Âncora: posturas e evolução de uma atividade jornalística
Âncora: posturas e evolução de uma atividade jornalística
Âncora: posturas e evolução de uma atividade jornalística
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
telenovelas. O Jornal da Manchete impediu a hegemonia da Globo priorizando o<br />
comentário e a análise dos fatos.(REZENDE, 2000, 117-122)<br />
Enquanto isso na Ban<strong>de</strong>irantes, Joelmir Beting tornava-se o primeiro âncora a atuar<br />
na televisão brasileira. Ficou quase seis anos à frente do Jornal da Ban<strong>de</strong>irantes e<br />
relembra:<br />
A gente editava o jornal na hora, na marra. Era <strong>uma</strong> ancoragem cirúrgica,<br />
porque às vezes eu tinha dois minutos e vazio no jornal e precisava<br />
preenchê-lo ou precisava chamar <strong>uma</strong> notícia para o próximo bloco e eles<br />
nem sabiam <strong>de</strong> fato qual seria a próxima notícia. A exigência <strong>de</strong><br />
criativida<strong>de</strong> era um absurdo, eu perdia adrenalina toda noite (...) Aquilo<br />
era um 'tampão', ao vivo, com a nossa cora sob o risco <strong>de</strong> fazer ou dizer<br />
besteiras como andou acontecendo. (VIEIRA, 1991 apud REZENDE,<br />
2000, p. 123)<br />
Da experiência fracassada do SBT no telejornalismo surgiram os telejornais Cida<strong>de</strong><br />
4, 24 horas, Noticentro, Últimas notícias. A imagem <strong>de</strong> <strong>uma</strong> emissora incapaz <strong>de</strong> produzir<br />
um jornalismo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> só começou a mudar em 1998 quando da contratação <strong>de</strong> três<br />
profissionais: Marcos Wilson e Luiz Fernando Emediato para a direção do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />
jornalismo e Boris Casoy, que assumiu a ancoragem do Telejornal Brasil. (REZENDE,<br />
2000, p.126)<br />
Consagrado no jornalismo impresso, on<strong>de</strong> chegou ao cargo <strong>de</strong> editor-chefe da Folha<br />
<strong>de</strong> S. Paulo, Casoy <strong>de</strong>senvolveu um jeito bem particular <strong>de</strong> apresentar o programa que fugia<br />
do mo<strong>de</strong>lo norte-americano. Além <strong>de</strong> ler notícias e conduzir o telejornal, ele passou a fazer<br />
entrevistas e emitir comentários pessoais sobre os fatos noticiados. O que levou muitos<br />
críticos e profissionais <strong>de</strong> outras emissoras a acreditar que aquilo era <strong>uma</strong> <strong>de</strong>turpação do<br />
trabalho do âncora. (REZENDE, 2000, p. 127)<br />
Ele, no entanto, se justificava dizendo que "a audiência brasileira <strong>de</strong> televisão é<br />
muito mais carente <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> informação, da entrevista e do comentário, do que a<br />
opinião pública norte-americana” (VIEIRA, 1991, p. 71 apud REZENDE, 2000, p. 127).<br />
E ele estava certo. Prova disso foi o reflexo na audiência do TJ Brasil que logo<br />
assumiu a segunda posição em faturamento na emissora.<br />
Em agosto do mesmo ano, a TV Cultura traz o ex-repórter Carlos Nascimento para<br />
também estruturar o Jornal da Cultura na figura do âncora. Nascimento se sai muito bem e,<br />
no ano seguinte, muda para a Re<strong>de</strong> Record.<br />
Ano V, n. 06 – junho/2009<br />
13