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Porque é que se verificou uma discrepância tão grande entre os resultados deste<br />

estudo – não particularmente alarmantes – e a perceção pública de que as drogas constituíam<br />

um dos maiores problemas sociais? Apesar de Portugal ser um dos países da Europa<br />

com um dos níveis mais baixos de consumo de drogas ilícitas entre a sua população, os<br />

especialistas acreditam que durante as décadas de 1980 e 1990 era um dos países que t<strong>in</strong>ha<br />

uma maior prevalência de consumos problemáticos 6 , particularmente de heroína. 7 O estudo<br />

de 2001 mostrou que cerca de 0,7% da população havia consumido pelo menos uma vez<br />

heroína durante a sua vida, a segunda maior taxa da Europa, atrás da Inglaterra e País de<br />

Gales (1%). 8 Um documento recente do EMCDDA mostra que o consumo da população em<br />

geral mantém-se abaixo da média europeia, no entanto “os consumos problemáticos e os<br />

danos relacionados com o consumo de drogas estão perto, e algumas vezes acima, da média<br />

europeia”. 9 Simultaneamente devemos salientar que o número de consumos problemáticos<br />

aparenta uma dim<strong>in</strong>uição em anos recentes. 10 Por exemplo, a prevalência de consumos de<br />

heroína na faixa etária dos 16–18 anos caiu de 2.5% em 1999 para 1.8% em 2005.<br />

O Professor Casimiro Balsa 11 acredita que a causa da preocupação social estava relacionada<br />

com a visibilidade do consumo de drogas em locais públicos (na rua, jard<strong>in</strong>s ou bares).<br />

Num país em que a moral tradicional dom<strong>in</strong>ou durante tanto tempo, tais comportamentos<br />

atípicos eram considerados como <strong>in</strong>compatíveis com a moral pública. Esta preocupação<br />

serviu de base à perceção acerca da seriedade da problemática do consumo de drogas em<br />

Portugal. A preocupação parece ter surgido de uma forma natural e generalizada entre as<br />

pessoas e não promovida por algumas correntes de op<strong>in</strong>ião. Na verdade, a própria Igreja<br />

não se pronunciou abertamente acerca da política da droga, nem, de facto, se pronunciou<br />

6. Por consumos problemáticos entenda-se o consumo <strong>in</strong>travenoso ou de longa duração /<br />

regular de opiáceos, cocaína e / ou anfetam<strong>in</strong>as. Ecstasy e cannabis não estão <strong>in</strong>cluídos nesta<br />

categoria (Def<strong>in</strong>ição do EMCDDA).<br />

7. João Goulão, citado em: Beyrer, C. et al., “Time to act: a call for comprehensive responses<br />

to HIV <strong>in</strong> people who use <strong>drug</strong>s” The Lancet: HIV <strong>in</strong> People Who Use Drugs, Special Issue, Julho<br />

de 2010. Ver também Hughes, C., Stevens, A. The effects of Decrim<strong>in</strong>alization of Drug Use <strong>in</strong><br />

Portugal, The Beckley Foundation, Dezembro de 2007.<br />

8. Balsa et al.<br />

9. Moreira, M., Hughes B., Costa, Sorti C., Zobel F. (2011), Drug Policy Profiles: Portugal,<br />

EMCDDA, p.17.<br />

10. Por exmplo, a prevalência de consumos de heroína etre os 16/18 anos caiu de 2.5% em<br />

1999 para 1.8% em 2005. Para mais, vide Greenwald, G. (2009), Drug Decrim<strong>in</strong>alization <strong>in</strong><br />

Portugal; Lessons for Creat<strong>in</strong>g Fair and Successful Drug Policies, The Cato Institute, p.14.<br />

11. Sociólogo envolvido no estudo de 2001.<br />

POLÍTICA DA DROGA EM PORTUGAL 21

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