20.04.2013 Views

Equilíbrio da oxidação e redução - Departamento de Ciências ...

Equilíbrio da oxidação e redução - Departamento de Ciências ...

Equilíbrio da oxidação e redução - Departamento de Ciências ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

EQUILÍBRIO DA OXIDAÇÃO E REDUÇÃO 1<br />

1. Conceitos<br />

Eletroquímica é o estudo <strong>da</strong>s reações químicas nas quais partículas carrega<strong>da</strong>s (íons<br />

ou elétrons) atravessam a interface entre duas fases <strong>da</strong> matéria, tipicamente uma fase metálica (o<br />

eletrodo) e uma fase líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> solução condutora, ou eletrólito.<br />

Processos <strong>de</strong> oxi<strong>da</strong>ção e <strong>redução</strong> estão envolvidos no estudo <strong>da</strong> eletroquímica, on<strong>de</strong><br />

as reações químicas ocorrem com o envolvimento <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> um reagente<br />

para outro. Os dois processos ocorrem simultaneamente e não po<strong>de</strong>m coexistir<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente.<br />

Redução ocorre quando um reagente ganha elétrons e vai para um estado <strong>de</strong> oxi<strong>da</strong>ção<br />

mais negativo. Ignorando as cargas, isto é exemplificado pelo caso geral:<br />

Aox + ne - Ared (1)<br />

on<strong>de</strong>, Aox e Ared se referem as formas oxi<strong>da</strong><strong>da</strong>s e reduzi<strong>da</strong>s do elemento A, respectivamente.<br />

Inversamente, durante a oxi<strong>da</strong>ção, um reagente per<strong>de</strong> elétrons e vai para um estado<br />

<strong>de</strong> oxi<strong>da</strong>ção mais positivo. O caso geral po<strong>de</strong> ser representado como<br />

Bred Box + ne - (2)<br />

on<strong>de</strong>, novamente Box e Bred se referem as formas oxi<strong>da</strong><strong>da</strong>s e reduzi<strong>da</strong>s do elemento B,<br />

respectivamente.<br />

Ca<strong>da</strong> expressão geral acima é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> uma meia reação ou meia célula. Isto é<br />

em reconhecimento <strong>de</strong> que nenhum dos processos po<strong>de</strong> ocorrer in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente.<br />

1 Arquime<strong>de</strong>s Lavorenti. Professor Associado do Depto. <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> Exatas, ESALQ/USP, Caixa Postal 9,<br />

13418-900 – Piracicaba – SP. E-mail: alavoren@carpa.ciagri.usp.br – Publicação Destina<strong>da</strong> ao Ensino <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> -<br />

Química - 28/3/2002<br />

1


Redução e oxi<strong>da</strong>ção ocorrem concomitantemente, e duas meias reações se combinam<br />

para <strong>da</strong>r uma oxi-<strong>redução</strong> (dupla redox). Para o caso geral, a oxi-<strong>redução</strong> é <strong>da</strong><strong>da</strong> como:<br />

Meia reação <strong>de</strong> <strong>redução</strong>: Aox + ne - Ared<br />

Meia reação <strong>de</strong> oxi<strong>da</strong>ção: Bred Box + ne -<br />

Reação <strong>de</strong> oxi-<strong>redução</strong>: Aox + Bred Ared + Box<br />

Assim, uma reação <strong>de</strong> oxi-<strong>redução</strong> envolve a reação <strong>de</strong> um redutor (Bred) com um<br />

oxi<strong>da</strong>nte (Aox). O redutor ou agente redutor é o reagente que per<strong>de</strong> elétrons e então é oxi<strong>da</strong>do.<br />

O oxi<strong>da</strong>nte ou agente oxi<strong>da</strong>nte ganha elétrons e então é reduzido.<br />

Exemplo: Cu o Cu 2+ + 2 e - (oxi<strong>da</strong>ção)<br />

2 Ag + + 2 e - 2 Ag o (<strong>redução</strong>)<br />

Cu o + 2 Ag + Cu 2+ + 2 Ag o (oxi-<strong>redução</strong>)<br />

Os metais, em forma elementar ou reduzi<strong>da</strong>, têm uma maior predisposição em ce<strong>de</strong>r<br />

elétrons (oxi<strong>da</strong>ção) para outras espécies químicas que ao recebê-los se reduzem. Assim sendo, os<br />

metais nesta forma elementar atuam como agentes redutores, pois induzem outras espécies<br />

químicas a se reduzirem.<br />

Por outro lado, os metais em suas formas catiônicas ou formas já oxi<strong>da</strong><strong>da</strong>s, pelo fato<br />

<strong>de</strong> terem cedido elétrons e ficado com carga positiva, tem mais tendência a receberem elétrons<br />

(<strong>redução</strong>) e atuarem como agentes oxi<strong>da</strong>ntes, ao induzirem que outras espécies químicas se<br />

oxi<strong>de</strong>m e ce<strong>da</strong>m elétrons para eles.<br />

Devido a esta maior ou menor predisposição dos metais em <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso,<br />

ce<strong>de</strong>rem ou receberem elétrons, foi estabeleci<strong>da</strong> uma série <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> química dos metais ou<br />

série <strong>da</strong>s tensões eletrolíticas:<br />

2


Li, K, Ca, Na, Mg, Al, Zn, Fe, Cd, Co, Ni, Sn, Pb, H, Cu, Ag, Hg, Pd, Au, Pt<br />

Aumento do po<strong>de</strong>r como agente oxi<strong>da</strong>nte (REDUÇÃO)<br />

Aumento do po<strong>de</strong>r como agente redutor (OXIDAÇÃO)<br />

Exemplo: Li o Li + + e -<br />

Lítio metálico é um agente redutor forte e se oxi<strong>da</strong> facilmente. Po<strong>de</strong>-se dizer que ele é<br />

um agente oxi<strong>da</strong>nte fraco e se reduz com muita dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>. O lítio tem sido muito utilizado em<br />

baterias ou pilhas.<br />

Exemplo: Pt n+ + n e - Pt o<br />

Platina metálica é um agente redutor fraco e se oxi<strong>da</strong> muito dificilmente. Ela é um<br />

agente oxi<strong>da</strong>nte forte e se reduz muito facilmente. A platina tem sido consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como um metal<br />

inerte.<br />

2. Conceito <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> eletrodo<br />

To<strong>da</strong>s as meias reações po<strong>de</strong>m ser expressas em termos <strong>de</strong> <strong>redução</strong> ou oxi<strong>da</strong>ção. Por<br />

exemplo, as meias reações Fe 2+ /Fe o são:<br />

Redução: Fe 2+ + 2e - Fe o<br />

Oxi<strong>da</strong>ção: Fe o Fe 2+ + 2e -<br />

Um eletrodo consiste <strong>de</strong> um metal condutor em contato com uma solução <strong>de</strong> seus<br />

íons (eletrólito). Observa-se que há duas fases distintas em interação, isto é, fase sóli<strong>da</strong>: metal e<br />

fase líqui<strong>da</strong>: solução contendo um íon.<br />

Por exemplo: Fe o (s)/Fe 2+<br />

Para o qual as possíveis meias reações são <strong>da</strong><strong>da</strong>s acima. Como alternativa, um<br />

eletrodo po<strong>de</strong> ser um metal inerte tal como platina em contato com uma solução contendo uma<br />

3


eação <strong>de</strong> oxi-<strong>redução</strong>. De modo semelhante, nesta situação, também há dois estados físicos em<br />

contato:<br />

Exemplo: Pt o (s)/Fe 3+ , Fe 2+<br />

Substâncias diferentes variam em suas tendências <strong>de</strong> realizarem <strong>redução</strong> ou oxi<strong>da</strong>ção.<br />

O potencial é uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do reagente (no estado sólido ou líquido)<br />

em ser reduzido ou oxi<strong>da</strong>do.<br />

Consi<strong>de</strong>re a situação em que uma lâmina <strong>de</strong> um metal é imersa em água <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

frasco (Figura 1). Um certo número <strong>de</strong> átomos <strong>da</strong> superfície do metal passa para a água sob a<br />

forma iônica, embora isso não seja tão perceptível e sujeito à avaliação analítica. Isso acontece<br />

porque o potencial químico (μ = μ o + RT ln a) <strong>da</strong> fase sóli<strong>da</strong> (metal) não está em equilíbrio com<br />

o potencial químico <strong>da</strong> fase líqui<strong>da</strong> (água).<br />

H2O<br />

Figura 1. Lâmina metálica <strong>de</strong>ntro d’água.<br />

4<br />

Me o Me n+ + n e - (fase sóli<strong>da</strong>)<br />

μMeo > μH2O (<strong>de</strong>sequilíbrio)<br />

Como esse sistema não está em equilíbrio, há passagem <strong>de</strong> matéria <strong>da</strong> fase <strong>de</strong> maior<br />

potencial para a <strong>de</strong> menor potencial, até que o equilíbrio seja atingido. Por outro lado, como as<br />

partículas que se movimentam em direção à água são dota<strong>da</strong>s <strong>de</strong> carga elétrica (íons) aparece um<br />

efeito elétrico na interface e provoca o aparecimento <strong>de</strong> um potencial elétrico entre as duas fases.<br />

Se agora a lâmina metálica for mergulha<strong>da</strong> em uma solução aquosa <strong>de</strong> um sal <strong>de</strong> seu<br />

cátion (Figura 2), a essa tendência dos átomos metálicos passarem para a fase líqui<strong>da</strong> (pressão <strong>de</strong><br />

dissolução) se oporá uma outra pressão provoca<strong>da</strong> pelos cátions preexistentes na solução que, <strong>de</strong><br />

acordo com o seu valor, po<strong>de</strong>rá forçar a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> cátions sobre a lâmina metálica, invertendo<br />

o sentido do equilíbrio acima citado.<br />

Metal (Me o )<br />

O aparecimento <strong>de</strong>ssa diferença <strong>de</strong> potencial no eletrodo, chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />

eletrodo absoluto, caracteriza-se por uma relativa reversibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que é reflexo do equilíbrio que


instantaneamente se estabelece quando a lâmina metálica é mergulha<strong>da</strong> em água ou na solução do<br />

seu sal.<br />

Figura 2. Lâmina metálica <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> um sal.<br />

5<br />

Me o Me n+ + n e - μ1 (fase sóli<strong>da</strong>)<br />

Me n+ + n e - Me o μ2 (fase líqui<strong>da</strong>)<br />

Se μ2 > μ1 inverte o equilíbrio anterior<br />

Devido ao fato dos potenciais <strong>de</strong>sses eletrodos po<strong>de</strong>rem variar <strong>de</strong> maneira reversível,<br />

variando-se a concentração do íon metálico, foram <strong>de</strong>signados como potencial <strong>de</strong> eletrodo<br />

reversível.<br />

[Me n+ ]<br />

O potencial <strong>de</strong> uma única meia reação (isto é, um único eletrodo), embora exista, não<br />

po<strong>de</strong> ser medido diretamente porque não há um meio <strong>de</strong> colocar um equipamento <strong>de</strong> medi<strong>da</strong><br />

elétrica entre estas duas fases, solução-metal, e medir a passagem <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> uma fase para<br />

outra ou vice-versa (regra <strong>de</strong> Gibbs). Ao invés disto a diferença <strong>de</strong> potencial entre duas meias<br />

reações (isto é, dois eletrodos) é possível ser <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>.<br />

Potenciais <strong>de</strong> eletrodo são medidos então em relação ao eletrodo padrão <strong>de</strong><br />

hidrogênio (SHE) também conhecido como o eletrodo normal <strong>de</strong> hidrogênio (NHE). Este<br />

consiste <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> platina em uma solução iônica <strong>de</strong> hidrogênio <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> unitária sobre a<br />

qual é borbulha<strong>da</strong> gás hidrogênio a 1 atm <strong>de</strong> pressão. Isto é representado como:<br />

Pt o (s)/H2(f = 1 atm, gas), H + (a = 1, aquosa)<br />

A meia reação que ocorre:<br />

2 H + + 2e - H2(g)<br />

é arbitrariamente assinala<strong>da</strong> um potencial <strong>de</strong> 0,000 V. O SHE é impraticável para uso em águas<br />

naturais, e consequentemente outros eletrodos <strong>de</strong> referência são usados (eletrodo <strong>de</strong> prata-cloreto<br />

<strong>de</strong> prata e eletrodo <strong>de</strong> calomelano).<br />

Metal (Me o )<br />

Para propósitos comparativos to<strong>da</strong>s as meias reações são escritas como <strong>redução</strong>.


A diferença <strong>de</strong> potencial entre o SHE e qualquer meia reação <strong>de</strong> <strong>redução</strong> (para a qual<br />

todos os íons em solução existem com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> unitária) é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> eletrodo<br />

padrão, E o . Isto também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>redução</strong> padrão <strong>de</strong>vido a<br />

convenção adota<strong>da</strong> universalmente em escrever meias reações como processo <strong>de</strong> <strong>redução</strong>.<br />

A seguinte convenção <strong>de</strong> sinal é adota<strong>da</strong>:<br />

i) Um E o positivo indica que a forma oxi<strong>da</strong><strong>da</strong> é um melhor agente oxi<strong>da</strong>nte que o H +<br />

ii) Um E o negativo indica que a forma oxi<strong>da</strong><strong>da</strong> é um pior agente oxi<strong>da</strong>nte que o H +<br />

Tabela 1. Potencial <strong>de</strong> eletrodo padrão para alguns elementos<br />

Meia reação <strong>de</strong> <strong>redução</strong> E o , Volts<br />

Na + + e - --> Na(s) -2,710<br />

Zn 2+ + e - --> Zn(s) -0,760<br />

Fe 2+ + 2 e - --> Fe(s) -0,440<br />

Cd 2+ + 2 e - --> Cd(s) -0,400<br />

Pb 2+ + 2 e - --> Pb(s) -0,126<br />

2 H + + 2 e - --> H 2(g) 0,000<br />

AgCl (s) + e - --> Ag(s) + Cl - (g) 0,222<br />

Hg 2Cl 2(s) + 2 e - --> 2 Hg(l) + 2 Cl - (g) 0,268<br />

Cu 2+ + 2 e - --> Cu(s) 0,337<br />

I 2(s) + 2 e - --> 2 I - (s) 0,535<br />

Fe 3+ + e - --> Fe 2+ (aq) 0,771<br />

Ag + + e - --> Ag(s) 0,779<br />

O 2(g) + 4 H + + 4 e - --> 2 H 2O(l) 1,230<br />

Cl 2(g) + 2 e - --> 2 Cl - (g) 1,360<br />

Assim, um constituinte com um elevado (+) E o será um forte oxi<strong>da</strong>nte (exemplo: O2,<br />

E o = 1,230 V) enquanto que um constituinte com um baixo (–) E o será um forte redutor<br />

(exemplo: Fe 2+ , E o = -0,440 V). Combinando as meias reações, um oxi<strong>da</strong>nte reagirá com um<br />

redutor cujo E o é menor. Isto significa que a meia reação com o E o maior é escrita como uma<br />

<strong>redução</strong>, e a outra meia reação é inversa e escrita como uma oxi<strong>da</strong>ção (para a qual os potenciais<br />

6


<strong>de</strong> eletrodo medidos em volts também <strong>de</strong>vem ser inversos). Então o potencial do eletrodo padrão<br />

para uma oxi-<strong>redução</strong> po<strong>de</strong> ser calculado.<br />

Isto po<strong>de</strong> ser exemplificado abaixo usando o sistema O2/Fe 2+ . As meias reações são:<br />

O2 + 4 H + + 4 e - 2 H2O E o = 1,230 V<br />

Fe 2+ + 2 e - Fe o E o = - 0,440 V<br />

Oxigênio será reduzido e ferro elementar será oxi<strong>da</strong>do. Portanto, esta meia reação do<br />

ferro é escrita na forma <strong>de</strong> oxi<strong>da</strong>ção e multiplica<strong>da</strong> por um fator <strong>de</strong> 2 a fim <strong>de</strong> balancear os<br />

elétrons para o processo duplo, verificando que o E o é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> estequiometria <strong>da</strong> reação.<br />

Portanto nós temos:<br />

O2 + 4 H + + 4 e - 2 H2O E o = 1,230 V<br />

2 Fe o 2 Fe 2+ + 4 e - E o = 0,440 V<br />

O2 + 4 H + + 2 Fe o 2 H2O + 2 Fe 2+ E o = 1,670 V<br />

O potencial final <strong>da</strong> reação <strong>de</strong> oxi-<strong>redução</strong> do exemplo acima será <strong>de</strong> 1,670 volts.<br />

Este potencial tem sido <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> potencial <strong>da</strong> célula, porque duas meias células ou meias<br />

reações ou eletrodos formam uma célula ou reação <strong>de</strong> oxi-<strong>redução</strong>, e normalmente tem sido<br />

medido em volts.<br />

3. Equação <strong>de</strong> Nernst<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre os eletrodos <strong>de</strong> uma célula me<strong>de</strong> a tendência <strong>da</strong> célula<br />

em realizar uma reação química, isto é, quanto mais positivo for o seu valor maior será a<br />

tendência <strong>da</strong> reação a se <strong>de</strong>slocar para a direita, em direção aos produtos.<br />

O potencial padrão <strong>de</strong> um eletrodo (E o ) é o potencial que é estabelecido quando todos<br />

os constituintes existem em seus estados padrões (isto é, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> unitária para to<strong>da</strong>s as espécies<br />

dissolvi<strong>da</strong>s). O potencial do eletrodo será, portanto diferente quando os constituintes <strong>da</strong> oxi-<br />

<strong>redução</strong> (redox) não estão em seus estados padrões.<br />

7


Nernst foi o primeiro pesquisador a estabelecer uma teoria para explicar o<br />

aparecimento <strong>da</strong> diferença <strong>de</strong> potencial nos eletrodos.<br />

Através <strong>de</strong> raciocínios termodinâmicos Nernst <strong>de</strong>duziu uma equação que permite<br />

calcular a diferença <strong>de</strong> potencial existente entre um metal e uma solução aquosa <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus<br />

sais, isto é, o potencial E do eletrodo.<br />

A equação <strong>de</strong> Nernst, <strong>da</strong><strong>da</strong> abaixo, é usa<strong>da</strong> para calcular o potencial <strong>de</strong> eletrodo para<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferentes <strong>da</strong>s condições padrões <strong>da</strong>s espécies redox. Para a meia reação:<br />

Aox + ne - Ared<br />

A equação <strong>de</strong> Nernst é:<br />

RT aAred<br />

E = E o - ------- ln ---------<br />

nF aAox<br />

on<strong>de</strong>: E = potencial (em volts) <strong>de</strong> eletrodo contra SHE;<br />

E o = potencial padrão do eletrodo (obtido em tabelas);<br />

R = constante universal dos gases (8,3145 Joules/(K mol);<br />

T = temperatura absoluta em Kelvin;<br />

n = número <strong>de</strong> elétrons envolvidos na estequiometria <strong>da</strong> reação;<br />

F = constante <strong>de</strong> Fara<strong>da</strong>y (96.485,309 Coulombs);<br />

a = ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s espécies consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s.<br />

A 25 o C, substituindo as várias constantes numéricas e transformando logaritmo<br />

neperiano em <strong>de</strong>cimal resulta na seguinte equação:<br />

0,05915 aAred<br />

E = E o - ----------- log ---------<br />

n aAox<br />

Em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> concentração ela se torna:<br />

8


0,05915 [Ared]<br />

E = E o - ----------- log ---------<br />

n [Aox]<br />

A equação <strong>de</strong> Nernst relaciona o potencial reversível real <strong>de</strong> um eletrodo, E, com o<br />

potencial reversível padrão, E o , do mesmo eletrodo.<br />

A equação <strong>de</strong> Nernst po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong> para calcular tanto o potencial <strong>de</strong> eletrodos<br />

individuais como a diferença <strong>de</strong> potencial em uma célula (ou pilha). Em geral, é mais<br />

conveniente aplicar a equação <strong>de</strong> Nernst para um eletrodo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez.<br />

4. Células galvânica e eletrolítica<br />

Há duas classificações <strong>de</strong> células eletroquímicas: galvânica e eletrolítica.<br />

Células galvânicas (ou voltaicas) são forma<strong>da</strong>s por dois eletrodos imersos em uma<br />

mesma solução eletrolítica ou em soluções eletrolíticas diferentes que, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s reações<br />

químicas que ocorrem em suas interfaces, geram corrente elétrica espontaneamente.<br />

Catodo<br />

Figura 3. Representação esquemática <strong>de</strong> uma célula galvânica.<br />

i<br />

9<br />

e -<br />

(+) (-)<br />

Ponte salina<br />

Anodo


Quando é necessário fornecer corrente elétrica a fim <strong>de</strong> que reações químicas<br />

ocorram ao nível dos eletrodos, o sistema é chamado <strong>de</strong> célula eletrolítica.<br />

Uma célula eletrolítica é uma célula galvânica na qual um potencial <strong>de</strong> uma fonte<br />

externa (bateria) é aplicado através dos eletrodos para opor qualquer corrente que po<strong>de</strong>ria fluir <strong>de</strong><br />

qualquer maneira. Energia elétrica é consumi<strong>da</strong> em vez <strong>de</strong> ser produzi<strong>da</strong>. Os processos nos<br />

eletrodos não são espontâneos e são opostos àqueles observados na célula galvânica.<br />

Catodo<br />

(-)<br />

e -<br />

Bateria<br />

(-) (+)<br />

Figura 4. Representação esquemática <strong>de</strong> uma célula eletrolítica.<br />

Desconsi<strong>de</strong>rando o tipo <strong>de</strong> célula, os eletrodos são <strong>de</strong>signados tanto como catodo ou<br />

anodo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do processo que ocorre no eletrodo e não <strong>da</strong> carga que ele apresenta.<br />

Um catodo é um eletrodo no qual ocorre a <strong>redução</strong>. Em uma célula galvânica o<br />

catodo é positivamente carregado e atrai anions que estão em solução. Em uma célula eletrolítica<br />

o catodo é negativamente carregado e cátions são reduzidos na superfície do eletrodo.<br />

10<br />

(+)<br />

i<br />

Ponte salina<br />

Anodo


Um anodo é um eletrodo no qual ocorre uma oxi<strong>da</strong>ção. Ele é carregado<br />

negativamente nas células galvânicas e cátions em solução são a eles atraídos. Inversamente, nas<br />

células eletrolíticas o anodo é positivamente carregado e anions são oxi<strong>da</strong>dos.<br />

Notação nas células eletroquímicas:<br />

M1/M1 n1+ (a1) // M2 n2+ (a2)/M2<br />

Indica uma célula galvânica forma<strong>da</strong> por 2 eletrodos diferentes imersos em soluções<br />

<strong>de</strong> seus respectivos sais.<br />

Exemplo: Pilha <strong>de</strong> Daniel: Cu/Cu 2+ (aCu 2+ ) // Zn 2+ (aZn 2+ )/Zn<br />

M/M n+ (a1) // M n+ (a2)/M<br />

Indica uma célula eletroquímica <strong>de</strong> concentração, forma<strong>da</strong> por 2 eletrodos iguais<br />

imersos em soluções iguais <strong>de</strong> seus sais porém com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferentes.<br />

Catodo<br />

M n+ = (a1)<br />

i<br />

Ponte salina<br />

Figura 5. Representação esquemática <strong>de</strong> uma célula <strong>de</strong> concentração.<br />

11<br />

e -<br />

(+) (-)<br />

Anodo<br />

M n+ = (a2)


5. Aplicações<br />

5.1. Cálculo do potencial <strong>de</strong> um eletrodo.<br />

0,05915 [Ared]<br />

E = E o - ----------- log ---------<br />

n [Aox]<br />

Exemplo 1: Fe 3+ + e - Fe 2+ E o = + 0,769 V (25 o C)<br />

0,05915 [Fe 2+ ]<br />

E = + 0,769 - ----------- log ---------<br />

1 [Fe 3+ ]<br />

Exemplo 2: Fe 2+ + 2 e - Fe o E o = - 0,440 V (25 o C)<br />

0,05915 [Fe o ]<br />

E = - 0,440 - ----------- log ---------<br />

2 [Fe 2+ ]<br />

0,05915<br />

E = - 0,440 + ----------- log [Fe 2+ ]<br />

2<br />

Conhecendo-se as concentrações <strong>de</strong> Fe 2+ e Fe 3+ (Ex. 1) e concentração <strong>de</strong> Fe 2+ (Ex. 2)<br />

é possível calcular o potencial do eletrodo em volts.<br />

5.2. Cálculo do potencial <strong>de</strong> uma célula galvânica.<br />

Exemplo: Pilha <strong>de</strong> Daniel: Cu/Cu 2+ (aCu 2+ = 0,02) // Zn 2+ (aZn 2+ = 0,1)/Zn (25 o C)<br />

Cu 2+ + 2 e - Cu o E o = + 0,337 V<br />

Zn 2+ + 2 e - Zn o E o = - 0,760 V<br />

0,05915 [Ared]<br />

E = E o - ----------- log ----------<br />

n [Aox]<br />

12


0,05915 aCu o<br />

ECuo = + 0,337 - ----------- log ---------<br />

2 aCu 2+<br />

0,05915 1<br />

ECuo = + 0,337 - ----------- log ---------<br />

2 0,02<br />

0,05915<br />

ECuo = + 0,337 + ----------- log 0,02 = 0,260 V<br />

2<br />

0,05915 aZn o<br />

EZno = Eo - ----------- log ---------<br />

2 aZn 2+<br />

0,05915 1<br />

EZno = - 0,760 - ----------- log ---------<br />

2 0,1<br />

0,05915<br />

EZno = - 0,760 - ----------- log 0,1 = - 0,790 V<br />

2<br />

O potencial <strong>da</strong> célula é igual a diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> eletrodo, ou seja:<br />

ΔE = ECuo – EZno = + 0,260 – ( - 0,790 ) = + 1,050 V<br />

A reação que ocorre na célula (Pilha <strong>de</strong> Daniel) é:<br />

Zn o + Cu o Zn 2+ + Cu o ΔE = + 1,050 V<br />

5.3. Cálculo do potencial <strong>de</strong> uma célula <strong>de</strong> concentração.<br />

Exemplo: Fe 3+ + e - Fe 2+ E o = + 0,769 V<br />

[Fe 3+ ] = 0,1 M; [Fe 2+ ] = 0,01 M eletrodo E1 (lado direito)<br />

13


[Fe 2+ ] = 0,1 M; [Fe 3+ ] = 0,01 M eletrodo E2 (lado esquerdo)<br />

A reação espontânea na célula <strong>de</strong>ve ser aquela em que torna igual as concentrações <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong>s as espécies químicas.<br />

seguinte:<br />

Assim sendo, a reação que ocorre na meia célula do lado direito <strong>da</strong> célula é a<br />

Fe 3+ + e - Fe 2+ E1<br />

enquanto que no lado esquerdo é:<br />

menor), ou seja:<br />

Fe 2+ Fe 3+ + e - E2<br />

Aplicando a equação <strong>de</strong> Nernst em ambas as semi-células:<br />

0,05915 [Fe 2+ ]<br />

E1 = E o - ----------- log -----------<br />

1 [Fe 3+ ]<br />

0,05915 0,01<br />

E1 = + 0,769 - ----------- log -------- = + 0,769 + 0,05915 = + 0,8282 V<br />

1 0,1<br />

0,05915 [Fe 2+ ]<br />

E2 = E o - ----------- log -----------<br />

1 [Fe 3+ ]<br />

0,05915 0,1<br />

E1 = + 0,769 - ----------- log -------- = + 0,769 - 0,05915 = + 0,7098 V<br />

1 0,01<br />

O potencial <strong>da</strong> célula é a diferença entre os dois eletrodos (a voltagem maior menos a<br />

ΔE = E1 - E2 = 0,8282 – 0,7098 = + 0,1186 V<br />

14


5.4. Cálculo <strong>da</strong> constante <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> uma reação <strong>de</strong> oxi-<strong>redução</strong>.<br />

através <strong>de</strong> Sn (II):<br />

Um procedimento utilizado em análise quantitativa é a <strong>redução</strong> <strong>de</strong> Fe (III) para Fe (II)<br />

A reação: Sn 2+ + 2 Fe 3+ 2 Fe 2+ + Sn 4+<br />

ocorre quantitativamente para a direita.<br />

A constante <strong>de</strong> equilíbrio, K, para a reação é por <strong>de</strong>finição (lei <strong>da</strong> ação <strong>da</strong>s massas):<br />

[Fe 2+ ] 2 [Sn 4+ ]<br />

K = --------------------<br />

[Fe 3+ ] 2 [Sn 2 +]<br />

As semi-reações são:<br />

Sn 2+ Sn 4+ + 2 e - E o = + 0,1539 V<br />

2 Fe 3+ + 2 e - 2 Fe 2+ E o = + 0,769 V<br />

Aplicando a equação <strong>de</strong> Nernst na forma <strong>de</strong> concentração em ambos os eletrodos:<br />

0,05915 [Sn 2+ ]<br />

ESn o = + 0,1539 - ----------- log -----------<br />

2 [Sn 4+ ]<br />

0,05915 [Fe 2+ ] 2<br />

EFe o = + 0,769 - ----------- log -----------<br />

2 [Fe 3+ ] 2<br />

Uma vez que a reação atingiu o equilíbrio, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

E (célula) = 0 = ESn o - EFe o ; então ESn o = EFe o<br />

Igualando as expressões acima teremos:<br />

0,05915 [Sn 2+ ] 0,05915 [Fe 2+ ] 2<br />

+ 0,1539 - ----------- log ----------- = + 0,769 - ----------- log ----------<br />

2 [Sn 4+ ] 2 [Fe 3+ ] 2<br />

15


Rearranjando:<br />

0,05915 [Sn 2+ ] [Fe 2+ ] 2<br />

+ 0,1539 – 0,769 = ------------ ( log ---------- - log ---------- )<br />

2 [Sn 4+ ] [Fe 3+ ] 2<br />

0,05915 [Sn 2+ ] [Fe 3+ ] 2<br />

- 0,6151 = ------------ ( log ----------------- )<br />

2 [Sn 4+ ] [Fe 2+ ] 2<br />

0,05915 [Sn 4+ ] [Fe 2+ ] 2<br />

0,6151 = ------------ ( log ----------------- )<br />

2 [Sn 2+ ] [Fe 3+ ] 2<br />

0,05915<br />

0,6151 = ------------ log K<br />

2<br />

1,2302 = 0,05915 log K<br />

20,80 = log K<br />

K = 6,31 x 10 20<br />

O valor extremamente elevado <strong>de</strong>sta constante <strong>de</strong> equilíbrio indica que a reação<br />

ocorre quantitativamente como <strong>de</strong>scrita, isto é, o Sn 2+ reduz o Fe 2+ para Fe 3+ .<br />

5.5. Efeito <strong>da</strong> solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> no potencial do eletrodo.<br />

O equilíbrio que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma meia célula não necessita ser eletroquímico.<br />

Todos os tipos <strong>de</strong> equilíbrio afetarão o potencial do eletrodo. O valor do potencial estável o qual<br />

prevalece no equilíbrio po<strong>de</strong> ser obtido por cálculo usando a equação <strong>de</strong> Nernst para qualquer par<br />

ou dupla presente na solução em certo momento. Se as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s usa<strong>da</strong>s na equação <strong>de</strong> Nernst<br />

são as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que existem atualmente em solução, então todos os pares irão fornecer<br />

exatamente o mesmo valor do potencial <strong>da</strong> meia célula.<br />

16


meio?<br />

Consi<strong>de</strong>re o par cuja meia reação é:<br />

Ag + + e - Ag o<br />

0,05915 ared<br />

E = E o - ----------- log ------<br />

n aox<br />

1<br />

E = + 0,7991 - 0,05915 log -------<br />

aox<br />

E = + 0,7991 + 0,05915 log [Ag + ]<br />

[Ag + ] = 1,0 M E = E o = 0,7991 V<br />

[Ag + ] = 0,001 M E = + 0,7991 - 0,05915 (3) = + 0,6218 V<br />

[Ag + ] = 1 x 10-6 M E = 0,7991 - 0,05915 (6) = + 0,4445 V<br />

O que acontece se influenciarmos a concentração do íon prata, Ag+, por algum outro<br />

Suponha, por exemplo, se nós adicionamos AgCl(s) em um bequer que já contém<br />

uma solução <strong>de</strong> NaCl 0,01 M. A concentração do íon prata em solução é calcula<strong>da</strong> então por<br />

meio do equilíbrio <strong>de</strong> solubili<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

AgCl(s) Ag + + Cl -<br />

Para o qual nós temos a constante <strong>de</strong> equilíbrio:<br />

Ksp = 1,76 x 10 -10 = [Ag + ] [Cl - ]<br />

Portanto:<br />

1,76 x 10 -10 1,76 x 10 -10<br />

[Ag + ] = ---------------- = ------------------ = 1,76 x 10 -8 M<br />

[Cl - ] 10 -2<br />

E = + 0,7991 + 0,05915 log [Ag + ]<br />

17


E = + 0,7991 + 0,05915 log 1,76 x 10 -8<br />

E = + 0,7991 - 0,4582 = + 0,3408 V<br />

Se a concentração <strong>de</strong> íons Cl - é <strong>de</strong> 1,0 molar, então:<br />

[Ag + ] = 1,76 x 10 -10 M<br />

E = 0,7991 + 0,05915 log 1,76 x 10 -10 = + 0,2226 V<br />

Os exemplos acima indicam que as constantes <strong>de</strong> equilíbrio para o equilíbrio <strong>de</strong><br />

solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser usa<strong>da</strong>s para calcular o potencial <strong>de</strong> um eletrodo, ou mesmo um potencial<br />

<strong>de</strong> eletrodo padrão.<br />

Exemplo: O produto <strong>de</strong> solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> do Cu(OH)2 é 2,0 x 10 -20 . Vamos verificar o que<br />

acontece com o potencial do eletrodo Cu 2+ /Cu, à medi<strong>da</strong> que aumenta o pH <strong>da</strong> solução, na qual a<br />

concentração molar inicial <strong>de</strong> Cu 2+ é <strong>de</strong> 1,0 molar.<br />

A equação <strong>de</strong> Nernst para este par é:<br />

E = + 0,3994 + (0,05915/2) log [Cu 2+ ]<br />

Em solução suficientemente áci<strong>da</strong>, não haverá efeito do Cu(OH)2 uma vez que na<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>le é formado em pH baixo.<br />

[Cu 2+ ] [OH - ] 2<br />

Calculemos primeiro o pH mínimo no qual Cu(OH)2 será formado, usando Ksp =<br />

2,0 x 10 -20 = [1,0] [OH - ] 2<br />

[OH - ] = 1,414 x 10 -10 M<br />

pH = 4,15<br />

Em qualquer pH abaixo <strong>de</strong> 4,15, então, não vai haver efeito do pH neste par Cu 2+ /Cu<br />

uma vez que íons hidrogênio não estão explicitamente envolvidos na reação e nenhum Cu(OH)2 é<br />

formado.<br />

18


Em pH mais elevado, acima <strong>de</strong> 4,15 em diante, on<strong>de</strong> a solução é satura<strong>da</strong> com<br />

Cu(OH)2, e o equilíbrio <strong>de</strong> solubili<strong>da</strong><strong>de</strong> está presente nós temos:<br />

E = + 0,3394 + (0,05915/2) log (2,0 x 10 -20 /[OH - ] 2 )<br />

E = + 0,3394 – 0,5826 – (0,05915/2) log [OH - ] 2<br />

E = - 0,2432 – 0,05915 log [OH - ]<br />

Para a reação: Cu(OH)2(s) + 2 e - Cu(s) + 2 OH - , o valor do potencial padrão,<br />

E o é - 0,2432 V em solução básica on<strong>de</strong> a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do íon hidróxido é tomado como 1,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo a uma concentração 1 molar <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> sódio.<br />

Acima do pH 4,15, o potencial do par em questão vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do valor do pH.<br />

5.6. Efeito do equilíbrio ácido-base no potencial do eletrodo.<br />

On<strong>de</strong> quer que o íon hidrogênio, ou qualquer íon que esteja conectado ao íon<br />

hidrogênio através <strong>de</strong> um equilíbrio <strong>de</strong> ionização ácido-base apareça em uma reação<br />

eletroquímica, esta reação será afeta<strong>da</strong> pelo pH <strong>da</strong> solução na qual ele ocorre.<br />

Qualquer variação no pH será controla<strong>da</strong> através <strong>da</strong> equação <strong>de</strong> Nernst <strong>da</strong> reação para<br />

variar o potencial do eletrodo.<br />

aquosos mais fortes.<br />

Os químicos têm utilizado isto para ajustar a força <strong>de</strong> alguns dos reagentes oxi<strong>da</strong>ntes<br />

Exemplo: Vamos calcular o potencial <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> platina mergulhado em uma<br />

solução 0,1 molar em Cr2O7 2- (íon dicromato), 0,1 molar em Cr 3+ , e pH 2,0. Calcular também o<br />

mesmo fio <strong>de</strong> platina mergulhado nesta solução, porém em pH 7,0, com referência ao eletrodo<br />

padrão <strong>de</strong> hidrogênio.<br />

Primeiro obtém a equação <strong>da</strong> reação <strong>da</strong> meia célula balancea<strong>da</strong>:<br />

Cr2O7 2- + 14 H + + 6 e - 2 Cr 3+ + 7 H2O<br />

Nós escrevemos a equação <strong>de</strong> Nernst:<br />

19


0,05915 ared<br />

E = E o - -------------- log (-------)<br />

n aox<br />

0,05915 a 2 Cr 3+ a 7 H2O<br />

E = E o - -------------- log (---------------------)<br />

6 aCr2O7 2- a 14 H +<br />

0,05915 aCr2O7 2- a 14 H +<br />

E = E o + -------------- log (---------------------)<br />

6 a 2 Cr 3+ a 7 H2O<br />

[Cr2O7 2- ] [H + ] 14<br />

E = + 1,36 + 0,01 log (---------------------)<br />

[Cr 3+ ] 2<br />

[Cr2O7 2- ]<br />

E = + 1,36 + 0,01 log (-------------) + 0,01 log [H + ] 14<br />

[Cr 3+ ] 2<br />

[Cr2O7 2- ]<br />

E = + 1,36 + 0,01 log (-------------) - 0,14 pH<br />

[Cr 3+ ] 2<br />

[Cr2O7 2- ] = 0,1 M ; [Cr 3+ ] = 0,1 M ; pH = 2,0 E = + 1,09 V<br />

[Cr2O7 2- ] = 0,1 M ; [Cr 3+ ] = 0,1 M ; pH = 7,0 E = + 0,39 V<br />

5.7. Efeito do equilíbrio <strong>de</strong> complexação no potencial <strong>de</strong> eletrodo.<br />

Algumas <strong>da</strong>s mais exatas <strong>de</strong>terminações <strong>da</strong>s constantes <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> complexos tem sido feitas usando eletrodos iônico seletivos na presença <strong>da</strong>s<br />

espécies complexantes.<br />

Exemplo: Nós po<strong>de</strong>mos calcular o potencial <strong>de</strong> um eletrodo <strong>de</strong> prata em uma solução<br />

originalmente feita com [Ag + ] = 0,01 M e [NH3] = 0,1 M. Nesta solução nós temos o seguinte<br />

equilíbrio:<br />

Ag + + 2 NH3 [Ag(NH3)2] +<br />

20


o qual é controlado pela constante <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

[Ag(NH3)2] +<br />

Kest = ------------------- = 1,67 x 10 7<br />

[Ag + ] [NH3]<br />

O valor elevado <strong>de</strong>sta constante <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> significa que [Ag(NH3)2] + é muito<br />

maior que a <strong>de</strong> [Ag + ], <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que amônia esteja em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente para formar o complexo.<br />

aproxima<strong>da</strong>s serão:<br />

No início, nenhum íon complexo está presente, porém no equilíbrio as concentrações<br />

[Ag + ] = 0<br />

[NH3] = 0,10 – 2 (0,01) = 0,08 M<br />

[Ag(NH3)2] + = 0,01 M<br />

E = + 0,7991 - 0,05915/1 log 1/[Ag + ]<br />

E = + 0,7991 + 0,05915 log [Ag + ]<br />

Rearranjando a expressão para a constante <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

[Ag(NH3)2] +<br />

[Ag + ] = --------------------------<br />

(1,67 x 107) [NH3] 2<br />

0,01<br />

[Ag + ] = -------------------------- = 9,36 x 10 -8 M<br />

(1,67 x 107) (0,08) 2<br />

E = + 0,7991 + 0,05915 log 9,36 x 10 -8 = + 0,3833 V<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!