strong>de</strong> homens e mulheres é “transmitido” para as gerações<br />

futuras e partilhado com elas. Por meio da família, da escola, da comunida<strong>de</strong>, da igreja, dos meios<br />

<strong>de</strong> comunicação é que acessamos e compartilhamos esse conhecimento acumulado. Temos <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r a valorizar o saber social, mas <strong>de</strong>vemos utilizar a reflexão e a crítica para questionar as<br />

regras, valores e práticas culturais que nos foram passadas <strong>de</strong> uma geração a outra.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é possibilitar que os jovens comecem a tomar consciência <strong>de</strong> que fazem<br />

parte <strong>de</strong> diferentes grupos no seu cotidiano (família, escola, amigos) e que existem algumas<br />

aprendizagens que são básicas para a convivência social. A idéia central é incentivar a formação<br />

<strong>de</strong> um grupo coeso, que vise um trabalho cooperativo, ao longo <strong>de</strong> todo o projeto.<br />

Material Necessário:<br />

Papel sulfite, canetas, flip-chart ou lousa, pincel atômico ou giz.<br />

Aquecimento intencional “Guardando nomes”<br />

O educador pe<strong>de</strong> para que os jovens sentem em roda. O educador po<strong>de</strong> começar o aquecimento<br />

- fala seu nome e pe<strong>de</strong> para o jovem sentado ao seu lado falar o nome do educador e <strong>de</strong>pois seu<br />

próprio nome, o terceiro jovem fala seu nome, o nome do segundo jovem e o nome do educador.<br />

Isso se repete até que todos tenham falado seus nomes. Em grupos gran<strong>de</strong>s os nomes são<br />

repetidos inúmeras vezes.


Comentários<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong> e como ela contribuiu para a integração do grupo. Peça<br />

comentários e <strong>de</strong>clarações.<br />

Comente as palavras mais utilizadas pelo grupo.<br />

Relacione as expectativas à proposta <strong>de</strong> trabalho do dia, que será a <strong>de</strong> trabalhar a convivência<br />

em grupo.<br />

Apresentação e Aproximação “Troca <strong>de</strong> Saberes”<br />

O educador divi<strong>de</strong> os jovens em duplas segundo alguns critérios (mesmo signo, mesma letra<br />

inicial do nome, cor da roupa etc.). Após a formação das duplas pe<strong>de</strong>-se para que cada um ensine<br />

ao outro algo que saiba fazer e que possa ensinar ao outro. Dar aproximadamente 15 minutos para<br />

a realização da ativida<strong>de</strong>.<br />

Depois que todos realizaram em suas duplas a “troca <strong>de</strong> saberes”, o educador pe<strong>de</strong> para que<br />

as duplas apresentem para o resto do grupo o que apren<strong>de</strong>ram com o colega. Surgem coisas<br />

bastante inusitadas.<br />

Depois <strong>de</strong> todos apresentarem, o educador po<strong>de</strong>rá perguntar aos jovens o que acharam mais<br />

interessante, como foi apren<strong>de</strong>r e ensinar coisas novas, como se sentiram apresentando suas<br />

aprendizagens para o coletivo, e caso não tenham conseguido fazer, pedir <strong>de</strong>clarações do que<br />

acharam mais difícil. O educador po<strong>de</strong>rá anotar no flip-chart ou na lousa para tornar a visualização<br />

mais fácil.<br />

Leitura do texto “Vivendo e apren<strong>de</strong>ndo a conviver”<br />

Constitua pequenos grupos e peça que leiam o texto “APRENDENDO A CONVIVER” em seguida<br />

os grupos apresentam para os <strong>de</strong>mais suas discussões sobre o texto trazendo para o coletivo uma<br />

música ou poesia que lembraram após a discussão do texto.<br />

A leitura <strong>de</strong>sse texto dá gancho para uma série <strong>de</strong> questões que po<strong>de</strong>m ser trabalhadas ao longo<br />

dos próximos encontros com os jovens. É Importante dar aos jovens a oportunida<strong>de</strong> para discutirem<br />

entre si, tirarem suas dúvidas e curiosida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> modo a tornar o encontro mais <strong>de</strong>scontraído possível.<br />

Este é um momento <strong>de</strong> interação inicial do grupo, <strong>de</strong>ve ser bastante valorizado pelo educador.<br />

Ainda nesse encontro você po<strong>de</strong> sugerir que produzam uma “Auto Carta”. Traga o poema da<br />

Clarice Lispector, <strong>de</strong>nominado “Eu sei, mas não <strong>de</strong>via” que faz uma reflexão sobre os problemas<br />

individuais e resgata diversos temas sociais, e ambientais, tais como: poluição do ar, da água,<br />

sonora, <strong>de</strong>struição ambiental, etc.<br />

25<br />

1


1<br />

Pequeno trecho do poema:<br />

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não <strong>de</strong>via...<br />

A tomar o café correndo porque está atrasado...<br />

A comer sanduíche porque não dá para almoçar...<br />

A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso <strong>de</strong> volta...<br />

A ser ignorado quando precisava tanto ser visto...<br />

A gente se acostuma à poluição...<br />

A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que gasta <strong>de</strong> tanto se acostumar, e se per<strong>de</strong> <strong>de</strong> si mesma...<br />

Após a leitura do poema propõe-se a Auto-Carta, ou seja, uma carta para si próprio. A idéia é<br />

estimular uma reflexão interna sobre tudo que eles acham que se acostumam e não <strong>de</strong>viam, conforme<br />

proposto pelo poema. A auto-carta <strong>de</strong>ve ser entregue no último encontro dos participantes para que<br />

eles reflitam novamente, lembrem do que escreveram, <strong>de</strong> como iniciaram e essencialmente <strong>de</strong> como<br />

mudaram no percurso da proposta.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

26<br />

Impressões e Avaliações<br />

A partir das ativida<strong>de</strong>s “guardando nomes”, “troca <strong>de</strong> saberes”, da leitura do<br />

texto “Vivendo e Apren<strong>de</strong>ndo a Conviver”, pergunte aos jovens “das aprendizagens<br />

do dia qual foi mais significativa” “qual trecho da poesia foi mais marcante”. Peça<br />

também para que um jovem registre, da maneira que achar mais interessante, as<br />

coisas que aconteceram no encontro <strong>de</strong> hoje. No encontro seguinte um jovem lê as<br />

anotações do diário <strong>de</strong> bordo, e o grupo <strong>de</strong>fine outra pessoa para registrar as<br />

aprendizagens, brinca<strong>de</strong>iras, acontecimentos e “poesias” do dia.<br />

Textos<br />

A Escola e o Mundo Juvenil: Experiências e Reflexões. Ação Educativa. São Paulo: Ação Educativa, 2003.<br />

Série em questão, no 1.<br />

Culturas da Rebeldia: a Juventu<strong>de</strong> em Questão. Carmo, Paulo Sérgio do, São Paulo:Senac, 2001.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Juventu<strong>de</strong> Transviada (1955, Dir. Nicholas Ray, dur. 111') - Clássico estrelado por James Dean. Trata-se <strong>de</strong><br />

um adolescente recém chegado a uma escola e seu esforço em se enturmar.<br />

Sites<br />

<strong>Instituto</strong> Nacional <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). www.inep.gov.br


VIVER UNS COM OS OUTROS,<br />

EM VEZ DE UNS CONTRA OS OUTROS<br />

27<br />

2


2<br />

28<br />

Todas as coisas que você conhece hoje, mesmo as mais simples, como a água da torneira, a<br />

luz que você acen<strong>de</strong>, a roupa que você veste, a televisão que você assiste, o jornal que você lê e<br />

tantas outras são resultado da cooperação humana.<br />

Ao longo da história da humanida<strong>de</strong>, o ser humano percebeu as vantagens <strong>de</strong> viver em<br />

socieda<strong>de</strong>, ou seja, em troca da possível liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer tudo o que se quer, passaram a<br />

colaborar uns com os outros, cada um <strong>de</strong>senvolvendo uma habilida<strong>de</strong> específica e compartilhando<br />

com os outros.<br />

Uns colhem o algodão, outros o transformam em fios, <strong>de</strong>pois vem a tecelagem, a confecção e o<br />

comércio, até que a roupa fique pronta para você usar. No entanto, as coisas não são tão simples<br />

assim. Você sabe que tanto na vida cotidiana como na vida em socieda<strong>de</strong> existem brigas e conflitos?<br />

Você já <strong>de</strong>ve ter ouvido falar em patrões que exploram empregados ou em fazen<strong>de</strong>iros que exploram<br />

trabalhadores rurais. E, até na sua vida cotidiana, há pessoas que batem em suas companheiras ou<br />

companheiros e filhos, há brigas <strong>de</strong> gangues e <strong>de</strong> torcidas, entre outras. Isso porque as pessoas têm<br />

interesses e opiniões diferentes que, às vezes, não são bem resolvidos. Esses interesses particulares<br />

e coletivos estão presentes o tempo todo em nossa vida. No entanto, são inúmeras as vantagens <strong>de</strong><br />

se viver em socieda<strong>de</strong>, principalmente se cooperarmos uns com os outros.<br />

A convivência é uma condição absolutamente fundamental, tanto nas relações pessoais<br />

cotidianas como nas relações entre grupos, classes e partidos políticos. A consi<strong>de</strong>ração do interesse<br />

do outro - grupo ou indivíduo - tem um contraponto na garantia <strong>de</strong> que as minhas idéias,<br />

pensamentos e reivindicações também <strong>de</strong>vem ser levadas em conta. Valorizar a convivência não<br />

significa mascarar as contradições <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> cada vez mais competitiva e exclu<strong>de</strong>nte, nem<br />

se anular. Tanto no plano social como no individual existem conflitos, contradições e lutas. Não se<br />

trata <strong>de</strong> abafar o conflito. Muito pelo contrário, as transformações pessoais, sociais, políticas e<br />

econômicas são resultado <strong>de</strong> muitas lutas em que entram em jogo interesses individuais e <strong>de</strong> diversos<br />

setores da socieda<strong>de</strong>. No entanto, na maioria das vezes, só a partir das negociações e acordos é<br />

que se tornam possíveis algumas mudanças.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo<br />

O objetivo do encontro é possibilitar que os jovens comecem a se conhecer melhor, interagir,<br />

pesquisar, promover a cooperação e o trabalho em equipe, respeitando as escolhas e as<br />

diferenças individuais.<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, folhas <strong>de</strong> papel craft, cola, fita crepe, pincel atômico, canetinhas.


Aquecimento intencional “Nós <strong>de</strong>sfazendo nó”<br />

A ativida<strong>de</strong> proposta é <strong>de</strong>nominada “dinâmica do nó”. Ela procura estimular temas geradores,<br />

tais como: cooperação, competição, li<strong>de</strong>rança, persistência nos objetivos, amiza<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros. É<br />

uma dinâmica <strong>de</strong> sensibilização muito importante para evi<strong>de</strong>nciar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estimular<br />

ativida<strong>de</strong>s coletivas e cooperativas.<br />

Inicia-se a ativida<strong>de</strong> formando uma roda, com os todos os participantes <strong>de</strong> mãos dadas. Orientamse<br />

os jovens a esticarem o máximo os braços <strong>de</strong> modo a formar uma gran<strong>de</strong> roda, e encolherem o<br />

máximo que pu<strong>de</strong>rem formando uma pequena roda. Neste segundo momento, <strong>de</strong>sfazem-se as mãos<br />

dadas e pe<strong>de</strong>-se para guardarem na memória as pessoas que estavam ao seu lado direito e esquerdo.<br />

Em seguida, pe<strong>de</strong>-se que caminhem livremente, olhando para as pessoas e cumprimentando-as <strong>de</strong><br />

diferentes maneiras. Em momento propício, após 30 segundos aproximadamente, pe<strong>de</strong>-se que fiquem<br />

mais ou menos próximos uns dos outros. Depois disso instrua-os a restabeler as mãos, ou seja, dêem<br />

as mãos para as pessoas que estavam ao seu lado esquerdo e direito na roda inicial (sem se<br />

movimentar). Isso causará um verda<strong>de</strong>iro Nó Humano. O objetivo é <strong>de</strong>sfazer o nó formado sem<br />

<strong>de</strong>satar as mãos, restabelecendo a roda inicial. Dê um tempo <strong>de</strong> 20 minutos. Ao final,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> terem conseguido <strong>de</strong>sfazer o nó, discuta coletivamente o que sentiram ao<br />

enfrentarem uma situação <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> e que outras questões surgiram. Pergunte sobre as<br />

dificulda<strong>de</strong>s encontradas e <strong>de</strong>ixe-os falarem livremente. A partir da fala dos jovens retome os temas<br />

geradores e outras questões suscitadas.<br />

Apresentação e Aproximação “Pra que servem as invenções humanas”<br />

O educador <strong>de</strong>ve escolher 6 aparatos científicos, por exemplo, televisão, telefone, lâmpada,<br />

chuveiro elétrico, computador, avião, ou qualquer outro. Em seguida <strong>de</strong>ve pesquisar quando foi<br />

inventado o objeto: sua fabricação, seu funcionamento e o que faz o objeto escolhido funcionar,<br />

além uma breve pesquisa sobre a história <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas invenções. Coloque cada uma <strong>de</strong>ssas<br />

<strong>de</strong>scrições em uma folha separada. É importante fazer esta pesquisa previamente para<br />

se preparar para a ativida<strong>de</strong>.<br />

Divida os jovens em 5 subgrupos e peça para cada um escolher 1 dos aparatos científicos.<br />

Distribua uma folha gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> papel craft e canetinhas para cada subgrupo e peça para<br />

representarem graficamente esse objeto, <strong>de</strong>screvendo <strong>de</strong>talhadamente o que faz o objeto escolhido<br />

funcionar, e para que e para quem serve esse objeto. Pergunte também quantas pessoas eles<br />

estimam estarem envolvidas no processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>sse objeto, e quando e on<strong>de</strong> eles acham<br />

que esse objeto foi inventado.<br />

Depois que todos produziram seus cartazes, os subgrupos apresentam para o resto do grupo. O<br />

educador entrega para cada subgrupo a folha <strong>de</strong> sua pesquisa, uma que não corresponda ao<br />

objeto <strong>de</strong> estudo do grupo. O grupo com a folha compara e conversa com o grupo que produziu o<br />

29<br />

2


2<br />

30<br />

cartaz o que há <strong>de</strong> diferente entre o processo imaginado pelos jovens e o processo apresentado pelo<br />

educador. Repete-se isso até que todos os subgrupos tenham falado sobre o seu cartaz e sobre o<br />

cartaz <strong>de</strong> outro subgrupo.<br />

O educador encerra esse momento perguntando aos jovens se, quando viam esses objetos,<br />

imaginavam todas as coisas que foram discutidas na ativida<strong>de</strong>.<br />

Leitura do texto “Viver uns com os outros, em vez <strong>de</strong> uns contra os outros”<br />

Promova uma leitura coletiva do texto “Viver uns com os outros, em vez <strong>de</strong> uns contra os outros”<br />

<strong>de</strong>ixando que os jovens falem livremente sobre suas impressões, e questões expressas no texto. A<br />

leitura <strong>de</strong>sse texto possibilita que você retome as questões suscitadas nas ativida<strong>de</strong>s “Nós<br />

<strong>de</strong>sfazendo nó” e “Pra que serve as invenções humanas”, promovendo um fechamento e<br />

<strong>de</strong>stacando, a importância dos processos cooperativos; as brigas, conflitos e interesses presentes o<br />

tempo todo em nossa vida; a importância da reflexão sobre para que e para quem servem as coisas<br />

que inventamos.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Pergunte aos jovens se gostaram do encontro, <strong>de</strong>stacando uma coisa nova que apren<strong>de</strong>ram<br />

nesse dia. Pergunte também se caso eles fossem o educador, que coisas mudariam ou acrescentariam<br />

no encontro <strong>de</strong> hoje.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Participação e Organizações Juvenis. Abramo, Helena. Recife: Fundação Kellog, 2004.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

O Ódio (1995, Mathieu Kassovitz, dur. 96') - No dia seguinte a um inci<strong>de</strong>nte envolvendo policiais e<br />

migrantes <strong>de</strong> um bairro <strong>de</strong> subúrbio <strong>de</strong> Paris, três jovens envolvidos no conflito refletem sobre suas<br />

vidas, o contexto em que vivem, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir estratégias <strong>de</strong> sobrevivência e os preconceitos<br />

existentes no país.<br />

Sites<br />

Cida<strong>de</strong> Escola Aprendiz - www.aprendiz.org.br


DIVERSIDADE,<br />

IGUALDADES<br />

E DIFERENÇAS<br />

31<br />

3


3<br />

Aquilo que chamamos <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compreendido como "qualquer combinação <strong>de</strong><br />

indivíduos que são semelhantes em algumas formas e diferentes em outras”, é uma mistura coletiva<br />

e positiva <strong>de</strong> todas as pessoas. Do nosso ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>ve ser compreendida na perspectiva <strong>de</strong><br />

que as semelhanças nos unem e as diferenças nos enriquecem.<br />

Falar <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong>s e diferenças nas escolas, nas ong’s e em projetos sociais como<br />

esse do Observatório que você está participando, implica aproveitar da melhor forma<br />

possível as diferentes qualida<strong>de</strong>s e os diferentes conhecimentos que as pessoas têm<br />

em favor do grupo.<br />

Imagine seu grupo como uma orquestra <strong>de</strong> música on<strong>de</strong> os instrumentos <strong>de</strong> corda (violino,<br />

violoncelo), <strong>de</strong> sopro (oboé, flauta), e os <strong>de</strong> percussão (pratos, tambores), se complementam e<br />

produzem uma harmonia dos sons. Da mesma maneira, entre os jovens do grupo, alguns são mais<br />

organizados, outros têm mais facilida<strong>de</strong> para falar ou escrever, alguns são criativos e inventivos,<br />

outros são obstinados e empreen<strong>de</strong>dores. Sozinhos esses instrumentos po<strong>de</strong>m produzir belos sons,<br />

mas “coletivamente” po<strong>de</strong>m produzir uma sinfonia. Assim também acontece com a gente.<br />

Ser individualmente diferente significa ter características próprias, um jeito particular <strong>de</strong> ser,<br />

viver, pensar e fazer. Entretanto essas diferenças não se expressam exclusivamente nos<br />

comportamentos e habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um, ela fica mais evi<strong>de</strong>nciada quando falamos <strong>de</strong> diferenças<br />

Somos todos iguais nesta noite culturais, sociais, étnicas, religiosas e <strong>de</strong> gênero. É principalmente nesses casos que as diferenças<br />

Pelo ensaio diário <strong>de</strong> um drama são entendidas como <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, quando ser negro, mulher, homossexual, nor<strong>de</strong>stino,<br />

Pelo medo da chuva e da lama<br />

pobre, muçulmano é ser <strong>de</strong>squalificado e inferior aos outros. É quando esses traços, que nos tornam<br />

Pe<strong>de</strong> a banda pra tocar<br />

diferentes passam a ser vividos <strong>de</strong> maneira valorativa, isto é, como se as pessoas valessem menos<br />

um dobrado...<br />

em função <strong>de</strong>ssas características, criando uma relação <strong>de</strong> submissão que os impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter as<br />

mesmas oportunida<strong>de</strong>s e os mesmos direitos. Outro exemplo diz respeito aos portadores <strong>de</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s especiais, que <strong>de</strong>vido a ocorrência <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>ficiência (visual, auditiva, mental, <strong>de</strong><br />

locomoção etc.), são vistos como incapazes <strong>de</strong> enfrentar os <strong>de</strong>safios da vida como sonhar, amar,<br />

estudar e trabalhar.<br />

As lutas pelos direitos civis, políticos e sociais são efetivamente a melhor<br />

maneira <strong>de</strong> mudar essas relações <strong>de</strong> submissão, em nome <strong>de</strong> algo que <strong>de</strong>ve ser<br />

igual para todos, para além <strong>de</strong> qualquer diferença. As diferentes classes e setores da<br />

socieda<strong>de</strong> que sofrem com a questão das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem conduzir suas reivindicações para<br />

o espaço público (manifestações e passeatas, matérias para imprensa falada, escrita e televisiva). A<br />

luta para diminuir as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ve ser vista como um compromisso <strong>de</strong> todos, é tão valiosa<br />

quanto a busca do reconhecimento das diferenças e do aprendizado que elas nos proporcionam.<br />

Muitas conquistas po<strong>de</strong>m ser alcançadas com a valorização das diferenças. São elas que permitem<br />

ver o mundo e nós mesmos <strong>de</strong> forma mais rica e diferente daquela que estamos acostumados.<br />

1<br />

um rock, um hip hop,<br />

um samba, um jazz, um frevo,<br />

um fado, um maracatu, um baião...<br />

1 trecho música <strong>de</strong> Ivan Lins<br />

32


O que significa dizer que “somos todos iguais”?<br />

O que significa dizer que “somos todos iguais”?<br />

Sermos iguais não significa que sejamos idênticos ou que estejamos sempre nas mesmas condições. Contudo,<br />

além <strong>de</strong> qualquer diferença, todos temos uma mesma origem e uma mesma natureza; compartilhamos a mesma<br />

condição <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>, a mesma aspiração <strong>de</strong> sermos livres, <strong>de</strong> satisfazer nossas necessida<strong>de</strong>s básicas, <strong>de</strong><br />

amar e sermos amados, <strong>de</strong> buscar a felicida<strong>de</strong>. Ninguém é mais ou menos humano que o outro, ninguém tem mais<br />

ou menos direito <strong>de</strong> viver humanamente que o outro.<br />

Este é o significado profundo do princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre os seres humanos. É um significado que não<br />

ignora as diferenças individuais, culturais e <strong>de</strong> opção. Ao contrário, as consi<strong>de</strong>ra e as transcen<strong>de</strong> para chegar<br />

ao que nos é comum: a dignida<strong>de</strong> e os direitos da pessoa.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é compartilhar com os jovens que as diferenças e características<br />

individuais <strong>de</strong>vem ser valorizadas e <strong>de</strong>senvolvidas ressaltando que todos nós somos capazes <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r sempre. Essas diferenças e características não <strong>de</strong>vem ser vistas como <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que<br />

<strong>de</strong>squalifiquem e inferiorizem os outros. As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, <strong>de</strong><br />

gênero, as características <strong>de</strong> cada um e <strong>de</strong> cada povo, são a maior riqueza da humanida<strong>de</strong>.<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, pincel atômico, jornais e revistas<br />

Aquecimento Intencional “Sem palavras”<br />

Educação para a cidadania. Centro <strong>de</strong> Recursos Educativos<br />

<strong>Instituto</strong> Interamericano <strong>de</strong> Direitos Humanos<br />

Peça para que os jovens se dividam em trios.<br />

O educador explica aos jovens que uma pessoa do trio <strong>de</strong>verá “convencer as outras duas a<br />

carregá-la no colo”, “convencer as outras duas a trocarem seus sapatos”, “convencer as outras a<br />

comprar sua caneta”, “convencer as outras duas a se abraçarem e dançarem”. Invente outras<br />

situações <strong>de</strong> acordo com o número <strong>de</strong> trios <strong>de</strong> jovens que tiver. O jovem <strong>de</strong>verá convencer os outros<br />

dois usando exclusivamente a mímica. O aquecimento <strong>de</strong>ve durar até <strong>de</strong>z minutos.<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong>, como foi ter que se comunicar sem usar palavras.<br />

Comente com os jovens sobre pessoas que possuem diferentes limitações (visual, auditiva, mental,<br />

<strong>de</strong> locomoção) e que apesar disso se comunicam, trabalham, estudam, sonham e amam.<br />

A cida<strong>de</strong> é tanto do mendigo<br />

Quanto do policial<br />

Todo mundo tem direito à vida<br />

Todo mundo tem direito igual<br />

Travesti, trabalhador, turista<br />

Solitário, família, casal,<br />

Todo mundo tem direito à vida<br />

Todo mundo tem direito igual<br />

Sem ter medo <strong>de</strong> andar na rua,<br />

Porque a rua é seu quintal<br />

Lenine e Arnaldo Antunes<br />

33<br />

3


3<br />

34<br />

Apresentação e Aproximação “Desigualda<strong>de</strong>s e injustiças”<br />

Constitua 3 ou 4 subgrupos <strong>de</strong> jovens e disponibilize jornais e revistas para cada subgrupo. Peça<br />

que i<strong>de</strong>ntifiquem e recortem textos e imagens <strong>de</strong> diferentes situações <strong>de</strong> injustiça contra negros,<br />

mulheres, homossexuais, nor<strong>de</strong>stinos, pobres, muçulmanos etc. Os jovens <strong>de</strong>vem discutir esses textos e<br />

imagens nos subgrupos e <strong>de</strong>pois apresentarem suas reflexões para o coletivo. Antes da leitura do texto<br />

você po<strong>de</strong> convidá-los a ouvir a música “Rua da Passagem” <strong>de</strong> Lenine e Arnaldo Antunes. Pesquise<br />

quem são esses elogiados músicos e letristas da MPB para apresentar essa canção aos jovens.<br />

Leitura do texto “Diversida<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong>s e diferenças”<br />

Promova a leitura coletiva do texto e peça que comentem os trechos que mais marcaram para<br />

cada um. Pergunte ao grupo o significa dizer que “somos todos iguais”. Faça suas consi<strong>de</strong>rações a<br />

partir dos conhecimentos trazidos pelos jovens e ressalte que o Brasil é fruto <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong><br />

culturas e raças, e que as diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, <strong>de</strong> gênero, assim como as<br />

características <strong>de</strong> cada um e <strong>de</strong> cada povo, constituem a beleza da diversida<strong>de</strong>.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Pergunte aos jovens se gostaram do encontro, <strong>de</strong>stacando uma coisa nova que apren<strong>de</strong>ram<br />

nesse dia. Pergunte aos jovens “se o encontro <strong>de</strong> hoje fosse um objeto, qual seria?”. Lembre-se:<br />

é a partir da avaliação dos jovens que você po<strong>de</strong> rever suas práticas e metodologias contribuindo<br />

para que os jovens sejam mais críticos, criativos e reflexivos.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Juventu<strong>de</strong> em Debate. Abramo, Helena; Freitas, Maria Virgínia <strong>de</strong>; Sposito, Marília (orgs.) São Paulo:<br />

Cortez, 2000.<br />

Cenas Juvenis, Punks e Darks no Espetáculo Urbano. Abramo, Helena Wen<strong>de</strong>l. São Paulo: Scrita, 1994.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Malcom X (1992, dir. Spike Lee, dur. 192') - Biografia do lí<strong>de</strong>r afro-americano, hoje referência para os<br />

movimentos juvenis, como o hip-hop.<br />

ABCD Jovens (1999, dir. Nanci Barbosa, dur. 67') - Gravada na região do ABC, esta série <strong>de</strong> três<br />

documentários traz elementos e questões que afetam jovens <strong>de</strong> inúmeras regiões urbanas.<br />

Billy Elliot (200, dir Stephen Daldry, dur 111') Billy é um garoto <strong>de</strong> uma pequena cida<strong>de</strong> da Inglaterra,<br />

on<strong>de</strong> o principal meio <strong>de</strong> sustento são as minas <strong>de</strong> carvão. Ele é obrigado pelo pai a treinar boxe, mas<br />

apaixona-se pelo balé.<br />

Sites<br />

Microfonia - eventos e produções in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da cena punk - www.microfonia.com<br />

Real Hip Hop - portal fruto da iniciativa <strong>de</strong> vários jovens, envolvidos e não envolvidos com o movimento<br />

Hip Hop. - www.realhiphop.com.br


NOSSO PONTO<br />

DE ENCONTRO<br />

35<br />

4


4<br />

Pertenço a tudo<br />

para pertencer cada vez mais a<br />

mim próprio<br />

E a minha ambição era trazer o<br />

universo ao colo<br />

36<br />

Fernando Pessoa<br />

Após participar das oficinas, dinâmicas e leituras dos encontros anteriores, vocês já <strong>de</strong>vem se<br />

sentir “fazendo parte” do grupo <strong>de</strong> jovens do Observatório. Devem estar mais fortalecidos como um<br />

grupo que irá se apropriar <strong>de</strong> conceitos, valores e normas da socieda<strong>de</strong>, questioná-los, pesquisar<br />

suas comunida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> propor intervenções/ações locais com vistas à melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da coletivida<strong>de</strong>.<br />

A idéia que queremos <strong>de</strong>senvolver com vocês no “Nosso ponto <strong>de</strong> encontro” é a <strong>de</strong> que estão<br />

constituindo um grupo <strong>de</strong> jovens capazes <strong>de</strong> interagir com os outros, discutindo, ouvindo e<br />

sendo escutados, respeitando e sendo respeitados. Irão discutir idéias e conceitos como<br />

“cidadania”, “ética”, “política”, “trabalho”, “meio ambiente”, “mídia”, “pesquisa comunitária”,<br />

entre outros, para <strong>de</strong>pois pensarem coletivamente em propostas e projetos <strong>de</strong> intervenção local.<br />

Antes disso, vamos discutir um pouco sobre a importância <strong>de</strong> pertencer a diferentes<br />

grupos ao longo <strong>de</strong> nossa vida.<br />

Todos nós nos sentimos reconfortados quando nos filiamos a algum grupo. Participar <strong>de</strong> um<br />

grupo é gratificante porque fortalece o sentimento <strong>de</strong> que temos valor e a sensação <strong>de</strong> que aquilo<br />

que pensamos e sentimos é compartilhado por outros. Des<strong>de</strong> que nascemos, e ao longo <strong>de</strong> nossas<br />

vidas, somos membros <strong>de</strong> vários grupos ao mesmo tempo: na família, na escola, entre amigos, no<br />

trabalho, na igreja, na associação <strong>de</strong> moradores, no sindicato, no partido, na cida<strong>de</strong> e no lugar em<br />

que vivemos.<br />

“Pertencer” remete à idéia <strong>de</strong> “fazer parte <strong>de</strong>”. Essa palavra diz <strong>de</strong> um grupo ou lugar no qual<br />

nos “sentimos em casa”, à vonta<strong>de</strong> para sermos nós mesmos.<br />

As experiências ligadas ao pertencimento a grupos fazem parte <strong>de</strong><br />

nossa formação como pessoas; afinal, ninguém consegue construir sua<br />

individualida<strong>de</strong> sozinho, sem se relacionar e ser “visto” pelos outros. Na<br />

formação e transformação <strong>de</strong> nossa individualida<strong>de</strong>, é central o<br />

relacionamento com as outras pessoas e a busca do reconhecimento<br />

daqueles que participam dos mesmos grupos. I<strong>de</strong>ntificamo-nos com<br />

pessoas, mo<strong>de</strong>los, lí<strong>de</strong>res, “ídolos”, e buscamos ser diferentes <strong>de</strong> quem não<br />

gostamos.<br />

É exatamente na adolescência e juventu<strong>de</strong> que a família <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser a<br />

principal referência, pois passamos a vivenciar uma gama maior <strong>de</strong> relações<br />

e situações sociais. Estamos em busca <strong>de</strong> nos conhecer melhor e sermos<br />

reconhecidos, <strong>de</strong>scobrindo o mundo, fazendo opções e escolhendo caminhos.<br />

Quando participamos <strong>de</strong> diferentes grupos ao longo <strong>de</strong><br />

nossa juventu<strong>de</strong>, estamos ampliando a nossa visão <strong>de</strong> mundo<br />

e as nossas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha.


“Nosso Ponto <strong>de</strong> Encontro” refere-se também ao encontro consigo mesmo, pois ao participar <strong>de</strong><br />

diferentes grupos, principalmente na juventu<strong>de</strong>, estamos formando nosso modo <strong>de</strong> sentir, pensar,<br />

intervir e ver o futuro.<br />

O conhecimento <strong>de</strong> si e das condições em que vivemos nos permite explorar e criar<br />

possibilida<strong>de</strong>s, tomar <strong>de</strong>cisões e construir diferentes estratégias <strong>de</strong> vida.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é fortalecer a idéia <strong>de</strong> que os jovens constituem um grupo que irá<br />

trabalhar conjuntamente realizando pesquisas na comunida<strong>de</strong>. O encontro também trata da<br />

importância da participação em diferentes grupos sociais ao longo da nossa vida, no processo<br />

constante <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> nossas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

Material Necessário:<br />

Folhas <strong>de</strong> papel craft, cola, fita crepe, pincel atômico, folhas <strong>de</strong> papel sulfite e cartelas coloridas<br />

Aquecimento intencional - “Encontros e expectativas”<br />

Peça ao grupo que an<strong>de</strong> lentamente pela sala observando o espaço. O grupo também po<strong>de</strong><br />

andar em ritmos variados, conforme sua orientação. Procure alternar os ritmos: mais rápido, mais<br />

<strong>de</strong>vagar, bem <strong>de</strong>vagar e bem rápido.<br />

Todos <strong>de</strong>vem passar sempre pelo centro da sala, evitando andar em círculo. Solicite que pensem<br />

numa expectativa que têm para este encontro.<br />

Peça que formem subgrupos <strong>de</strong> dois, <strong>de</strong> cinco ou <strong>de</strong> acordo com a solicitação: “encontro <strong>de</strong><br />

dois”, “encontro <strong>de</strong> cinco” e assim por diante, etc. A cada formação, peça que as pessoas<br />

conversem entre si sobre a expectativa que pensaram.<br />

Para <strong>de</strong>smanchar os subgrupos, diga “<strong>de</strong>sencontros” e todos voltam a andar pela sala.<br />

Finalmente, solicite “encontro <strong>de</strong> três” e peça que relatem suas expectativas e escolham uma palavra<br />

que melhor represente a expectativa daquele grupo.<br />

Comentários<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong> e se ela contribuiu para a integração e <strong>de</strong>scontração do<br />

grupo. Comente as palavras mais utilizadas pelo grupo. Relacione as expectativas à proposta <strong>de</strong><br />

trabalho do dia.<br />

Todos juntos somos fortes<br />

Somos flexa e somos arco<br />

Todos nós no mesmo barco<br />

Não há nada pra temer<br />

Ao meu lado há um amigo<br />

Que é preciso proteger<br />

Enriquez, Bardotti e<br />

Chico Buarque<br />

37<br />

4


4<br />

38<br />

Apresentação e Aproximação “Nosso grupo, nosso ponto <strong>de</strong> encontro”<br />

Pendure três folhas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> papel craft separadamente, uma em cada pare<strong>de</strong>. Uma com as<br />

palavras “qualida<strong>de</strong>s do grupo”, outra com as palavras “coisas que po<strong>de</strong>m ser melhoradas” e outra<br />

com a palavra “dúvidas que tenho”.<br />

Distribua a cada um dos jovens três cartelas, uma <strong>de</strong> cada cor. E peça para que eles pensem em<br />

uma qualida<strong>de</strong>, uma coisa que po<strong>de</strong> ser melhorada e uma dúvida que tenham em relação ao grupo.<br />

Usando uma cor para cada item relacionado. Quando todos tiverem terminado, o educador pe<strong>de</strong><br />

para que os jovens colem suas cartelas na folha correspon<strong>de</strong>nte. Após todos terem colado suas<br />

cartelas promova uma leitura e pergunte ao grupo quais foram as cartelas que mais chamaram a<br />

atenção. E qual a opinião do grupo em relação ao que está escrito.<br />

É hora <strong>de</strong> você ressaltar as qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um e principalmente do grupo, lembrando que<br />

sempre po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r coisas novas. Também é hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiá-los a melhorar e fortalecer as<br />

relações do grupo e <strong>de</strong> esclarecer os objetivos centrais do “Observatório <strong>de</strong> Jovens”. As folhas com<br />

as inscrições dos jovens po<strong>de</strong>m ficar fixadas nas pare<strong>de</strong>s durante todos os encontros para que os<br />

jovens possam construir no espaço um ponto <strong>de</strong> encontro ao qual realmente pertençam.<br />

Como contraponto à importância indiscriminada <strong>de</strong> pertencer a diferentes grupos ao longo <strong>de</strong><br />

nossa vida, leia ou reproduza para os jovens o seguinte trecho:<br />

“Quando um jovem escolhe participar <strong>de</strong> uma torcida uniformizada que não respeita a<br />

diversida<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, certamente ele não teve a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escolher participar do grupo <strong>de</strong> teatro, do grupo <strong>de</strong> futebol, do grupo <strong>de</strong> música, do grêmio<br />

estudantil, do grupo <strong>de</strong> jovens da Igreja”.<br />

Promova um <strong>de</strong>bate sobre essa frase, ressaltando a responsabilida<strong>de</strong> com relação as nossas<br />

escolhas e que elas <strong>de</strong>vem pautar-se por parâmetros <strong>de</strong> justiça, solidarieda<strong>de</strong> e respeito às escolhas<br />

e opções dos outros.<br />

Leitura do texto “Nosso ponto <strong>de</strong> encontro”<br />

Promova a leitura coletiva do texto e <strong>de</strong>ixe os jovens falarem livremente sobre suas impressões<br />

e dúvidas suscitadas pela leitura. Destaque a importância <strong>de</strong> que esse “ponto <strong>de</strong> encontro” <strong>de</strong>ve<br />

constituir-se em um lugar no qual nos “sentimos em casa”. Incentive-os a participarem <strong>de</strong> outros<br />

grupos na escola, na comunida<strong>de</strong> e na cida<strong>de</strong>, pois isso amplia a nossa visão <strong>de</strong> mundo, nossas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha, e contribui para nossa formação enquanto cidadãos <strong>de</strong> direitos<br />

e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Caso tenha conseguido provi<strong>de</strong>nciar o “baú <strong>de</strong> saberes” (caixa com livros, revistas, Cds e<br />

textos informativos relacionados a diferentes áreas <strong>de</strong> conhecimento), promova a leitura da poesia<br />

<strong>de</strong> Fernando Pessoa e ouçam a música <strong>de</strong> Chico Buarque. Pesquise anteriormente sobre as histórias<br />

e produções <strong>de</strong>sses importantes personagens da literatura mundial, para compartilhar com os jovens.


Impressões e Avaliações<br />

Peça aos jovens para imaginarem um “nome” para i<strong>de</strong>ntificar o grupo que estão constituindo.<br />

Não é preciso <strong>de</strong>finí-lo no encontro <strong>de</strong> hoje. O jovem responsável pelo diário <strong>de</strong> bordo po<strong>de</strong><br />

registrar todas as propostas para que o grupo <strong>de</strong>fina posteriormente um nome que expresse a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do grupo.<br />

Peça aos jovens que <strong>de</strong>cidam coletivamente uma palavra que expresse o encontro <strong>de</strong> hoje, para<br />

que todos gritem bem alto essa palavra no fechamento do dia.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

O Encontro das Culturas Juvenis com a Escola. Corti, Ana Paula; Freitas, Maria Virgínia <strong>de</strong>; Sposito,<br />

Marília Pontes. São Paulo:Ação Educativa, 2001.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Raça Ritmo e Poesia (1994, Miro Nalles, dur. 17') - A partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> rappers <strong>de</strong> diferentes bairros<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, a produção narra os trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos por esses jovens na periferia da<br />

cida<strong>de</strong> tendo como eixos <strong>de</strong> atuação a consciência, o ritmo e a poesia.<br />

Sites<br />

Bocada Forte - revista eletrônica, músicas, ví<strong>de</strong>os, <strong>de</strong>ntre outros materiais sobre hip Hop -<br />

www.bocadaforte.com.br<br />

39<br />

4


5<br />

40<br />

VIVER EM SOCIEDADE, MOVIMENTO CIDADANIA


A palavra cidadania tomou conta do nosso cotidiano. A todo o momento ouvimos alguém<br />

pronunciá-la ou a lemos em algum texto. Aparece no discurso <strong>de</strong> políticos, educadores, lí<strong>de</strong>res<br />

comunitários, organizações não governamentais, nos jornais, rádios e televisão. Ela está em pauta<br />

e em <strong>de</strong>bate praticamente no mundo todo, está presente tanto no nosso dia a dia, como também é<br />

um dos temas mais discutidos globalmente.<br />

No entanto, <strong>de</strong> tanto pronunciarmos e ouvirmos a palavra cidadania corremos o risco <strong>de</strong> dizer<br />

a palavra sem nada sentir, <strong>de</strong> expressar o conceito sem compreendê-lo. O conceito <strong>de</strong> cidadania<br />

parece refletir um pouco essa situação. Tente respon<strong>de</strong>r você mesmo: o que é cidadania? Parece<br />

haver várias interpretações em jogo, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>linear concepções diferentes e até mesmo opostas<br />

sobre o conceito.<br />

Herbert <strong>de</strong> Souza, sociólogo e militante político brasileiro, popularmente conhecido como Betinho,<br />

uma das pessoas que melhor compreen<strong>de</strong>u e lutou pela questão da cidadania, dizia que ela é o valor<br />

básico <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, construída por todos e para todos e fundada em cinco princípios<br />

éticos fundamentais: igualda<strong>de</strong>, liberda<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong>, participação e diversida<strong>de</strong>.<br />

Leia e discuta com seu grupo as seguintes frases a respeito da idéia <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong>:<br />

❍ “<strong>Cidadania</strong> é o direito <strong>de</strong> ter uma idéia e po<strong>de</strong>r expressá-la. É po<strong>de</strong>r votar em quem quiser sem<br />

constrangimento. É processar um médico que cometa um erro. É <strong>de</strong>volver um produto estragado<br />

e receber o dinheiro <strong>de</strong> volta. É o direito <strong>de</strong> ser negro, mulher, portador <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, sem ser<br />

discriminado; <strong>de</strong> praticar uma religião, sem ser perseguido.” Gilberto Dimenstein<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Apesar <strong>de</strong> a cidadania nos remeter a uma idéia <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong>, cada um <strong>de</strong> nós,<br />

individualmente, po<strong>de</strong> ajudar a transformar o mundo em que vivemos. Lembrem-se do provérbio<br />

chinês, “se cada um varrer a porta da sua casa, a rua inteira fica limpa”. Respeitar o sinal<br />

vermelho no trânsito, não jogar papel nas ruas e praças, não <strong>de</strong>struir equipamentos coletivos<br />

como escolas, centros <strong>de</strong> cultura, lazer e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, preservar telefones públicos.<br />

A conquista <strong>de</strong> direitos por meio do exercício da cidadania é resultado <strong>de</strong> um processo histórico.<br />

Alguém consegue imaginar um país <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a importância dos escravos para a economia?<br />

Mas esse argumento foi usado durante muito tempo no Brasil. Os donos da terra alegavam que,<br />

sem escravos, o país sofreria uma catástrofe. Eles se achavam no direito <strong>de</strong> bater e até <strong>de</strong> matar<br />

os escravos que fugissem. Nessa época, o voto era um privilégio: só podia votar os homens que<br />

tivessem muito dinheiro. E, para se candidatar a <strong>de</strong>putado, só com muita riqueza em terras.<br />

A idéia <strong>de</strong> cidadania também po<strong>de</strong> ser traduzida como um sinônimo <strong>de</strong> participação em<br />

movimentos sociais, tais como: <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da ecologia, <strong>de</strong> direitos humanos, <strong>de</strong> melhoria das<br />

condições no bairro, movimentos pela paz, grupos <strong>de</strong> jovens (teatro, música, capoeira, dança,<br />

artes), integração em grupos <strong>de</strong> igrejas, voluntariado (em creches, entida<strong>de</strong>s assistenciais,<br />

Conselho Tutelar, Ong’s); participação em partidos políticos e sindicatos, entre outros.<br />

Viver a cidadania é acreditar que a humanida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> viver melhor do que vive. Acreditar e lutar<br />

para que as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida garantidas a uns possam ser acessíveis a todos. Ser cidadão,<br />

Não fechei os olhos<br />

Não tapei os ouvidos<br />

Cheirei, toquei, provei<br />

Ah, eu usei todos os sentidos<br />

Só não lavei as mãos<br />

e é por isso que eu me sinto<br />

cada vez mais limpo.<br />

Ivan Lins<br />

Há homens que lutam um dia,<br />

e são bons;<br />

Há outros que lutam um ano,<br />

e são melhores;<br />

Há aqueles que lutam muitos anos,<br />

e são muito bons;<br />

Porém há os que lutam toda a vida<br />

Estes são os imprescindíveis<br />

Bertold Brecht<br />

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5


42<br />

❍<br />

❍<br />

portanto, é se ver como humano e ver os outros como humanos, tão diferentes e tão legítimos<br />

como eu, como nós como os nossos vizinhos. É olhar para a socieda<strong>de</strong> indagando suas riquezas<br />

e <strong>de</strong>ficiências; explorando suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser melhor.<br />

“Ser cidadão significa estar na vida e no mundo, sentindo-se parte integrante do gênero humano,<br />

peça singular do quebra-cabeça da história, <strong>de</strong>ixando por on<strong>de</strong> passa suas marcas. É mais do<br />

que sobreviver, é mais do que viver com prazer, é gozar da existência.” (Apren<strong>de</strong>ndo a ser e a conviver,<br />

Serrão & Baleeiro, 1999)<br />

O cidadão é um individuo que tem consciência <strong>de</strong> seus direitos e responsabilida<strong>de</strong>s e participa<br />

ativamente <strong>de</strong> todas as questões da socieda<strong>de</strong>. Tudo o que acontece, seja no meu país, na minha<br />

cida<strong>de</strong> ou no meu bairro, acontece comigo. Então, eu preciso participar das <strong>de</strong>cisões que<br />

interferem na minha vida.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é iniciar a discussão sobre aquilo que <strong>de</strong>nominamos “cidadania”,<br />

discutindo algumas interpretações e concepções sobre esse conceito pronunciado praticamente todos<br />

os dias, por diferentes atores sociais.<br />

Material Necessário:<br />

Sulfite, canetas, flip-chart;, pincel atômico.<br />

Aquecimento intencional “Será que cabe?”<br />

Espalhe pela sala folhas <strong>de</strong> jornal, na mesma quantida<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> jovens, ou ainda <strong>de</strong>senhe<br />

com giz pequenos círculos que possam ser apagados. Coloque uma música e peça que os participantes<br />

circulem pela sala dançando conforme a música (Procure colocar uma música cuja letra abor<strong>de</strong> o tema<br />

cidadania). Explique que quando parar a música cada pessoa terá <strong>de</strong> ficar sobre uma folha.<br />

Recomece a música, peça que todos voltem a dançar e retire uma ou duas folhas <strong>de</strong> jornal, ou<br />

apague um dos círculos. Todas as pessoas permanecem na sala e têm <strong>de</strong> buscar seu espaço, mas<br />

ninguém <strong>de</strong>ve ficar <strong>de</strong> fora. Novamente, outras folhas são retiradas até que sobre apenas uma<br />

folha, na qual todos têm <strong>de</strong> se juntar.<br />

Pergunte aos jovens como se sentiram fazendo a brinca<strong>de</strong>ira? E como o grupo se organizou no<br />

final, quando havia poucos espaços para ocupar? E quando sobrou só um, qual a sensação? Houve<br />

preocupação em não <strong>de</strong>ixar ninguém <strong>de</strong> fora? Que estratégias foram utilizadas?, Se alguém ficou <strong>de</strong><br />

fora como se sentiu sendo excluído?


Apresentação e Aproximação “<strong>Cidadania</strong> no dia a dia”<br />

Promova a constituição <strong>de</strong> pequenos subgrupos <strong>de</strong> jovens. Peça para imaginarem um lugar<br />

qualquer da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> moram e construam dois gran<strong>de</strong>s quadros.<br />

Em um dos quadros <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>senhar ou <strong>de</strong>screver situações em que a cidadania está sendo<br />

exercida. No outro, situações em que não há prática <strong>de</strong> cidadania.<br />

Peça que dêem títulos a cada um dos quadros.<br />

Apos a discussão o educador pergunta aos jovens que outras ativida<strong>de</strong>s, individuais ou coletivas,<br />

os jovens acham importantes para a cidadania e vai anotando tudo no flip-chart ou lousa.<br />

Leitura do texto “Viver em socieda<strong>de</strong>, movimento cidadania”<br />

Promova a leitura coletiva do texto em subgrupos.<br />

Cada subgrupo fica responsável por apresentar por meio <strong>de</strong> uma dramatização, cada uma das<br />

sete frases a respeito da idéia <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong>, expressas no texto.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Peça aos jovens para avaliarem os pontos positivos e as dificulda<strong>de</strong>s do encontro do dia. Antes<br />

<strong>de</strong> encerrar o encontro peça para que os jovens façam uma pesquisa, anotando para o próximo<br />

encontro tudo que ouvirem ou lerem sobre o termo cidadania.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Rap e Educação. Andra<strong>de</strong>, Elaine Nunes <strong>de</strong> (org) São Paulo: Summus, 1999.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Elefante (2003, dir. Gus Van Sant, dur. 81') - Um dia aparentemente comum na vida <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><br />

adolescentes, todos estudantes <strong>de</strong> uma Escola, nos Estados Unidos. Enquanto a maior parte dos alunos<br />

estão em ativida<strong>de</strong>s cotidianas, dois alunos esperam, em casa, a chegada <strong>de</strong> uma metralhadora semiautomática.<br />

Sites<br />

Cenpec - Centro <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - www.cenpec.org.br<br />

-www.cidadania.org.br, www.rits.org.br<br />

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6<br />

44<br />

VIVER EM SOCIEDADE, MOVIMENTO CIDADANIA II


Agora que você já compartilhou com seu grupo algumas idéias sobre “cidadania”, e<br />

<strong>de</strong>senvolveu as ativida<strong>de</strong>s do encontro anterior, propomos a leitura <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong> aprofundamento<br />

do tema.<br />

Vamos tentar brevemente historiar o conceito <strong>de</strong> cidadania. A palavra cidadania está vinculada ao<br />

surgimento da vida na cida<strong>de</strong> e à habilida<strong>de</strong> das pessoas em exercer direitos e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Historicamente, a origem da cidadania está na pólis grega, on<strong>de</strong> homens livres, com participação<br />

política e vivendo numa <strong>de</strong>mocracia direta, exerciam seus direitos e responsabilida<strong>de</strong>s na coletivida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, as socieda<strong>de</strong>s grega e romana, eram escravistas e promoviam somente para uma parcela<br />

da socieda<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um certo exercício <strong>de</strong> cidadania.<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> capitalista e a ascensão da burguesia enquanto classe<br />

dirigente, a idéia <strong>de</strong> cidadania é retomada e <strong>de</strong>senvolvida. Não <strong>de</strong>vemos esquecer que, nesse<br />

período, a burguesia tinha um caráter revolucionário e encarnava a luta entre a velha socieda<strong>de</strong><br />

burocrático-feudal e a mo<strong>de</strong>rna socieda<strong>de</strong> burguesa.<br />

No entanto, ao <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser uma classe revolucionária, pois agora está no po<strong>de</strong>r e quer consolidar<br />

e esten<strong>de</strong>r sua dominação, a burguesia passa a vincular a idéia <strong>de</strong> direitos humanos e <strong>de</strong><br />

cidadania somente àqueles que têm proprieda<strong>de</strong>. No século XIX, com o incremento da<br />

industrialização nos países europeus, o avanço da organização dos trabalhadores colocou novos<br />

problemas em discussão, que estiveram no cerne das lutas sociais. Um <strong>de</strong>les foi o questionamento da<br />

enorme distância entre os direitos formulados até então e a dura realida<strong>de</strong> vivida pelos trabalhadores<br />

nas cida<strong>de</strong>s. Novos direitos, então, foram reivindicados e conquistados, configurando os chamados<br />

direitos sociais: entre eles, ao trabalho, à moradia e à educação. Hoje, po<strong>de</strong>mos afirmar sem<br />

medo <strong>de</strong> cometer equívoco que ser cidadão é ter “direitos e responsabilida<strong>de</strong>s”.<br />

A Carta <strong>de</strong> Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU), <strong>de</strong> 1948, que<br />

estabelece seus princípios a partir das cartas <strong>de</strong> Direitos do Estados Unidos (1776)<br />

e da Revolução Francesa (1789), afirma que todos os homens são iguais perante a lei, sem<br />

discriminação <strong>de</strong> raça, credo ou cor. Garante a todos o direito <strong>de</strong> um salário condizente para<br />

promover a própria vida, o direito à educação, à saú<strong>de</strong>, à habitação e ao lazer. Garante ainda, o<br />

direito <strong>de</strong> expressar-se livremente, <strong>de</strong> militar em partidos políticos, sindicatos, movimentos e<br />

organizações da socieda<strong>de</strong> civil. No que concerne às responsabilida<strong>de</strong>s individuais, <strong>de</strong>vemos:<br />

promover o respeito aos direitos <strong>de</strong> todas as pessoas, ter responsabilida<strong>de</strong> em conjunto pela<br />

coletivida<strong>de</strong>, respeitar e cumprir as normas e leis elaboradas e <strong>de</strong>cididas coletivamente, po<strong>de</strong>ndo<br />

questioná-las individualmente e coletivamente.<br />

É preciso, contudo, não se esquecer da ambivalência do sistema capitalista. Se, por um lado, os<br />

direitos civis, políticos e sociais conquistados ten<strong>de</strong>m a generalizar-se para toda a população e<br />

tornar-se reivindicáveis por qualquer cidadão, <strong>de</strong> outro, assistimos todos os dias, na imprensa<br />

escrita, falada e televisiva, a situações <strong>de</strong> exploração, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e injustiça, que atentam contra<br />

a legislação sobre os direitos humanos. É exatamente essa contradição que dificulta o exercício da<br />

cidadania, principalmente em países com contrastes mais gritantes. Alguns setores da população<br />

Os homens <strong>de</strong>vem obe<strong>de</strong>cer<br />

às normas e às leis;<br />

no entanto, enquanto<br />

seres racionais,<br />

<strong>de</strong>vem fazer uso da razão e<br />

promover um processo contínuo<br />

<strong>de</strong> crítica às leis, na medida<br />

que as consi<strong>de</strong>rem injustas.<br />

Immanuel Kant<br />

45<br />

6


6<br />

46<br />

<strong>de</strong>sses países perceberam que não eram atendidos em suas reivindicações não só porque as classes<br />

dominantes recusavam-se a isso mas, simultaneamente, porque seus próprios países também eram<br />

explorados. Nesses países, em contraposição ao exercício <strong>de</strong> cidadania plena e ativa, <strong>de</strong>senvolveuse<br />

um conceito <strong>de</strong> cidadania mais esvaziado, calcado principalmente na questão do cidadão<br />

consumidor. Com ênfase apenas no consumo, a cidadania assume um conteúdo restrito, <strong>de</strong><br />

conformismo e <strong>de</strong> preocupação com a aquisição <strong>de</strong> bens materiais, não importando se essa<br />

aquisição está sendo possível a todo o conjunto da população.<br />

A estimulação <strong>de</strong>senfreada do consumo gera a neutralização das pessoas enquanto sujeitos<br />

atuantes e <strong>de</strong>smobiliza, em gran<strong>de</strong> parte, as organizações sociais reivindicatórias. Já a idéia <strong>de</strong><br />

cidadania plena <strong>de</strong>ve promover a transformação do cotidiano das pessoas. Esse tipo <strong>de</strong> cidadania<br />

só existe quando sujeitos se organizam para agir e lutar pelos seus direitos, tanto nas<br />

fábricas/sindicatos/partidos, como no bairro, na escola, na empresa, na família, nas ruas. É preciso<br />

tornar públicas todas essas discussões, para que o cotidiano se transforme historicamente em algo<br />

melhor, sob condições que respeitem a vida e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada indivíduo. Uma das coisas mais<br />

importantes sobre a idéia <strong>de</strong> cidadania — e que você <strong>de</strong>ve compartilhar com outros jovens — é que,<br />

se existe um problema em sua rua ou bairro, não importa <strong>de</strong> que or<strong>de</strong>m seja, não se <strong>de</strong>ve esperar<br />

que seja resolvido simplesmente porque é um direito, ou porque é garantido por lei: é preciso<br />

organizar-se, reivindicar, buscar soluções e pressionar os órgãos governamentais competentes.<br />

Direitos não são “dados”; historicamente, foram resultado <strong>de</strong> muitas lutas e, ainda hoje, com<br />

constituições mo<strong>de</strong>rnas e <strong>de</strong>mocráticas, é preciso lutar para que os direitos expressos nas leis sejam<br />

efetivamente garantidos na vida cotidiana.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é aprofundar a discussão sobre cidadania, associando-a com a<br />

participação na vida pública, e iniciando a discussão <strong>de</strong> direitos e responsabilida<strong>de</strong>s do cidadão.<br />

Material Necessário:<br />

Sulfite, canetas, flip-chart, papel craft, pincel atômico, jornais e revistas.


Aquecimento intencional “<strong>Cidadania</strong> e vida”<br />

Por ser uma continuação e aprofundamento do encontro anterior promova a audição <strong>de</strong> uma<br />

música interessante que abor<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> cidadania. Você po<strong>de</strong> utilizar a música “Rua da<br />

Passagem (Trânsito)” <strong>de</strong> Lenine e Arnaldo Antunes, cujo refrão é “Todo mundo tem direito à vida,<br />

Todo mundo tem direito igual”. Pesquise anteriormente sobre esses talentosos músicos e letristas da<br />

Música Popular Brasileira.<br />

Você também po<strong>de</strong> pesquisar e trazer para o grupo <strong>de</strong> jovens a íntegra da “Carta <strong>de</strong> Direitos<br />

da Organização das Nações Unidas (ONU)”, da carta <strong>de</strong> Direitos dos Estados Unidos (1776) e da<br />

Revolução Francesa (1789), <strong>de</strong>pois po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-la no “baú <strong>de</strong> saberes”.<br />

Apresentação e Aproximação “Projetando cidadania”<br />

É hora <strong>de</strong> aproximar a idéia <strong>de</strong> cidadania com a idéia <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> intervenção na<br />

comunida<strong>de</strong>. Não se preocupe em aprofundar as questões sobre “Projeto” trata-se <strong>de</strong> uma primeira<br />

aproximação que será retomada nos encontros sobre “projetos e intervenções no território”.<br />

Nesse momento a proposta é fazer um exercício e construir um Projeto imaginário usando toda<br />

criativida<strong>de</strong> do grupo. Distribua folhas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> papel craft, jornais, revistas, canetinhas, tesoura<br />

e cola, para os subgrupos.<br />

Explique brevemente o que é um projeto: um texto contendo o plano <strong>de</strong> ação sobre uma<br />

<strong>de</strong>terminada questão. Um projeto costuma ter as seguintes seções: uma frase inicial explicando o<br />

nome do projeto; uma justificativa (por que escolhemos esta questão); objetivo (o que preten<strong>de</strong>mos,<br />

para que vai servir esse projeto); e o “como”, isto é, quem vai fazer o quê, quando, com que<br />

recursos etc.<br />

Em grupos, os jovens escolhem um “Projeto” com foco na cidadania. Deixe-os trabalhar<br />

livremente expressando suas idéias por um <strong>de</strong>terminado tempo. Caso tenham dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> “bolar<br />

um projeto” peça para relembrarem das sete frases a respeito da idéia <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong>, expressas no<br />

texto anterior.<br />

O grupo inventa um nome ou título para o “Projeto”, e por meio <strong>de</strong> textos e colagens explica para<br />

que vai servir o Projeto: a favor do quê? contra o quê? Também explicam, por escrito, as razões da<br />

escolha feita. Depois é preciso pensar no que preten<strong>de</strong>m com ele e quem vai participar. Pensar nos<br />

recursos e nos apoios necessários. Pensar na importância da ativida<strong>de</strong> escolhida. Po<strong>de</strong>m também<br />

criar um logotipo, cartaz, <strong>de</strong>senho para camiseta do projeto, planejar campanhas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e<br />

esclarecimento. Quando pronto, cada grupo apresenta seu projeto aos <strong>de</strong>mais. Proponha montar um<br />

painel com todas as idéias <strong>de</strong> Projetos “boladas” pelos jovens e <strong>de</strong>ixá-los expostos pela sala.<br />

47<br />

6


6<br />

48<br />

Leitura do texto “Viver em socieda<strong>de</strong>, movimento cidadania II”<br />

Inicie esse momento perguntando aos jovens se fizeram a pesquisa solicitada no encontro<br />

anterior (trazer tudo que ouvirem ou lerem sobre o termo cidadania). Registre no flip-chart ou lousa<br />

o que os jovens trouxeram.<br />

Promova a leitura do texto “Viver em socieda<strong>de</strong>, movimento cidadania II” e pergunte aos jovens<br />

se tivessem lido esse texto anteriormente mudariam alguma coisa nos projetos que criaram na<br />

ativida<strong>de</strong> anterior?<br />

Impressões e Avaliações<br />

Pergunte aos jovens “De todas as aprendizagens e experiências relacionadas ao tema<br />

<strong>Cidadania</strong> que foram compartilhadas nesses dois encontros, o que pretendo levar em conta para<br />

orientar minhas escolhas e <strong>de</strong>cisões na vida?”<br />

Depois peça para cada três jovens combinarem coletivamente uma frase que <strong>de</strong>fina o dia <strong>de</strong> hoje<br />

explicando os motivos que os levaram a escolher essa frase.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

-<br />

-<br />

Textos<br />

Políticas Públicas: Juventu<strong>de</strong> em Pauta. Freitas, Maria Virgínia <strong>de</strong>; Papa, Fernanda <strong>de</strong> Carvalho, São Paulo:<br />

Cortez/Ação Educativa/Friedrich Ebert Siftung, 2003.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Faça a Coisa Certa (1989, dir. Spike Lee, dur. 126') - Sal, um ítalo-americano, é dono <strong>de</strong> uma pizzaria em<br />

Bedford-Stuyvesant, Brooklyn, uma das áreas mais pobres <strong>de</strong> Nova York.<br />

Sites<br />

<strong>Cidadania</strong> na Internet - www.cidadania.org.br<br />

<strong>Instituto</strong> Sou da Paz - www.soudapaz.org.br


PANORAMA, DIREITOS E RESPONSABILIDADES<br />

Constituição<br />

da República<br />

Fe<strong>de</strong>rativa<br />

do Brasil<br />

Direitos<br />

Humanos<br />

49<br />

7


7<br />

50<br />

Livre para sempre estar<br />

on<strong>de</strong> o justo estiver,<br />

a todo momento<br />

escolher com acerto<br />

e precisão a melhor direção...<br />

Beto Gue<strong>de</strong>s e Fernando Brant<br />

Depois dos encontros sobre as aprendizagens da convivência, da formação <strong>de</strong> seu grupo <strong>de</strong><br />

jovens, e das discussões sobre cidadania, vamos conversar um pouco sobre direitos e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s do cidadão.<br />

Quantas vezes ouvimos alguém falar, ou reivindicar o direito à liberda<strong>de</strong>; direito <strong>de</strong> greve e<br />

aumento salarial; direito <strong>de</strong> voto e participação na vida política; direito do povo à educação, saú<strong>de</strong><br />

e cultura; os direitos do consumidor; o direito a ter direitos? Apesar <strong>de</strong> estar presente em nosso<br />

dia-a-dia, raras vezes nos perguntamos qual a origem da palavra “direito” e tampouco indagamos<br />

os sentidos que essa palavra vem assumindo ao longo da nossa história.<br />

A palavra direito tem sua origem etimológica no latim, “directum”, que significa aquilo que é<br />

reto. Historicamente essa palavra foi adquirindo um sentido mais abrangente, a ponto <strong>de</strong> confundirse<br />

com a palavra Lei e até com a própria ciência que trata do assunto: “Vou fazer faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito”. No cotidiano, quando falamos que algo não esta direito, é porque não está certo, não está<br />

acontecendo como <strong>de</strong>veria acontecer.<br />

Geralmente, os nossos direitos estão expressos em um conjunto <strong>de</strong> normas e regras que<br />

costumamos chamar <strong>de</strong> Lei. Se não conhecermos essas leis que garantem os nossos direitos, como<br />

vamos saber quando eles estão sendo <strong>de</strong>srespeitados?<br />

Não há como pensar em direitos sem falar nas responsabilida<strong>de</strong>s individuais e coletivas que o<br />

uso ou o cumprimento do direito requer. Direitos e responsabilida<strong>de</strong>s não são antagônicos, a<br />

existência e garantia <strong>de</strong>les é condição fundamental para a convivência social. Se temos algum<br />

direito, temos ao mesmo tempo as responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> garantir que ele continue a existir, e <strong>de</strong> fazêlo<br />

valer a todas as pessoas.<br />

O seu direito à educação, por exemplo, pressupõe algumas responsabilida<strong>de</strong>s, tanto da sua<br />

família, da socieda<strong>de</strong>, do Estado, como seu próprio. Estamos falando da obrigação da sua família<br />

ao matriculá-lo aos sete anos, da obrigação do Estado <strong>de</strong> construir escolas, mantê-las, garantir bons<br />

professores, e <strong>de</strong> seu compromisso com o estudo e a manutenção do equipamento escolar. A<br />

existência <strong>de</strong> um direito requer que vários atores sociais, inclusive você, se responsabilizem com ele.<br />

A construção dos direitos<br />

A expressão “direitos humanos” diz respeito aos direitos civis, políticos, econômicos,<br />

sociais e culturais. Esses direitos, chamados <strong>de</strong> fundamentais, correspon<strong>de</strong>m a necessida<strong>de</strong>s<br />

essenciais da pessoa humana, como a vida, igualda<strong>de</strong>, liberda<strong>de</strong>, alimentação, saú<strong>de</strong>, educação e<br />

moradia. São também consi<strong>de</strong>rados universais por serem válidos para todas as pessoas,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong>, etnia, gênero, classe social, religião, escolarida<strong>de</strong>, etc.<br />

Muitos <strong>de</strong>sses direitos garantidos pelas legislações ainda não estão efetivamente observados e<br />

respeitados no cotidiano das pessoas. Nesse sentido, conhecer, respeitar, valorizar e reivindicar a<br />

efetivação <strong>de</strong>sses direitos ao conjunto da humanida<strong>de</strong>, é continuar a luta das gerações passadas<br />

para que essas idéias e valores sejam reconhecidos, aceitos e perpetuados.


Direitos civis<br />

Os direitos civis referem-se às liberda<strong>de</strong>s individuais, como o direito <strong>de</strong> locomoção – ir e vir –,<br />

o direito <strong>de</strong> dispor do próprio corpo, direito à vida, à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, à proprieda<strong>de</strong>, à<br />

igualda<strong>de</strong> perante a lei, a não ser julgado fora <strong>de</strong> um processo regular, <strong>de</strong> não ter o seu lar violado.<br />

Direitos políticos<br />

Os direitos políticos referem-se à participação das pessoas no governo da socieda<strong>de</strong>, dizem<br />

respeito à participação no po<strong>de</strong>r. Assim, <strong>de</strong>ntre eles estão a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>monstrações<br />

políticas (faixas, passeatas, comícios, participação em reuniões, movimentos e associações),<br />

organizar-se em partidos políticos e sindicatos, votar e ser votado.<br />

Direitos Sociais<br />

Estamos falando dos direitos relacionados à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saú<strong>de</strong>, à<br />

aposentadoria, à moradia e acesso aos bens culturais. São direitos que ten<strong>de</strong>m a realizar a<br />

“igualização” das situações sociais <strong>de</strong>siguais. Permitem às socieda<strong>de</strong>s politicamente organizadas<br />

reduzir os excessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> produzidos pelo capitalismo e garantir um mínimo <strong>de</strong> bem-estar<br />

para todos. Idéia central em que se baseiam: Justiça Social.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Todos Juntos Somos Fortes<br />

As freqüentes e absurdas violações dos direitos <strong>de</strong> todos os segmentos vulneráveis da população, no Brasil<br />

e em outros países, não <strong>de</strong>vem ser tomadas como razão para <strong>de</strong>scrédito nas leis que os afirmam (ou nas<br />

<strong>de</strong>clarações), mas como encorajamento para buscar transformar, coletivamente, as condições que geram a sua<br />

não observância. É preciso incentivar os jovens a aproximarem-se <strong>de</strong> pessoas, grupos, entida<strong>de</strong>s e instituições<br />

que pautam sua atuação pela observância dos direitos da pessoa humana. Trata-se <strong>de</strong> uma alternativa para<br />

reconstruir uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações que amplie seus horizontes <strong>de</strong> atuação, buscando uma existência com<br />

dignida<strong>de</strong> e uma vida melhor.<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é discutir os conceitos <strong>de</strong> “Direito” e “Lei”, abordando a construção dos<br />

direitos civis políticos e sociais.<br />

51<br />

7


7<br />

52<br />

Material Necessário:<br />

Cola, tesoura, canetinhas, revistas, papel sulfite, cartolina<br />

Aquecimento intencional “Areia movediça”<br />

Desenhe no chão com giz ou cole folhas <strong>de</strong> papel como se fossem pedras. Delimite as margens<br />

da areia movediça e posicione as pedras conforme o <strong>de</strong>senho abaixo.<br />

As pedras que aqui estão pintadas <strong>de</strong> preto são as que não afundam, portanto esse é o único<br />

caminho para cruzar a areia. A informação do caminho é um segredo do educador. Depois <strong>de</strong><br />

preparado o lugar, reúna o grupo em um dos lados e diga: Vocês estão viajando pelo Marrocos,<br />

andando por uma trilha, e encontram pela frente um terreno <strong>de</strong> areia movediça. É preciso passar<br />

por ele para continuar a viagem. Voltar não é possível. A saída é caminhar sobre pedras que estão<br />

na superfície da areia até atingir a outra margem.<br />

Informe ainda, que a maioria das pedras não é firme e que ao pisar nelas afundamos na areia<br />

movediça. O grupo <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>scobrir quais são as pedras firmes para atravessar a areia movediça.<br />

Os jovens que estão fazendo a travessia não po<strong>de</strong>m falar com os outros e vice-versa. Como só<br />

existe um caminho, o organizador informa toda vez que alguém pisa numa pedra que afunda. Cada<br />

participante que afundar <strong>de</strong>ve retornar para a margem on<strong>de</strong> estava e ser o último a fazer a travessia,<br />

pois precisa <strong>de</strong>scansar e recuperar as energias perdidas.<br />

O objetivo é produzir uma situação, na qual errar aju<strong>de</strong> o outro a acertar e que não basta<br />

acertar sozinho é preciso que todos realizem a travessia. Faça uma analogia dizendo que realizar<br />

a travessia é um direito <strong>de</strong> todos, <strong>de</strong>safiando o grupo a garantir esse direito a todos os jovens.


Lembre-os que o trabalho em grupo fortalece as soluções criativas, e os erros que surgem são um<br />

aprendizado que ajuda a construir o caminho até as soluções.<br />

Apresentação e Aproximação “Índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cidadania”<br />

A seguir, um teste para você e os jovens avaliarem o “Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento da <strong>Cidadania</strong>”<br />

da turma. É um modo provocativo <strong>de</strong> pensarem um pouco sobre os valores e práticas a serem<br />

levados em conta quando se discute <strong>Cidadania</strong>, Direitos e Responsabilida<strong>de</strong>s. As questões<br />

abordadas nos testes dão gancho para discutir o “individualismo”, “competição”, “solidarieda<strong>de</strong>”,<br />

“responsabilida<strong>de</strong>”, “justiça”, “participação”, entre outros.<br />

Entretanto, mais importante do que simplesmente atribuir os pontos e “medir” o índice, é discutir<br />

as diferentes práticas representadas nas alternativas do teste, e perceber quais <strong>de</strong>ssas práticas<br />

ajudam a construir uma socieda<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>mocrática.<br />

Apenas uma alternativa <strong>de</strong>ve ser assinalada!. A pontuação <strong>de</strong>pois das frases <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong><br />

conhecimento exclusivo do educador.<br />

1) Perto <strong>de</strong> sua casa houve enchente e muitas famílias per<strong>de</strong>ram tudo. Provisoriamente, foram<br />

abrigadas na escola, que teve <strong>de</strong> remanejar algumas classes para o pátio e dispensar outras.<br />

Você:<br />

a - Acha um absurdo, pois você e seus colegas têm direito à educação e esse direito não po<strong>de</strong><br />

ser negado <strong>de</strong> forma nenhuma. ❍1<br />

b - Acha ótimo, pois assim ficará uns dias sem aulas e po<strong>de</strong>rá participar daquele campeonato<br />

<strong>de</strong> skate. ❍0<br />

c - Como medida bem provisória e <strong>de</strong> emergência não há problema, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os responsáveis<br />

cui<strong>de</strong>m <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar abrigo mais a<strong>de</strong>quado para as famílias. ❍3<br />

d - Acha ótimo, pois assim po<strong>de</strong>rá ajudar o pessoal que per<strong>de</strong>u tudo na enchente. Isso é mais<br />

“cidadão” do que assistir às aulas. ❍1<br />

2) Os colegas da firma em que você trabalha te convidaram para uma reunião no Sindicato, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> discutir uma pauta <strong>de</strong> reivindicações da próxima campanha salarial. Você:<br />

a - Concorda e se oferece para ajudar a convidar e convencer os <strong>de</strong>mais colegas, pois esse é<br />

um assunto <strong>de</strong> todos. ❍3<br />

b - Concorda, mas não vai po<strong>de</strong>r participar (é no domingo, no mesmo horário do futebol). Avisa<br />

que tudo o que <strong>de</strong>cidirem você apoiará. ❍1<br />

c - Não concorda, pois acha que cada trabalhador <strong>de</strong>ve negociar seu salário e as vantagens<br />

individualmente, <strong>de</strong> acordo com sua capacida<strong>de</strong>. ❍1<br />

d - Não concorda e não quer nem saber <strong>de</strong> conversar sobre isso, pois é bobagem e não leva a<br />

nada. ❍0<br />

53<br />

7


7<br />

54<br />

3) Foi votada uma lei na Câmara <strong>de</strong> Vereadores proibindo os bares <strong>de</strong> se manterem abertos após<br />

as 10 horas, nos finais <strong>de</strong> semana. Você:<br />

a - Combina com os seus amigos uma “caixinha” ao dono do bar, para fechar as portas e <strong>de</strong>ixálos<br />

ficar até altas horas, discretamente. ❍0<br />

b - Acha correto, pois a violência está fora <strong>de</strong> controle nos finais <strong>de</strong> semana, especialmente nos<br />

bares e casas <strong>de</strong> dança. Além disso, os vereadores foram eleitos para cuidar da cida<strong>de</strong>. ❍1<br />

c - Acha um absurdo os vereadores votarem leis sem procurar ouvir os diferentes interesses<br />

envolvidos nas questões que afetam os moradores da cida<strong>de</strong>. ❍2<br />

d - Ajuda a organizar uma comissão <strong>de</strong> donos e freqüentadores <strong>de</strong> bares, além <strong>de</strong> especialistas<br />

e participantes <strong>de</strong> movimentos pela paz, para propor uma discussão com os vereadores e<br />

uma rediscussão da lei. ❍3<br />

4) Um vizinho passou um abaixo-assinado, propondo que a sua rua seja fechada por um portão <strong>de</strong><br />

ferro, com uma guarita e guarda <strong>de</strong> segurança. Você:<br />

a- Concorda, pois é a única forma <strong>de</strong> garantir a segurança e o sossego <strong>de</strong> sua família. ❍0<br />

b- Apesar <strong>de</strong> lamentar o problema da falta <strong>de</strong> segurança, não po<strong>de</strong> concordar, pois a rua é<br />

espaço <strong>de</strong> todos da cida<strong>de</strong> e não apenas <strong>de</strong> seus moradores. ❍2<br />

c- Não concorda, pois a rua não é proprieda<strong>de</strong> privada dos seus moradores. Propõe uma<br />

conversa entre todos para pensarem nas questões da segurança. ❍3<br />

d- Não concorda, pois só se interessa pelo que acontece do portão para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua casa,<br />

<strong>de</strong>vendo todos fazer o mesmo. ❍0<br />

5) Numa batida policial, <strong>de</strong>ntre todos os presentes na porta do salão <strong>de</strong> baile, um rapaz negro é<br />

solicitado a apresentar documentos e, apesar <strong>de</strong> estes estarem em or<strong>de</strong>m, é levado preso pelos<br />

policiais. Você:<br />

a - Nem se preocupa com a questão, pois isso é um problema individual. Além disso, acha que<br />

as pessoas <strong>de</strong> “bem” nem <strong>de</strong>veriam freqüentar lugares públicos à noite. ❍0<br />

b - Fica indignado ao perceber, mais uma vez, que os direitos <strong>de</strong>sse cidadão não foram<br />

respeitados, por causa da sua cor. ❍2<br />

c - Apesar <strong>de</strong> ser contra a discriminação racial, não se envolve, pois não vale a pena se meter<br />

com essa gente da polícia. ❍1<br />

d - Procura uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos e notifica o acontecido, para que essa<br />

pessoa possa ser <strong>de</strong>fendida nos seus direitos. ❍3<br />

6) Você e seus amigos, num domingo <strong>de</strong> sol, numa estrada para o litoral, a 140 km por hora são<br />

parados por um guarda. Como motorista, você:<br />

a - Tenta enrolar o guarda, argumentando que este se enganou, já que a sua velocida<strong>de</strong> média<br />

era 100 km por hora. ❍1<br />

b - Alega <strong>de</strong>sconhecimento das leis <strong>de</strong> trânsito, pois é motorista novato, portanto não po<strong>de</strong> ser<br />

multado. ❍0


c - Discretamente, recolhe dinheiro com os colegas e o oferece ao guarda, para não ser multado. ❍0<br />

d - Discretamente, recusa o pedido <strong>de</strong> dinheiro do guarda, alegando que prefere a multa. ❍3<br />

7) Nas eleições para Presi<strong>de</strong>nte, você é contratado a “peso <strong>de</strong> ouro” por um candidato para<br />

inutilizar as propagandas (faixas, cartazes, outdoors, etc) dos <strong>de</strong>mais candidatos. Você:<br />

a - Aceita por que é o único momento em que seu trabalho é bem pago e você precisa muito<br />

<strong>de</strong>sse dinheiro. ❍0<br />

b- Tem clara noção <strong>de</strong> que é uma coisa errada, mas precisa do dinheiro e, se não fizer o<br />

trabalho, outro o fará. ❍1<br />

c - Não aceita, fica indignado e avisa a esse candidato que se ele pagar alguém para fazer isso,<br />

<strong>de</strong>nunciará aos órgãos competentes. ❍3<br />

d - Não aceita, fica indignado, mas disfarça e dá uma <strong>de</strong>sculpa qualquer, preferindo trabalhar<br />

para o candidato que você acha mais sério. ❍2<br />

8) Uma pessoa leva sua cachorrinha para passear na mesma praça em que você, aos domingos,<br />

leva seus filhos ou irmãos para brincarem. O cachorrinho faz suas necessida<strong>de</strong>s na grama. Você:<br />

a - Educadamente avisa que, por uma questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, ela <strong>de</strong>veria recolher as fezes<br />

do bichinho. ❍3<br />

b - Não fala nada, mas promete nunca mais levar crianças a esse lugar, para não contraírem<br />

doenças. ❍0<br />

c - Procura o guarda do parque e faz a <strong>de</strong>núncia, pois você sabe que em algumas cida<strong>de</strong>s já<br />

existem leis proibindo essa prática. ❍2<br />

d - Não <strong>de</strong>ixa suas crianças brincarem na grama <strong>de</strong>scalças, para não terem a infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

contaminarem com fezes <strong>de</strong> animais. ❍1<br />

9) Num jogo <strong>de</strong> futebol, uma <strong>de</strong>cisão claramente equivocada do juiz leva seu time a uma <strong>de</strong>rrota<br />

fragorosa. Como todos os torcedores do time, você:<br />

a - Xinga a mãe e toda a família do juiz, incluindo as 10 gerações anteriores. ❍1<br />

b - Convida a moçada para bater naquele juiz e nos ban<strong>de</strong>irinhas, que corroboraram a <strong>de</strong>cisão<br />

equivocada. ❍0<br />

c - Desconta na torcida do time adversário, chutando e batendo no primeiro que aparecer na sua<br />

frente. ❍0<br />

d - Conta até <strong>de</strong>z e espera a raiva momentânea passar. Depois, redige uma reclamação sobre<br />

o juiz ao tribunal esportivo e pe<strong>de</strong> a seus amigos para assinarem. ❍3<br />

10) Está em discussão no congresso uma lei que instala a censura prévia dos filmes e dos programas<br />

<strong>de</strong> televisão. Você:<br />

a- Concorda, pois como espectador, acha que tem o direito <strong>de</strong> não ser escandalizado, ou<br />

chocado com cenas violentas ou pornográficas em horários vistos por crianças e adolescentes.<br />

❍3<br />

55<br />

7


7<br />

56<br />

b- Não concorda, pois <strong>de</strong>ve prevalecer a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão do artista e nenhum órgão<br />

burocrático do governo <strong>de</strong>ve sufocá-la. ❍3<br />

c- Concorda, mas a censura não <strong>de</strong>veria ser feita apenas pelo governo, mas por representantes<br />

da socieda<strong>de</strong>. ❍3<br />

d- Não concorda, pois os espectadores po<strong>de</strong>m simplesmente <strong>de</strong>sligar seus aparelhos, caso<br />

fiquem chocados, não po<strong>de</strong>ndo impedir que outras pessoas apreciem as obras por inteiro. ❍3<br />

Tabela <strong>de</strong> pontos<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

A 1 3 0 0 0 1 0 3 1 3<br />

B 0 1 1 2 2 0 1 0 0 3<br />

C 3 1 2 3 1 0 3 2 0 3<br />

D 1 0 3 0 3 3 3 1 3 3<br />

Resultados:<br />

20 a 30 Você está bem encaminhado, conhecendo seus direitos e responsabilida<strong>de</strong>s, fazendo<br />

escolhas <strong>de</strong> acordo com os princípios da cidadania, solidarieda<strong>de</strong>, justiça,<br />

responsabilida<strong>de</strong>, e participação. Siga assim...<br />

10 a 19 Viver é ainda uma aventura muito incerta: ora você vislumbra caminhos e experimenta<br />

escolhas que o ajudam a se construir como um cidadão/ã, ora você se esquece das<br />

referências, do bom-senso e acaba se <strong>de</strong>snorteando um pouco. Mas não <strong>de</strong>sanime, isso<br />

faz parte da maravilhosa aventura da vida: sempre é possível a gente olhar em volta,<br />

pensar e retomar a caminhada, mudando o rumo.<br />

0 a 10 Cuidado, <strong>de</strong>sse jeito você não está se formando para ser um cidadão <strong>de</strong> direitos e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s! Vale a pena repensar os seus valores, as coisas em que você acredita,<br />

olhar em volta, escolher pessoas para conversar e <strong>de</strong>scobrir que ainda é tempo para dar<br />

uma guinada na vida. Por que não?<br />

Leitura do texto “Panorama, direitos e responsabilida<strong>de</strong>s”<br />

Ativida<strong>de</strong> escrita por<br />

Ronil<strong>de</strong> Rocha, Maurício Ernica, Alexandre Isaac<br />

Promova a leitura coletiva do texto “Panorama, direitos e responsabilida<strong>de</strong>s”, <strong>de</strong>ixe os jovens<br />

expressarem suas opiniões e dúvidas. Responda aos questionamentos dos jovens e faça um fechamento<br />

ressaltando que os direitos constitucionais expressos nas Legislações, são uma conquista histórica,<br />

resultado da atuação coletiva <strong>de</strong> muitas pessoas, em movimentos sociais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVIII.


Incluir-se nessa comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas que conhece, respeita, valoriza e reivindica sua<br />

efetivação é continuar essa luta <strong>de</strong> gerações que nos prece<strong>de</strong>ram e, em muitos casos, até morreram<br />

para que esses direitos pu<strong>de</strong>ssem ser reconhecidos e aceitos.<br />

Pesquise diferentes artigos e livros sobre “direitos e responsabilida<strong>de</strong>” para disponibilizá-los no<br />

“baú <strong>de</strong> saberes”, e incentive os jovens a pesquisarem outros textos, livros e matérias jornalísticas<br />

para trazerem para o baú.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Pergunte aos jovens como foi fazer as ativida<strong>de</strong>s “Areia movediça” e “Índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da cidadania”. O que mais gostaram e se proporiam algumas mudanças para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

encontro. Não se esqueça <strong>de</strong> incentivar a prática do registro no “diário <strong>de</strong> bordo”.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Os Jovens, a Escola e os Direitos Humanos. Relatório <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong> II. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Observatórios <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos. São Paulo, 2002.<br />

“Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, aprovada em 1789, após a Revolução Francesa.<br />

Constituição Brasileira <strong>de</strong> 1988<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Vinte e Dez: o Futuro é Agora (2002, dir. Tata Amaral e Francisco César Filho, dur. 26') - Deividson é um<br />

jovem da periferia <strong>de</strong> Santo André, região metropolitana <strong>de</strong> São Paulo, que manda seu recado para a<br />

comunida<strong>de</strong> através do Rap.<br />

Sites<br />

Assembléia Legislativa <strong>de</strong> São Paulo - www.alesp.gov.br<br />

- www.direitoshumanos.usp.br<br />

57<br />

7


8<br />

ÉTICA,<br />

A MORADA<br />

58<br />

HUMANA


A “ética” é mais uma <strong>de</strong>ssas palavras que tomaram conta <strong>de</strong> nosso cotidiano, a todo o<br />

momento ouvimos falar em ética profissional, ética política, ética nos esportes, bioética, ética médica<br />

ou religiosa. Nunca esse tema foi tão abordado como está sendo nos dias <strong>de</strong> hoje. Os jornais, os<br />

políticos e os diferentes atores sociais estão freqüentemente usando questões éticas ou antiéticas<br />

para julgar ou absolver quem quer que seja. Vejamos primeiramente para on<strong>de</strong> a origem da palavra<br />

nos remete. Em Grego, “ethos” <strong>de</strong>signa a “morada humana” e está ligado a idéia <strong>de</strong><br />

costumes e práticas sociais, assim como a idéia <strong>de</strong> moral que em Latim “mores”, também tem<br />

o mesmo significado. No entanto, historicamente esses conceitos foram adquirindo significados<br />

diferentes. Atualmente costuma-se <strong>de</strong>finir moral como conjunto <strong>de</strong> princípios, crenças,<br />

regras que orientam o comportamento das pessoas nas diversas socieda<strong>de</strong>s e ética<br />

como reflexão crítica sobre a moral, mas ela não é puramente teórica, ela é um<br />

conjunto <strong>de</strong> princípios e disposições voltados para ação, cujo objetivo é orientar a<br />

conduta humana.<br />

Toda comunida<strong>de</strong> humana estabelece regras <strong>de</strong> convívio social e praticas culturais para<br />

i<strong>de</strong>ntificar-se e distinguir-se das <strong>de</strong>mais, assim como também promove uma reflexão crítica sobre as<br />

mesmas regras e práticas. Nesse sentido, posicionar-se eticamente em relação a uma <strong>de</strong>terminada<br />

situação, regra ou prática social é olhar a questão <strong>de</strong> maneira critica e problematizadora,<br />

perguntando sempre o porquê das coisas.<br />

Especificamente na socieda<strong>de</strong> brasileira, permeada por flagrantes situações <strong>de</strong> injustiça e<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e por diversos exemplos <strong>de</strong> ações individuais orientadas por parâmetros altamente<br />

con<strong>de</strong>náveis do ponto <strong>de</strong> vista ético, impõe-se a absoluta necessida<strong>de</strong> da discussão do tema “Ética”.<br />

Ética no cotidiano<br />

São diversas as situações cotidianas em que nos colocamos as questões <strong>de</strong> “Como agir na relação<br />

com os outros? Agir buscando o quê? Fazer o Bem ou o Mal?” Enfim, isso é ético ou antiético?<br />

Vejamos na prática alguns exemplos que exigem um posicionamento ético e que estão<br />

relacionados às diversas experiências da vida cotidiana:<br />

Nos esportes, por exemplo, o objetivo <strong>de</strong> qualquer competição esportiva é a vitória <strong>de</strong> alguém<br />

ou <strong>de</strong> alguma equipe, no entanto, seria ético burlar as regras para chegar ao objetivo <strong>de</strong> vencer?<br />

Coloca-se aí uma questão ética. É justo salvar o que seria o gol do adversário com uma jogada<br />

<strong>de</strong>sleal? O que está em jogo nessas situações é a idéia <strong>de</strong> se ganhar a qualquer custo, não<br />

importando as conseqüências <strong>de</strong> nossa ação. A utilização <strong>de</strong> anabolizantes (substâncias que<br />

potencializam a força muscular) nas práticas esportivas <strong>de</strong> atletismo, natação, futebol entre tantas<br />

outras, e que constituem os famosos casos <strong>de</strong> dopping, são centrais para uma discussão ética sobre<br />

os meios utilizados para se vencer uma prova ou um jogo.<br />

Nos assuntos da política temos assistido a diversas situações em que vereadores ou <strong>de</strong>putados,<br />

eleitos para representarem os interesses da coletivida<strong>de</strong>, aceitam propinas para legislarem e agirem<br />

em favor <strong>de</strong> interesses particulares e até mesmo em seu próprio interesse.<br />

A ética está para <strong>de</strong>mocracia<br />

como a poesia está para vida<br />

Marcio Souza<br />

Ético significa tudo aquilo<br />

que ajuda a tornar melhor o<br />

ambiente para que seja uma<br />

moradia saudável:<br />

materialmente sustentável,<br />

psicologicamente integrada<br />

e espiritualmente fecunda<br />

Leonardo Boff<br />

59<br />

8


8<br />

A ética é inclu<strong>de</strong>nte,<br />

tolerante e solidária, reforça a<br />

pluralida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong>.<br />

60<br />

A falta <strong>de</strong> ética instaura um<br />

estado <strong>de</strong> guerra e<br />

<strong>de</strong>sagregação pela exclusão.<br />

A falta <strong>de</strong> ética<br />

ameaça a humanida<strong>de</strong><br />

Sergio Gabriel Seixas<br />

A questão da clonagem humana tratada até pelas telenovelas coloca em pauta uma discussão<br />

ética sobre até on<strong>de</strong> a ciência po<strong>de</strong> chegar com seus avanços tecnológicos. O caso <strong>de</strong> profissionais,<br />

homens ou mulheres, que se utilizam da sua posição hierárquica para assediarem sexualmente seus<br />

subordinados, também se traduz em uma discussão <strong>de</strong> ética no trabalho. Os casos <strong>de</strong> indústrias que,<br />

mesmo garantindo empregos e aquecendo as economias, <strong>de</strong>smatam ou <strong>de</strong>spejam <strong>de</strong>tritos na<br />

natureza, também constituem tema para uma discussão <strong>de</strong> ética ambiental.<br />

Ética nas instituições educacionais<br />

As escolas e as Ong’s cumprem hoje uma extrema importância na formação ética das novas<br />

gerações. Mas afinal <strong>de</strong> contas o que é essa formação ética? Como a escola e a Ong po<strong>de</strong><br />

contribuir para a formação ética <strong>de</strong> nossos jovens?<br />

Embora a ação pedagógica seja prioritariamente <strong>de</strong>stinada ao <strong>de</strong>senvolvimento intelectual e à<br />

aquisição <strong>de</strong> aptidões, ela inevitavelmente repercute sobre outros componentes da personalida<strong>de</strong> do<br />

jovem, que são as atitu<strong>de</strong>s, os valores, os interesses e os sentimentos. É o que chamamos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia moral, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito mais <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> vida propícias<br />

e favoráveis do que discursos teóricos e até mesmo a repressão. No convívio escolar os educadores<br />

po<strong>de</strong>m compartilhar com os educandos aprendizagens ligadas à resolução pacífica <strong>de</strong> conflitos, a<br />

tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões coletivas, aos cuidados consigo mesmo e com o lugar em que vivemos.<br />

Escolhendo <strong>Cidadania</strong><br />

O que significa dizer que “somos todos iguais”?<br />

É preciso posicionar-se contra todas as formas <strong>de</strong> corrupção, no mundo dos esportes, na vida política do<br />

nosso país, nas relações profissionais, e no nosso próprio cotidiano. A gran<strong>de</strong> aprendizagem quando se trata<br />

da ética é a idéia <strong>de</strong> que os fins não justificam os meios e que ganhar a qualquer custo contraria a idéia<br />

<strong>de</strong> cidadania.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro trabalhar o conceito <strong>de</strong> ética com os jovens. Expandindo o conceito<br />

para o cotidiano dos jovens por meio <strong>de</strong> exemplos on<strong>de</strong> os jovens são “provocados” a se<br />

posicionarem eticamente.<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, papel, canetas e pequenas tiras <strong>de</strong> tecido “venda para os olhos”


Aquecimento intencional “Olhos vendados”<br />

Distribua uma “venda” (que po<strong>de</strong> ser um pedaço <strong>de</strong> tecido) para cada um dos jovens. Peça para<br />

que os jovens formem um circulo e coloquem as vendas nos olhos. Depois peça para formarem um<br />

quadrado, <strong>de</strong>pois um triângulo. Os jovens po<strong>de</strong>m se comunicar, mas não po<strong>de</strong>m se utilizar da visão<br />

para realizar a tarefa.<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong> e se ela contribuiu para a integração do grupo. Pergunte<br />

se alguém espiou pelas frestas da “venda” ou se utilizou <strong>de</strong> outro subterfúgio para realizar a tarefa.<br />

Comente as palavras mais utilizadas pelo grupo. Relacione as expectativas à proposta <strong>de</strong> trabalho<br />

do dia, que é trabalhar o conceito <strong>de</strong> ética.<br />

Apresentação e Aproximação “Ético e antiético”<br />

Forme quatro subgrupos <strong>de</strong> jovens e distribua a cada um <strong>de</strong>les as seguintes frases abaixo.<br />

Maria, <strong>de</strong> 16 anos, está grávida. Seu namorado não quer assumir a paternida<strong>de</strong><br />

e sua família não tem condições financeiras <strong>de</strong> manter mais uma criança.<br />

Ela procura uma clínica clan<strong>de</strong>stina, para realizar um aborto. Você acha justa a<br />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maria? E a da clinica clan<strong>de</strong>stina em realizar o aborto?<br />

Aílton sofreu um grave aci<strong>de</strong>nte e foi constatada pelos médicos sua morte cerebral.<br />

No quarto ao lado do hospital, há pessoas necessitando <strong>de</strong> órgãos como coração,<br />

rins, fígado, córnea e outros. Depois <strong>de</strong> muita conversa, a família não autorizou o<br />

médico a <strong>de</strong>sligar o aparelho e a fazer a doação dos órgãos. Você acha ética a atitu<strong>de</strong><br />

da família?<br />

Uma indústria é instalada numa pequena cida<strong>de</strong>. Propicia emprego para os<br />

moradores e paga salários justos. Porém, <strong>de</strong>speja lixo tóxico no rio que abastece a<br />

casa <strong>de</strong> todos os moradores da cida<strong>de</strong>. É justo que eles <strong>de</strong>nunciem a empresa e<br />

lutem pela saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos, mesmo correndo o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>rem seus empregos?<br />

Um homem, sua mulher e filhos viajam por uma estrada, em alta velocida<strong>de</strong>.<br />

São parados por um guarda rodoviário que, ao invés <strong>de</strong> aplicar multa, exige<br />

dinheiro para liberar o veículo sem multa. O motorista dá uma gorjeta e vai<br />

embora sem ser multado.<br />

a) É ética a atitu<strong>de</strong> do motorista?<br />

b) E a do guarda?<br />

61<br />

8


8<br />

62<br />

Cada subgrupo <strong>de</strong>ve discutir as situações expressas nas frases e chegar a uma conclusão para<br />

apresentar ao gran<strong>de</strong> grupo. Caso isso não seja possível eles <strong>de</strong>vem apresentar ao grupo suas<br />

divergências e dúvidas. Enquanto os jovens estiverem discutindo nos subgrupos intervenha no sentido<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilizar as certezas dos jovens. Peça para se colocarem no lugar dos personagens das<br />

frases e pensarem em justificativas para se comportarem daquela maneira.<br />

Você po<strong>de</strong> inserir outras frases que expressem questões éticas, situações <strong>de</strong> “dilema” ou <strong>de</strong><br />

“justiça e injustiça”. O importante é fomentar as discussões trazendo para os jovens o maior número<br />

<strong>de</strong> informações sobre esses temas, presentes na socieda<strong>de</strong>.<br />

Leitura do texto “Ética, a morada humana”<br />

Promova a leitura coletiva do texto nos mesmos subgrupos da ativida<strong>de</strong> anterior. Peça aos jovens<br />

para se aterem ao trecho “Ética no cotidiano” que traz exemplos que exigem um posicionamento<br />

ético e que estão relacionados às diversas experiências da vida cotidiana. Abra o <strong>de</strong>bate sobre o<br />

texto relacionando-o à ativida<strong>de</strong> anterior.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Selecione uma poesia ou música do seu “baú <strong>de</strong> saberes” para ser lida ou ouvida no final do<br />

encontro após uma discussão tão <strong>de</strong>nsa. Abra a palavra para os jovens avaliarem o encontro <strong>de</strong><br />

hoje e peça para alguém fazer o registro no “diário <strong>de</strong> bordo”.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Juventu<strong>de</strong> e Contemporaneida<strong>de</strong>. Revista Brasileira <strong>de</strong> Educação. Anped - Associação Nacional <strong>de</strong> Pós-<br />

Gradução e Pesquisa em Educação. No 5 e 6, maio-<strong>de</strong>z, 1997. São Paulo.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

PORÃO (2003, dir. Fernando Mozart - dur: 15') - O filme apresenta um Brasil que vive com um pé nas<br />

promessas do mundo globalizado e com o outro no "porão" do navio negreiro. Trata ainda da gravura<br />

e texto <strong>de</strong> Walsh no set <strong>de</strong> filmagem. Desperta uma nova possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão oral e serve <strong>de</strong><br />

metáfora para uma análise do Brasil contemporâneo.<br />

Sites<br />

Ação Educativa - www.acaoeducativa.org<br />

- www.codigo<strong>de</strong>etica.com.br


QUANDO AS ANDORINHAS<br />

FAZEM O VERÃO<br />

63<br />

9


9<br />

Vamos precisar <strong>de</strong> todo mundo<br />

Um mais um é sempre mais<br />

que dois<br />

Pra melhor juntar<br />

as nossas forças...<br />

Vamos precisar <strong>de</strong><br />

muito amor... e participação<br />

64<br />

Beto Gue<strong>de</strong>s e Ronaldo Bastos<br />

Participar é um direito e uma<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos,<br />

é também, oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

para as pessoas e<br />

para as comunida<strong>de</strong>s.<br />

Nesse encontro falaremos da “participação” e dos diferentes jeitos que cada um tem <strong>de</strong><br />

participar na escola, na Ong, e na comunida<strong>de</strong> em que vivem. Da mesma maneira que as<br />

aprendizagens da convivência, que você viu no primeiro encontro do Observatório, “participar”<br />

também se pratica e se apren<strong>de</strong>. É no nosso cotidiano e no contato com professores, educadores,<br />

amigos e gente da comunida<strong>de</strong>, que experimentamos, compartilhamos e apren<strong>de</strong>mos a concordar e<br />

discordar, respeitando a diversida<strong>de</strong>. É nesse contato que apren<strong>de</strong>mos a <strong>de</strong>cidir as coisas em grupo<br />

respeitando as convicções políticas, religiosas, a condição social, a situação econômica, o time <strong>de</strong><br />

futebol, o jeito <strong>de</strong> vestir, <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> cada um.<br />

Participar significa assumir compromisso com um “coletivo” na resolução <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

questão. Cada um tem um jeito diferente <strong>de</strong> participar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos <strong>de</strong>sejos, competências e<br />

habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um. Se existe um problema na sua escola ou na sua comunida<strong>de</strong>, uns po<strong>de</strong>m<br />

organizar uma reunião, enquanto outros fazem à divulgação e articulação para que todos possam<br />

participar, e ainda outros po<strong>de</strong>m provi<strong>de</strong>nciar todas as coisas para realização do encontro. A<br />

riqueza da participação está justamente em contar com pessoas com características, conhecimentos<br />

e papéis diferentes em torno <strong>de</strong> um objetivo comum.<br />

Quando dizemos que “uma andorinha não faz verão” significa que individualmente po<strong>de</strong>mos<br />

transformar algumas coisas na nossa vida e na nossa comunida<strong>de</strong>, mas coletivamente nossa força<br />

<strong>de</strong> transformação e intervenção se multiplica. Os problemas não se resolvem sozinhos, mas com a<br />

participação <strong>de</strong> muita gente, consi<strong>de</strong>rando as riquezas e potencialida<strong>de</strong>s da nossa gente e do<br />

nosso ambiente.<br />

A nossa participação na vida social, política e econômica po<strong>de</strong> ocorrer em diferentes<br />

instituições e lugares da socieda<strong>de</strong>: na escola, na empresa, na família, no bairro, nas fábricas,<br />

sindicatos, partidos políticos, movimentos e organizações da socieda<strong>de</strong> civil. É exatamente nesses<br />

espaços que po<strong>de</strong>mos nos organizar para contestar, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e garantir nossos direitos e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cidadão.<br />

Veja se você concorda com essas diferentes formas <strong>de</strong> participar e se organizar,<br />

e se vocês acrescentariam outras formas <strong>de</strong> participação:<br />

❍ Elegendo nossos representantes municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais, consi<strong>de</strong>rando a história, o<br />

currículo, a honestida<strong>de</strong> e a competência dos candidatos.<br />

❍ Militando em partidos políticos e sindicatos, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo as idéias em que acreditamos.<br />

❍ Participando em Associações <strong>de</strong> Moradores, discutindo os problemas do bairro e da cida<strong>de</strong>.<br />

❍ Participando em diferentes movimentos e organizações da socieda<strong>de</strong> civil, como os <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da<br />

ecologia, <strong>de</strong> direitos humanos, movimentos pela paz, grupos <strong>de</strong> jovens, grupos <strong>de</strong> igrejas,<br />

voluntariado, Conselhos <strong>de</strong> Direitos e Conselho Tutelar.<br />

❍<br />

Em todas as questões referentes à organização dos estudantes <strong>de</strong>ntro das escolas e nas outras<br />

organizações estudantis (União <strong>de</strong> estudantes, Grêmio das Escolas, Associação <strong>de</strong> Pais e<br />

Conselhos <strong>de</strong> Escola).


❍<br />

❍<br />

Nas passeatas e movimentos <strong>de</strong> reivindicação.<br />

Na participação em projetos como o do “Observatório <strong>de</strong> Pesquisas” e na elaboração coletiva<br />

<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> intervenção comunitária.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Ressaltar a prática da “participação” abordando as diferentes formas <strong>de</strong> se organizar.<br />

Destacar que só se apren<strong>de</strong> a participar participando e que participar é um direito e<br />

uma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos.<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, barbante, canetas, garrafa vazia <strong>de</strong> refrigerante, pote vazio.<br />

Aquecimento Intencional “Aranha”<br />

Peça ao grupo que forme um circulo. Dê a cada um <strong>de</strong>les 1 metro <strong>de</strong> barbante. Amarre todos os<br />

barbantes em uma caneta sendo que a outra ponta do barbante <strong>de</strong>ve ficar na boca dos<br />

participantes. Peca para que o grupo, movendo os barbantes insira a caneta em um pote vazio.<br />

Quando o grupo conseguir faze-lo peça para que façam o mesmo agora em uma garrafa vazia <strong>de</strong><br />

refrigerante. Repita mais algumas vezes até o grupo afinar a sintonia.<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong> e como ela contribuiu para a integração do grupo.<br />

Comente as palavras mais utilizadas pelo grupo. Relacione-as com a proposta <strong>de</strong> trabalho do dia<br />

que se aproximar do conceito <strong>de</strong> “participação”.<br />

Apresentação e Aproximação “Começando a conversa”<br />

Procure sondar com os jovens o que eles enten<strong>de</strong>m por “participação” e quais formas <strong>de</strong><br />

organização eles reconhecem, anotando todas as falas dos jovens no flip chart. Depois promova a<br />

discussão coletiva sobre a seguinte frase: Como se dá a participação das pessoas em sua<br />

comunida<strong>de</strong>? Em que ocasiões ela ocorre, <strong>de</strong> que forma, o que precisa melhorar? Se há lí<strong>de</strong>res,<br />

como atuam e quais os resultados concretos <strong>de</strong>ssa participação? A participação <strong>de</strong> algumas pessoas<br />

da comunida<strong>de</strong> tem trazido melhorias para a vida dos moradores locais?<br />

65<br />

9


9<br />

66<br />

Leitura do texto “Quando as andorinhas fazem o verão”<br />

Nesse encontro seria interessante você convidar uma “li<strong>de</strong>rança comunitária”, “um jovem atuante<br />

<strong>de</strong> um Grêmio estudantil”, “um vereador”, “um sindicalista”, “um militante <strong>de</strong> partido político”, ou<br />

ainda “representantes <strong>de</strong> Conselhos da cida<strong>de</strong>”, para lerem coletivamente o texto e promoverem um<br />

<strong>de</strong>bate sobre a importância da participação, e sobre as diferentes maneiras <strong>de</strong> participar.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Pergunte aos jovens e aos participantes que você conseguiu convidar, qual a avaliação que<br />

fazem do encontro <strong>de</strong> hoje. Ouça atentamente cada um e também faça sua avaliação.<br />

Lembre-se: A postura do educador é fundamental para criar e manter o clima <strong>de</strong> confiança e<br />

valorização <strong>de</strong> todos. Para que isso ocorra, <strong>de</strong>ve estar atento ao movimento do grupo e a suas<br />

manifestações, às falas e aos silêncios, ao que fica subentendido. Seu papel é intervir com perguntas<br />

que estimulem a reflexão do grupo para que as idéias e sentimentos expressos fiquem mais claros.<br />

Por isso, ao planejar seu trabalho, <strong>de</strong>ve pensar não só no conteúdo <strong>de</strong> informações, mas em<br />

estratégias que permitam a integração das pessoas e o fortalecimento do grupo pensando nos<br />

objetivos do projeto Observatório.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Autonomia e Autonomia na Escola. Alternativas teóricas e práticas. Aquino, Julio Groppa (org.). São Paulo:<br />

Summus Editorial, 1999.<br />

“A Revolução das re<strong>de</strong>s”, MANCI, Eucli<strong>de</strong>s André. Ed. Vozes 2000.<br />

Limites: Três Dimensões Educacionais. De la Taile, Yves. Sâo Paulo: Editora Ática, 1998.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Lamarca (1994, dir. Sérgio Rezen<strong>de</strong>, dur. 130') - Acompanha os dois últimos anos da vida do capitão Carlos<br />

Lamarca, quando <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> fazer uma opção radical pela revolução, enviando a mulher e os dois filhos<br />

para Cuba e <strong>de</strong>sertando do Exército, em 1969. Na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>, ligado a Vanguarda Popular<br />

Revolucionária (VPR), comanda ações revolucionárias e amadurece suas convicções políticas.<br />

Sites<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> Contemporânea - www.ijc.org.br<br />

www.paulofreire.org/convergence.pdf<br />

www.polis.org.br/participacao


HOMEM, ANIMAL POLÍTICO<br />

67<br />

10


10<br />

O pior analfabeto é o analfabeto<br />

político. Ele não ouve, não fala,<br />

nem participa dos acontecimentos<br />

políticos. Ele não sabe que o custo<br />

<strong>de</strong> vida, o preço do feijão, do peixe,<br />

da farinha, do aluguel, do sapato e<br />

do remédio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das <strong>de</strong>cisões<br />

políticas.<br />

68<br />

PODER EXECUTIVO<br />

Município: Prefeito<br />

Estado: Governador<br />

País: Presi<strong>de</strong>nte<br />

Bertold Brecht<br />

BRASIL<br />

PODER JUDICIÁRIO<br />

Estado: Tribunais e<br />

Juízes do Estado<br />

Fe<strong>de</strong>ração: Tribunais<br />

Regionais Fe<strong>de</strong>rais e<br />

Juízes Fe<strong>de</strong>rais<br />

Quantas vezes você leu ou ouviu alguém falar em ativida<strong>de</strong>s políticas, participação política,<br />

organizações políticas, ou ainda, política para juventu<strong>de</strong>, política educacional, política ambiental.<br />

Atualmente a palavra política aparece no nosso imaginário com uma conotação negativa, muita<br />

ligada à idéia <strong>de</strong> corrupção e <strong>de</strong>sencantamento. No entanto, po<strong>de</strong>mos olhá-la por um lado positivo,<br />

emancipador e com potencial <strong>de</strong> transformação e melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos.<br />

O sentido da expressão “política” origina-se do grego “polis” que significa cida<strong>de</strong>, isto é, o lugar<br />

on<strong>de</strong> as pessoas vivem juntas. Dessa maneira, “política” se refere a vida na polis, melhor ainda,<br />

trata da vida em comum, da elaboração das normas, regras e leis, dos objetivos <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong> e das <strong>de</strong>cisões sobre a organização da vida em socieda<strong>de</strong>.<br />

No encontro anterior quando vocês discutiram a participação e as diferentes formas <strong>de</strong><br />

organização, (nas escolas, ong’s, bairro, sindicatos, partidos) no fundo tratava-se <strong>de</strong> “fazer<br />

política”, ou seja, <strong>de</strong> cuidar das <strong>de</strong>cisões sobre problemas <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada coletivida<strong>de</strong>.<br />

Quando trabalhadores se organizam para fazer alguma reivindicação; quando jovens<br />

participam do grêmio estudantil ou projetos como os que estão participando; quando vereadores e<br />

<strong>de</strong>putados se reúnem para votar alguma lei; e ainda quando o governo apresenta para a socieda<strong>de</strong><br />

sua política econômica, sua política <strong>de</strong> cultura e sua política <strong>de</strong> habitação, também estão “fazendo<br />

política”. E mesmo no cotidiano as pessoas “fazem política” para alcançar seus objetivos nas<br />

relações familiares, <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e até <strong>de</strong> amor.<br />

PODER LEGISLATIVO<br />

Município: Vereadores<br />

Estado: Deputados<br />

estaduais<br />

União: Deputados<br />

Fe<strong>de</strong>rais e<br />

Senadores<br />

No entanto, pra vocês que estão participando do Observatório, não basta essas<br />

informações, é preciso saber um pouco mais sobre os po<strong>de</strong>res políticos do ESTADO<br />

na nossa socieda<strong>de</strong>. São três os po<strong>de</strong>res que constituem nosso Estado, e a cada um<br />

<strong>de</strong>les cabe uma função distinta: ao Legislativo cabe a elaboração das leis e a<br />

fiscalização no cumprimento <strong>de</strong>las; ao Executivo a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> executá-las<br />

implementando as políticas <strong>de</strong> educação, saú<strong>de</strong>, habitação, cultura, segurança,<br />

assistência social e esporte; ao Judiciário, a <strong>de</strong> fiscalizar o respeito e o cumprimento<br />

às leis, julgando quando são ou não cumpridas. Veja o esquema ao lado.<br />

Apesar <strong>de</strong> estarem separados e com atribuições distintas, para o bom<br />

funcionamento da socieda<strong>de</strong>, suas funções <strong>de</strong>vem ser complementares. A idéia da<br />

separação entre Executivo, Legislativo e Judiciário é justamente para que nenhum<br />

“po<strong>de</strong>r” seja soberano e absoluto na socieda<strong>de</strong> e que um sirva <strong>de</strong> “freio” para o<br />

po<strong>de</strong>r do outro.<br />

Outro aspecto importante que envolve o conceito <strong>de</strong> Estado é a questão da<br />

representativida<strong>de</strong>. As pessoas que ocupam lugares nos po<strong>de</strong>res Executivo,<br />

Legislativo e Judiciário são representantes do povo. Somos nós que votamos em<br />

vereadores, prefeitos, <strong>de</strong>putados, governadores, senadores e presi<strong>de</strong>nte, portanto,<br />

também somos responsáveis por colocar esses representantes nesse lugar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.


A Constituição <strong>de</strong> 1988 traz uma novida<strong>de</strong> que dá impulso para a questão da representativida<strong>de</strong>:<br />

a criação dos Conselhos <strong>de</strong> controle social com representação popular. Os conselhos<br />

<strong>de</strong> direitos da criança e do adolescente, os conselhos tutelares, o conselho da assistência social, os<br />

conselhos da educação e da saú<strong>de</strong> possibilitaram maior participação nos processos <strong>de</strong>cisórios e na<br />

<strong>de</strong>stinação dos recursos públicos para essas áreas, <strong>de</strong>mocratizando nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Lembre-se que os recursos financeiros que o Estado <strong>de</strong>stina para a implementação das políticas<br />

básicas (educação, saú<strong>de</strong>, habitação, cultura, segurança, assistência social e esporte) são<br />

provenientes da arrecadação <strong>de</strong> impostos, portanto, <strong>de</strong> todos os cidadãos. Acompanhar como está<br />

sendo gasto esse dinheiro é direito e uma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo cidadão.<br />

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente<br />

Na primeira noite eles se<br />

aproximam, colhem uma flor <strong>de</strong><br />

nosso jardim e não dizemos nada.<br />

Na segunda noite, já não se<br />

escon<strong>de</strong>m: pisam nas flores, matam<br />

nosso cão e não dizemos nada.<br />

Até que um dia, o mais frágil <strong>de</strong>les<br />

entra sozinho em nossa casa,<br />

rouba-nos a lua e,<br />

conhecendo nosso medo,<br />

arranca-nos a voz da garganta.<br />

E porque não dissemos nada, já<br />

não po<strong>de</strong>mos dizer nada.<br />

Maiakówsky<br />

Deve haver na sua cida<strong>de</strong> um Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Esse<br />

Conselho é um órgão público criado com o advento do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.<br />

Box<br />

O que é...<br />

O CMDCA é um canal <strong>de</strong> participação da socieda<strong>de</strong> civil na formulação e controle das políticas públicas na<br />

área da infância e juventu<strong>de</strong> no âmbito Municipal. É ele que <strong>de</strong>fine como recursos que a Prefeitura tem para<br />

as crianças e adolescentes serão gastos nas áreas da Educação, Saú<strong>de</strong>, Assistência Social, Esporte ou Cultura.<br />

O que faz...<br />

Dentre as atribuições dos Conselhos Municipais po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar sete:<br />

- Formular a política dos direitos da criança e adolescente, <strong>de</strong>finindo priorida<strong>de</strong>s.<br />

- Acompanhar e avaliar tanto as ações governamentais como as não-governamentais, <strong>de</strong>stinadas ao<br />

atendimento aos direitos da criança e do adolescente.<br />

- Decidir sobre a conveniência da implementação <strong>de</strong> projetos, programas e serviços.<br />

- Propor e ajudar a manter estudos e levantamentos sobre a situação das crianças e jovens do Município<br />

- Administrar o Fundo Municipal da Criança e Adolescente - FUNCAD, <strong>de</strong>stinando os recursos <strong>de</strong> acordo<br />

com as priorida<strong>de</strong>s estabelecidas.<br />

- Contribuir com a Prefeitura na elaboração do orçamento Municipal para Educação, Saú<strong>de</strong>, Cultura, Esporte<br />

e Assistência Social.<br />

- Coor<strong>de</strong>nar o processo <strong>de</strong> eleição dos Conselheiros Tutelares do Município<br />

69<br />

10


10<br />

Como você po<strong>de</strong> colaborar e participar...<br />

Procure saber no seu Município quando acontecem as reuniões do CMDCA. A participação popular nesses<br />

Conselhos é absolutamente fundamental para o exercício e <strong>de</strong>senvolvimento da <strong>de</strong>mocracia, e para a extensão<br />

e efetivação dos direitos para todas as crianças e adolescentes.<br />

Como são escolhidos seus participantes...<br />

O CMDCA é órgão paritário, ou seja, é composto por representantes indicados pelas Secretarias da<br />

Prefeitura e por representantes eleitos da socieda<strong>de</strong> civil, em igual número. A participação da socieda<strong>de</strong> civil<br />

se dá através da eleição <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong> diversas organizações e movimentos que atuam no Município em<br />

<strong>de</strong>fesa dos direitos das crianças e adolescentes.<br />

O Conselho Tutelar é um instrumento nas mãos do cidadão para zelar e promover os direitos da criança e<br />

adolescente, além <strong>de</strong> orientar, encaminhar e tomar providências nas situações <strong>de</strong> abandono, negligência,<br />

exploração, violência, cruelda<strong>de</strong> e discriminação <strong>de</strong> crianças e jovens no Município.<br />

O Conselho Tutelar é criado por Lei Municipal e a Prefeitura <strong>de</strong>ve garantir as condições para seu<br />

funcionamento. Cada Município tem pelo menos um Conselho Tutelar com cinco conselheiros.<br />

O que é...<br />

O Conselho Tutelar tem um caráter <strong>de</strong> escuta, orientação e encaminhamento tanto para crianças e<br />

adolescentes, como para seus pais e responsáveis. É o Conselho quem recebe as <strong>de</strong>núncias e reclamações e<br />

aplica as medidas <strong>de</strong> proteção previstas no Estatuto.<br />

O que faz...<br />

Dentre suas atribuições po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar:<br />

- Aten<strong>de</strong>r crianças e adolescentes cujos direitos foram ameaçados ou violados, aplicando as <strong>de</strong>vidas<br />

medidas <strong>de</strong> proteção;<br />

- Aten<strong>de</strong>r e aconselhar pais e responsáveis;<br />

- Requisitar serviços públicos nas áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação, serviço social, previdência, trabalho e<br />

segurança. (Leia o artigo 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente para saber mais sobre as<br />

atribuições do Conselho Tutelar)<br />

70<br />

Conselho Tutelar


Como você po<strong>de</strong> colaborar e participar...<br />

- Encaminhando ao conselho os casos <strong>de</strong> crianças que faltam muito à escola<br />

- Informando o Conselho os casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> violência doméstica.<br />

- Comunicando o Conselho os casos <strong>de</strong> crianças e adolescentes que não estejam matriculadas<br />

Procure o Conselho Tutelar para saber mais sobre como você po<strong>de</strong> colaborar e participar.<br />

Como são escolhidos os Conselheiros Tutelares...<br />

A forma <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong>scrita na própria Lei que cria o Conselho. A maioria dos Municípios<br />

brasileiros tem optado pelo voto popular direto, on<strong>de</strong> qualquer cidadão po<strong>de</strong> escolher os Conselheiros<br />

Tutelares da cida<strong>de</strong>. O processo <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>ve ser coor<strong>de</strong>nado pelo Conselho Municipal dos Direitos da<br />

Criança e Adolescente e fiscalizado pelo Ministério Público.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

O objetivo do encontro é possibilitar que os jovens pesquisadores percebam que a “política” esta<br />

presente em todas as relações humanas, se faz política sempre e em todos os lugares. Compreen<strong>de</strong>r<br />

a política pelo lado positivo e emancipador revelando seu potencial <strong>de</strong> transformação e melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos. E apresentar os três po<strong>de</strong>res instituídos na socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

Material Necessário:<br />

Papel craft, cola, tesoura, canetinhas, revistas, papel sulfite, cartolina.<br />

Aquecimento Intencional “Jogo do complemento”<br />

Peça ao grupo que an<strong>de</strong> pela sala observando o espaço. Peça para que formem duplas e que<br />

se cumprimentem <strong>de</strong> diferentes jeitos. Quando estiverem se cumprimentando o organizador <strong>de</strong>ve<br />

falar “congela”. O educador “<strong>de</strong>scongela” um dos jovens <strong>de</strong> cada dupla e pe<strong>de</strong> para que saia da<br />

cena, enquanto o outro permanece congelado. O jovem que saiu da cena <strong>de</strong>verá se aproximar <strong>de</strong><br />

outro jovem “congelado” e imaginar que coisas ele po<strong>de</strong>ria estar fazendo a partir da sua posição<br />

e se “encaixar na cena” como se estivesse dando continuida<strong>de</strong> ou complementado o movimento do<br />

“congelado”. Repita algumas vezes a brinca<strong>de</strong>ira.<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong> comentando as palavras mais utilizadas pelo grupo.<br />

Remeta a discussão à idéia <strong>de</strong> complementarieda<strong>de</strong> e representativida<strong>de</strong>.<br />

71<br />

10


10<br />

72<br />

Apresentação e Aproximação “Construindo po<strong>de</strong>res”<br />

Peça para os jovens formarem três gran<strong>de</strong>s grupos. Oriente-os a imaginarem que estão<br />

construindo um novo país e que sua localização é em um planeta <strong>de</strong>sabitado. Peça que dêem um<br />

nome para esse novo país e que imaginem como seria sua “organização”. Como serão feitas as leis?<br />

O que acontece quando alguém <strong>de</strong>scumpre a lei? On<strong>de</strong> será gasto o dinheiro do governo para<br />

garantir o bem estar da população?<br />

Como um exercício <strong>de</strong> imaginação, você po<strong>de</strong> acrescentar outros ingredientes para que os<br />

jovens <strong>de</strong>senvolvam a criativida<strong>de</strong>. Distribua revistas, jornais, canetinhas, cola, papel craft, para os<br />

jovens montarem um cartaz que expresse como será esse novo país. Dê um tempo para<br />

confeccionarem os cartazes e peça para apresentarem para o grupo.<br />

Depois <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>, antes <strong>de</strong> promover a leitura do texto, leia para os jovens o texto do Frei<br />

Lourenço Maria Papin.<br />

Quando alguém po<strong>de</strong> ainda ser consi<strong>de</strong>rado analfabeto político?<br />

❍ Quando <strong>de</strong> antemão con<strong>de</strong>na a política, consi<strong>de</strong>rando-a <strong>de</strong>snecessária em sua vida, esquecendose<br />

<strong>de</strong> que é a ciência do bem comum.<br />

❍ Quando fica indiferente diante dos graves problemas que afligem nosso povo (fome, moradia,<br />

educação, saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>semprego, etc.), não se empenhando na transformação da socieda<strong>de</strong>.<br />

❍ Quando passivamente se <strong>de</strong>ixa levar, sem nenhum questionamento, pela propaganda política<br />

veiculada pelos Meios <strong>de</strong> Comunicação Social.<br />

❍ Quando não se sente indignado e não protesta contra os <strong>de</strong>smandos, falcatruas e corrupções dos<br />

falsos políticos.<br />

❍ Quando vota em candidatos somente porque lhe oferecem favores. Está ven<strong>de</strong>ndo seu voto,<br />

ven<strong>de</strong>ndo sua própria dignida<strong>de</strong> humana.<br />

❍ Quando persiste em votar: nos políticos que querem eleger-se visando ao seu interesse particular<br />

e pouco preocupados com o bem comum <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>.<br />

❍<br />

Quando vota movido por simpatia, olhando as aparências, sem levar em conta a serieda<strong>de</strong><br />

política do candidato, seu passado e seu presente e o conteúdo mínimo <strong>de</strong> suas propostas.<br />

Frei Lourenço Maria Papin


Leitura do texto “Homem, animal político”<br />

Você <strong>de</strong>ve se preparar bem para esse encontro para compartilhar com os jovens as questões<br />

trazidas pelo texto. Pesquise anteriormente ou converse com especialistas no assunto, sobre outros<br />

textos que abor<strong>de</strong>m a questão dos três po<strong>de</strong>res, a constituição brasileira e os Conselhos com<br />

representação popular.<br />

Peça que leiam coletivamente o texto e estabeleçam comparações com o país que acabaram <strong>de</strong><br />

criar. Faça suas consi<strong>de</strong>rações finais e passe para o momento <strong>de</strong> avaliação do encontro<br />

Impressões e Avaliações<br />

As questões suscitadas pelas ativida<strong>de</strong>s e pela leitura do texto trazem um <strong>de</strong>nso conteúdo para<br />

os jovens. Tranqüilize-os no sentido <strong>de</strong> que “conhecer o mundo e as relações entre os homens” é um<br />

processo lento que talvez só termine com o fim <strong>de</strong> nossas vidas. Pergunte sobre suas dúvidas e<br />

incentive-os a estudar sempre. Leia novamente o poema <strong>de</strong> Maiakówsky (não se esqueça <strong>de</strong><br />

pesquisar sobre esse poeta russo e sua história) e peça para os jovens avaliarem o encontro.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Os Jovens no Brasil - Desigualda<strong>de</strong>s Multiplicadas e Novas Demandas Políticas. Sposito, Marília Pontes. São<br />

Paulo: Ação Educativa, 2003.<br />

Os clássicos da política - capítulo 5, Montesquie: socieda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r, J.A. Guilhon Albuquerque. Organizado<br />

por Francisco Weffort, editora ática.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Tiros em Columbine (2002, Michael Moore, dur. 120') - aborda o fascínio dos americanos por armas <strong>de</strong> fogo<br />

e a questão da cultura do medo.<br />

Sites<br />

União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).<br />

- www2.uol.com.br/estudantenet<br />

- www.prossiga.br/politica-ct/<br />

- www.consciencia.net<br />

73<br />

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11<br />

74<br />

TRABALHO: PRAZER OU TORTURA?


Pesquisa divulgada pelo Sebrae (2004) revela que a questão do “trabalho” é a que mais<br />

interessa aos jovens <strong>de</strong> 15 a 24 anos. Ao lado do emprego, outra preocupação dos jovens é a<br />

“educação”. Uma hipótese para essa gran<strong>de</strong> preocupação dos jovens, talvez seja o fato das famílias<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem cada vez mais do salário <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> seus membros. A “necessida<strong>de</strong>” e a<br />

“in<strong>de</strong>pendência” são os fatores que levaram os jovens brasileiros a colocar o trabalho no topo<br />

dos assuntos que mais lhes interessam na pesquisa Perfil da Juventu<strong>de</strong> Brasileira, divulgada pelo<br />

Sebrae. São muitos os obstáculos enfrentados pelos jovens que buscam uma vaga no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, e também por aqueles que já estão trabalhando: poucas vagas existentes, muitas<br />

exigências requeridas, baixa remuneração, más condições, longa jornada <strong>de</strong><br />

trabalho, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliar trabalho/escola e <strong>de</strong>sajuste entre o estudo<br />

recebido e as exigências do mercado. Isso sem contar a velha máxima “se não tem<br />

experiência, não trabalha; se não trabalha, não tem experiência”.<br />

A condição <strong>de</strong> pobreza da maioria das famílias acaba por levar a população jovem a ingressar<br />

mais cedo no mercado <strong>de</strong> trabalho e geralmente com baixo grau <strong>de</strong> escolarização. Nos países mais<br />

<strong>de</strong>senvolvidos o número <strong>de</strong> jovens no mercado <strong>de</strong> trabalho é menor, pois eles primeiro acabam seus<br />

estudos para <strong>de</strong>pois pensarem em ingressar no mundo do trabalho, adquirindo assim melhor<br />

formação educacional e conseqüentemente melhor condição <strong>de</strong> empregabilida<strong>de</strong>.<br />

Aproveitando que vocês estão participando <strong>de</strong> um projeto chamado “Observatório <strong>de</strong> Pesquisas”<br />

e estão cada vez mais <strong>de</strong>senvolvendo um olhar critico e investigativo, procurando compreen<strong>de</strong>r os<br />

sentidos e significados do mundo físico e social ao nosso redor, vamos pesquisar um pouco mais<br />

sobre o “Trabalho”.<br />

Trabalho é criação e, nesta perspectiva, é uma ativida<strong>de</strong> humana que busca a satisfação <strong>de</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s, ou seja, é pelo trabalho que os homens transformam a natureza, constroem<br />

instrumentos, elaboram novas idéias e se transformam. Pelo trabalho os seres humanos têm a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar coisas que melhorem a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas. A energia elétrica, os<br />

carros, os computadores, os remédios, as construções, os livros, as produções artísticas são<br />

exemplos <strong>de</strong> criações humanas que transformam a natureza (os rios, as árvores, os minerais etc.) em<br />

coisas que melhoram nossas vidas. Dessa maneira, po<strong>de</strong>mos afirmar que um indivíduo trabalha<br />

quando coloca em ativida<strong>de</strong> suas forças espirituais, intelectuais e corporais, com o objetivo <strong>de</strong> criar,<br />

transformar ou construir algo que promova uma mudança <strong>de</strong> estado ou situação. No nosso<br />

cotidiano, porém, a palavra trabalho assume diferentes significados. Muitas vezes, nos lembra<br />

sofrimento, dor, estafa, um fardo que temos que carregar.<br />

Desse modo, uma ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria levar ao <strong>de</strong>senvolvimento das potencialida<strong>de</strong>s do<br />

indivíduo e da socieda<strong>de</strong> por meio da satisfação <strong>de</strong> nossas necessida<strong>de</strong>s materiais e subjetivas,<br />

acaba por significar exploração e cansaço. Pensamos <strong>de</strong>ssa maneira por conta do sofrimento que<br />

algumas formas <strong>de</strong> trabalho provocam na vida <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas no mundo. Às vezes temos a<br />

impressão <strong>de</strong> que o salário que recebemos é sempre menor que o número <strong>de</strong> horas que trabalhamos,<br />

além <strong>de</strong> ficarmos quase sempre à margem das <strong>de</strong>cisões sobre aquilo que se vai produzir.<br />

E o fruto do trabalho é mais<br />

que sagrado meu amor...<br />

A massa que faz o pão<br />

vale a luz do seu suor<br />

Beto Gue<strong>de</strong>s e Ronaldo Bastos<br />

Subiu a construção<br />

como se fosse sólido<br />

Ergueu no patamar<br />

quatro pare<strong>de</strong>s mágicas<br />

Tijolo com tijolo<br />

num <strong>de</strong>senho lógico<br />

Seus olhos embotados<br />

<strong>de</strong> cimento e tráfego<br />

Chico Buarque<br />

75<br />

11


11<br />

Tá vendo aquele edifício moço.<br />

Aju<strong>de</strong>i a levantar<br />

76<br />

Zé Geraldo<br />

Um homem se humilha,<br />

se castram seus sonhos<br />

Seu sonho é sua vida,<br />

e vida é trabalho<br />

E sem o seu trabalho<br />

o homem não tem honra<br />

Gonzaguinha<br />

Nas socieda<strong>de</strong>s atuais, as riquezas materiais e culturais, produzidas por meio do trabalho<br />

humano, não estão acessíveis a todas as pessoas. Estamos falando das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e da<br />

má distribuição da renda.<br />

Em quase todas as culturas existem duas palavras para <strong>de</strong>signar a idéia “trabalho”, uma para<br />

indicar a obra criativa e transformadora e outra para a que <strong>de</strong>nota ação <strong>de</strong> labor, esforço<br />

e cansaço. No latim, laborare “ação <strong>de</strong> labor, cansaço” e operare “opus, criação, obra”. Se<br />

procurarmos no dicionário <strong>de</strong> português, encontraremos os dois significados para “trabalho” na<br />

mesma palavra. Ou seja, a <strong>de</strong> realizar uma obra criativa e transformadora, e a <strong>de</strong> esforço cotidiano,<br />

repetitivo, sem liberda<strong>de</strong>, e que consome as pessoas.<br />

Algumas pesquisas indicam que a origem da palavra “trabalho” vem do latim “tripalium”, que<br />

era um instrumento utilizado para beneficiar o trigo e o milho para alimentar as pessoas, mas que<br />

também foi largamente usado como instrumento para torturar pessoas.<br />

É importante também que vocês saibam que no Brasil existe uma Lei que <strong>de</strong>fine os parâmetros<br />

legais sobre o trabalho dos jovens (ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente Lei fe<strong>de</strong>ral 8069,<br />

<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990).<br />

É evi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong> dos jovens ter uma ativida<strong>de</strong> remunerada que auxilie no orçamento<br />

familiar, ou na sua própria sobrevivência. Mas, seja qual for essa ativida<strong>de</strong>, ela não po<strong>de</strong>rá prejudicar<br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento físico, intelectual, social e psicológico, nem a freqüência à escola.<br />

O capítulo V do ECA, “Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho”, é <strong>de</strong>dicado ao<br />

trabalho. Nele se <strong>de</strong>finia a ida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 14 anos para admissão ao trabalho, mas a Lei fe<strong>de</strong>ral<br />

10.097, <strong>de</strong> 2000, diz que só po<strong>de</strong>m trabalhar maiores <strong>de</strong> 16 anos. Então é essa última que vale.<br />

O trabalho <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 0 a 14 anos permanece terminantemente proibido. O<br />

adolescente entre 14 e 16 anos po<strong>de</strong> exercer trabalho só como aprendiz e sob muitas condições.<br />

Portanto, para enfrentarem os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> se inserirem no mundo do trabalho, é preciso olhar a<br />

questão <strong>de</strong> uma forma crítica e reflexiva. Ou seja, você necessita <strong>de</strong> uma boa formação educacional<br />

que lhe permita fazer as escolhas atuais e planos futuros a partir <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s e<br />

oportunida<strong>de</strong>s do momento, mas também é preciso consi<strong>de</strong>rar seus <strong>de</strong>sejos e sonhos <strong>de</strong> realização<br />

profissional. É necessário, ainda, <strong>de</strong>senvolver outras habilida<strong>de</strong>s no plano da sociabilida<strong>de</strong> e da<br />

ampliação <strong>de</strong> seu repertório cultural, como as que vocês vêm <strong>de</strong>senvolvendo ao longo dos encontros<br />

do Observatório. As aprendizagens que você adquire e <strong>de</strong>senvolve participando das discussões na<br />

escola, nas Ong’s, em cursos e projetos como esse, interferem <strong>de</strong>cisivamente na melhoria <strong>de</strong> sua<br />

empregabilida<strong>de</strong>. Pesquise também, junto com outros jovens e com os professores e educadores que<br />

você conhece sobre “economia solidária”, “associativismo e cooperativismo”, “empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

responsável”, “micro crédito”.


Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Refletir sobre o “trabalho” como prática emancipadora e criativa, e ao mesmo tempo como<br />

ativida<strong>de</strong> alienante, sofrível e estafante. Discutir sobre as dificulda<strong>de</strong>s do novo mundo do trabalho,<br />

enten<strong>de</strong>ndo-o como além da noção <strong>de</strong> ganhar dinheiro para a sobrevivência. Refletir sobre a relação<br />

entre trabalho e acesso à riqueza<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, pincel atômico, sulfite, canetas, papel, CD com as músicas propostas no encontro,<br />

folhas com as letras das músicas “Construção”, <strong>de</strong> Chico Buarque, e “Cidadão”, <strong>de</strong> Lúcio Barbosa<br />

(cantada por Zé Geraldo). CD com as músicas “Trabalho e Festa” e “Re<strong>de</strong>scobrir” <strong>de</strong> Gonzaguinha.<br />

Aquecimento Intencional “Siga o chefe”<br />

Peça aos jovens para andarem pelo ambiente se movimentando <strong>de</strong> diferentes maneiras: rápido,<br />

<strong>de</strong>vagar, com um pé só, agachado, etc. Eleja um dos jovens para ser o “chefe” sendo que todos os<br />

outros jovens <strong>de</strong>vem imitar o movimento realizado pelo “chefe”. Troque <strong>de</strong> “chefe” para que todos<br />

os jovens possam “li<strong>de</strong>rar” os movimentos e também seguir os movimentos dos outros.<br />

Pergunte se tiveram dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar alguns movimentos mais difíceis, e como se sentiram<br />

“li<strong>de</strong>rando” a turma ou reproduzindo o movimento dos outros.<br />

Apresentação e Aproximação “Construção e cidadão”<br />

Explique aos jovens que eles acompanharão trechos <strong>de</strong> duas reconhecidas músicas populares. Elas<br />

falam sobre dois operários da construção civil que não são reconhecidos pelo trabalho que realizam.<br />

Pesquise anteriormente e fale um pouco sobre os autores e outras composições <strong>de</strong>les. Ouça com<br />

os jovens as duas músicas e em seguida distribua as letras para que leiam enquanto ouvem<br />

novamente. Pergunte se compreen<strong>de</strong>ram a letra e se têm alguma dúvida <strong>de</strong> vocabulário. Peça que<br />

formem pequenos grupos, <strong>de</strong> três ou quatro, nos quais discutirão os trechos das músicas, guiados<br />

por algumas questões elaboradas por você. Dentre as perguntas que fará, pergunte se eles fossem<br />

os autores <strong>de</strong>ssas letras e pu<strong>de</strong>ssem mudar o título <strong>de</strong>las, que nomes dariam? .<br />

Ainda nesses grupos peça que i<strong>de</strong>ntifiquem outras profissões on<strong>de</strong> os trabalhadores não são<br />

reconhecidos pelos trabalhos que <strong>de</strong>senvolvem. Peça para criarem uma estrofe, ou uma música,<br />

falando <strong>de</strong>ssa profissão, para apresentarem ao grupo.<br />

Outra pergunta que po<strong>de</strong> ser feita: A partir das aprendizagens que tiveram nos encontros<br />

anteriores (cidadania, ética, política, direitos e responsabilida<strong>de</strong>s) Que coisas vocês fariam para que<br />

as situações <strong>de</strong>scritas nas músicas não acontecessem na vida real?<br />

77<br />

11


11<br />

78<br />

Leitura do texto “Trabalho: prazer ou tortura?”<br />

Promova a leitura coletiva do texto nos subgrupos dando a palavra aos jovens para relacionarem<br />

as questões da ativida<strong>de</strong> anterior com a leitura do texto. Ressalte a importância do trabalho como<br />

obra criativa e transformadora que busca a satisfação das necessida<strong>de</strong>s humanas.<br />

Traga outras pesquisas sobre a relação trabalho e juventu<strong>de</strong>, para compartilhar com os jovens.<br />

Apresente aos jovens a íntegra do (ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente Lei fe<strong>de</strong>ral 8069,<br />

<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990), e a Lei fe<strong>de</strong>ral 10.097, <strong>de</strong> 2000, que regulamenta o trabalho dos jovens.<br />

Outra frase para refletir com os jovens:<br />

"No futuro, não muito distante, haverá poucos empregos para pessoas altamente educadas e<br />

bem-preparadas. Não haverá chances para todo mundo. A qualida<strong>de</strong> do ensino é precária no<br />

mundo inteiro e isso terá graves conseqüências. Em especial, a educação científica é <strong>de</strong>plorável. Em<br />

quase todo o mundo os professores ainda são mal remunerados e a qualida<strong>de</strong> do ensino <strong>de</strong> ciências<br />

é muito <strong>de</strong>ficiente. Para mim, este é um dos piores problemas que enfrentamos atualmente, causador<br />

<strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>sgraças. No início <strong>de</strong>ste século, o escritor H.G. Wells dizia que "o futuro será uma<br />

corrida entre a educação e a catástrofe". No momento, acho que estamos per<strong>de</strong>ndo a corrida."<br />

Arthur Clarke<br />

Impressões e Avaliações<br />

Peça aos jovens para avaliarem o encontro <strong>de</strong> hoje <strong>de</strong>stacando uma nova aprendizagem. Peça<br />

para imaginarem duas palavras que remetam à idéia do “trabalho” como obra criativa e socializem<br />

com o restante do grupo.<br />

Para que os jovens saiam <strong>de</strong>sse encontro com uma visão positiva do “trabalho” <strong>de</strong>ixe-os ir<br />

embora ao som das músicas “Re<strong>de</strong>scobrir” e “Trabalho e Festa” <strong>de</strong> Gonzaguinha que <strong>de</strong>staca o<br />

trabalho como instrumento <strong>de</strong> transformação da vida.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Adolescência. Escolarida<strong>de</strong>, profissionalização e Renda. Propostas <strong>de</strong> Políticas Públicas para Adolescentes <strong>de</strong><br />

Baixa Escolarida<strong>de</strong> e Baixa Renda. Grupo Técnico para Elaboração <strong>de</strong> Políticas para Adolescentes, 2002.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Pão e Rosa (2000, dir. Ken Loach, dur. 105') - Com o apoio do sindicalista Sam, a jovem mexicana Maya li<strong>de</strong>ra<br />

grupo <strong>de</strong> imigrantes ilegais que trabalham como faxineiros em um prédio comercial nos Estados Unidos.<br />

Eles não usam black-tie. HIRSZMANN, Leon. (dir.) Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1981. Baseado na peça homônima <strong>de</strong><br />

Gianfrancesco Guarnieri, este filme premiado retrata o dia-a-dia, os conflitos e contradições <strong>de</strong> trabalhadores<br />

na indústria, <strong>de</strong> uma geração que adquiriu a consciência <strong>de</strong> que, para mudar, é preciso se organizar.<br />

Sites<br />

Secretaria <strong>de</strong> Educação Média e Tecnológica (Semtec). - www.mec.gov.br/semtec


O AMBIENTE INTEIRO<br />

79<br />

12


12<br />

És o mais bonito dos planetas...<br />

e nos alimenta com seus frutos<br />

Estão te maltratando<br />

por dinheiro...<br />

e quem não é tolo po<strong>de</strong> ver<br />

80<br />

Beto Gue<strong>de</strong>s e Ronaldo Bastos<br />

O que se corta em segundos<br />

leva tempo pra vingar.<br />

Se a floresta, meu amigo<br />

tivesse pé pra andar<br />

com o perigo<br />

não tinha ficado lá<br />

Vital Farias<br />

No encontro anterior em que discutiram o “trabalho” vocês pu<strong>de</strong>ram perceber como, por meio<br />

<strong>de</strong>le, o homem po<strong>de</strong> transformar positivamente seu ambiente promovendo a melhoria da qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos. A energia elétrica, os carros, os computadores, os remédios, as construções, os<br />

livros, as produções artísticas são exemplos <strong>de</strong> criações humanas que transformam a natureza (os<br />

rios, as árvores, os minerais etc.) em coisas que melhoram nossas vidas. No entanto, quando essa<br />

ação humana é <strong>de</strong>sorganizada e baseada em interesses <strong>de</strong> poucos, temos como conseqüência a<br />

queda da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da humanida<strong>de</strong>. Assim, o trabalho, a ciência e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico ao mesmo tempo em que trouxeram benefícios para<br />

parte da humanida<strong>de</strong>, alteraram negativamente o ambiente natural por meio da<br />

contaminação da água, do ar e do solo, da extinção <strong>de</strong> espécies animais e vegetais<br />

e da extração <strong>de</strong>sequilibrada <strong>de</strong> recursos minerais.<br />

A questão ambiental que até algum tempo atrás era tema <strong>de</strong> biólogos e ambientalistas, tem<br />

tomado conta <strong>de</strong> discursos políticos, jornais, revistas, televisão e até mesmo escolas e comunida<strong>de</strong>s.<br />

Talvez porque os impactos ambientais da ação humana têm afetado <strong>de</strong>cisivamente a todos, em<br />

especial os setores mais carentes das populações. Hoje, falar <strong>de</strong> “ambiente inteiro” é falar do<br />

cuidado com a vida em todas as suas formas e da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um (cidadãos,<br />

socieda<strong>de</strong> civil organizada, iniciativa privada e governamental), na construção <strong>de</strong> um mundo melhor<br />

que garanta a vida com dignida<strong>de</strong>.<br />

Muitos dos problemas ambientais que afetam nossas vidas no cotidiano resultam da falta <strong>de</strong><br />

cuidado do po<strong>de</strong>r público com as condições <strong>de</strong> vida da população, e da <strong>de</strong>gradação, <strong>de</strong>struição e<br />

poluição causada pela ação das gran<strong>de</strong>s indústrias. No entanto, os cidadãos têm responsabilida<strong>de</strong><br />

na medida em que acham que tudo tem que ser resolvido pelo governo. É<br />

importante que as pessoas saibam que também são responsáveis pelos<br />

problemas e que po<strong>de</strong>m colaborar para diminuí-los.<br />

Como enfrentar então os problemas que nos afetam? Em primeiro lugar<br />

o acesso à informação possibilita uma mudança <strong>de</strong> comportamento<br />

frente aos problemas ambientais. Em segundo lugar a educação<br />

ambiental é o caminho mais seguro para motivar e sensibilizar as pessoas<br />

para agirem individualmente e participarem coletivamente na <strong>de</strong>fesa da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

A pouca responsabilida<strong>de</strong> das pessoas e das comunida<strong>de</strong>s na <strong>de</strong>fesa do<br />

“ambiente inteiro” resulta principalmente do <strong>de</strong>sconhecimento dos principais<br />

efeitos provocados pela <strong>de</strong>struição dos recursos naturais, e da pouca<br />

experiência comunitária para resolução dos problemas locais.<br />

Vocês enquanto jovens participantes <strong>de</strong> projetos sociais que estão estudando diferentes temas,<br />

realizarão pesquisas em suas comunida<strong>de</strong>s e proporão projetos e intervenções, <strong>de</strong>vem estar atentos<br />

as seguintes questões que na maioria das vezes nos passam <strong>de</strong>spercebidas:<br />

❍<br />

É preciso nos perceber como “fazendo parte do ambiente”, e responsáveis por ele.


❍ Ao ocupar os ambientes, o ser humano sempre os transforma. Extraímos e<br />

utilizamos os recursos naturais - solo, água, luz do sol, animais, vegetais, minerais,<br />

para produzirmos os utensílios necessários a nossa sobrevivência. No entanto,<br />

po<strong>de</strong>mos fazer isso <strong>de</strong> maneira consciente e responsável <strong>de</strong> maneira a não agredir<br />

a saú<strong>de</strong> ambiental e humana.<br />

❍ O <strong>de</strong>smatamento sem o reflorestamento gera o empobrecimento do solo e a<br />

extinção <strong>de</strong> espécies animais e vegetais.<br />

❍ A eliminação <strong>de</strong> resíduos sólidos e líquidos (lixo e esgoto) a céu aberto favorece<br />

a disseminação <strong>de</strong> doenças, a contaminação do solo, das águas (nascentes, rios<br />

e mares) e a morte <strong>de</strong> animais e vegetais.<br />

❍ O lixo acumulado nas ruas é carregado pelas chuvas, entope os bueiros e po<strong>de</strong> contaminar os rios.<br />

❍ O lançamento <strong>de</strong> esgotos não tratados nos rios e nos mares, contamina as águas causando a morte<br />

<strong>de</strong> seres e também afeta a vida daqueles que a utilizam.<br />

❍ É preciso promover a reciclagem <strong>de</strong> lixo industrial e o tratamento dos efluentes, antes <strong>de</strong> serem<br />

lançados aos rios e mares.<br />

❍ A reciclagem <strong>de</strong> resíduos sólidos é uma contribuição fundamental para a economia<br />

e principalmente para melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos. É preciso separar<br />

os diferentes materiais do lixo (vidro, metal, plástico, papel limpo) para reutilizálos<br />

ou encaminhá-los a locais on<strong>de</strong> sejam reutilizados ou reciclados.<br />

❍ É preciso armazenar a<strong>de</strong>quadamente o lixo. Atitu<strong>de</strong>s como jogar papeis,<br />

plásticos ou mesmo materiais orgânicos pelas janelas <strong>de</strong> carros, ônibus e trens,<br />

ou em ruas, córregos e terrenos baldios, interferem na estética urbana e na nossa<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, pois poluem o “ambiente inteiro”<br />

❍ Evitar o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> água nas ações cotidianas como no banho, <strong>de</strong>sligando as torneiras ao<br />

escovar <strong>de</strong>ntes, evitando lavar o quintal, as caçadas e carros. Economizando energia elétrica<br />

sempre que possível, apagando as luzes dos cômodos que não estiverem sendo ocupados,<br />

diminuindo o tempo <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> chuveiros e torneiras elétricas.<br />

❍ Exigir do po<strong>de</strong>r público local que cumpra sua responsabilida<strong>de</strong> promovendo a coleta e <strong>de</strong>stinação<br />

a<strong>de</strong>quada do lixo, coleta e tratamento do esgoto. Desenvolvendo técnicas para limpar as águas<br />

(em estações <strong>de</strong> tratamento) antes <strong>de</strong> serem lançadas aos rios e mares, além da limpeza freqüente<br />

<strong>de</strong> córregos, ruas e bueiros para evitar enchentes.<br />

❍ Exigir do po<strong>de</strong>r público políticas, programas e leis que contribuam para a<br />

preservação do ambiente e dos direitos dos cidadãos.<br />

❍<br />

O conhecimento mais aprofundado das questões sociais, econômicas e suas relações com as<br />

questões ambientais são primordiais para se ter um saber mais amplo sobre as complexas<br />

questões ambientais atuais. É preciso <strong>de</strong>senvolver a percepção <strong>de</strong> um Ambiente Inteiro e não um<br />

“meio ambiente”, on<strong>de</strong> nós, os homens, nos excluímos.<br />

Pense globalmente,<br />

aja localmente<br />

John Lennon<br />

Ensinem às suas crianças<br />

o que ensinamos às nossas,<br />

que a terra é nossa mãe.<br />

Tudo o que acontece à terra<br />

acontecerá aos filhos da terra.<br />

Se os homens cospem no solo,<br />

estão cuspindo em si mesmos.<br />

Carta <strong>de</strong> chefe indígena ao<br />

governo americano 1854<br />

81<br />

12


12<br />

Sabe-se que apenas a transmissão <strong>de</strong> conhecimento não é suficiente para a mudança efetiva <strong>de</strong><br />

comportamento. Apesar do conhecimento técnico e científico, os seres humanos se fazem cada vez mais<br />

distantes do próprio meio natural. É hora <strong>de</strong> reaproximar as pessoas da natureza, trabalhar a percepção do<br />

ambiente e a relação <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> que com ele se estabelece, para enfim iniciar o processo <strong>de</strong> reversão do<br />

quadro não sustentável <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento atual. A mudança <strong>de</strong>ve ocorrer em todos os setores: socieda<strong>de</strong> civil,<br />

iniciativa privada e governamental.<br />

82<br />

Aprendizado Sequêncial<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Compartilhar com os jovens a perspectiva <strong>de</strong> que todos fazem parte do “ambiente” e que somos<br />

responsáveis pelo impacto das nossas ações. Valorizar a educação ambiental como o caminho mais<br />

seguro para motivar e sensibilizar as pessoas a agirem individualmente e participarem coletivamente<br />

na <strong>de</strong>fesa da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, pincel atômico, sulfite, canetas coloridas, papel, lápis <strong>de</strong> cor, giz <strong>de</strong> cera, revistas,<br />

tesoura, cola, gravador e fita.<br />

Aquecimento intencional “paisagem fragmentada”<br />

Divida o grupo em subgrupos <strong>de</strong> no máximo seis pessoas. Cada subgrupo se reúne em torno <strong>de</strong><br />

uma mesa, na qual <strong>de</strong>vem fixar uma gran<strong>de</strong> folha <strong>de</strong> papel. Distribua lápis <strong>de</strong> cor, canetas coloridas<br />

e giz <strong>de</strong> cera para os subgrupos.<br />

Cada subgrupo <strong>de</strong>ve escolher um dos participantes para ser o observador do trabalho. A tarefa <strong>de</strong><br />

cada subgrupo é <strong>de</strong>senhar uma paisagem <strong>de</strong>finida por você (praia, montanha, cida<strong>de</strong>, carnaval, feira).<br />

Importante: o grupo não <strong>de</strong>ve saber qual é a paisagem. Escreva em um papel um elemento <strong>de</strong><br />

cada paisagem e distribua a cada jovem individualmente para que ele <strong>de</strong>senhe esse elemento<br />

no papel.<br />

Elementos das <strong>de</strong> paisagens: Praia: Areia, mar, guarda-sol, carrinho <strong>de</strong> sorvete, surfista,<br />

pessoas, sol. Montanha: Árvores, cachoeira, rio, montanhas, vento, pedras, nuvens, barracas <strong>de</strong>


acampamento. Cida<strong>de</strong>: Prédios, ruas, carros, pessoas, chuva, ônibus, semáforos, motos.<br />

Carnaval: Carros alegóricos, instrumentos <strong>de</strong> batucada, pessoas fantasiadas, avenida,<br />

arquibancada, pessoas, luzes. Feira: carrinho <strong>de</strong> feira, frutas, verduras, barraca <strong>de</strong> feira, ven<strong>de</strong>dor<br />

<strong>de</strong> feira, pessoas. Distribua um papelzinho para cada membro do subgrupo, contendo o que cada<br />

um <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>senhar. Cada participante <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>senhar apenas um elemento que compõe a<br />

paisagem na mesma folha <strong>de</strong> papel que as outras pessoas do subgrupo. Nessa hora os jovens não<br />

po<strong>de</strong>m conversar entre si. Ninguém <strong>de</strong>ve contar sua tarefa. Estimule todos a <strong>de</strong>senhar, mesmo que<br />

digam não ter muita habilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senho. É importante que todos <strong>de</strong>senhem. Dê um tempo <strong>de</strong><br />

aproximadamente 15 minutos, e solicite que cada subgrupo cole na pare<strong>de</strong> sua produção, para que<br />

todos possam olhar e comentar.<br />

Peça para que observem e comentem como ficaram as paisagens? Qual foi o resultado final?<br />

Tiveram vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar com o colega? O grupo conseguiu enten<strong>de</strong>r que estava <strong>de</strong>senhando<br />

elementos da mesma paisagem? Como é a sensação <strong>de</strong> estar fazendo algo fragmentado?<br />

O exercício tem como objetivo mostrar que as “paisagens” e o “ambiente” <strong>de</strong>vem ser vistos em<br />

sua completu<strong>de</strong>, e não <strong>de</strong> maneira fragmentada.<br />

Apresentação e Aproximação “A cida<strong>de</strong> que cresce”<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dramatização on<strong>de</strong> os jovens <strong>de</strong>vem imaginar serem moradores <strong>de</strong><br />

uma pequena cida<strong>de</strong>, cujos habitantes são convocados a realizar um plebiscito sobre a instalação<br />

<strong>de</strong> uma indústria no Município. Para seu processo <strong>de</strong> produção a indústria requer muita água, por<br />

isso ela seria instalada às margens do rio que corta a cida<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo em que ela traria<br />

empregos e investimentos para a cida<strong>de</strong>, teme-se pelo comprometimento da qualida<strong>de</strong> das águas do<br />

rio que abastece a cida<strong>de</strong>. O prefeito da cida<strong>de</strong> tem um laudo em suas mãos garantindo que a<br />

indústria não é poluidora, mas também foi procurado por um grupo <strong>de</strong> ambientalistas que alertam<br />

para os graves problemas <strong>de</strong>correntes da instalação da fábrica. A cida<strong>de</strong> inteira está se<br />

mobilizando, existem grupos a favor e grupos contra a instalação da fábrica na cida<strong>de</strong>.<br />

Organize os jovens em sete grupos; cada um vai se colocar no lugar dos seguintes atores sociais:<br />

representantes da indústria; vereadores a favor da instalação da indústria; vereadores contrários à<br />

instalação da indústria; ativistas ambientais; lí<strong>de</strong>res comunitários; radialistas da emissora local;<br />

população local (grupo mais numeroso).<br />

Um dia antes do plebiscito (votação em que cada eleitor só po<strong>de</strong> votar “sim” ou “não”) haverá<br />

um <strong>de</strong>bate na cida<strong>de</strong>. Os representantes da indústria vão apresentar a proposta ao prefeito, na<br />

assembléia legislativa com a presença dos vereadores, ambientalistas e lí<strong>de</strong>res comunitários.<br />

Enquanto isso nas ruas dois radialistas entrevistam moradores que fazem perguntas <strong>de</strong>stinadas ao<br />

Prefeito, representantes da indústria e vereadores.<br />

Dê um tempo para os grupos combinarem seus discursos. Comece o <strong>de</strong>bate e <strong>de</strong>ixe por conta<br />

da criativida<strong>de</strong> dos jovens.<br />

83<br />

12


12<br />

84<br />

Leitura do texto “O ambiente inteiro”<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar a leitura do texto sugira que ouçam a música “Saga da Amazônia” <strong>de</strong> Vital<br />

Farias que é um hino em <strong>de</strong>fesa da fauna e flora <strong>de</strong> nossas florestas. A música se encontra em um<br />

disco chamado “cantoria” <strong>de</strong> Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai. Esse CD <strong>de</strong>ve estar<br />

no “baú <strong>de</strong> saberes”<br />

Promova a leitura do texto em subgrupos e abra o <strong>de</strong>bate perguntando aos jovens o que eles<br />

enten<strong>de</strong>m por “Ambiente inteiro”, relacionando o texto com as discussões sobre a ativida<strong>de</strong> “A<br />

cida<strong>de</strong> que cresce” e “Paisagem fragmentada”.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar a avaliação ouça mais uma música chamada o “Sal da Terra” <strong>de</strong> Beto Gue<strong>de</strong>s<br />

e Ronaldo Bastos que fala da relação homem e natureza e da importância <strong>de</strong> cuidarmos do nosso<br />

Planeta. Não se esqueça <strong>de</strong> pedir para um dos jovens registrar no “Diário <strong>de</strong> Bordo” os<br />

acontecimentos e discussões do encontro.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Juventu<strong>de</strong> e Sexualida<strong>de</strong>. Castro, Mary Garcia; Abramovay, Mirim; Silva, Lorena Bernar<strong>de</strong>te da. Brasília:<br />

Unesco, 2004.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Ilha das Flores. Dur:12 min, 1989 Direção: Jorge Furtado. Um tomate é plantado, colhido, vendido e<br />

termina no lixo da Ilha das Flores, entre porcos, mulheres e crianças.<br />

Sites<br />

Ministério do Meio Ambiente - www.mma.gov.br<br />

<strong>Instituto</strong> Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA – www.ibama.gov.br<br />

www.ambientebrasil.com.br


SOCIEDADE DO CONSUMO, CAPITAL TOTAL<br />

85<br />

13


13<br />

O consumismo é, certamente,<br />

um dos problemas centrais<br />

da juventu<strong>de</strong> atual.<br />

A publicida<strong>de</strong> aposta nos jovens<br />

para ven<strong>de</strong>r seus produtos.<br />

Muitos já não encontram sentido<br />

na vida por não po<strong>de</strong>rem consumir,<br />

enquanto outros <strong>de</strong>scobrem<br />

um "sentido" consumindo<br />

compulsivamente.<br />

Parece que não existe saída.<br />

86<br />

Jornal Mundo Jovem<br />

Inicialmente torna-se necessário diferenciar consumo <strong>de</strong> consumismo. No consumo o indivíduo<br />

adquire aquilo que necessita para viver. No consumismo ocorre um excesso e uma inversão da idéia<br />

<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>.<br />

A produção <strong>de</strong> bens e serviços (carros, casas, computadores, tênis, roupas, livros) por meio do<br />

trabalho e da criativida<strong>de</strong> humana tem por objetivo o consumo <strong>de</strong>sses produtos e serviços.<br />

Consumir nem sempre foi visto como um problema, ao contrário, é por meio <strong>de</strong>sse consumo<br />

que acessamos as “coisas” que melhoram a nossa vida. Des<strong>de</strong> que passamos a viver em<br />

socieda<strong>de</strong> e instituímos o “trabalho”, consumimos os recursos naturais, transformamos a natureza,<br />

construímos diferentes instrumentos, elaboramos novas idéias, para garantir a nossa sobrevivência<br />

e vivermos melhor.<br />

Todas as pessoas precisam consumir a fim <strong>de</strong> satisfazer suas necessida<strong>de</strong>s básicas para a<br />

sobrevivência. O consumo apresenta-se como ativida<strong>de</strong> natural e saudável, quando praticada <strong>de</strong><br />

forma consciente e <strong>de</strong>ntro do necessário, sendo assim indispensável. No entanto, não po<strong>de</strong>mos<br />

esquecer que a lógica do atual sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> bens e serviços (Capitalismo) é <strong>de</strong> criar<br />

cada vez mais produtos gerando novas necessida<strong>de</strong>s. Sempre haverá um celular melhor<br />

e mais bonito, um carro mais mo<strong>de</strong>rno e mais veloz, um tênis e uma roupa <strong>de</strong> uma marca melhor,<br />

tudo isso obviamente um pouco mais caro. Aliado a esse fato o homem mo<strong>de</strong>rno, insatisfeito por<br />

excelência, apresenta-se sempre com uma vonta<strong>de</strong> a ser saciada, enquanto isso não acontece, o<br />

<strong>de</strong>scontentamento é inevitável, quando o <strong>de</strong>sejo é satisfeito, a vonta<strong>de</strong> cessa por pouco tempo<br />

dando lugar a uma outra vonta<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer ainda que existe uma ilusão <strong>de</strong> que quando compramos um novo produto que a<br />

mídia diz que é importante, seremos pessoas mais felizes, mais completas e saudáveis.<br />

Basicamente é essa combinação que provoca aquilo que costumamos chamar <strong>de</strong> “consumismo”<br />

(o consumo excessivo e sem crítica, sem reflexão sobre o que realmente é necessário).<br />

Somos todos afetados, em maior ou menor grau, por esse sistema, no entanto há aqueles que por<br />

não po<strong>de</strong>rem consumir esses produtos são excluídos sem, contudo, <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar consumir<br />

esses bens. Isso passa a ser um gran<strong>de</strong> problema, principalmente para as socieda<strong>de</strong>s marcadas pelas<br />

injustiças sociais e pela má distribuição da renda. Pois as socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais, fundamentadas pelo<br />

po<strong>de</strong>r da mídia (televisão, livros, revistas, jornais, novelas, filmes), pelo marketing e propaganda, nos<br />

oferece a todo instante uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens e serviços para melhorar nossas vidas, entretanto esses<br />

produtos não estão acessíveis à imensa maioria da nossa população.<br />

Consumo Inteligente<br />

Mesmo diante <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> basicamente consumista, muitas pessoas vivem sem se sentirem<br />

fascinadas ou mesmo hipnotizadas por vitrines extremamente bem elaboradas e promoções dos mais<br />

diversos tipos. Naturalmente, compram o que necessitam sem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sse procedimento para se<br />

sentirem felizes e realizadas.


O que queremos compartilhar com vocês nesse encontro, é que o ato <strong>de</strong> consumir po<strong>de</strong> se<br />

transformar em um ato <strong>de</strong> cidadania. O consumo consciente é um processo <strong>de</strong> escolha ética que<br />

equilibra o consumo e a sustentabilida<strong>de</strong> social e ambiental do planeta. Ou seja, o consumidor<br />

consciente busca a harmonia entre a sua satisfação, a preservação do meio ambiente e o bem-estar<br />

social. Nas nossas opções diárias <strong>de</strong> consumo po<strong>de</strong>mos interferir na forma como as indústrias vão se<br />

preocupar com a socieda<strong>de</strong> ou a natureza. Vejamos alguns exemplos. Uma conhecida fábrica <strong>de</strong> tênis<br />

foi acusada <strong>de</strong> explorar os seus funcionários asiáticos ao fornecer péssimas condições <strong>de</strong> trabalho e<br />

baixos salários. Algumas indústrias são conhecidas por utilizar a mão <strong>de</strong> obra infantil, enquanto<br />

outras retiram predatoriamente da natureza os recursos para confeccionarem seus produtos.<br />

É por meio do não-consumo <strong>de</strong>sses produtos e da mobilização realizada por pessoas e grupos<br />

preocupados com essas questões que nos tornamos consumidores críticos.<br />

Veja as <strong>de</strong>finições sobre os tipos <strong>de</strong> consumidores que existem e se você concorda ou<br />

acrescentaria um outro tipo:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Consumo alienado: esse é o consumo que a mídia propõe: que as pessoas <strong>de</strong>vem comprar e<br />

consumir <strong>de</strong> uma forma absurda, sem ter um sentido para isso. Todos os seus gostos, suas<br />

escolhas, seus <strong>de</strong>sejos, vem <strong>de</strong> fora, são controlados por outros. Para gerar lucro, a empresa fica<br />

manipulando os <strong>de</strong>sejos das pessoas para ven<strong>de</strong>r, ven<strong>de</strong>r e ter cada vez mais lucro.<br />

Consumo compulsório: acontece quando a pessoa entra no supermercado com pouco dinheiro,<br />

tentando levar o máximo que pu<strong>de</strong>r para casa e não liga para etiquetas ou marcas: o importante<br />

é a quantida<strong>de</strong>, pois precisa atravessar o mês com aquele dinheiro. O drama do consumo<br />

compulsório é quando a pessoa não tem muitos recursos financeiros.<br />

Consumo para o bem-viver: é quando a gente escolhe o produto ou o serviço que a<br />

gente precisa, nunca pensando na mídia, na propaganda, mas para garantir o<br />

nosso bem-viver. Compra porque aquele alimento é saudável, é saboroso, porque o<br />

produto satisfaz minha necessida<strong>de</strong>, porque aquela roupa é agradável, confortável.<br />

Consumo solidário: é quando o consumo, além <strong>de</strong> garantir o bem-viver do<br />

consumidor, também garante o bem-viver do produtor. Por exemplo, se eu compro<br />

um produto <strong>de</strong> uma empresa que explora o trabalhador, <strong>de</strong>strói o meio-ambiente, eu<br />

também estou colaborando para a <strong>de</strong>struição do meio ambiente e exploração<br />

daqueles trabalhadores. Porém, se eu compro um produto <strong>de</strong> uma empresa da<br />

“economia solidária”, estou colaborando para que aquele produtor possa viver do<br />

seu trabalho, sem exploração. Pesquisar sobre economia solidária.<br />

Jornal Mundo Jovem, Ano 39, N.320, set 2000, Porto Alegre. p. 12-13<br />

“As coisas se tornam mais importantes do que as pessoas. Então se a pessoa tem aquelas roupas,<br />

aqueles relógios, aquelas coisas todas, ela tem valor. Aí se você tira aquelas coisas que ela tem, ela<br />

já não vale mais nada. Quer dizer, um relógio, um tênis, uma calça valem mais do que a pessoa.<br />

Isto é uma distorção total do que é o sentido da vida. Já não é mais a relação <strong>de</strong> pessoa-pessoa, já<br />

não é mais a tua felicida<strong>de</strong>, a tua realização humana, mas é o “ter ou não ter” uma etiqueta numa<br />

calça, num tênis que dão ou não sentido à vida.” Eucli<strong>de</strong>s André Mance<br />

Quando vai a um Shopping e é<br />

perguntado se quer alguma coisa,<br />

Frei Betto costuma respon<strong>de</strong>r que<br />

está apenas fazendo um<br />

“passeio socrático”. Segundo ele,<br />

Sócrates (470-399 a.C), costumava<br />

dizer na sua época:<br />

“Estou apenas observando para<br />

ver quanta coisa existe que eu não<br />

preciso para ser feliz”.<br />

Nenhum supermercado<br />

satisfaz meu coração<br />

Belchior<br />

87<br />

13


13<br />

88<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Discutir a questão do “consumismo” como um dos sérios problemas das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas.<br />

I<strong>de</strong>ntificar os diferentes tipos <strong>de</strong> consumidores que conhecemos. Tratar do “consumo inteligente”<br />

como um ato <strong>de</strong> cidadania.<br />

Material Necessário:<br />

Flip-chart, pincel atômico, sulfite, canetas coloridas, papel.<br />

Aquecimento intencional “Eu gosto <strong>de</strong> você porque…”<br />

Faça um circulo com as ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> modo que todos fiquem sentados e apenas um jovem fique<br />

no centro da roda. O jovem que está no centro da roda escolhe uma das pessoas que está sentada<br />

e diz a seguinte frase “Eu gosto <strong>de</strong> você porque....” e fala alguma característica da pessoa<br />

escolhida( cor da roupa, cor dos olhos, tipo <strong>de</strong> sapato, tipo <strong>de</strong> cabelo, cor da pele, algumas<br />

características da personalida<strong>de</strong> do outro – amigável, amoroso, impulsivo, transparente, objetivo –<br />

etc). Nessa hora todas as pessoas que têm a característica da pessoa escolhida <strong>de</strong>vem levantar da<br />

ca<strong>de</strong>ira e trocar <strong>de</strong> lugar. Quem ficar <strong>de</strong> pé comanda o aquecimento dizendo novamente a frase<br />

“Eu gosto <strong>de</strong> você porque…” e assim sucessivamente. O aquecimento <strong>de</strong>ve durar <strong>de</strong>z minutos.<br />

Pergunte como foi fazer esta ativida<strong>de</strong>. O que os jovens escolheram mais, pertences das pessoas;<br />

características físicas, traços da personalida<strong>de</strong>.<br />

Atente para o fato <strong>de</strong> que às vezes o que mais nos chama a atenção “no outro” são suas posses<br />

e não os traços e características da sua personalida<strong>de</strong>.<br />

Apresentação e Aproximação “Primeiras idéias”<br />

Você po<strong>de</strong> iniciar a aproximação com relação ao tema perguntando aos jovens: O que vocês<br />

enten<strong>de</strong>m por consumismo?<br />

Registre as idéias apresentadas no quadro ou em uma gran<strong>de</strong> folha <strong>de</strong> papel, <strong>de</strong> modo que todos<br />

possam ler as anotações. Estimule a participação, questionando idéias que não estiverem muito<br />

claras. O objetivo neste momento é coletar o maior número possível <strong>de</strong> elementos e idéias que<br />

contribuam para um entendimento posterior.<br />

Comece a ativida<strong>de</strong> dividindo os jovens em dois subgrupos e diga para imaginarem que são<br />

“profissionais da propaganda” que foram pagos para bolarem um novo produto, sua<br />

embalagem e um outdoor que faça a propaganda para venda do produto.


Diga que esse novo produto tem que ser algo que não existe, mas que é <strong>de</strong> extrema necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> todas as pessoas. Incentive os jovens a criarem coisas insólitas como: parabrisa <strong>de</strong> óculos, sapato<br />

pra natação, gelo quente, tapete voador etc. (peça para lembrarem das invenções malucas do<br />

pessoal do “casseta e planeta”.) Peça também para criarem um “jingle” para o produto que criaram.<br />

Dê um tempo para os grupos planejarem as estratégias <strong>de</strong> marketing e peça para apresentarem<br />

para o outro grupo. Incentive o processo criativo dos jovens ressaltando que nem toda propaganda<br />

é enganosa e que é preciso sempre lembrar das discussões sobre ética realizada no oitavo encontro<br />

do Observatório.<br />

Termine essa ativida<strong>de</strong> ressaltando que estamos vivendo uma época on<strong>de</strong> quase tudo é<br />

consumível e logo <strong>de</strong>scartável. Até parece que trocamos “existir” por “consumir”. As empresas <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> “criam necessida<strong>de</strong>s” o tempo todo. Os cartazes, outdoors, revistas, rádio e TV<br />

hipnotizam e embriagam os mais <strong>de</strong>savisados para consumir ou simplesmente para <strong>de</strong>sejar<br />

<strong>de</strong>senfreadamente alguma coisa.<br />

Leitura do texto “Socieda<strong>de</strong> do consumo, capital total”<br />

Peça que leiam o texto em subgrupos. Solicite que, consi<strong>de</strong>rando as primeiras idéias<br />

apresentadas sobre consumismo, e a leitura do texto, façam comentários e perguntas sobre o tema.<br />

Depois das discussões coletivas, pergunte se alguém recorda-se <strong>de</strong> uma música, poesia ou filme que<br />

trate do tema, para ser apresentado ou ouvido no próximo encontro.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Leia novamente para o grupo o texto <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s André Mance, e peça para os jovens pensarem<br />

em uma característica do grupo que faz parte da sua essência, que nada, nem ninguém consegue<br />

tirar. Lembre-se <strong>de</strong> incentivar o registro no “Diário <strong>de</strong> Bordo” como instrumento que narra o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e a história do grupo.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Baudrillard, Jean. A Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Consumo. trad. <strong>de</strong> Artur Mourão. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Editora Elfos, 1995.<br />

Featherstone, Mike. 1995. Cultura <strong>de</strong> consumo e pós-mo<strong>de</strong>rnismo. Tradução <strong>de</strong> Julio Assis Simões. São<br />

Paulo: Studio Nobel. (Série Megalópolis).<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

O Homem que Copiava (2002, Jorge Furtado, 123') - André é um jovem <strong>de</strong> 20 anos que trabalha na<br />

fotocopiadora da papelaria Gomi<strong>de</strong>, em Porto Alegre. Ele precisa <strong>de</strong> 38 reais para salvar a vida <strong>de</strong> Sílvia.<br />

Para conseguir o dinheiro tem vários planos e, incrivelmente, todos dão certo.<br />

Sites<br />

www.contracultura.org.br<br />

89<br />

13


14<br />

90<br />

PAPEL DA MÍDIA


Mídia é um termo que está sendo cada vez mais utilizado em nossos dias, com certeza vocês<br />

já ouviram falar no “po<strong>de</strong>r da mídia” e como ela influencia diretamente nas nossas opiniões, valores<br />

e <strong>de</strong>cisões. A origem da palavra mídia é inglesa e significa “meio”. Em outras palavras, trata-se <strong>de</strong><br />

um canal por on<strong>de</strong> são transmitidas informações. As mídias mais conhecidas são as rádios, a TV, as<br />

revistas, os livros, a internet, os outdoors, as placas <strong>de</strong> trânsito, entre outras. Po<strong>de</strong>mos transmitir as<br />

mensagens/informações <strong>de</strong> diversas maneiras: imagens, filmes, sons, textos sendo que cada meio<br />

tem um impacto diferente no receptor.<br />

São as diferentes mídias que transformam os acontecimentos em informações fazendo com que<br />

elas cheguem até nós <strong>de</strong> alguma forma. Vivemos na chamada “era da informação” e somos<br />

constantemente “bombar<strong>de</strong>ados” por essas informações todos os dias. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação<br />

é tamanha que não temos tempo <strong>de</strong> processá-la a<strong>de</strong>quadamente, refletindo, criticando e<br />

interpretando-as. Tudo parece muito natural, recebemos essas informações como se fossem verda<strong>de</strong>s<br />

absolutas e inquestionáveis. Como jovens pesquisadores do projeto do Observatório,<br />

muitas das informações com as quais irão trabalhar são provenientes <strong>de</strong>ssas<br />

mídias, além disso, irão produzir e interpretar informações sobre suas comunida<strong>de</strong>s<br />

e suas cida<strong>de</strong>s, e se utilizarem <strong>de</strong>sses meios <strong>de</strong> comunicação para transmitirem<br />

suas informações.<br />

Ainda como jovens pesquisadores <strong>de</strong>vem estar atentos para reconhecerem a ação <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> informação que está por trás do conjunto dos meios <strong>de</strong> comunicação. Ou seja, é preciso sempre<br />

perguntar quem está veiculando a informação? , quais os interesses que estão em jogo, políticos,<br />

econômicos, religiosos etc? Quem se beneficia com as informações? Às vezes o mesmo fato é<br />

veiculado a partir <strong>de</strong> diferentes interpretações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos interesses <strong>de</strong> quem comunica.<br />

Não é porque uma <strong>de</strong>terminada informação chega até você por meio da televisão, do rádio ou<br />

do jornal que ela representa a “realida<strong>de</strong>” e a “verda<strong>de</strong>”, é preciso apren<strong>de</strong>r a ler as informações,<br />

a receber criticamente as mensagens veiculadas, analisando-as, comparando-as, lendo nas<br />

entrelinhas e percebendo as diferentes intenções <strong>de</strong> quem comunica.<br />

Vejamos agora algumas consi<strong>de</strong>rações sobre os tipos <strong>de</strong> mídias mais comuns:<br />

JORNAL<br />

No Brasil é o meio <strong>de</strong> comunicação e propaganda mais antigo, alguns já têm mais <strong>de</strong> um século<br />

<strong>de</strong> existência. São mais <strong>de</strong> 2.500 jornais no país, sendo 70% <strong>de</strong>les na região Su<strong>de</strong>ste. Apesar disso,<br />

po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que temos uma tiragem e circulação inexpressiva, se tratando <strong>de</strong> um país tão<br />

gran<strong>de</strong> e populoso, principalmente se compararmos com os Estados Unidos e os países europeus. O<br />

jornal <strong>de</strong> maior circulação no Brasil atinge a marca <strong>de</strong> 400.000 exemplares por dia, enquanto o<br />

jornal japonês <strong>de</strong> maior circulação tira 12.000.000 <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s/dia. Hoje já existem versões<br />

eletrônicas <strong>de</strong> jornais pela internet. Dá para perceber que não somos um país <strong>de</strong> leitores <strong>de</strong> jornais.<br />

Junto com as revistas compõem os principais meios <strong>de</strong> comunicação da chamada “mídia impressa”<br />

Que tudo que a antena captar<br />

meu coração captura...<br />

A televisão me <strong>de</strong>ixou burro,<br />

muito burro <strong>de</strong>mais<br />

Agora todas coisas que eu penso<br />

me parecem iguais<br />

Titãs<br />

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14


14<br />

Criar meu web site<br />

Fazer minha home-page<br />

Com quantos gigabytes<br />

Se faz uma jangada<br />

Um barco que veleje<br />

Que veleje nesse “infomar”...<br />

Que leve meu e-mail até Calcutá...<br />

Num site <strong>de</strong> Helsinque<br />

Para abastecer...<br />

Eu quero entrar na re<strong>de</strong><br />

Promover um <strong>de</strong>bate<br />

Juntar via Internet<br />

92<br />

Gilberto Gil<br />

RÁDIO<br />

Começou a funcionar no Brasil em 7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1922, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Existem aproximadamente<br />

2.500 emissoras regularizadas no Brasil, sendo 75% <strong>de</strong>las emissoras FM e o restante AM.<br />

As rádios são uma concessão pública, ou seja, é o Estado que autoriza as empresas particulares, as<br />

igrejas e outras instituições a transmitirem seus programas. É uma mídia <strong>de</strong> alto alcance, pois pesquisas<br />

recentes, <strong>de</strong>monstram que cada casa tem em média <strong>de</strong> 2 a 3 receptores <strong>de</strong> rádio, sem contar os<br />

aparelhos <strong>de</strong> rádio nos carros. Sua programação po<strong>de</strong> ser rápida e bastante variada (músicas, notícias,<br />

programas esportivos, assuntos <strong>de</strong> interesse coletivo, programas religiosos, entre outros). Os jovens<br />

envolvidos com rádios comunitárias costumam dizer que “Rádio é 10% equipamento e 90% atitu<strong>de</strong>”.<br />

O Rádio está em 98 % das casas, enquanto a TV em apenas 75%. Uma produção <strong>de</strong> rádio custa<br />

95% menos que a da TV. As programações <strong>de</strong> rádio são mais interativas, pois os ouvintes po<strong>de</strong>m<br />

participar por telefone, por carta, fazendo pedidos e dando informações <strong>de</strong> forma quase<br />

instantânea. Veja na sua cida<strong>de</strong> ou na sua comunida<strong>de</strong> se existem rádios comunitárias e vá com seu<br />

grupo para pesquisar mais sobre o assunto, e também para falar do Projeto e das questões<br />

importantes para a juventu<strong>de</strong> local.<br />

TELEVISÃO<br />

Atualmente é a mídia <strong>de</strong> maior cobertura geográfica no país e <strong>de</strong> maior penetração em todas as<br />

faixas etárias, sexo e classes sociais. Teve seu início em setembro <strong>de</strong> 1950, com a inauguração da TV<br />

Tupi <strong>de</strong> São Paulo, fundada por Assis Chateuabriand. A televisão veicula diariamente propagandas <strong>de</strong><br />

diferentes produtos e serviços, novelas, filmes e noticiários. As pessoas mais críticas com relação ao<br />

uso intensivo <strong>de</strong>ssa mídia costumam dizer que ela limita o hábito <strong>de</strong> pensar, pois já traz a<br />

mensagem pronta, com imagens e áudio, sem permitir que o telespectador utilize sua criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

imaginar as cenas e associar idéias. Também permite pouco tempo para reflexão sobre as informações<br />

e mensagens veiculadas, pois a rapi<strong>de</strong>z na comunicação sempre <strong>de</strong>sloca nossa atenção para a<br />

próxima informação. No entanto, existem também programas educacionais e culturais fundamentais<br />

para nossa formação e informação. Procure i<strong>de</strong>ntificá-los quando estiver assistindo televisão.<br />

INTERNET<br />

É sem dúvida o meio <strong>de</strong> comunicação com maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento no momento. O<br />

correio eletrônico (e-mail) está substituindo as cartas, fax, ligação telefônica transformando-se no<br />

mais po<strong>de</strong>roso, eficiente e econômico meio <strong>de</strong> comunicação direta. Po<strong>de</strong> ser utilizado como um<br />

recurso pedagógico, comercial, informativo, interativo e comporta as mídias <strong>de</strong> rádio, jornal,<br />

revistas e até TVs, tudo pela internet. No entanto, segundo pesquisas recentes, apenas <strong>de</strong> 3% da<br />

população brasileira têm condições <strong>de</strong> usufruir diretamente <strong>de</strong>ste recurso. Por conta do trabalho das<br />

escolas e das Ong's este número tem aumentado consi<strong>de</strong>ravelmente a cada ano.<br />

Pesquise junto com seus colegas sobre os temas “inclusão digital” e “analfabetismo digital” e<br />

também sobre os usos in<strong>de</strong>vidos <strong>de</strong>ssa mídia.


Lembre-se que as informações nos chegam através dos diferentes meios <strong>de</strong> comunicação (mídias)<br />

são sempre versões <strong>de</strong> um ou vários acontecimentos. Enxergamos a realida<strong>de</strong> com os “óculos”<br />

fornecidos por essa mídia, necessitando constantemente utilizar a nossa crítica e leitura <strong>de</strong> mundo,<br />

para formarmos nossa opinião e fazermos nossas escolhas.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Reconhecer os tipos <strong>de</strong> mídias mais comuns e i<strong>de</strong>ntificar suas características. Exercitar a leitura<br />

crítica das mensagens veiculadas, analisando-as, comparando-as, lendo nas entrelinhas e<br />

percebendo as diferentes intenções <strong>de</strong> quem comunica.<br />

Material Necessário:<br />

Flip chart, canetas, papel sulfite.<br />

Aquecimento intencional “Telefone sem fio”<br />

Mídia Tática<br />

Para quem quiser se aprofundar nessa questão procurem pesquisar sobre o conceito <strong>de</strong> “Mídia Tática”.<br />

Desvinculada <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong> mercado e <strong>de</strong> agendas i<strong>de</strong>ológicas associadas aos gran<strong>de</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação,<br />

a mídia tática dá voz a todos aqueles excluídos <strong>de</strong>sses meios: classes <strong>de</strong>sfavorecidas, minorias (raciais, sexuais,<br />

etc.), comunida<strong>de</strong>s alternativas, dissi<strong>de</strong>ntes políticos e artistas <strong>de</strong> rua, entre outros.<br />

Faça um círculo com todos os jovens. Fale a seguinte frase no ouvido da pessoa à sua esquerda,<br />

sem que mais ninguém ouça. “Jornal, revista, rádio e televisão, cada um com sua versão fazendo<br />

a comunicação”<br />

Essa pessoa falará o que enten<strong>de</strong>u no ouvido <strong>de</strong> outra, também à sua esquerda e assim<br />

sucessivamente até chegar, <strong>de</strong> novo, em você.<br />

Conte a todos a frase que chegou até você, comparando-a com a frase que falou inicialmente.<br />

Pergunte como as pessoas se sentiram e sobre as alterações que aconteceram na frase. Pergunte<br />

se as pessoas confiavam no que ouviam e se quando transmitiam a frase eram totalmente fieis ao<br />

que ouviram.<br />

Explique que o encontro <strong>de</strong> hoje vai tratar, entre outras coisas, do papel das diferentes mídias<br />

na veiculação das informações.<br />

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Apresentação e Aproximação “Era da Informação”<br />

Divida os jovens em quatro subgrupos (Jornal, Rádio, Televisão e Internet) distribua canetas e<br />

pedaços <strong>de</strong> papel gran<strong>de</strong>. Cada subgrupo irá relatar tudo o que sabe sobre esse meio <strong>de</strong> comunicação.<br />

Incentive os jovens a registrar todas as informações e todas as coisas que imaginam sobre<br />

essas diferentes mídias. Peça também para registrarem todas as coisas que queriam saber sobre<br />

essas mídias. Dê um tempo para realizarem a tarefa <strong>de</strong>pois entregue aos respectivos grupos as<br />

consi<strong>de</strong>rações sobre essas mídias que estão no texto “Papel da mídia”. Você também po<strong>de</strong> trazer<br />

outras informações para disponibilizar aos jovens. Os participantes apresentam para o grupo o<br />

resultado <strong>de</strong> suas discussões confrontando com as informações do texto.<br />

Leitura do texto “Papel da mídia”<br />

De volta ao gran<strong>de</strong> grupo promova a leitura coletiva do texto perguntando aos jovens se têm<br />

alguma dúvida ou alguma colocação. Não se esqueça <strong>de</strong> reforçar o caráter i<strong>de</strong>ológico da<br />

informação e que precisamos constantemente nos utilizar da nossa crítica e nossa leitura <strong>de</strong> mundo,<br />

para formarmos nossa opinião e fazermos nossas escolhas.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Você po<strong>de</strong> terminar o encontro reproduzindo a música <strong>de</strong> Gilberto Gil “Pela internet”,<br />

comparando-a com a letra <strong>de</strong> um dos primeiros sambas brasileiros chamado “Pelo telefone”. Depois<br />

peça para os jovens avaliarem o encontro <strong>de</strong> hoje por meio <strong>de</strong> uma mídia impressa, ou seja, <strong>de</strong>vem<br />

fazer suas avaliações e registrar em um bilhete que <strong>de</strong>verá ser entregue a você.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Freire, Paulo. Pedagogia da Indignação, 2000, Edit. Unesp.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus (2002, dir. Fernando Meirelles, dur. 135') - Adaptação do livro <strong>de</strong> Paulo Lins, o filme retrata<br />

o cotidiano <strong>de</strong> jovens moradores <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o surgimento do bairro.<br />

O que é isso Companheiro? (1997, dir. Bruno Barreto, dur. 105') - Inspirado em livro autobiográfico <strong>de</strong> Fernando<br />

Gabeira, o filme apresenta uma versão do seqüestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, em 1969.<br />

Série <strong>de</strong> programas da TV cultura “Observatório da Imprensa”<br />

Sites<br />

Centro <strong>de</strong> Mídia In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (CMI - Brasil) - www.midiain<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.org<br />

Ong. Cipó - www.cipo.org.br<br />

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/<br />

- www.eticanatv.org.br


Conhecimento Científico e Senso Comum<br />

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15


15<br />

Nada na vida <strong>de</strong>ve ser temido,<br />

mas compreendido.<br />

Agora é hora <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r mais<br />

para temer menos.<br />

96<br />

Marie Curie<br />

Certos fenômenos, por estarem<br />

bem <strong>de</strong>baixo dos nossos narizes,<br />

tornam-se invisíveis.<br />

Só os profetas enxergam o óbvio<br />

Nelson Rodrigues<br />

Todos nós, mesmo sem ter estudado ciência, lemos, interpretamos e conhecemos certos fatos<br />

e fenômenos.<br />

Depois <strong>de</strong> certo tempo exposta ao fogo a água começa a ferver. Um copo que cai ao chão <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>terminada altura se quebrará. Jovens que não tiveram acesso à escola terão dificulda<strong>de</strong>s<br />

para conseguir trabalho quando adultos. Esses fenômenos, <strong>de</strong>ntre outros tantos, são familiares ao<br />

“senso comum” e a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> nós tem condições <strong>de</strong> produzir algumas explicações <strong>de</strong> por<br />

que eles acontecem. Existem ainda outros fenômenos presentes no nosso cotidiano que <strong>de</strong> tão<br />

rotineiros sequer perguntamos como eles acontecem. A luz que você acen<strong>de</strong> todos os dias, as<br />

imagens da TV na sua sala, os e-mails e a internet, ou ainda, uma criança em situação <strong>de</strong> rua e um<br />

idoso catando papelão.<br />

As explicações do senso comum a respeito <strong>de</strong> tais fenômenos físico, químicos e sociais<br />

geralmente satisfazem nossas curiosida<strong>de</strong>s, no entanto, se as mesmas questões fossem formuladas a<br />

um físico, um engenheiro eletrônico, um psicólogo ou um sociólogo, as suposições e respostas seriam<br />

um pouco mais <strong>de</strong>talhadas.<br />

O objetivo do Observatório <strong>de</strong> jovens não é formar cientistas em todas essas áreas do<br />

conhecimento, mas <strong>de</strong>senvolver um olhar crítico e investigativo que levem vocês a se perguntarem<br />

porquê <strong>de</strong>terminadas coisas acontecem.<br />

Trata-se <strong>de</strong> inquietar-se constantemente “fazendo perguntas pro mundo”, buscando conhecer<br />

melhor o funcionamento das coisas, promovendo aprendizagens, possibilitando o prazer <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scobrir e compreen<strong>de</strong>r, para ampliar nossas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenções.<br />

As explicações dos cientistas são mais <strong>de</strong>talhadas, são baseadas em hipóteses, testes e análises.<br />

O conhecimento científico é organizado, “prognosticador”, ou seja, o cientista po<strong>de</strong> predizer, inferir,<br />

até mesmo com certeza, <strong>de</strong> que maneira acontecerão certos fatos e fenômenos.<br />

Sem se aprofundar muito nessa questão, há uma primeira divisão possível entre as ciências:<br />

biológicas, exatas e humanas. A física, a química, a biologia, a geologia e a matemática são<br />

exemplos <strong>de</strong> ciências biológicas e exatas, enquanto a história, psicologia, economia e a sociologia<br />

são exemplos <strong>de</strong> ciências humanas.<br />

No caso do Observatório e das pesquisas que realizarão nas suas comunida<strong>de</strong>s, precisarão <strong>de</strong><br />

certo conhecimento lógico, matemático e estatístico para estudar os fenômenos sociais. Terão que<br />

preparar um questionário, um formulário ou uma pesquisa <strong>de</strong> opinião, conduzir uma entrevista,<br />

observar comportamentos, tirar conclusões, medir os efeitos <strong>de</strong> uma intervenção, interpretar dados<br />

e tabelas, fazer análises <strong>de</strong> informações, textos e notícias. Pesquisarão dados e informações a<br />

respeito <strong>de</strong> como vivem, local <strong>de</strong> origem, sexo, ida<strong>de</strong>, escolarida<strong>de</strong>, ocupação e renda dos<br />

moradores da comunida<strong>de</strong>. Farão perguntas sobre a família, a vida social, a saú<strong>de</strong>, trabalho,<br />

religião, participação comunitária e <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> futuro para o bairro. I<strong>de</strong>ntificarão os costumes,<br />

saberes, habilida<strong>de</strong>s, sonhos, <strong>de</strong>sejos e percepções dos jovens, adultos e idosos da comunida<strong>de</strong>.


Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Distinguir o conhecimento produzido diariamente nas relações cotidianas, do chamado<br />

“conhecimento científico” baseado rigorosamente em hipóteses, testes e análises. Desmistificar e<br />

<strong>de</strong>sburocratizar a “ciência” incentivando os jovens a serem pesquisadores que entrem em contato<br />

com o prazer <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir e compreen<strong>de</strong>r os fatos e as coisas.<br />

Material Necessário<br />

Flip chart, canetas, papel sulfite.<br />

Aquecimento intencional “fazendo perguntas pro mundo”<br />

Peça aos jovens para andarem pela sala e imaginarem algumas situações do cotidiano que<br />

apesar <strong>de</strong> acontecerem todos os dias eles não conseguem explicar cientificamente. Exemplos: as<br />

imagens da televisão; a água que sai da torneira; as imagens e informações pela internet; a luz que<br />

você acen<strong>de</strong> todos os dias; por que o céu é azul; Por que os <strong>de</strong>dos murcham quando se fica muito<br />

tempo na água; Por que o fogo queima; Por que a lua é branca; Do que é feita a nuvem; Por que a<br />

terra roda; Por que o vidro embaça; Por que o leite transborda quando ferve, e outras situações on<strong>de</strong><br />

o conhecimento que temos não dá conta <strong>de</strong> explicar.<br />

Peça para se agruparem em duplas e fazerem suas perguntas para o companheiro (a). Voltando<br />

ao gran<strong>de</strong> grupo, a dupla conta para o coletivo quais foram às perguntas e se alguma foi<br />

respondida. Incentive os jovens, mesmo que não saibam explicar tais fenômenos, a<br />

falar <strong>de</strong> suas hipóteses e suposições.<br />

A maioria <strong>de</strong>ssas perguntas não será respondida pelos jovens e nem mesmo por você. Cada<br />

jovem ficará responsável por trazer, no próximo encontro, uma explicação mais <strong>de</strong>talhada e<br />

científica <strong>de</strong> tais fenômenos.<br />

Apresentação e Aproximação “Suco <strong>de</strong> manga com leite”<br />

Pergunte aos jovens se já ouviram falar que suco <strong>de</strong> manga com leite po<strong>de</strong> matar, ou ainda,<br />

que ao se abrigar <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma árvore numa tempesta<strong>de</strong> corre-se o risco <strong>de</strong> que um raio caia<br />

na cabeça. Pergunte <strong>de</strong> on<strong>de</strong> acham que vieram essas explicações e suposições.<br />

Trata-se <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> afirmações: a primeira parece não ter base científica alguma e se origina<br />

<strong>de</strong> uma campanha <strong>de</strong> senhores <strong>de</strong> engenho para impedirem que os escravos “roubassem” o leite no<br />

processo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha das vacas, haja vista que a maioria <strong>de</strong>les comia muita manga. A segunda<br />

parece <strong>de</strong>rivar da própria experiência e verificação concreta que <strong>de</strong>pois com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento científico chegou-se a uma explicação lógica.<br />

Frases para serem compartilhadas com os jovens caso perceba o interesse <strong>de</strong>les:<br />

“Platão (427-347 a.C.), filósofo grego, estabeleceu uma distinção entre a "doxa" (opinião) e a<br />

"episteme" (ciência)”.<br />

97<br />

15


15<br />

98<br />

“Os conceitos nascem no cotidiano (senso comum) são apropriados pelo meio científico, e<br />

tornam-se científicos ao romperem com esse cotidiano, com esse senso comum”.<br />

“O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo resultante<br />

da herança do grupo a que pertencemos e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas”.<br />

“A ciência, procura <strong>de</strong>scobrir o funcionamento da natureza através, principalmente, das relações<br />

<strong>de</strong> causa e efeito, buscando o conhecimento objetivo e lógico”<br />

Leitura do texto “Conhecimento científico e senso comum”<br />

Constitua pequenos grupos <strong>de</strong> 4 jovens e promova a leitura do texto. Pergunte aos jovens se<br />

enten<strong>de</strong>ram o texto e se têm perguntas ou colocações. Retome as discussões <strong>de</strong>senvolvidas nas duas<br />

ativida<strong>de</strong>s relacionando-as ao texto, e promova um fechamento ressaltando que as pesquisas que<br />

realizarão na comunida<strong>de</strong> serão baseadas em hipóteses, testes e análises, com o objetivo <strong>de</strong><br />

conhecer, transformar e melhorar o mundo.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Não se esqueça <strong>de</strong> reafirmar o combinado com os jovens para que tragam no próximo encontro<br />

a explicação científica das questões do “aquecimento intencional”. Peça para avaliarem o encontro<br />

e para que um jovem promova o registro no “diário <strong>de</strong> bordo”.<br />

Frase para ser pensada para o próximo encontro: O homem pré-histórico elaborava seu saber a<br />

partir <strong>de</strong> sua experiência e <strong>de</strong> suas observações pessoais. Quando constatou que o choque <strong>de</strong> duas<br />

pedras ou da rápida fricção <strong>de</strong> dois gravetos secos podia provocar uma faísca ou uma pequena<br />

chama capaz <strong>de</strong> queimar folhas secas, havia construído um novo saber: como acen<strong>de</strong>r o fogo. Esse<br />

saber podia ser utilizado para facilitar sua vida. Aqui está, portanto, o objetivo principal da pesquisa:<br />

conhecer o funcionamento das coisas para melhor controlá-las e fazer previsões a partir daí.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Os Jovens e o Saber: Perspectivas Mundiais. Charlot, Bernard (org). Porto Alegre Artmed, 2001.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Fala Tu (2004, dir. Guilherme Coelho, dur. 74') - Macarrão é morador do Morro do Zinco, pai <strong>de</strong> duas<br />

filhas, torcedor do fluminense e apostador do jogo do bicho. Toghum mora em Cavalcante, é budista e<br />

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> produtos esotéricos. Combatente é moradora <strong>de</strong> Vigário Geral, freqüentadora do templo<br />

do Santo Daime e operadora <strong>de</strong> telemarketing.<br />

Sites<br />

Fundação Perseu Abramo - www.fpa.org.br<br />

www.cienciahoje.org.br; www.educare<strong>de</strong>.org.br


COMEÇANDO A PESQUISAÇÃO<br />

99<br />

16


16<br />

Pesquiso para constatar,<br />

constatando intervenho,<br />

intervindo educo e me educo.<br />

Pesquiso para conhecer<br />

o que eu ainda não conheço<br />

e comunicar ou anunciar a<br />

novida<strong>de</strong>....<br />

100<br />

Paulo Freire<br />

Como vocês viram em encontros anteriores, a nossa socieda<strong>de</strong> se tornou uma socieda<strong>de</strong> da<br />

informação. Uma boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas informações provém dos resultados <strong>de</strong> pesquisas. Quantas<br />

vezes na vida escutamos: “a pesquisa <strong>de</strong>monstrou que...” É bem provável que não se passe um dia sem<br />

que nos sejam apresentados os resultados <strong>de</strong> uma pesquisa: nos jornais, na TV, na propaganda, nos<br />

discursos dos políticos, etc. É comum ouvirmos, nos diferentes meios <strong>de</strong> comunicação pesquisas sobre<br />

o que as pessoas pensam sobre violência, drogas, juventu<strong>de</strong>, consumo, política, entre tantos assuntos.<br />

No entanto, você já parou para pensar por que o homem faz pesquisas?<br />

Fazemos pesquisa para averiguar a existência <strong>de</strong> um problema, ou ainda para <strong>de</strong>tectar a<br />

dimensão <strong>de</strong>sse problema e também para compreen<strong>de</strong>r a visão que as pessoas têm sobre um tema,<br />

um fato ou uma ação. A pesquisa nos possibilita refletir sobre como agir, como mudar, como superar<br />

ou como reafirmar as posições e caminhos escolhidos. Filosoficamente po<strong>de</strong>mos afirmar que pesquisamos<br />

para saciar nossa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer, transformar e melhorar o mundo. Os diferentes<br />

métodos <strong>de</strong> pesquisa são utilizados em várias áreas do conhecimento tanto pelas ciências exatas,<br />

biológicas e humanas.<br />

Vamos falar um pouco sobre o que chamamos <strong>de</strong> “pesquisa <strong>de</strong> amostragem” especificamente na<br />

área das ciências humanas, on<strong>de</strong> selecionamos uma parte <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada “população”,<br />

<strong>de</strong>nominada “amostra”, para i<strong>de</strong>ntificar os perfis, as características e o que pensam e sentem as<br />

pessoas sobre os mais diversos temas.<br />

Veja o esquema abaixo:<br />

População Amostra<br />

Inferência<br />

Tratamento dos Dados<br />

População - É o conjunto <strong>de</strong> interesse final para a pesquisa. É o conjunto do qual as amostras são<br />

retiradas. Por exemplo: Você po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que sua “população” são todas as pessoas<br />

moradoras da comunida<strong>de</strong> e a amostra seria uma parte da população (10%, 20%, ou ainda<br />

só os jovens, só as mulheres, só os idosos, só as crianças, só os que trabalham, só os que<br />

estudam etc.)<br />

Amostra - É qualquer subconjunto da população <strong>de</strong> interesse.<br />

Tratamento dos dados - É o conjunto <strong>de</strong> técnicas usadas para <strong>de</strong>screver os dados provenientes<br />

da aplicação <strong>de</strong> uma pesquisa.<br />

Inferência - No dicionário inferir significa “tirar por conclusão” ou “<strong>de</strong>duzir por raciocínio”, ou<br />

seja, a partir da análise dos dados provenientes da amostra po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>duzir coisas ou<br />

comportamentos da população.


Exemplo: Se você entrevistar 20% dos alunos da sua escola e verificar seus gostos musicais, suas<br />

preferências culturais e esportivas, suas opções religiosas ou ainda, o que pensam sobre a escola,<br />

família ou governo, você po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>duzir que se tivesse entrevistado todos os alunos da escola os<br />

resultados seriam muito próximos. Neste caso específico <strong>de</strong>ve-se tomar o cuidado <strong>de</strong> escolher, entre<br />

os 20%, uma mesma proporção <strong>de</strong> meninos e meninas e ainda uma mesma proporção <strong>de</strong> alunos das<br />

diferentes séries da escola. Pois se você pesquisar só os alunos da 5ª série não po<strong>de</strong>rá dizer que os<br />

resultados expressam os gostos musicais e as preferências culturais do conjunto dos alunos da escola.<br />

Para se ter uma idéia da margem <strong>de</strong> acerto <strong>de</strong> uma pesquisa por amostragem basta pensarmos<br />

nas pesquisas eleitorais sobre intenção <strong>de</strong> voto e rejeição a candidatos. Os institutos e empresas que<br />

realizam essas pesquisas entrevistam uma pequena parte dos eleitores e conseguem afirmar com<br />

pouquíssima margem <strong>de</strong> erro quem vai ganhar e qual a diferença <strong>de</strong> votos entre os candidatos. Às<br />

vezes, são entrevistados 3 mil eleitores (amostra) <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong><br />

eleitores (população). Também nesse caso não se po<strong>de</strong> escolher os 3 mil eleitores <strong>de</strong> maneira<br />

aleatória, mas é preciso compor a amostra com homens, mulheres, pobres, ricos, pessoas com<br />

diferentes graus <strong>de</strong> instrução e ainda das diferentes regiões da cida<strong>de</strong>.<br />

Dentre as principais pesquisas por amostragem po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar as pesquisas sociais, as<br />

pesquisas <strong>de</strong> opinião e as pesquisas <strong>de</strong> mercado.<br />

As pesquisas sociais servem para conhecer e explicar as instituições como a família, a escola, o<br />

governo, os partidos, os sindicatos, além <strong>de</strong> estudar as questões sociais como a criminalida<strong>de</strong>, a<br />

violência, o mercado <strong>de</strong> trabalho, a política, a <strong>de</strong>mografi,a entre outras. Essas pesquisas servem para<br />

o planejamento e execução <strong>de</strong> políticas públicas e para o <strong>de</strong>senvolvimento das ciências sociais. Um<br />

exemplo <strong>de</strong> pesquisa social é Pesquisa Nacional por Amostragem <strong>de</strong> Domicílio, realizada pelo IBGE.<br />

As pesquisas <strong>de</strong> opinião buscam i<strong>de</strong>ntificar a opinião dos diferentes segmentos da população<br />

sobre os mais variados temas. Você po<strong>de</strong> realizar uma pesquisa <strong>de</strong> opinião na sua escola ou na sua<br />

comunida<strong>de</strong>, basta escolher o assunto, <strong>de</strong>finir a amostra, elaborar o questionário e entrevistar as<br />

pessoas. Obviamente que antes <strong>de</strong> realizar uma pesquisa <strong>de</strong> opinião é preciso consi<strong>de</strong>rar qual o<br />

objetivo da sua pesquisa? Para que serve? A quem interessa essas informações? O que eu quero<br />

mudar ou reafirmar com minha pesquisa?<br />

As pesquisas <strong>de</strong> mercado geralmente investigam as vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> produtos ou<br />

serviços, avaliam a satisfação dos consumidores em relação a alguns produtos e também po<strong>de</strong>m<br />

verificar o potencial <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados segmentos populacionais.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Compartilhar com os jovens o fato <strong>de</strong> que vivemos na chamada “socieda<strong>de</strong> da informação” e<br />

que a maior parte <strong>de</strong>ssas informações é proveniente <strong>de</strong> pesquisas. Discutir com os jovens os<br />

conceitos <strong>de</strong> “população”, “amostra” e “inferência”, aproximando-os das discussões sobre<br />

“pesquisa <strong>de</strong> amostragem”<br />

101<br />

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16<br />

102<br />

Material Necessário:<br />

Flip chart, papéis, canetas.<br />

Aquecimento intencional “Concordo e discordo”<br />

Divida o grupo em dois subgrupos. Entregue para um subgrupo o cartaz “concordo” e para o<br />

outro o “discordo”. Leia para todos a seguinte afirmação: A pesquisa <strong>de</strong>monstrou que os<br />

jovens da periferia estão mais expostos a violência urbana.<br />

Cada grupo terá <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua posição (concordo ou discordo) e questionar a idéia do outro<br />

grupo. Quando você perceber que a argumentação dos dois grupos está ficando consistente, peça aos<br />

grupos que troquem <strong>de</strong> lugar e passem a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a opinião contrária àquela que <strong>de</strong>fendiam antes.<br />

Você será o mediador do <strong>de</strong>bate passando a palavra para os jovens que solicitarem, mantendo<br />

a discussão organizada.<br />

Importante: É importante apren<strong>de</strong>r a questionar. Questionando, buscamos compreen<strong>de</strong>r melhor a<br />

fala do outro, reforçamos o diálogo, abrimo-nos para a troca e a transformação. É preciso questionar<br />

as informações que chegam até nós por meio das diferentes mídias. Um pesquisador sempre faz as<br />

seguintes perguntas: quantas pessoas foram entrevistadas nessa pesquisa; quem encomendou a<br />

pesquisa; quais os mais interessados na veiculação da pesquisa; quem “consome” os resultados<br />

<strong>de</strong>ssa pesquisa; quantas pesquisas parecidas já foram feitas e quais os resultados.<br />

Você po<strong>de</strong> utilizar outras afirmações para os jovens <strong>de</strong>baterem “concordando e discordando”,<br />

pois por meio do diálogo criamos oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com o outro e <strong>de</strong> modificar ou<br />

reafirmar as nossas próprias idéias.<br />

Apresentação e Aproximação “Pesquisando o grupo”<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler e interpretar gráficos tem se tornado cada vez mais importante na<br />

socieda<strong>de</strong> atual. Os gráficos aparecem constantemente nos jornais, revistas e televisão para nos<br />

informar sobre diversas situações.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> facilitar a compreensão dos diferentes tipos <strong>de</strong> gráficos presentes no seu<br />

cotidiano. Você será o coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>. O objetivo é fazer com que os jovens<br />

compreendam como se coleta e organizam dados, além <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r como se constroem e<br />

interpretam diferentes gráficos. A proposta é construir um gráfico a partir <strong>de</strong> uma pesquisa simples<br />

com os jovens. Por exemplo: vamos fazer um levantamento das ida<strong>de</strong>s das pessoas do nosso próprio<br />

grupo. O segundo passo é tabular as informações. Utilizando uma tabela anote as diferentes ida<strong>de</strong>s


das pessoas e registre quantas vezes elas se repetem. Tabulação é o processo <strong>de</strong> contagem e<br />

organização dos dados. A partir das informações da tabela monte um gráfico que reflita o resultado<br />

da pesquisa. Repita esses procedimentos para construir um gráfico das preferências musicais dos<br />

participantes do grupo e outro sobre as preferências alimentares dos jovens. Em caso <strong>de</strong><br />

necessida<strong>de</strong>, procure a ajuda <strong>de</strong> um especialista em matemática e traga outros tipos <strong>de</strong><br />

gráficos para serem discutidos com o grupo <strong>de</strong> jovens.<br />

Leitura do texto “Começando a pesquisAção”<br />

Promova a leitura coletiva do texto relacionando-o às discussões da ativida<strong>de</strong> anterior.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> amadurecimento do grupo, e <strong>de</strong> sua avaliação, promova uma reflexão<br />

sobre as seguintes frases:<br />

"O primeiro sinal da incompreensão é o riso; o segundo, a serieda<strong>de</strong>." Mário Quintana<br />

"Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas." Voltaire<br />

"Nada é mais perigoso que uma idéia quando ela é a única que você tem." Émile Chartier<br />

Impressões e Avaliações<br />

Após o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s e a leitura do texto, procure em seu “baú <strong>de</strong> saberes”<br />

uma poesia ou música (ligada ao tema) para ser lida ou ouvida no final do encontro. Abra a palavra<br />

para os jovens avaliarem o dia <strong>de</strong> hoje e peça para alguém fazer o registro no “diário <strong>de</strong> bordo”.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Hip Hop. A Periferia Grita. Rocha, Janaina; Domenich, Mirella; Casseano, Patrícia. São Paulo: Editora<br />

Fundação Perseu Abramo, 2001.<br />

Nossa escola Pesquisa sua opinião, instituto Paulo Montenegro, editora Global<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Aqui Favela - O Rap Representa (2003, Júnia Torres e Rodrigo Siqueira, dur. 82') - O filme apresenta jovens<br />

<strong>de</strong>sconhecidos que integram o movimento hip hop e algumas das suas principais expressões.<br />

Sites<br />

Observatório Jovem do Rio <strong>de</strong> Janeiro - www.uff.br/obsjovem<br />

<strong>Instituto</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística - www.ibge.gov.br<br />

www.ibope.com.br<br />

103<br />

16


17<br />

104<br />

PESQUISAÇÃO II


Vocês estão se constituindo em uma equipe responsável pela realização <strong>de</strong> algumas pesquisas<br />

em suas comunida<strong>de</strong>s. A partir dos conhecimentos que compartilharam no encontro anterior, vamos<br />

i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver as diferentes fases <strong>de</strong> uma pesquisa.<br />

Estamos falando da <strong>de</strong>finição do tema da pesquisa; da i<strong>de</strong>ntificação da população e<br />

da amostra; da elaboração do questionário; do planejamento e execução do trabalho<br />

<strong>de</strong> campo; da tabulação e processamento dos dados; e da análise, interpretação e<br />

apresentação dos resultados.<br />

Por estarem se formando como “pesquisadores sociais” das suas comunida<strong>de</strong>s, na <strong>de</strong>finição<br />

do tema estarão pesquisando questões do perfil socioeconômico da comunida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>rão fazer<br />

diferentes perguntas sobre família, vida social, trabalho, saú<strong>de</strong>, educação, lazer, religião,<br />

participação comunitária e <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> futuro para o bairro. Mais especificamente estarão<br />

procurando <strong>de</strong>finir quem são, em dados gerais, os moradores locais; como vivem; qual sua<br />

procedência; sexo; ida<strong>de</strong>; escolarida<strong>de</strong>; ocupação; renda, etc. Também po<strong>de</strong>rão i<strong>de</strong>ntificar, por<br />

meio <strong>de</strong> diferentes questionários, os costumes, saberes, habilida<strong>de</strong>s, sonhos, <strong>de</strong>sejos e percepções<br />

dos moradores da comunida<strong>de</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong> passarem para as fases <strong>de</strong> “i<strong>de</strong>ntificação da população e da amostra” e “elaboração<br />

do questionário”, <strong>de</strong>vem discutir no grupo <strong>de</strong> jovens, o que querem saber? o que já sabem sobre o<br />

assunto? quais as hipóteses que têm sobre o tema?, E ainda o que será feito com os resultados e<br />

como serão divulgados.<br />

Também <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>finir quais questões serão investigadas por meio da pesquisa qualitativa<br />

e quais pela pesquisa quantitativa. Na pesquisa qualitativa os entrevistados são estimulados a<br />

pensar e falar livremente sobre algum tema. Exemplo: organize um grupo <strong>de</strong> moradores antigos da<br />

comunida<strong>de</strong> e faça algumas perguntas tais como, como era a comunida<strong>de</strong> quando eles eram mais<br />

jovens? Como foram se dando as transformações e quem foram as pessoas que vivenciaram essas<br />

mudanças? Como acham que a comunida<strong>de</strong> vai estar daqui a alguns anos? Entre outras tantas<br />

questões. Peça autorização para gravar e filmar esse encontro para <strong>de</strong>pois analisarem as opiniões<br />

e comentários que surgiram. Já a pesquisa quantitativa se utiliza <strong>de</strong> instrumentos padronizados<br />

(questionários) para apurar opiniões e i<strong>de</strong>ntificar as características e o perfil dos entrevistados.<br />

Exemplo: questionário perguntando sobre a ida<strong>de</strong>, sexo, escolarida<strong>de</strong>, renda, trabalho. A pesquisa<br />

quantitativa, além das interpretações e conclusões, <strong>de</strong>ve mostrar tabelas, percentuais e gráficos<br />

provenientes da tabulação <strong>de</strong> todos os questionários aplicados.<br />

No caso <strong>de</strong> uma escola temos que a “população” <strong>de</strong> alunos é o conjunto <strong>de</strong> todos os alunos da<br />

escola e uma possível “amostra” seria somente o conjunto dos alunos das 8ª séries. Na sua<br />

comunida<strong>de</strong> você po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar diferentes “populações” - todos os chefes <strong>de</strong> domicílio; todos os<br />

jovens <strong>de</strong> 15 a 24 anos; todas as pessoas com mais <strong>de</strong> 60 anos; todas as mães que trabalham fora,<br />

entre outras tantas configurações, e a partir daí selecionar as amostras ou ainda entrevistar e<br />

pesquisar o conjunto <strong>de</strong> sua “população”.<br />

Procure olhar tudo<br />

como se fosse a primeira vez<br />

Otto Lara Rezen<strong>de</strong><br />

105<br />

17


17<br />

106<br />

Não se esqueça que é preciso <strong>de</strong>limitar geograficamente o que estão <strong>de</strong>finindo como<br />

“comunida<strong>de</strong>”, i<strong>de</strong>ntificando quais as ruas e quais os domicílios que irão consi<strong>de</strong>rar como alvo<br />

da pesquisa.<br />

Ainda com relação à amostra, não é seu tamanho que <strong>de</strong>termina se ela é <strong>de</strong> boa ou má<br />

qualida<strong>de</strong>. O importante é sua representativida<strong>de</strong>, pois só assim teremos confiança para tirar<br />

conclusões sobre a população pesquisada.<br />

Para elaboração dos questionários é preciso um longo processo <strong>de</strong> discussões <strong>de</strong> grupo para<br />

<strong>de</strong>finirem quais as questões relevantes que querem investigar. É o grupo <strong>de</strong> jovens que <strong>de</strong>fine se as<br />

questões serão feitas por meio <strong>de</strong> perguntas abertas ou fechadas. As questões fechadas são<br />

aquelas que fornecem ao entrevistado um leque <strong>de</strong> respostas possíveis que <strong>de</strong>finem o perfil ou<br />

correspon<strong>de</strong>m a uma opinião. Exemplo: Em sua opinião os jovens <strong>de</strong> hoje, em relação às gerações<br />

anteriores, possuem: ❍mais liberda<strong>de</strong> ❍menos liberda<strong>de</strong> ❍igual liberda<strong>de</strong> ❍não<br />

sei<br />

Ou ainda, qual seu grau <strong>de</strong> escolarização: ❍ensino fundamental I ❍ensino<br />

fundamental II<br />

❍<br />

ensino médio ❍ ensino universitário<br />

As questões abertas permitem ao entrevistado fornecer respostas mais amplas e que são<br />

difíceis <strong>de</strong> serem previstas pela equipe que elaborou os questionários. As questões abertas também<br />

permitem uma maior investigação sobre o imaginário do entrevistado. Exemplo: Como você acha<br />

que vai estar sua comunida<strong>de</strong> daqui a 10 anos? Qual sua opinião sobre os jovens da comunida<strong>de</strong>?<br />

Quando se escolhe trabalhar com questões abertas é preciso classificar e categorizar as<br />

respostas posteriormente. Imagine que vocês entrevistaram 100 idosos perguntando sobre o que<br />

pensam dos jovens da comunida<strong>de</strong>. Serão respostas diferentes que precisam se categorizadas para<br />

que se possa fazer uma análise quantitativa do tipo: 50% dos idosos acham que os jovens não<br />

gostam da escola e só querem curtir a vida, enquanto que os outros 50% acham os jovens<br />

preocupados com as questões sociais e pensam muito sobre seu futuro profissional.<br />

Nos próximos encontros vocês terão acesso a alguns questionários propostos, no entanto, eles<br />

po<strong>de</strong>m ser adaptados às realida<strong>de</strong>s locais e às questões que o grupo <strong>de</strong> jovens julga necessário<br />

investigar.<br />

Antes <strong>de</strong> iniciarem o trabalho <strong>de</strong> campo <strong>de</strong>verão realizar alguns ensaios e testes com os<br />

questionários. Vocês po<strong>de</strong>m realizar esses testes e ensaios entre o próprio grupo <strong>de</strong> jovens e com os<br />

familiares <strong>de</strong> cada um. Po<strong>de</strong> parecer fácil, mas a aplicação <strong>de</strong> um questionário requer alguns<br />

cuidados que se não forem tomados po<strong>de</strong>m comprometer a confiabilida<strong>de</strong> da pesquisa.<br />

Veja algumas orientações e cuidados que <strong>de</strong>vem ser tomados ao aplicarem um questionário com<br />

moradores locais:<br />

Apresentação: De preferência saiam em duplas <strong>de</strong> jovens, enquanto um faz a conversa o outro<br />

vai anotando as respostas. Expliquem pausadamente os objetivos da pesquisa e solicitem a<br />

colaboração do entrevistado. Informem que são um grupo <strong>de</strong> jovens entrevistando pessoas, tentando<br />

conhecer um pouco mais o bairro, sua história, seus moradores e o que pensam as pessoas que


moram ali. Digam que estão ouvindo um pouco <strong>de</strong> cada grupo: homens, mulheres, jovens, pessoal<br />

da escola, pessoal da igreja, etc. Vamos juntar tudo o que essas pessoas disserem mais o que o Sr.(a)<br />

vai dizer e <strong>de</strong>pois mostrar os resultados para as escolas, a Associação <strong>de</strong> Moradores e a<br />

comunida<strong>de</strong>. Por isso, tudo o que o Sr.(a) contar vai ser importante para muita gente.<br />

Cuidados durante a entrevista (trabalho <strong>de</strong> campo): Lembrar que a entrevista é uma<br />

conversa aberta, mas orientada por um objetivo. Existe uma "agenda oculta” que direciona o<br />

rumo da conversa por meio das perguntas em cada questão. As respostas serão assinaladas só<br />

pelo pesquisador.<br />

❍ Ficar atento para a contaminação das respostas: fixar a atenção no entrevistado principal;<br />

lembrando sempre que é o ponto <strong>de</strong> vista do entrevistado que interessa. No caso <strong>de</strong> estarem<br />

conversando com um casal, focalizar um dos dois e perguntar sempre para a mesma pessoa.<br />

❍ Tomar cuidado para não emitir juízos <strong>de</strong> valor durante a entrevista, evitando exercer qualquer<br />

influência sobre as respostas dadas. Os valores e opiniões do entrevistado é que interessam.<br />

❍ Criar um clima <strong>de</strong> cordialida<strong>de</strong> e simpatia. Conduzir a entrevista calmamente. Insistir sem forçar<br />

as respostas.<br />

❍ O entrevistador precisa suportar os silêncios. Não induzir respostas. Diante <strong>de</strong> respostas vagas<br />

ou “não sei”, tentar ajudar o entrevistado. Po<strong>de</strong> ser que o entrevistado nunca tenha pensado antes<br />

nessa questão e precise <strong>de</strong> uma ajuda para organizar o pensamento e dar uma opinião.<br />

❍ Estar atento às fantasias e temores dos entrevistados: algumas vezes o entrevistado po<strong>de</strong> imaginar<br />

que o entrevistador mantém vínculos com alguma instituição ou pessoa que po<strong>de</strong>ria prejudicá-lo;<br />

outras vezes, o entrevistado po<strong>de</strong> imaginar que suas queixas vão resolver seus problemas (porque<br />

o entrevistador é representante do governo); situações <strong>de</strong>ste tipo pe<strong>de</strong>m que o entrevistador<br />

retome a finalida<strong>de</strong> do trabalho, dando os esclarecimentos necessários.<br />

❍ Reforçar sempre a importância da opinião do entrevistado.<br />

❍<br />

Não esquecer <strong>de</strong> reler e assinalar todas as respostas do questionário logo após sua conclusão,<br />

incluindo o registro das circunstâncias em que foi feito (como chegou até ele, como foi recebido,<br />

o que aconteceu durante a entrevista...) Isto vale, inclusive, para os casos em que a entrevista não<br />

<strong>de</strong>slanchou, porque o entrevistado se recusou a falar, <strong>de</strong>u uma <strong>de</strong>sculpa, estava embriagado, etc.<br />

Não se esqueçam <strong>de</strong> numerar sequencialmente todos os questionários, distribuir uma cota para<br />

cada dupla e combinar os prazos para entrega dos instrumentais (questionários).<br />

A tabulação e processamento das informações po<strong>de</strong>m ser realizados <strong>de</strong> maneira manual ou por<br />

meio <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> computador. No caso <strong>de</strong> entrevistarem uma amostra pequena <strong>de</strong> 100 jovens<br />

da comunida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> um questionário com poucas questões, vocês po<strong>de</strong>m fazer a tabulação<br />

manualmente, inclusive para se apropriarem da construção <strong>de</strong> tabelas e <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong><br />

gráficos (pizza, torre, dispersão, entre outros). No caso <strong>de</strong> entrevistarem todos os chefes <strong>de</strong><br />

domicílios da comunida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> um questionário que preten<strong>de</strong> estudar o perfil<br />

socioeconômico das famílias, será preciso construir um banco <strong>de</strong> dados que armazene as<br />

107<br />

17


17<br />

108<br />

informações coletadas. Isso po<strong>de</strong> ser feito com a ajuda <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> computador chamado<br />

Excel, on<strong>de</strong> você insere as informações <strong>de</strong> cada um dos questionários aplicados, para <strong>de</strong>pois<br />

calcular quantos respon<strong>de</strong>ram cada alternativa. Vocês po<strong>de</strong>m verificar, por exemplo, que 70% dos<br />

chefes <strong>de</strong> domicílio <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> são provenientes <strong>de</strong> outras regiões do país, ou ainda,<br />

constatar que 20% dos chefes do domicílio concluíram o ensino fundamental I.<br />

A última fase <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong>sse tipo é a análise, interpretação e apresentação dos resultados.<br />

É hora <strong>de</strong> fazer uma análise <strong>de</strong>scritiva das informações e <strong>de</strong>stacar aquilo que é mais comum ou mais<br />

discrepante. É hora <strong>de</strong> estudar o conjunto das informações coletadas. Por exemplo: por que a maioria<br />

dos chefes <strong>de</strong> domicílio está <strong>de</strong>sempregada?; Porque boa parte dos jovens não se interessa pelas<br />

questões sociais? Por que as crianças pequenas ficam em casa enquanto os responsáveis saem para<br />

trabalhar? Por que as pessoas assistem mais televisão do que lêem jornais?<br />

Muitas vezes, encontramos dados importantes em análises feitas por meio <strong>de</strong> cruzamentos <strong>de</strong><br />

duas ou mais perguntas principalmente as que consi<strong>de</strong>ram as respostas <strong>de</strong> homens e mulheres,<br />

jovens/adultos/idosos e pessoas com diferentes escolarida<strong>de</strong>s. Por exemplo, a tabulação <strong>de</strong> uma<br />

pergunta que avalia a participação das pessoas em projetos culturais, esportivos e<br />

profissionalizantes. A hipótese inicial é que a opinião dos entrevistados varia em função do sexo,<br />

da ida<strong>de</strong> e da escolarida<strong>de</strong> dos entrevistados. Só cruzamento <strong>de</strong>ssas perguntas po<strong>de</strong> reafirmar ou<br />

contradizer as hipóteses iniciais.<br />

Após a realização da etapa <strong>de</strong> campo e tabulação da pesquisa os jovens do Observatório<br />

Social <strong>de</strong>vem compartilhar as informações coletadas e as interpretações realizadas, por meio <strong>de</strong><br />

encontros, com os <strong>de</strong>mais jovens da comunida<strong>de</strong>, com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços públicos local, com <strong>de</strong>mais<br />

organizações não governamentais e privadas existentes no território.<br />

Depois <strong>de</strong> tornarem públicos e discutirem os resultados das pesquisas realizadas com as<br />

diferentes organizações locais, os jovens do Observatório estarão empo<strong>de</strong>rados para proporem<br />

projetos <strong>de</strong> intervenções no território que transformem positivamente a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas<br />

comunida<strong>de</strong>s locais.<br />

Orientações e Propostas para o Encontro<br />

Objetivo:<br />

Aprofundar com os jovens as diferentes fases <strong>de</strong> uma pesquisa: <strong>de</strong>finição do tema da pesquisa;<br />

da i<strong>de</strong>ntificação da população e da amostra; da elaboração do questionário; do planejamento e<br />

execução do trabalho <strong>de</strong> campo; da tabulação e processamento dos dados; e da análise,<br />

interpretação e apresentação dos resultados. Discutir com os jovens: pesquisa qualitativa/pesquisa<br />

quantitativa, questões abertas/fechadas e trabalho <strong>de</strong> campo.<br />

Material Necessário<br />

Flip chart, papéis, canetas, fita crepe, pranchetas.


Aquecimento intencional “Entre vistas no grupo”<br />

Peça para cada jovem <strong>de</strong>screver em uma folha <strong>de</strong> papel “sua música preferida”, “a comida que<br />

mais gosta”, “o melhor filme que já viu”, “a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lazer preferida”. Peça que fixem o papel<br />

no peito e an<strong>de</strong>m pela sala observando as preferências dos outros jovens. Formem duplas<br />

consi<strong>de</strong>rando a “proximida<strong>de</strong>” das preferências. Cada jovem entrevista o outro, anotando todas as<br />

informações em um papel, <strong>de</strong> modo a conhecer outras preferências, escolhas, posicionamentos,<br />

crenças e características do entrevistado. Instrua-os a colherem o maior número <strong>de</strong> informações sobre<br />

o outro e registrarem o conteúdo das entrevistas.<br />

Após a entrevista cada um apresenta seu entrevistado para o grupo. Investigue com os jovens se<br />

suas hipóteses se confirmaram, ou seja, se aquilo que imaginaram do outro foi <strong>de</strong> alguma maneira<br />

confirmado pelo outro.<br />

Apresentação e Aproximação “Primeira expedição Investigativa”<br />

Proponha que cada jovem seja um Marco Pólo que irá fazer uma “viajem”, uma expedição <strong>de</strong><br />

reconhecimento pelos vários lugares do bairro para trazer informações, <strong>de</strong>scrições e relatos sobre<br />

os lugares. O objetivo é fotografar, filmar e conversar com diferentes pessoas da comunida<strong>de</strong>.<br />

Não se preocupe com a elaboração <strong>de</strong> instrumentais <strong>de</strong> pesquisas, vocês terão oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

discuti-los e elabora-los nos próximos encontros. Nesse momento, trata-se <strong>de</strong> uma primeira<br />

aproximação com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e reconhecer como os espaços são geridos e ocupados<br />

na comunida<strong>de</strong>.<br />

Divida os jovens em seis subgrupos dividindo as responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um:<br />

Os “Escribas” – São os jovens que fazem o registro <strong>de</strong> todas as coisas e fatos que acontecem na<br />

expedição investigativa<br />

Os “Timoneiros” – São os jovens que cuidam do planejamento (organização, infra-estrutura,<br />

horários e trajetos). Além disso, apresentam o “grupo” para as pessoas da comunida<strong>de</strong>.<br />

Os “Caçadores” – São os jovens que buscam capturar, apreen<strong>de</strong>r os usos, práticas e relações<br />

que acontecem no território.<br />

Os “Piratas” – São os jovens que procuram olhar e apontar para os outros usos e práticas<br />

possíveis nos espaços visitados.<br />

Os “Batedores” – São os jovens que recolhem informações a respeito da história e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

dos lugares visitados.<br />

Os “Terra a vista” – São os jovens que ficam atentos aos trajetos percorridos, que coisas<br />

existem pelo caminho que liga os diferentes lugares. As práticas e relações que acontecem nesses<br />

caminhos.<br />

Ativida<strong>de</strong> elaborada por: Helena F. Correa, Edson Martins, Aline S. Andra<strong>de</strong> e Alexandre Isaac.<br />

109<br />

17


17<br />

110<br />

Esse processo fornecerá a você e aos jovens um material precioso para a fomentação <strong>de</strong> futuras<br />

investigações e análises. A idéia é que eles possam, <strong>de</strong>pois da “expedição investigativa”, se<br />

apropriar melhor do universo da comunida<strong>de</strong> alterando suas maneiras <strong>de</strong> ver, sentir, pensar e<br />

perceber seu entorno. Fundamentalmente, esse processo, <strong>de</strong>safia os jovens a <strong>de</strong>sejarem conhecer<br />

melhor suas comunida<strong>de</strong>s. Objetivo central do Projeto “Observatório <strong>de</strong> Jovens”<br />

Leitura do texto “PesquisAção II”<br />

A leitura e entendimento <strong>de</strong>sse texto são centrais para o sucesso da próxima etapa, on<strong>de</strong> os<br />

jovens vão discutir os instrumentais <strong>de</strong> pesquisa para serem aplicados nos diferentes segmentos<br />

populacionais. Trata-se <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> instrumentais que você compartilhará com os jovens<br />

a<strong>de</strong>quando às realida<strong>de</strong>s locais e aos interesses investigativos dos jovens.<br />

Além disso, nos próximos encontros você não terá acesso ao conjunto <strong>de</strong> orientações e propostas<br />

que subsidiam seus encontros com os jovens. É o momento <strong>de</strong> implementação do trabalho <strong>de</strong> campo.<br />

Impressões e Avaliações<br />

Nos próximos encontros as discussões com os jovens serão mais exigentes do ponto <strong>de</strong> vista do<br />

compromisso dos jovens com relação a execução das pesquisas comunitárias. Além <strong>de</strong> fazer<br />

costumeiramente as avaliações <strong>de</strong> cada encontro, peça aos jovens para falarem <strong>de</strong> suas expectativas<br />

com relação a nova etapa do projeto. Procure no “baú <strong>de</strong> saberes” uma bela poesia, conto ou<br />

canção para compartilhar com os jovens.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Indicadores da Qualida<strong>de</strong> na Educação. Ação Educativa, Unicef, Pnud, Inep - MEC. São Paulo: 2004.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Feliz Ano Velho (1988, dir. Roberto Geritz, dur. 80') - Mário dá a<strong>de</strong>us à sua adolescência ao mergulhar e<br />

bater a cabeça em uma pedra no fundo <strong>de</strong> um lago. Descobre <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta experiência uma nova força<br />

para viver.<br />

Sites<br />

Organização Brasileira da Juventu<strong>de</strong> - www.obj.org.br


PESQUISAÇÃO III - Entrevistando chefes <strong>de</strong> domicílios<br />

111<br />

18


18<br />

112<br />

Depois <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificarem e estudarem as diferentes fases <strong>de</strong> uma pesquisa é hora <strong>de</strong> iniciarem<br />

o trabalho <strong>de</strong> campo. Vocês já estão capacitados para <strong>de</strong>finirem o tema <strong>de</strong> uma pesquisa, i<strong>de</strong>ntificar<br />

a população e a amostra e elaborarem um questionário. Vocês po<strong>de</strong>m usar como base um<br />

questionário para ser aplicado com os responsáveis e chefes <strong>de</strong> domicílios <strong>de</strong> suas<br />

comunida<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong>m entrevistar todos os chefes <strong>de</strong> domicílio da comunida<strong>de</strong> ou selecionarem<br />

uma amostra representativa.<br />

O período <strong>de</strong> realização <strong>de</strong>ssa pesquisa vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do número <strong>de</strong> questionários aplicados e<br />

da tabulação, processamento, análise e divulgação das informações.<br />

Data / / Entrevistador<br />

1. Nome do responsável pelo domicílio:<br />

2. En<strong>de</strong>reço:<br />

3.Há quanto tempo vive nesta área? Local <strong>de</strong> origem<br />

4. Estado civil:<br />

❍ ❍ ❍ ❍<br />

Ida<strong>de</strong>: Gênero: M F<br />

Solteiro Casado/mora junto Separado/divorciado Viúvo<br />

5. Grau <strong>de</strong> instrução?<br />

❍<br />

❍<br />

Não alfabetizado<br />

Sabe ler e escrever<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

Fundamental I - 1a a 4a série Completo Incompleto<br />

Fundamental II - 5a a 8a série Completo Incompleto<br />

Médio - 1o a 3o colegial Completo Incompleto<br />

Universitário Completo Incompleto<br />

Outros<br />

6. Trabalhando? Renda: R$<br />

❍<br />

❍<br />

Sim Não<br />

7. Qual a sua profissão/ocupação? Setor<br />

8. Recebe algum benefício? Governamental Instituições Sociais Outros R$<br />

9. Condições da moradia<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

Apartamento Moradia <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira/outros materiais Casa <strong>de</strong> alvenaria<br />

Conj.hab. Favela Alojamento<br />

❍ ❍


Nome<br />

Características do terreno<br />

Esta moradia é: Declivida<strong>de</strong> acentuada Risco Nda<br />

Própria Alugada Cedida<br />

❍ ❍ ❍<br />

Cômodos na casa:<br />

1 a 2 3 a 5 mais <strong>de</strong> 5<br />

❍ ❍ ❍<br />

Abastecimento <strong>de</strong> água<br />

Re<strong>de</strong> oficial Emprestada Sem abastecimento Poço Desviada<br />

❍ ❍ ❍ ❍ ❍<br />

Energia elétrica<br />

Re<strong>de</strong> oficial Emprestada Sem acesso Puxada (<strong>de</strong>sviada)<br />

❍ ❍ ❍ ❍<br />

Destino do esgoto<br />

Re<strong>de</strong> Fossa Céu aberto Encanado não oficial<br />

❍ ❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

Banheiro exclusivo Banheiro coletivo Interno Externo<br />

Cozinha exclusiva Cozinha coletiva<br />

Coleta <strong>de</strong> lixo Sim Não<br />

Freqüência: 1x/sem 2x/sem 3x/sem outra<br />

Grau <strong>de</strong> parentesco<br />

com o responsável<br />

❍ ❍ ❍<br />

Quadro <strong>de</strong> Arranjo do Grupo Familiar<br />

Ida<strong>de</strong> Sexo<br />

Escolarida<strong>de</strong><br />

Trabalhando<br />

Se for criança/adolecente. Profissão/<br />

Informar a série, ocupação<br />

mesmo se fora da escola.<br />

SIM NÃO<br />

❍ ❍<br />

Setor/bairro do<br />

emprego/trabalho<br />

Possui documentos<br />

Em caso negativo<br />

informar qual<br />

não possui<br />

Outros rendimentos da família: Cesta Básica Programas Sociais Governamentais Ajuda financeira <strong>de</strong> Instituições Sociais Valor R$<br />

Outras formas <strong>de</strong> sobrevivência (caso a família não tenha nenhuma renda):<br />

Quais os principais problemas da Comunida<strong>de</strong>?<br />

Dê o número 1 para o mais importante até o nº.5 Alguém da família tem alguma participação social-comunitária<br />

Habitação Transporte outros Sim Qual<br />

Emprego Limpeza pública Não. Por quê:<br />

Saú<strong>de</strong> Segurança não conhece nenhuma<br />

Lazer Drogas busca soluções sozinho<br />

Escola Álcool não acredita que resolva<br />

: outro motivo:<br />

Indique 3 qualida<strong>de</strong>s positivas que você enxerga na Comunida<strong>de</strong><br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍❍❍❍<br />

❍<br />

Renda<br />

113<br />

18


19<br />

114<br />

PESQUISAÇÃO IV - Entrevistando jovens, adultos e idosos


Depois <strong>de</strong> realizarem a pesquisa com os chefes <strong>de</strong> domicílio e interpretarem as informações<br />

provenientes da tabulação dos dados, vocês po<strong>de</strong>m aplicar um novo questionário em segmentos<br />

populacionais <strong>de</strong>finidos: jovens <strong>de</strong> 15 a 24 anos, adultos <strong>de</strong> 25 a 60 anos e idosos acima <strong>de</strong> 60<br />

anos. Esta é uma proposta que <strong>de</strong>ve ser discutida no seu grupo <strong>de</strong> jovens para <strong>de</strong>pois realizarem o<br />

trabalho <strong>de</strong> campo, vocês po<strong>de</strong>m ainda selecionar apenas algumas questões das que foram<br />

propostas. É aconselhável entrevistar o mesmo número <strong>de</strong> jovens, adultos e idosos. Exemplo: 50<br />

questionários para cada segmento populacional<br />

Nome do pesquisador Data / /<br />

Nome do entrevistado<br />

En<strong>de</strong>reço<br />

Ida<strong>de</strong> anos Sexo: Masc Fem<br />

1. Você sabe fazer alguma coisa, tem alguma habilida<strong>de</strong> ou conhecimento que não aplica ao trabalho?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Artesanato O que?<br />

Música O que?<br />

Dança Qual?<br />

Arte O que?<br />

Poesia<br />

Outros<br />

Não sabe (Pule para a questão 3)<br />

2. Como você usa essas habilida<strong>de</strong>s?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Para ampliar seus relacionamentos sociais<br />

Para se distrair, se divertir<br />

Para ganhar um dinheiro extra<br />

3. Você tem tradições ou costumes familiares ou do seu local <strong>de</strong> origem?<br />

❍<br />

❍<br />

Não<br />

Sim Quais?<br />

Costuma praticá-los?<br />

Não Por quê?<br />

Sim Como?<br />

4. Você gostaria <strong>de</strong> fazer algum curso ou ter algum conhecimento em alguma área ou freqüentar alguma oficina<br />

cultural?<br />

❍<br />

❍<br />

Sim Qual?<br />

Não (Pule para a questão 6)<br />

5. Você sabe on<strong>de</strong> encontrar alguma escola ou organização que ofereça o conhecimento que você <strong>de</strong>seja?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Sim On<strong>de</strong>?<br />

Não<br />

❍ ❍<br />

115<br />

19


19<br />

116<br />

6. Você se consi<strong>de</strong>ra uma pessoa criativa? (Você inventa soluções diferentes para resolver as coisas ou<br />

faz tudo sempre do mesmo jeito?)<br />

Sim<br />

Não<br />

❍<br />

❍<br />

7. Você acha que tem oportunida<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>senvolver sua criativida<strong>de</strong>?<br />

❍<br />

❍<br />

Sim<br />

Não<br />

8. Tem alguma coisa que você quer comprar? Exemplo: imóveis, veículos, eletrodomésticos, objetos pessoais.<br />

❍<br />

❍<br />

Sim<br />

Não<br />

9. Quando você quer comprar uma coisa com custo mais alto você tem facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer financiamen-<br />

to ou crediário?<br />

Sim, tem facilida<strong>de</strong><br />

Encontra dificulda<strong>de</strong>s<br />

Não consegue crédito<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

10. Você se consi<strong>de</strong>ra uma pessoa com liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha sobre os rumos <strong>de</strong> sua vida?<br />

❍<br />

❍<br />

Sim (Pule para a questão 12)<br />

Não<br />

11. Em caso negativo, o que impe<strong>de</strong>?<br />

12. Você acha que sua vida é:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Boa, com muitas realizações<br />

Ruim, porque não alcançou seus <strong>de</strong>sejos nem acha que vai alcançá-los<br />

Boa, com algumas realizações<br />

Ainda tem muito por alcançar e acha que vai conseguir<br />

13. De quem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a realização <strong>de</strong> seus sonhos?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

De você mesmo<br />

De você e <strong>de</strong> seus familiares<br />

De você e da socieda<strong>de</strong><br />

Do governo<br />

Das pessoas com quem você convive<br />

De Deus


14. Qual o seu sonho pessoal para realizar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 5 anos?<br />

15. Como você se sente com relação aos seguintes aspectos <strong>de</strong> sua vida:<br />

Segurança física/ambiental<br />

Segurança no atendimento à saú<strong>de</strong><br />

Segurança em relação à moradia<br />

Segurança em relação ao trabalho<br />

Segurança em relação à alimentação<br />

Segurança em relação ao lazer/diversão<br />

16. Como você sonha esta comunida<strong>de</strong> daqui a 5 anos?<br />

Muito bem Bem Mal Muito mal<br />

17. Até que ponto o governo tem a ver com a satisfação <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Tudo a ver<br />

Nada a ver<br />

Pequena parcela <strong>de</strong> participação<br />

18. Você conhece nessa vizinhança crianças que ficam sozinhas em casa enquanto seus pais saem para<br />

trabalhar?<br />

Sim<br />

Não<br />

❍ ❍<br />

19. Você consi<strong>de</strong>ra que as crianças correm risco em função disso?<br />

❍ ❍<br />

Sim Tanto faz<br />

Não Nunca pensou nisso<br />

20. Você consi<strong>de</strong>ra:<br />

❍ ❍<br />

a) Que a rua oferece sérios perigos às crianças<br />

b) Que as crianças já estão tão acostumadas<br />

com a rua que já não correm tanto perigo<br />

c) Que não há espaço para ficar <strong>de</strong>ntro das casas,<br />

então o melhor jeito é ficar na rua<br />

21. Você consi<strong>de</strong>ra que os jovens <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong>:<br />

Têm boa participação social comunitária<br />

Têm <strong>de</strong>sejos e sonhos importantes para eles<br />

e para a comunida<strong>de</strong><br />

São agressivos, irresponsáveis e não pensam no futuro<br />

Têm um comportamento positivo<br />

Têm o apoio social necessário para se <strong>de</strong>senvolverem<br />

como cidadãos (cidadão: aquele que consegue ter<br />

seus direitos respeitados e assumir suas responsabilida<strong>de</strong>s)<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Concordo Discordo<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Concordo Discordo Mais ou menos<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

117<br />

19


19<br />

118<br />

22. Qual a sua opinião sobre os jovens <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong>?<br />

23. Você consi<strong>de</strong>ra o ambiente físico no qual você vive:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Saudável, sem riscos<br />

Desprotegido, com muitos riscos à saú<strong>de</strong><br />

Com alguns riscos, mas saudável<br />

24. Você conhece nesta vizinhança crianças que trabalham?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Sim<br />

Não<br />

Não sabe<br />

25. Quando as pessoas da sua família adoecem, on<strong>de</strong> buscam atendimento?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> Recursos espirituais<br />

Hospital Serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> particulares<br />

Pronto socorro Convênio médico<br />

Farmácia Não tomam qualquer atitu<strong>de</strong><br />

Receitas caseiras Procura o serviço público mas não consegue atendimento<br />

26. Você vai ao médico para fazer exames <strong>de</strong> rotina, mesmo quando não está doente?<br />

❍<br />

❍<br />

Sim<br />

Não<br />

27. Você conhece os serviços que o Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Comunida<strong>de</strong> oferece?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Consulta médica para adultos Vacinação<br />

Consulta médica para crianças Dentista<br />

Orientação sobre planejamento familiar Não conhece nenhum<br />

28. Quem você procura quando quer <strong>de</strong>sabafar, conversar?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Familiares Profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Parentes Apoio espiritual/ religioso<br />

Vizinhos Outros<br />

Amigos<br />

29. Você consi<strong>de</strong>ra suas relações familiares:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Seguras Agressivas<br />

Responsáveis Descuidadas<br />

Afetivas Indiferentes<br />

30. Você consi<strong>de</strong>ra que os idosos <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> recebem:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Alguma proteção e cuidado<br />

Nenhuma proteção e cuidado<br />

Há preocupação, mas isso não resulta em cuidado.


31. Você tem alguma religião?<br />

Não<br />

Sim Qual? Católica Espírita Budismo<br />

Protestante Candomblé/umbanda Testemunha <strong>de</strong> Jeová<br />

Evangélica Fé espiritualista, sem religião Outra:<br />

32. Como você se informa sobre o que está acontecendo? (No bairro, na cida<strong>de</strong>, no mundo)<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

TV Internet Conversa com amigos<br />

Rádio Organizações sociais Não procura informação<br />

Jornal/ revista Outros:<br />

33. O que você mais gosta <strong>de</strong> fazer para se divertir? (Questão <strong>de</strong> múltipla escolha)<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Praticar esportes Encontrar amigos Ir a parques<br />

Ver TV Ouvir música Outros:<br />

Ler Ir ao shopping<br />

Visitar parentes Ir ao teatro<br />

34. Você participa <strong>de</strong> algum grupo da comunida<strong>de</strong>?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Associação <strong>de</strong> moradores Grupo <strong>de</strong> jovens Organização social<br />

Grupo <strong>de</strong> mulheres Partido político Outro:<br />

Movimento reivindicatório Grupos religiosos<br />

Conselhos/fóruns Associação <strong>de</strong> pais e mestres Nenhum<br />

35. Quem na sua opinião po<strong>de</strong> resolver os problemas do seu bairro e da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Po<strong>de</strong>r público: Prefeitura, Estado, União<br />

Comunida<strong>de</strong> organizada<br />

As pessoas individualmente<br />

Outro:<br />

Ninguém<br />

36. Quando você nota algum problema mais grave no bairro e é convidado a participar <strong>de</strong> alguma reunião com<br />

os moradores, como você reage?<br />

Aten<strong>de</strong> ao convite e vai à reunião<br />

Não participa porque pensa que não adianta nada<br />

Só participa se o problema estiver afetando você diretamente<br />

Não participa porque não tem tempo<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

Observações:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

119<br />

19


20<br />

120<br />

PESQUISAÇÃO V - A opinião dos jovens


Estamos propondo agora uma pesquisa exclusivamente com o público jovem <strong>de</strong> sua<br />

comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua escola. Essas questões foram adaptadas pelos jovens do “Observatório <strong>de</strong><br />

Jovens - Real Panorama da Comunida<strong>de</strong>”, a partir <strong>de</strong> uma pesquisa chamada “A voz dos<br />

adolescentes” coor<strong>de</strong>nada por um grupo <strong>de</strong> sociólogos, estatísticos, cientistas políticos e jornalistas<br />

ligados ao Unicef - Fundo das Nações Unidas para Infância. A faixa etária escolhida foram os jovens<br />

<strong>de</strong> 15 a 24 anos das comunida<strong>de</strong>s do Real Parque e Jardim Panorama, da zona sul <strong>de</strong> São Paulo.<br />

São questões que preten<strong>de</strong>m investigar a opinião dos jovens a propósito <strong>de</strong> diferentes temas como:<br />

a escola, trabalho e escola, sonhos expectativas e <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> futuro, pobreza e violência, política,<br />

esporte, lazer e cultura.<br />

Vocês po<strong>de</strong>m entrevistar 500 jovens, sendo 50 questionários para cada uma das ida<strong>de</strong>s da faixa<br />

etária escolhida ( 50 questionários para a faixa etária <strong>de</strong> 15 anos, 50 questionários para a faixa<br />

etária <strong>de</strong> 16 anos e assim por diante até 24 anos), <strong>de</strong>sses 50 questionários <strong>de</strong>vem manter a<br />

proporção <strong>de</strong> 25 do gênero masculino e 25 do gênero feminino.<br />

Nome do Jovem ida<strong>de</strong> gênero M F<br />

En<strong>de</strong>reço<br />

1. Tem filhos? 2. Freqüenta escola:<br />

❍<br />

❍<br />

Sim Quantos: Sim<br />

Não Não<br />

3. a) Grau <strong>de</strong> instrução:<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Não alfabetizado Médio completo incompleto<br />

Fundamental I – 1ª a 4ª séries Universitário<br />

Fundamental II – 5ª a 8ª séries<br />

b) Local e nome da escola:<br />

4. a)Está trabalhando? Se trabalha. Em que trabalha/ocupação:<br />

❍<br />

❍<br />

Sim Formal<br />

Não Informal<br />

b) O que você <strong>de</strong>seja para seu futuro profissional?<br />

5. Quem você consi<strong>de</strong>ra mais responsável pela garantia dos seus direitos e da sua formação pessoal ?<br />

bem-estar? Duas alternativas<br />

Família Governo<br />

Escola Polícia<br />

Igreja Partidos políticos<br />

Comunida<strong>de</strong> Outros<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍<br />

121<br />

20


20<br />

122<br />

6. Em que momento você está mais feliz :<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Está com a família ❍ Está namorando<br />

Está com amigos ❍ Outros<br />

Está na escola<br />

7. Em que momento você está mais infeliz ?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Briga com a família ❍ Vai mal na escola<br />

Vê pessoas sofrendo ❍ A família está em dificulda<strong>de</strong>s financeiras<br />

Briga com namorada (o) e amigos ❍ Outros<br />

8. Como está a sua relação com seus familiares?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Boa, pois são seguras e afetivas<br />

Normal, pois existem momentos <strong>de</strong> alegrias, dificulda<strong>de</strong>s e tristezas<br />

Difícil, pois são frias, indiferentes e falta diálogo<br />

Ruim, pois são <strong>de</strong>scuidadas e agressivas<br />

9. Como foi ou está sua relação com os professores?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Boa, baseada na compreensão, aprendizagem e respeito<br />

Normal, com problemas específicos com alguns professores<br />

Difícil, pois falta diálogo<br />

Ruim, pois a maioria dos professores são autoritários<br />

10. Porque você acha que a Escola é importante para socieda<strong>de</strong>?<br />

11. Com relação as ativida<strong>de</strong>s na escola: SIM NÃO<br />

São importantes para seu futuro profissional<br />

Te ajuda a compreen<strong>de</strong>r melhor a socieda<strong>de</strong> e o mundo<br />

São distantes da sua vida, sem utilida<strong>de</strong> prática<br />

Ajuda na formação <strong>de</strong> um jovem crítico, participativo e criativo<br />

12. Você acha que trabalhar prejudica os estudos?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

Sim<br />

Não<br />

Por quê?<br />

13.a) Você já abandonou a escola pelo trabalho? b) Você já abandonou a escola por um outro motivo?<br />

❍ Sim ❍ Sim<br />

❍ Não ❍ Não<br />

❍ Por quê? ❍ Por quê?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />


14. Com relação ao hábito da leitura<br />

❍ ❍<br />

Não costuma ler Lê com freqüência<br />

Lê ocasionalmente Só lê por obrigação<br />

15. Qual seu tipo <strong>de</strong> leitura preferido?<br />

Gibi, quadrinhos Romance Cultura<br />

Esportes Aventura Outros<br />

Poesia Policial Nenhuma<br />

16. Você lê jornal ou revista ?<br />

Sempre As vezes Nunca<br />

17. O que você acha dos programas <strong>de</strong> TV?<br />

Entretenimento e diversão Educativos Manipuladores<br />

Informativo Religiosos<br />

18. Quais são seus programas <strong>de</strong> TV preferidos? Duas alternativas.<br />

Filmes Esporte Reality Show (BBB)<br />

Novelas Jornal Entrevistas<br />

Minisséries Programa <strong>de</strong> música Cultura<br />

Desenho Programa <strong>de</strong> auditório Outros<br />

19. Dentre as opções <strong>de</strong> lazer quais são as suas preferidas? Escolher 3<br />

Assistir TV Passear ou ficar na rua Lê livros ou revistas<br />

Ir a bares Jogar jogos eletrônicos e fliperama Namorar<br />

Praticar esportes Divertir com o computador Navegar na internet<br />

Ir ao Cinema Ouve música Outros<br />

Freqüentar a casa <strong>de</strong> amigos e parentes<br />

20. Você vai á apresentação <strong>de</strong> teatro?<br />

Nunca fui Até três vezes Algumas vezes<br />

21. a) Você vai ao Cinema<br />

Nunca fui Algumas vezes 1 vez por mês<br />

Até três vezes 1 vez por ano Sempre<br />

b) On<strong>de</strong> você freqüenta?<br />

22. a) Você tem acesso a internet?<br />

Sim Não Pule para 24<br />

b) On<strong>de</strong> você freqüenta?<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

123<br />

20


20<br />

124<br />

23. Qual o local <strong>de</strong> acesso?<br />

Em seu próprio computador No computador <strong>de</strong> amigos Na escola / Ong<br />

No computador <strong>de</strong> alguém da família No trabalho Em locais pagos<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

24. Você acha sua cida<strong>de</strong> violenta?<br />

Sim Não pule para a 26<br />

❍ ❍<br />

25. Quais as maiores evidências que revelam que nossa cida<strong>de</strong> é violenta? Duas alternativas<br />

Seqüestros, assassinatos e assaltos Desemprego Falta <strong>de</strong> policiais<br />

Trafico <strong>de</strong> drogas Desigualda<strong>de</strong> social<br />

Facilida<strong>de</strong> na compra <strong>de</strong> armas Falta <strong>de</strong> educação e cultura<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

26. Você acha que os partidos políticos são importantes para socieda<strong>de</strong>?<br />

Sim Não<br />

Por quê?<br />

❍ ❍<br />

27. Você acha que a polícia é importante para socieda<strong>de</strong>?<br />

Sim Não<br />

Por quê?<br />

❍ ❍<br />

28. Você acha que a Igreja é importante para socieda<strong>de</strong>?<br />

Sim Não<br />

Por quê?<br />

❍ ❍<br />

29. Quais os principais problemas enfrentados pela nossa comunida<strong>de</strong> hoje?<br />

Gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada Lixo Movimentos Femininos<br />

Natalida<strong>de</strong> Água Direitos Humanos<br />

Melhora no atendimento da saú<strong>de</strong> Habitação Outros<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

30. O que você já fez para transformar a sua comunida<strong>de</strong>?<br />

31. Qual o seu projeto <strong>de</strong> vida?<br />

Cursar uma ou mais faculda<strong>de</strong>s Constituir uma família Outro, qual:<br />

Encontrar uma pessoa especial Ser famoso<br />

Ter uma profissão Sair da favela<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

32. Você acha que os jovens são preconceituosos?<br />

Sim Não<br />

Por quê?<br />

❍ ❍<br />

33. Qual o preconceito que você consi<strong>de</strong>ra maior entre os jovens?<br />

Gênero Portador <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência Sexualida<strong>de</strong><br />

Etnia Portador <strong>de</strong> doenças?Câncer/Aids Tribo <strong>de</strong> Jovens<br />

Classe Social Religioso Outros<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />


PESQUISAÇÃO VI<br />

Uma pesquisa qualitativa sobre a história do lugar<br />

125<br />

21


21<br />

A história não é só o que já<br />

aconteceu muito tempo atrás,<br />

mas também o que está<br />

acontecendo agora.<br />

126<br />

Vavi Pacheco Borges<br />

Um homem não toma banho<br />

duas vezes no mesmo rio.<br />

Porque da segunda vez<br />

não será o mesmo homem e<br />

nem estará se banhando<br />

no mesmo rio – ambos<br />

terão mudado.<br />

Heráclito <strong>de</strong> Éfeso<br />

(pensador grego que viveu<br />

nos anos 500 a.C.)<br />

Como vocês viram anteriormente uma pesquisa qualitativa é aquela em que os entrevistados<br />

são estimulados a pensar e falar livremente sobre algum tema. Nesse encontro estamos propondo<br />

uma pesquisa com moradores antigos para investigar aspectos da história do nosso lugar.<br />

Vocês <strong>de</strong>vem pedir autorização para gravar e até filmar esses encontros para <strong>de</strong>pois analisarem as<br />

opiniões e comentários que surgiram.<br />

Como pesquisadores que já são, <strong>de</strong>vem estar se perguntando por que investigar a história do<br />

lugar? “História” é uma palavra <strong>de</strong> origem grega que quer dizer “investigação”, “pesquisa” e<br />

“informação”. Lançar um olhar para a história significa sempre fazer as perguntas: O quê?<br />

Quando? Como? Por que? Para que? Lembre-se que a história <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> um país, é escrita por todos e não somente por heróis ou pessoas famosas. Todos têm a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar, mesmo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites, a sua história pessoal, a história da comunida<strong>de</strong> e<br />

também do país. Somos, ao mesmo tempo, atores e autores da história que está sendo escrita neste<br />

momento. É a nossa ação que po<strong>de</strong> fazer uma pequena diferença no espaço que ocupamos, mas que<br />

se constitui como um primeiro passo para uma série <strong>de</strong> outras mudanças originadas por ela.<br />

Conhecer uma comunida<strong>de</strong>, como estão fazendo por meio <strong>de</strong> pesquisas, implica também saber<br />

do seu passado, pois é a partir <strong>de</strong>le e das coisas que estamos vivendo (presente) que construímos a<br />

nossa visão <strong>de</strong> futuro. A questão central <strong>de</strong>sse encontro é recuperar a memória local, por meio <strong>de</strong><br />

relatos <strong>de</strong> moradores antigos e pessoas importantes da região, que revelem acontecimentos sobre a<br />

formação da comunida<strong>de</strong> e sobre as mudanças que foram processadas. É bom lembrar que existem<br />

outras maneiras <strong>de</strong> perceber as transformações <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, como, por exemplo, a consulta<br />

a documentos históricos - livros, jornais, revistas e ví<strong>de</strong>os. Essas fontes complementam as histórias<br />

contadas pelos moradores antigos e po<strong>de</strong>m acrescentar outras versões ao mesmo fato.<br />

O foco <strong>de</strong>ssa pesquisa qualitativa é compreen<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> transformação da comunida<strong>de</strong><br />

para perceber opções, tendências e razões que orientaram a marcha dos acontecimentos.<br />

Compreen<strong>de</strong>r o passado é uma forma <strong>de</strong> preparação para agir no presente com mais segurança e<br />

maiores chances <strong>de</strong> obter melhores resultados.<br />

Ao ouvir um relato, a postura mais a<strong>de</strong>quada é colocar-se como ouvinte <strong>de</strong>ssas pessoas, que, <strong>de</strong><br />

alguma forma, colaboraram para a história do local, dando-lhes voz e valorizando histórias e<br />

versões até então silenciadas, evitadas, esquecidas ou simplesmente <strong>de</strong>sprezadas por qualquer<br />

motivo. Não se esqueçam que ao lançarem mão <strong>de</strong> uma pesquisa qualitativa é preciso tomar mais<br />

cuidado para não emitir juízos <strong>de</strong> valor durante a entrevista, evitando exercer qualquer influência<br />

sobre as respostas e opiniões dadas.<br />

A seguir temos uma proposta <strong>de</strong> roteiro para entrevista com moradores antigos da comunida<strong>de</strong>,<br />

que obviamente <strong>de</strong>ve ser adaptada às diferentes realida<strong>de</strong>s locais, acrescentando-se questões que<br />

seu grupo consi<strong>de</strong>rar relevantes. Por se tratar <strong>de</strong> uma conversa aberta as perguntas não precisam<br />

necessariamente seguir uma or<strong>de</strong>m numérica, você po<strong>de</strong> inverter as questões <strong>de</strong> acordo com o rumo<br />

que o entrevistado for seguindo.


Não se esqueçam <strong>de</strong> treinarem a aplicação do questionário com seus avós ou bisavós para<br />

estarem mais tranqüilos e seguros quando entrevistarem outras pessoas.<br />

Roteiro<br />

1. Você sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem o nome do bairro, da região, ou da cida<strong>de</strong> em que moramos?<br />

2. Existe uma data especial para se comemorar a criação do bairro ou da cida<strong>de</strong>?<br />

3. Há quantos anos você mora nesse lugar e na cida<strong>de</strong>? De on<strong>de</strong> veio? E a maioria das pessoas do bairro?<br />

4. Conte um pouco da história <strong>de</strong> como surgiu essa comunida<strong>de</strong><br />

5. Fale sobre os personagens e famílias, que em sua opinião, ajudaram a construir essa comunida<strong>de</strong>.<br />

6. Fale como surgiu o transporte coletivo e o asfaltamento das ruas.<br />

7. Conte como e quando chegou a primeira linha telefônica na comunida<strong>de</strong>? Era resi<strong>de</strong>ncial ou pública?<br />

8. Como e quando surgiram as primeiras indústrias na comunida<strong>de</strong> ou na cida<strong>de</strong>? E em que ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>?<br />

Ainda existem, expandiram?<br />

9. Fale sobre como surgiu o comércio na região e <strong>de</strong> como esse setor se <strong>de</strong>senvolveu no bairro.<br />

10. Quando e como a Igreja se instalou na comunida<strong>de</strong>? Como você vê as instituições religiosas no bairro?<br />

11. Como e quando surgiram as primeiras instituições escolares? Eram particulares, Municipais ou Estaduais?<br />

12. Como e quando surgiram as primeiras instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na comunida<strong>de</strong> e no seu entorno?<br />

13. Como e quando surgiram as primeiras organizações sociais na comunida<strong>de</strong> e no seu entorno? Em que áreas<br />

atuavam?<br />

14. O que você faz nos seus finais <strong>de</strong> semana?<br />

127<br />

21


21<br />

128<br />

15. Como surgiram as primeiras ativida<strong>de</strong>s culturais na comunida<strong>de</strong> e como essas ativida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>senvolvem atualmente?<br />

16. Como e por que surgiram as primeiras discussões políticas na região? Como está a política atualmente no bairro?<br />

17. Quais são, em sua opinião, as perspectivas futuras para o bairro e para a cida<strong>de</strong>?<br />

18. Como você se sente quando seu bairro é veiculado na imprensa escrita, falada e televisiva como um bairro violento,<br />

pobre e carente <strong>de</strong> serviços?<br />

19. O que você acha que é possível fazer para mudar esse quadro?<br />

20. Quais são, em sua opinião, as <strong>de</strong>mandas mais urgentes para o bairro?<br />

21. Que outros bairros da cida<strong>de</strong> você conhece e que relação você estabelece com eles?<br />

22. Como você acha que os moradores dos outros bairros, principalmente os mais ricos, vêem nossa comunida<strong>de</strong>?<br />

23. O que você <strong>de</strong>seja para o bairro em que você vive?<br />

24. Se você pu<strong>de</strong>sse mudar algum fato histórico da comunida<strong>de</strong>, o que mudaria?<br />

25. Você sabe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando nosso bairro faz parte do mapa da cida<strong>de</strong>?<br />

26. Como você acha que nossa comunida<strong>de</strong> vai estar daqui a 10 anos?<br />

27. Há algum outro fato ou história que você gostaria <strong>de</strong> relatar?<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Santos, Milton. Território e Socieda<strong>de</strong>.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Anos Rebel<strong>de</strong>s (1992, dir. Denis Carvalho, dur. 680') - A trama se <strong>de</strong>senrola entre 1964 e 1980. Minissérie<br />

da Globo com gran<strong>de</strong> repercussão nacional.<br />

Sites<br />

www.memoriaeducacao.hpg.ig.com.br/memedu.htm, www.resgatehistorico.com.br, www.museudapessoa.com.br


PESQUISAÇÃO VII - Conhecendo as instituições locais<br />

129<br />

22


22<br />

130<br />

Nos encontros 9 e 10 vocês <strong>de</strong>vem ter discutido, <strong>de</strong>ntre outras coisas, a importância do trabalho<br />

das organizações não governamentais que <strong>de</strong>senvolvem diferentes projetos sociais nas comunida<strong>de</strong>s.<br />

Costuma-se <strong>de</strong>finir Ong como “entida<strong>de</strong>s civis sem fins lucrativos, <strong>de</strong> direito privado, que realizam<br />

trabalhos em benefício <strong>de</strong> uma coletivida<strong>de</strong>”. Herbert <strong>de</strong> Souza, o Betinho, costumava dizer que o<br />

papel das Ong’s é, pura e simplesmente, propor à socieda<strong>de</strong> civil uma nova organização social que<br />

tenha como condições fundamentais: ser <strong>de</strong>mocrática e ser capaz <strong>de</strong> erradicar – como priorida<strong>de</strong><br />

absoluta - a pobreza e a miséria, assim como ser competente para promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> si<br />

mesma como “humanida<strong>de</strong> em toda a sua diversida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong>”.<br />

Em todo o país, são muitos os programas e projetos que oferecem ativida<strong>de</strong>s esportivas,<br />

educacionais e culturais, especialmente para crianças, adolescentes e jovens. Esses programas e<br />

projetos realizam um serviço público necessário à inclusão social <strong>de</strong> crianças e jovens fortalecendo<br />

a sociabilida<strong>de</strong>, a convivência, o repertório cultural e informacional, o acesso e uso da tecnologia<br />

e a participação na vida pública.<br />

Como pesquisadores sociais vocês precisam conhecer melhor o trabalho <strong>de</strong>senvolvido por essas<br />

organizações na comunida<strong>de</strong> e na sua cida<strong>de</strong>. O questionário abaixo po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> roteiro para<br />

entrevistarem os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong>ssas Ong’s.<br />

Importante: Com o que já apren<strong>de</strong>ram nos encontros “Começando a PesquisaAção e<br />

PesquisaAção II” vocês estão capacitados para bolarem um novo instrumental para ser aplicado<br />

exclusivamente com diretores e coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos <strong>de</strong> suas escolas.<br />

01. Nome da Instituição:<br />

02. Natureza da Instituição (qual a área <strong>de</strong> atuação):<br />

03. En<strong>de</strong>reço: Tel:<br />

Bairro: CEP: E-mail:<br />

04. Pessoa Responsável:<br />

05. Quais os objetivos da Instituição(máximo 3) e qual a faixa etária do atendimento?<br />

06. Serviços prestados (que ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvem):<br />

07. Número <strong>de</strong> pessoas atendidas:


08. Existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aumentar o número <strong>de</strong> atendimentos no bairro? A instituição tem capacida<strong>de</strong><br />

e estrutura para isso?<br />

09. Há quantos anos a instituição se instalou na comunida<strong>de</strong>?<br />

❍ ❍ ❍<br />

menos <strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong> 2 a 10 anos 11 anos ou mais<br />

10. Por que a instituição escolheu este bairro como área <strong>de</strong> atuação?<br />

11. Os profissionais que trabalham na instituição são recrutados na comunida<strong>de</strong>?<br />

❍ ❍<br />

sim não em parte<br />

12. Como você classificaria a população local?<br />

❍ ❍<br />

❍ ❍<br />

❍<br />

participativa <strong>de</strong>smobilizada<br />

solidária outros comentários<br />

<strong>de</strong>sinteressada<br />

13. Qual o principal problema <strong>de</strong> região?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

<strong>de</strong>socupação dos jovens<br />

<strong>de</strong>semprego dos adultos<br />

baixo nível <strong>de</strong> renda da população local<br />

falta <strong>de</strong> infra-estrutura urbana<br />

escassez <strong>de</strong> vagas nos serviços <strong>de</strong> atendimento à população<br />

outros comentários<br />

14. A organização participa <strong>de</strong>:<br />

❍<br />

❍<br />

fórum conselho nenhum<br />

associação movimento reivindicatório outro:<br />

15. Se a Instituição realiza trabalho em parceria, o que <strong>de</strong>termina a escolha <strong>de</strong> parceiros?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aporte <strong>de</strong> recursos proximida<strong>de</strong> física<br />

afinida<strong>de</strong> com a proposta <strong>de</strong> trabalho a população usuária<br />

16. Sobre a relação da Instituição com a cida<strong>de</strong>:<br />

a) O que mais facilita a relação <strong>de</strong>sta Instituição com o po<strong>de</strong>r público Municipal?<br />

b) O que mais dificulta a relação <strong>de</strong>sta Instituição com o po<strong>de</strong>r público Municipal?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

131<br />

22


22<br />

132<br />

17. Sobre a relação da Instituição com o bairro:<br />

a) O que mais dificulta o trabalho institucional no bairro?<br />

b) O que facilita o trabalho institucional no bairro?<br />

c) O que falta no bairro?<br />

d) Quais as 3 principais coisas que gostaria que tivesse no bairro?<br />

18. Quem po<strong>de</strong> resolver os problemas do bairro e da cida<strong>de</strong>?<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

❍<br />

o po<strong>de</strong>r público<br />

a comunida<strong>de</strong> organizada<br />

as li<strong>de</strong>ranças<br />

cada um por si<br />

outros:<br />

19. Observações:<br />

20. Respondido por:<br />

Nome:<br />

Cargo:<br />

Pesquisador:


PROJETOS E INTERVENÇÕES<br />

NO TERRITÓRIO<br />

133<br />

23


23<br />

O conhecimento é o meio para<br />

compreen<strong>de</strong>r o mundo e agir.<br />

134<br />

Carlos Lungarzo<br />

Os filósofos se limitaram a<br />

interpretar o mundo <strong>de</strong><br />

diferentes maneiras;<br />

o que importa é transforma-lo.<br />

Karl Marx<br />

Vocês estão entrando agora no último dos processos do projeto “Observatório <strong>de</strong> Jovens”<br />

<strong>de</strong>nominado “Intervenções no Território”. Nos processos anteriores “Integração,<br />

sensibilização e formação <strong>de</strong> grupo” e “Leitura <strong>de</strong> mundo”, vocês se constituíram em um<br />

grupo coeso e forte, e compartilharam com educadores e jovens “chaves” para leitura e ampliação<br />

da compreensão <strong>de</strong> mundo, discutindo questões sobre ética, cidadania, consumo, meio ambiente,<br />

ciência e realizando diferentes pesquisas nas suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

Nesse momento é preciso lançar mão <strong>de</strong> todos os saberes e habilida<strong>de</strong>s adquiridas nesses<br />

processos para compreen<strong>de</strong>r melhor o “mundo”, i<strong>de</strong>ntificar problemas e riquezas <strong>de</strong> suas<br />

comunida<strong>de</strong>s, e elaborar projetos coletivos <strong>de</strong> intervenção que contribuam para melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos moradores locais.<br />

O sentido <strong>de</strong> realizarmos pesquisas, especialmente nas nossas comunida<strong>de</strong>s, está para além do<br />

fato <strong>de</strong> conhecermos melhor as diferentes realida<strong>de</strong>s locais, mas resi<strong>de</strong> na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

resolução <strong>de</strong> problemas concretos vivenciados cotidianamente pelas pessoas. Obviamente, muitos<br />

dos problemas que i<strong>de</strong>ntificaram em suas comunida<strong>de</strong>s durante os encontros e nas pesquisas<br />

realizadas, são <strong>de</strong> difícil resolução e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m exclusivamente da ação <strong>de</strong> vocês. São<br />

conseqüências <strong>de</strong> problemas maiores relacionados à educação, saú<strong>de</strong>, cultura, habitação, trabalho,<br />

economia, política etc. No entanto, no nível local são inúmeras as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propostas e<br />

intervenções que contribuem para o enfrentamento <strong>de</strong>ssas questões, principalmente se trabalharem<br />

coletivamente e em parceria com outras pessoas e instituições que também querem resolver<br />

esses problemas.<br />

Vocês já <strong>de</strong>vem ter ouvido falar em “projeto arquitetônico”, “projeto político”, “projeto<br />

comunitário”, mas afinal <strong>de</strong> contas a que se remete a idéia <strong>de</strong> “projeto”?<br />

Se pesquisarmos no dicionário veremos que projetar está relacionado a “atirar longe;<br />

arremessar” mas também ligado a idéia <strong>de</strong> “planejar o futuro”.<br />

No que diz respeito a um projeto comunitário, po<strong>de</strong>mos dizer que estamos procurando respostas<br />

a problemas concretos a partir <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong>sses problemas. O próximo passo<br />

seria transformar essas idéias em ações que produzam as mudanças <strong>de</strong>sejadas.<br />

Segundo a <strong>de</strong>finição da ONU (Organização das Nações Unidas), um projeto é um<br />

empreendimento planejado, que consiste num conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s relacionadas entre si, com o<br />

fim <strong>de</strong> alcançar objetivos específicos <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> orçamento dados.<br />

Para transformar essas idéias <strong>de</strong> soluções em ações é preciso projetar, planejar e registrar.<br />

Na maioria das vezes, agimos sem muito planejamento, ou seja, não paramos muito para organizar<br />

como vamos fazer - simplesmente fazemos.<br />

É preciso, contudo, colocar as idéias no papel, escrever o projeto, para que todos, e em<br />

qualquer tempo, possam tomar conhecimento daquilo que estamos propondo e fazendo.


A importância <strong>de</strong> colocar as idéias no papel não é novida<strong>de</strong> para ninguém. O ser humano<br />

sempre sentiu necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registrar suas idéias e ações em documentos para que as coisas não<br />

se per<strong>de</strong>ssem no tempo. Des<strong>de</strong> a Pré-História, quando os homens das cavernas faziam suas<br />

inscrições nas rochas, passando pelas primeiras socieda<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>senvolveram a escrita, até os dias<br />

<strong>de</strong> hoje, quando praticamente tudo é escrito e arquivado, os homens foram <strong>de</strong>senvolvendo a escrita<br />

e percebendo a importância <strong>de</strong> registrar em documentos aquilo que eles achavam interessante. Os<br />

papiros, os jornais e os livros são exemplos <strong>de</strong> documentos em que idéias e experiências humanas<br />

foram sendo registradas ao longo dos tempos. Com o projeto comunitário que estão <strong>de</strong>senvolvendo<br />

não é diferente, é necessário colocar as idéias no papel, para que possam comunicar quais são suas<br />

intenções e permitir às outras pessoas i<strong>de</strong>ntificar que contribuições po<strong>de</strong>m acrescentar para que<br />

essas intenções se concretizem.<br />

Tudo acaba, mas<br />

o que eu escrevo continua.<br />

Clarice Lispector<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Costa, L. R. F. Estratégias <strong>de</strong> planejamento. Ciência e Cultura. 38 (8): 1366-1373.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Além da Lousa - Culturas Juvenis, Presente! (2000, dir. Grupo Educação Ritmo Rua, dur. 14') - Abrir os<br />

portões da escola para outras experiências educativas. Trata-se <strong>de</strong> um recado <strong>de</strong> grupos juvenis para<br />

educadores <strong>de</strong> todo o Brasil.<br />

Sites<br />

Portal do Protagonismo Juvenil- www.protagonismojuvenil.org.br<br />

135<br />

23


24<br />

PROJETOS E<br />

INTERVENÇÕES NO<br />

136<br />

TERRITÓRIO II


Nesse encontro estamos propondo um roteiro <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> projeto para que coloquem as<br />

idéias no papel <strong>de</strong> maneira organizada, e <strong>de</strong> um jeito que todos entendam o que estão planejando.<br />

Existem outros roteiros para elaboração <strong>de</strong> um projeto e vocês po<strong>de</strong>m pesquisar essas diferentes<br />

maneiras <strong>de</strong> sistematizar e registrar as idéias, e escolherem a que preferir.<br />

De qualquer maneira, para facilitar a escrita <strong>de</strong> um projeto, po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar quatro itens que<br />

compõem parte da estrutura <strong>de</strong> um projeto comunitário.<br />

Primeiro ítem – “O que queremos?” escolha do público alvo, seus problemas e necessida<strong>de</strong>s;<br />

<strong>de</strong>finição da Missão do projeto; <strong>de</strong>finição dos objetivos.<br />

Segundo ítem – “Como vamos agir?” Plano <strong>de</strong> Trabalho: as gran<strong>de</strong>s ações que compõem o<br />

Projeto; Cronograma <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s: as ativida<strong>de</strong>s dispostas no tempo; responsabilida<strong>de</strong>s das<br />

pessoas envolvidas.<br />

Terceiro ítem – “Quanto vai custar tudo Isso?” O orçamento; cronograma <strong>de</strong> gastos.<br />

Quarto ítem – “Como vamos avaliar, tirar conclusões e comunicar resultados?” Plano<br />

<strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> resultados parciais e finais; comunicação dos resultados para a socieda<strong>de</strong>.<br />

No primeiro Item é preciso i<strong>de</strong>ntificar o público alvo (segmento da população que será<br />

beneficiado pelo projeto), respon<strong>de</strong>ndo as seguintes questões: Que fato nos incomoda e nos fez<br />

elaborar este projeto? Que problemas i<strong>de</strong>ntificamos? Quem sofre este problema? On<strong>de</strong> moram essas<br />

pessoas? Que evidências comprovam a existência <strong>de</strong>ste problema? (dados das pesquisas) Que<br />

necessida<strong>de</strong>s se originam <strong>de</strong>ste problema? Quais po<strong>de</strong>mos enfrentar? De todos os envolvidos no<br />

problema, quais teremos como nosso alvo?<br />

Na <strong>de</strong>finição da missão é preciso perceber que o projeto que estão pensando em implementar<br />

é parte da resolução <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado problema, sozinho ele não resolve todo o problema, mas<br />

po<strong>de</strong> ser uma importante contribuição. A missão <strong>de</strong>ve expressar claramente o que motiva a existência<br />

do projeto; qual e como será sua ação; ligado a que tema; em que lugar e para quais pessoas.<br />

Para <strong>de</strong>screver os objetivos do projeto é preciso i<strong>de</strong>ntificar o que queremos, ou seja, qual a<br />

finalida<strong>de</strong> do projeto.<br />

É assim a <strong>de</strong>scrição sumária<br />

<strong>de</strong> um bom projeto.<br />

O tema está na comunida<strong>de</strong>.<br />

Ele brota naturalmente.<br />

O projeto tem objetivos claros.<br />

As ativida<strong>de</strong>s servem para<br />

caminhar em direção aos objetivos.<br />

O público do projeto são os alunos,<br />

professores e, principalmente, a<br />

comunida<strong>de</strong>. Periodicamente o<br />

projeto é avaliado. Os rumos<br />

po<strong>de</strong>m ser corrigidos. Ou<br />

reforçados, se estiverem bem.<br />

Muda o Mundo, Raimundo! p. 146.<br />

137<br />

24


24<br />

138<br />

Veja o exemplo <strong>de</strong> algumas missões e objetivos <strong>de</strong> projetos<br />

comunitários elaborados por jovens (Programa Jovens Urbanos, São Paulo 2004)<br />

(Programa Jovens Urbanos, São Paulo 2004).<br />

Missão<br />

Promover a melhoria estética no bairro buscando o bem estar e valorização da comunida<strong>de</strong>.<br />

Objetivos<br />

❍ Revitalizar o espaço da Ong e da praça, envolvendo e mobilizando os moradores nas ações <strong>de</strong> revitalização<br />

dos locais, promovendo a conscientização da preservação <strong>de</strong> tais espaços.<br />

❍ Desenvolver ativida<strong>de</strong>s culturais no espaço da Ong e da praça<br />

❍ Estabelecer parcerias para nos apoiarem nas ações culturais e <strong>de</strong> melhoria no Bairro.<br />

❍ Promover encontros <strong>de</strong> formação e informação na escola e na Ong visando a preservação dos espaços<br />

revitalizados e a valorização da cultura local.<br />

Missão<br />

Contribuir para transformar o ambiente local, buscando a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos moradores <strong>de</strong><br />

nossa comunida<strong>de</strong>.<br />

Objetivos<br />

❍Monitorar<br />

a água utilizada pela comunida<strong>de</strong> contribuindo para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

❍Monitorar<br />

a qualida<strong>de</strong> da água da represa, informando a Prefeitura e os moradores locais.<br />

❍Mobilizar<br />

a comunida<strong>de</strong> e a escola para que ela obtenha melhor qualida<strong>de</strong> da água.<br />

❍Realizar<br />

o plantio <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> árvores nas encostas do córrego.<br />

❍Capacitar<br />

moradores para realizar a coleta seletiva.


No segundo Item estamos falando <strong>de</strong> planejar as ações, dividir tarefas, escolher os<br />

responsáveis e <strong>de</strong>finir quando serão executadas. Como vimos no encontro anterior, na<br />

maioria das vezes, agimos sem muito planejamento, ou seja, não paramos muito para organizar<br />

como vamos fazer - simplesmente fazemos. No caso da implementação <strong>de</strong> um projeto comunitário<br />

essa não é uma prática muito aconselhável. É preciso estabelecer ONDE será executado o Projeto,<br />

ONDE está o público alvo envolvido e quantas pessoas compõem esse público alvo. Também é<br />

preciso <strong>de</strong>finir quais as ações e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas para atingir os objetivos<br />

<strong>de</strong>finidos. Depois é só distribuir as ativida<strong>de</strong>s no tempo e <strong>de</strong>finir os responsáveis<br />

O terceiro item é o Orçamento do Projeto on<strong>de</strong> calculamos os custos das ativida<strong>de</strong>s que serão<br />

<strong>de</strong>senvolvidas. Para fechar o orçamento é preciso <strong>de</strong>finir todos os recursos necessários para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Projeto. Estamos falando <strong>de</strong> recursos humanos, investimentos e <strong>de</strong>spesas, on<strong>de</strong><br />

orçamos o custo <strong>de</strong> tudo que o projeto vai precisar (equipamentos, material <strong>de</strong> consumo, mobília,<br />

aluguel, combustível, telefone, água, luz, pagamento <strong>de</strong> profissionais que <strong>de</strong>senvolvem o projeto,<br />

capacitação e formação)<br />

O último item é fundamental para o sucesso e mesmo para um possível financiamento externo do<br />

projeto que estão bolando. Trata-se do Plano <strong>de</strong> avaliação on<strong>de</strong> ao longo do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do projeto vamos reafirmando ou re<strong>de</strong>finindo os rumos do projeto. É preciso que cada pessoa<br />

envolvida no projeto, inclusive o público alvo, tenha a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refletir qual o impacto do<br />

projeto, se ele está se aproximando dos objetivos propostos, e ainda se o grupo tem utilizado bem<br />

os recursos disponíveis.<br />

Para completar a redação final do projeto que estão elaborando, vocês po<strong>de</strong>m<br />

seguir o seguinte roteiro:<br />

❍ Título do Projeto<br />

❍ Introdução<br />

❍ Justificativa<br />

❍ Público Alvo<br />

❍ Plano <strong>de</strong> trabalho e Equipe responsável<br />

❍ Plano <strong>de</strong> Avaliação<br />

❍<br />

Orçamento<br />

Na <strong>de</strong>finição do título do projeto procurem i<strong>de</strong>ntificar um nome que seja criativo, diferente e<br />

que esteja <strong>de</strong> comum acordo com todos do grupo. Imaginem que estão dando um nome a um projeto<br />

que será lembrado por muito tempo, e que vocês também serão lembrados por iniciarem um projeto<br />

tão importante para a comunida<strong>de</strong>.<br />

Na introdução procurem <strong>de</strong>screver, <strong>de</strong> modo breve e simples, quem são vocês, que motivos<br />

levaram a elaboração <strong>de</strong>sse projeto e um resumo do que preten<strong>de</strong>m realizar.<br />

Na justificativa <strong>de</strong>screvam os problemas existentes na área <strong>de</strong> atuação do projeto e os dados<br />

e informações que têm sobre a comunida<strong>de</strong> que estabelecem alguma relação com o projeto <strong>de</strong> vocês.<br />

Um projeto comunitário<br />

é uma intervenção pública.<br />

Portanto <strong>de</strong>ve prestar<br />

contas à comunida<strong>de</strong>.<br />

139<br />

24


24<br />

Introdução - Projeto Mobilizar para Construir<br />

Por se tratar <strong>de</strong> um município com baixo Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano, os jovens do Curso <strong>de</strong><br />

Empreen<strong>de</strong>dores Sociais escolheram a área <strong>de</strong> Educação como foco para a elaboração <strong>de</strong> seu Projeto.<br />

Durante a realização do curso, algumas instituições foram visitadas. Nessa ocasião, os agentes sociais<br />

observaram que os alunos <strong>de</strong> uma das escolas, na região <strong>de</strong> Espinheiro, estavam estudando em um cômodo <strong>de</strong> uma<br />

residência, que servia também como moradia para uma família. Sensibilizaram-se com as precárias condições <strong>de</strong><br />

escola. As turmas são compostas por alunos <strong>de</strong> 6 a 35 anos, que cursam diferentes séries. Dificulda<strong>de</strong>s na infraestrutura<br />

também foram observadas, <strong>de</strong>ntre elas a ausência <strong>de</strong> energia elétrica e água encanada.<br />

Em entrevista com professores e alunos, a maior necessida<strong>de</strong> levantada foi a construção <strong>de</strong> uma escola, que<br />

pu<strong>de</strong>sse ampliar o número <strong>de</strong> alunos atendidos em condições <strong>de</strong> aprendizagem satisfatórias.<br />

Com base nesse diagnóstico, o Projeto elaborado visa à mobilização da comunida<strong>de</strong> escolar e <strong>de</strong> todo o<br />

município e também a sensibilização do po<strong>de</strong>r público local na construção <strong>de</strong> uma escola.<br />

Justificativa - Projeto Feira Itinerante CulturArte<br />

A região do Capão Redondo tem uma população <strong>de</strong> aproximadamente 203 mil pessoas, distribuída numa área<br />

<strong>de</strong> 51.428 km 2 , ou seja, uma região maior que muitas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão do interior do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

e do País e sem espaços <strong>de</strong> lazer e cultura. Para se ter uma idéia, o teatro mais próximo fica a cerca <strong>de</strong> 12 km;<br />

a Casa <strong>de</strong> Cultura, a 10 km. Enten<strong>de</strong>mos que nosso Projeto po<strong>de</strong> contribuir para a diminuição <strong>de</strong>ste problema,<br />

por meio da valorização da produção cultural <strong>de</strong> artistas da região. Nesse sentido, po<strong>de</strong>mos ajudar a mudar a<br />

imagem negativa que a população do resto da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo tem <strong>de</strong>ssa região. E também contribuir para<br />

a garantia dos direitos dos jovens <strong>de</strong> nosso distrito, que é nossa maior preocupação.<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

140<br />

Veja eja dois exemplos <strong>de</strong> Introdução e Justificativa <strong>de</strong> projetos comunitários<br />

elaborados por jovens do Curso <strong>de</strong> Formação Formação<br />

Agentes Sociais 2001<br />

(Centro Nacional <strong>de</strong> Formação Formação<br />

Comunitária)<br />

Textos<br />

Bonatto, F. R. <strong>de</strong> O. O próximo-distante: análise do projeto Pequenos Trabalhadores. Um estudo na favela<br />

Parque Santa Madalena. Tese <strong>de</strong> Doutoramento. São Paulo, <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Psicologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo, 1998.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Atitu<strong>de</strong> na Cena (2003, dir. Joinha Filmes, dur. 17') - A produção mostra a existência, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong><br />

diversos grupos que <strong>de</strong>senvolvem ativida<strong>de</strong>s culturais e esportivas, com ativida<strong>de</strong>s voltadas à comunida<strong>de</strong> local.<br />

Sites<br />

Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). - www.unesco.org.br


O FUTURO POR FAZER<br />

141 25


25<br />

142<br />

Quanto mais estudamos os<br />

problemas do nosso tempo,<br />

mais nos damos conta<br />

<strong>de</strong> que eles não po<strong>de</strong>m<br />

ser vistos isoladamente.<br />

São problemas sistêmicos,<br />

o que quer dizer que estão<br />

interconectados e são<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

Fritjof Capra<br />

No encontro anterior vocês <strong>de</strong>vem ter percebido que o projeto que estão elaborando e<br />

implementando é uma contribuição para o enfrentamento <strong>de</strong> problemas existentes na comunida<strong>de</strong>.<br />

Nesse sentido, precisam i<strong>de</strong>ntificar outras pessoas e organizações para trabalharem em parcerias<br />

que potencializem as ações do projeto <strong>de</strong> vocês.<br />

No caso <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> intervenção comunitária, po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r “parceria” como as<br />

relações <strong>de</strong> colaboração entre organizações que compartilham objetivos ou interesses<br />

comuns, <strong>de</strong> tal forma que cada parceiro tenha algo a oferecer e algo a receber.<br />

Para garantir o sucesso e a manutenção do projeto <strong>de</strong>vem buscar apoio <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s, como<br />

empresas, governos (Fe<strong>de</strong>ral, Estadual, Municipal), pequenos comerciantes, fundações financiadoras,<br />

outras associações, escolas, universida<strong>de</strong>s e sindicatos.<br />

Não se esqueçam que as parcerias po<strong>de</strong>m realizar-se por meio <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências,<br />

apoio técnico e financeiro, doações, prestação <strong>de</strong> serviços, empréstimo <strong>de</strong> espaços,<br />

equipamentos e profissionais.<br />

Agora que se constituíram num grupo <strong>de</strong> jovens pesquisadores que conhecem um pouco melhor<br />

suas comunida<strong>de</strong>s e o próprio mundo, às vezes po<strong>de</strong>rão ficar um pouco <strong>de</strong>siludidos e até revoltados<br />

com <strong>de</strong>terminadas situações.<br />

Muitos po<strong>de</strong>m achar que a situação está assim porque Deus quer, outros colocam a culpa<br />

exclusivamente no Governo “que não toma nenhuma atitu<strong>de</strong>”. Mas vocês como jovens pesquisadores,<br />

críticos e reflexivos não po<strong>de</strong>m aceitar as coisas como se não pudéssemos fazer nada.<br />

Reflita e discuta com seu grupo o trecho da poesia <strong>de</strong> Bertold Brecht.<br />

Nós pedimos com insistência:<br />

Não digam nunca: isso é natural!<br />

Diante dos acontecimentos <strong>de</strong> cada dia<br />

Numa época em que reina a confusão.<br />

Em que corre o sangue,<br />

Em que se or<strong>de</strong>na a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m,<br />

Em que o arbítrio tem força <strong>de</strong> lei,<br />

Em que a humanida<strong>de</strong>se <strong>de</strong>sumaniza,<br />

Não digam nunca: isso é natural!


Acabar com as injustiças, a pobreza e resolver <strong>de</strong>terminadas questões <strong>de</strong> educação, saú<strong>de</strong> e<br />

habitação é responsabilida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r público; entretanto, é preciso que lutemos todos pelos<br />

direitos civis, políticos e sociais que as leis brasileiras já garantem e que ainda não são<br />

integralmente cumpridos.<br />

Todos po<strong>de</strong>m colaborar, <strong>de</strong> preferência coletivamente, participando mais da vida da<br />

comunida<strong>de</strong> e dos movimentos sociais que mobilizam as pessoas em busca <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais<br />

justa e <strong>de</strong>mocrática.<br />

Não po<strong>de</strong>mos mais aceitar conviver num mundo on<strong>de</strong> a fome, a exclusão social, a violência e o<br />

<strong>de</strong>srespeito pelas pessoas e pela natureza, sejam encarados como fatalida<strong>de</strong> ou como coisas<br />

naturais. É preciso pesquisar, intervir, reivindicar, negociar, lutar, sonhar e construir um futuro melhor<br />

para todos.<br />

Para todos que querem, <strong>de</strong> fato, provocar mudanças na realida<strong>de</strong>, é preciso lembrar que muitas<br />

das conquistas que temos hoje foram fruto dos sonhos e das lutas das pessoas que acreditaram na<br />

sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar o mundo. Sempre agindo com os pés no chão, na sua comunida<strong>de</strong><br />

e na sua cultura e com o pensamento conectado no mundo, na beleza da diversida<strong>de</strong> humana.<br />

Sonhar mais um sonho impossível<br />

Lutar quando é fácil ce<strong>de</strong>r (...)<br />

E o mundo vai ver uma flor<br />

Brotar do impossível chão<br />

Versão Chico Buarque e Ruy Guerra<br />

Um Ví<strong>de</strong>o, Outro Texto e um Lugar na Re<strong>de</strong><br />

Textos<br />

Tassara, E. T. <strong>de</strong> O. e Bisilliat, M. Teatro no Presídio. 20a Bienal Internacional <strong>de</strong> São Paulo. Curadoria <strong>de</strong><br />

Eventos Especiais. Catálogo da Exposição. São Paulo, 1989. pp. 1-8.<br />

Ví<strong>de</strong>os<br />

Meu Mestre, Minha Vida (1989, dir. John G. Avildsen, dur. 109') - Vinte anos após sua <strong>de</strong>missão, um<br />

professor que virou atleta famoso retorna a escola on<strong>de</strong> <strong>de</strong>u as primeiras aulas.<br />

O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas (2000, Paulo Caudas e Marcelo Luna, dur. 75') - Dois<br />

personagens reais, Garnizé e Helinho, formam o eixo da produção.<br />

Sites<br />

http://www.apren<strong>de</strong>brasil.com.br/foruns/maisforuns.asp<br />

143<br />

25


144<br />

Autora: Juliana Piauí<br />

IDÉIAS DE INTERVENÇÃO<br />

RESUMOS DOS PROJETOS DO JOVENS DO OBSERVATÓRIO - 2004<br />

Qualquer projeto surge <strong>de</strong> uma idéia que brota, ao mesmo tempo, na cabeça e no coração <strong>de</strong><br />

quem pensa. Manual para educadores <strong>de</strong> adolescentes <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s populares.<br />

Projeto: Quando a leitura sobe a Viela...<br />

O Projeto preten<strong>de</strong> trabalhar com a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> textos que circulam socialmente, estimulando a leitura prazerosa,<br />

indagadora, reflexiva e crítica como uma forma <strong>de</strong> construção da cidadania.<br />

A princípio a proposta é focar a literatura; particularmente aspectos da cultura brasileira, por ser esta uma forma <strong>de</strong><br />

compreensão histórica da humanida<strong>de</strong>.<br />

Num primeiro momento buscam-se conhecer quais são as concepções <strong>de</strong> leitura dos moradores das favelas do Real Parque e<br />

Jardim Panorama, pensando em pontos estratégicos <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mediação <strong>de</strong> leitura e<br />

coletagem <strong>de</strong> dados para a confecção <strong>de</strong> um livro. Será uma ativida<strong>de</strong> itinerante nos becos e vielas <strong>de</strong> ambas as favelas.<br />

Tem-se também a intenção <strong>de</strong> formar novos leitores e multiplicadores <strong>de</strong> mediação <strong>de</strong> leitura. Para abarcar a complexida<strong>de</strong> da<br />

leitura, será utilizada uma pesquisa nacional, que nos possibilitará ter um olhar panorâmico <strong>de</strong>sta questão, contextualizando<br />

posteriormente na realida<strong>de</strong> local on<strong>de</strong> será <strong>de</strong>senvolvido o Projeto Quando Leitura sobe a Viela.<br />

Projeto O <strong>de</strong> que Reciclagem significa dizer e Coleta que Seletiva: “somos todos VIDA iguais”? AO LIXO<br />

Autores: Diana <strong>de</strong> Sousa Sales, Verônica dos Santos Gomes<br />

O projeto Vida ao lixo visa à conscientização ambiental e a mobilização das comunida<strong>de</strong>s por meio da reciclagem.<br />

Foi pensando nos principais problemas encontrados nas favelas do Real Parque e Jardim Panorama que o projeto Vida ao lixo<br />

nasceu. Constatando que pessoas fazem dos resíduos sólidos uma forma <strong>de</strong> sobrevivência e chegam até mesmo a se alimentar <strong>de</strong> lixo.<br />

O projeto surge com a missão <strong>de</strong> resgatar a dignida<strong>de</strong> e auto-estima das pessoas, para melhorarem suas condições <strong>de</strong> vida e<br />

renda, por meio <strong>de</strong> educação e conscientização ambiental. Para isso acontecer o projeto conta com diversas parcerias com as<br />

instituições do bairro.<br />

Com a reciclagem dos materiais a comunida<strong>de</strong> ganha benefícios para melhorar a limpeza do bairro, pois o morador que adquire<br />

o hábito <strong>de</strong> separar o lixo, dificilmente o joga nas vias públicas. Po<strong>de</strong>mos assim gerar renda pela comercialização dos recicláveis,<br />

diminuir o <strong>de</strong>sperdício e conscientizar a comunida<strong>de</strong> para ter mais responsabilida<strong>de</strong> com o lixo que gera.


Projeto: A Vida é Nossa Maior Viagem<br />

Autores: Ivanilda Francisca da Silva, Yolanda Valeria, Cristiana Soares da Silva.<br />

O Projeto “A Vida é Nossa Maior Viagem” tem como público alvo jovens, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos, da região do Rio Pequeno, na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

A idéia central é formar grupos <strong>de</strong> discussão e <strong>de</strong> reflexão sobre as diferentes experiências das pessoas. Fazendo com que o<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> químico enfrente seu problema <strong>de</strong> frente, <strong>de</strong> modo a refletir a razão do seu sofrimento.<br />

O Projeto acredita e usará como tema/frase <strong>de</strong> incentivo: “o <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte abandona a droga é um campeão”. Com isso,<br />

melhorando a auto-estima do indivíduo e compartilhando experiências bem sucedidas, po<strong>de</strong>-se fazer que o <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte abandone<br />

as drogas.<br />

O processo das reuniões envolverá também a avaliação da causa e conseqüência da <strong>de</strong>pendência. Num segundo momento,<br />

preten<strong>de</strong>-se realizar terapias familiares e discutir o processo <strong>de</strong> reintegração na vida familiar e social.<br />

Nos encontros serão utilizados diversos recursos para atingir os principais objetivos <strong>de</strong>finidos, tais como: filmes, palestras, e<br />

ativida<strong>de</strong>s esportivas e musicais, além do acompanhamento psicológico individual e coletivo.<br />

O projeto preten<strong>de</strong> estabelecer parcerias com ONG'S, Universida<strong>de</strong>s, Associações comunitários.<br />

O processo <strong>de</strong> trabalho com os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos das drogas é muito longo, e tem muitos obstáculos no caminho, por isso<br />

não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir um <strong>de</strong>terminado tempo.<br />

Projeto: Jovens em Ação<br />

Autores: Yolanda Valéria Alves dos Santos, Cristiana Soares da Silva, Ivanilda Francisca<br />

A proposta <strong>de</strong>ste projeto é dar continuida<strong>de</strong> ao Programa do Bolsa Trabalho iniciado pela prefeitura <strong>de</strong> São Paulo em parceria<br />

com <strong>ICE</strong>/Projeto Casulo.<br />

Verificamos que seis meses <strong>de</strong> oficinas realizadas são insuficientes para a capacitação dos jovens que buscam entrar no mundo<br />

<strong>de</strong> trabalho.<br />

O objetivo é realizar oficinas profissionalizantes em diferentes áreas, tais como: Web <strong>de</strong>sign e informática, enfermagem e<br />

saú<strong>de</strong> pública, propaganda, marketing e vendas, entre outros.<br />

Promover a entrada no mundo do trabalho dos jovens participantes do projeto, articulando com o Po<strong>de</strong>r Público, Setor Privado<br />

e Ong´s (Organizações Não-Governamentais) o encaminhamento profissional dos participantes do Projeto Jovens em Ação.<br />

145


Autora: Marciana Balduino<br />

O Projeto tem como objetivo ensinar as crianças da favela do Real Parque a ler e escrever <strong>de</strong> uma maneira<br />

divertida, como se fosse uma recreação, alfabetizando-as a partir <strong>de</strong> uma trabalho educacional <strong>de</strong>senvolvido<br />

em parceira com as estudantes do <strong>Instituto</strong> Educacional Singularida<strong>de</strong>s, que também são moradoras da favela<br />

do Real Parque.<br />

Este trabalho será <strong>de</strong>senvolvido por meio <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras que resgatem palavras da realida<strong>de</strong> vivenciada<br />

pelas crianças. Para isso utilizaremos estratégias como: resgatar o processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por meio do próprio<br />

nome, da familia, do bairro on<strong>de</strong> vivem, ou seja, trabalhar com nomes que fazem parte do seu cotidiano.<br />

Os jovens que iram trabalhar com essas crianças vão se basear nas teorias do pedagogo Paulo Freire: “a<br />

pedagogia dos dominantes, on<strong>de</strong> a educação existe como prática da dominação e a pedagogia do oprimido, que<br />

precisa ser realizada, na qual a educação surgiria como prática da liberda<strong>de</strong>. O movimento para a liberda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>ve surgir a partir dos próprios oprimidos, e a pedagogia <strong>de</strong>corrente será aquela que tem que ser forjada com<br />

ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> sua humanida<strong>de</strong>”.<br />

146<br />

Projeto: Mundo das Letras<br />

Projeto: Esporte Esperança<br />

Autores: Cíntia Pereira Timoteo, Cristiano <strong>de</strong> Oliveira, Edjane <strong>de</strong> Oliveira Pereira, Edson Salvino da Costa,<br />

Edvania <strong>de</strong> Oliveira Pereira, Guilherme Luoni e Maciel Feliciano da Silva<br />

O projeto preten<strong>de</strong> levar esporte para crianças e jovens <strong>de</strong> 7 a 18 anos do Real Parque e Jardim Panorama.<br />

Preten<strong>de</strong>-se proporcionar aos jovens diferentes opções para além das drogas e da marginalida<strong>de</strong>, sendo o<br />

esporte é uma das melhores formas <strong>de</strong> atingir estes objetivos.<br />

O projeto nasce com o objetivo <strong>de</strong> dar oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma vida melhor para crianças e jovens <strong>de</strong>ssas<br />

comunida<strong>de</strong>s. Preten<strong>de</strong>-se quebrar a rotina escola - casa - rua, on<strong>de</strong> se expõe riscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, não só nas<br />

ruas, mas também em sua própria casa, pois a maioria dos pais esta trabalhando, durante estes períodos.<br />

O mesmo preten<strong>de</strong> estabelecer parcerias <strong>de</strong> modo que as crianças e os jovens possam adquirir <strong>de</strong> graça<br />

transporte, lanche, espaço e os uniformes para a realização dos esportes.<br />

Os participantes terão opções <strong>de</strong> fazer uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, tais como: basquete, vôlei,<br />

handball e futebol <strong>de</strong> salão. O projeto necessita <strong>de</strong> um local que tenha bastante espaço e quadras <strong>de</strong> esportes<br />

que estejam em boas condições <strong>de</strong> trabalho.<br />

Preten<strong>de</strong>-se atingir inicialmente um total <strong>de</strong> 80 jovens, para <strong>de</strong>pois ampliarmos o número <strong>de</strong> participantes.<br />

Buscaremos estabelecer parcerias com instituições da comunida<strong>de</strong>, principalmente o Projeto Casulo.


Projeto: Casa <strong>de</strong> Hip Hop<br />

Autor: Sidney Cosme Candido Faria<br />

Mostrar que o Hip Hop po<strong>de</strong> ser além <strong>de</strong> uma opção cultural também uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionalização<br />

das pessoas envolvidas. O projeto preten<strong>de</strong> realizar oficinas <strong>de</strong> dança, M.C, DJ, graffiti e <strong>de</strong> concientização<br />

da cultura afro-brasileira.<br />

O local precisa ser <strong>de</strong>finido (e po<strong>de</strong>rá contar com parcerias públicas e privadas), incentivando os jovens a<br />

<strong>de</strong>senvolverem outras ativida<strong>de</strong>s culturais que sejam <strong>de</strong> seu interesse. Tais ativida<strong>de</strong>s são excelentes<br />

ferramentas para mobilizá-los para as ativida<strong>de</strong>s culturais, sociais e políticas.<br />

O Projeto <strong>de</strong>verá ocorrer no Jardim Panorama, pois o bairro atualmente não é atendido por nenhuma<br />

ativida<strong>de</strong> cultural. Preten<strong>de</strong>m-se promover também maior integração entre os jovens moradores dos bairros<br />

Real Parque e Jardim Panorama.<br />

Projeto: Clube <strong>de</strong> Mães<br />

Autora: Viviane Gonzaga<br />

Em muitas comunida<strong>de</strong>s nota-se que existem mães que ficam em casa, às vezes sem nada para fazer. O<br />

intuito <strong>de</strong>ste projeto além <strong>de</strong> fazer com que as mães participem das ativida<strong>de</strong>s dos seus filhos no Projeto<br />

Casulo, tem o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver outras habilida<strong>de</strong>s, sejam elas artísticas ou não.<br />

Além disso, preten<strong>de</strong>m promover eventos on<strong>de</strong> ela possa se informar sobre a saú<strong>de</strong> da mulher, doenças<br />

venéreas, cardíacas, diabetes e hipertensão e outros assuntos que possam interessar as mulheres.<br />

Esse projeto também preten<strong>de</strong> contar com parceria <strong>de</strong> médicos do posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pessoas ligadas a<br />

diferentes áreas profissionalizantes para assessorarem as mães no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e<br />

competências que possam gerar renda.<br />

O projeto preten<strong>de</strong> atingir a meta <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> 40 mães por ano com ida<strong>de</strong>s entre 15 e 45 anos, que<br />

queiram <strong>de</strong>senvolver alguma habilida<strong>de</strong>, e que morem no Real Parque e Jd. Panorama.<br />

Outra proposta é fazer com que mulheres que sofram algum tipo <strong>de</strong> violência criem coragem e <strong>de</strong>nunciem<br />

o agressor.<br />

147


Autores: Lucinéia, Fernanda e Claudia.<br />

O projeto tem como objetivo dar aulas <strong>de</strong> percussão para crianças <strong>de</strong> 5 a 11 anos, garantindo a elas o prazer<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir seus dons e interesses pela música afro-brasileira. Pensamos neste projeto pois nas escolas da<br />

nossa comunida<strong>de</strong> não são <strong>de</strong>senvolvidas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> música e dança.<br />

Preten<strong>de</strong>-se realizar parcerias com outros projetos culturais da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo para ampliar as<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso a música às crianças atendidas.<br />

Para ampliarmos nosso repertório, todos os integrantes irão fazer cursos para se especializarem em<br />

diferentes ativida<strong>de</strong>s musicais.<br />

O projeto terá duração <strong>de</strong> seis meses a um ano.<br />

148<br />

Projeto: Sorria Criança


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7ª edição, 1º volume.


Parceiros Institucionais 2005<br />

4Linux<br />

Associação Esportiva Cultural SOS Juventu<strong>de</strong><br />

Banco Bra<strong>de</strong>sco<br />

Banco Indusval Multistock<br />

Camargo Corrêa<br />

Deutsche Bank<br />

Fundação Itaú Social<br />

Gradiente<br />

Grêmio Recreativo Camargo Corrêa<br />

Holofote Comunicação<br />

<strong>ICE</strong> - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Cidadania</strong> <strong>Empresarial</strong><br />

<strong>Instituto</strong> Camargo Corrêa<br />

<strong>Instituto</strong> Ibi<br />

<strong>Instituto</strong> Normal-Superior Singularida<strong>de</strong>s<br />

<strong>Instituto</strong> Votorantim<br />

Lew, Lara<br />

MB Produções<br />

Microsoft<br />

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Nestlé<br />

Serpal Engenharia<br />

WTC - World Tra<strong>de</strong> Center <strong>de</strong> São Paulo<br />

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