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condições de trabalho docente: um olhar na perspectiva

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trabalhadores em geral <strong>um</strong>a capacitação antes restrita a <strong>um</strong> reduzido<br />

número <strong>de</strong> funções – não foi isto que aconteceu. Acompanhando a<br />

crescente precarieda<strong>de</strong> e informalida<strong>de</strong> do <strong>trabalho</strong>, que per<strong>de</strong>u também<br />

sua estabilida<strong>de</strong>, a educação, assim como o <strong>trabalho</strong>, passou a ser<br />

privilégio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a minoria.<br />

É assim que, enfrentando mudanças que os obrigam a fazer mal seu<br />

<strong>trabalho</strong>, os professores têm que suportar a crítica generalizada que, sem<br />

a<strong>na</strong>lisar estas circunstâncias, consi<strong>de</strong>ra-os responsáveis imediatos pelas<br />

falhas do sistema educativo. (ESTEVE, 1995).<br />

No <strong>trabalho</strong> do professor, <strong>um</strong> elemento que tem sido apontado como<br />

fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste é a relação direta e constante estabelecida com os<br />

alunos. Codo (1999) consi<strong>de</strong>ra que o cuidado – relação entre dois seres<br />

h<strong>um</strong>anos cuja ação <strong>de</strong> <strong>um</strong> resulta no bem-estar do outro – é inerente à<br />

relação <strong>de</strong> ensino-aprendizagem. Assim, no campo educativo, não há<br />

como separar <strong>trabalho</strong> e afetivida<strong>de</strong>. Ele acredita que para o educador, o<br />

produto <strong>de</strong> seu <strong>trabalho</strong> é o outro, ou seja, o aluno, e os meios <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

é ele mesmo.<br />

Assim, e contraditoriamente, ao invés <strong>de</strong> estabelecer <strong>um</strong> equilíbrio<br />

saudável entre a objetivida<strong>de</strong> e a subjetivida<strong>de</strong>, as ativida<strong>de</strong>s profissio<strong>na</strong>is<br />

que envolvem <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda afetiva são promotoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>sajuste.<br />

Isto porque n<strong>um</strong> contexto <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, o circuito afetivo nunca se<br />

completa: o indivíduo investe no objeto sua energia afetiva, mas esta, ao<br />

invés <strong>de</strong> retor<strong>na</strong>r ao seu ponto <strong>de</strong> partida, dissipa-se frente aos fatores<br />

mediadores da relação, como por exemplo, o salário e as regras<br />

estabelecidas para a execução da ativida<strong>de</strong>. A contradição está entre a<br />

exigência <strong>de</strong> investimento afetivo para a realização do <strong>trabalho</strong> e a<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo <strong>de</strong>vido às mediações da relação que impe<strong>de</strong>m<br />

seu retorno. É assim que, quando faz parte da profissão, o cuidado<br />

transforma-se n<strong>um</strong> dilema. (CODO, 1999).<br />

Desta forma, fica claro que a questão da saú<strong>de</strong> do professor<br />

necessita ser a<strong>na</strong>lisada sob <strong>um</strong> prisma que valorize as <strong>condições</strong> em que<br />

se <strong>de</strong>sempenha a docência. Tal cuidado vem ao encontro dos estudos <strong>na</strong><br />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, ao consi<strong>de</strong>rar a saú<strong>de</strong> e a doença como processos

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