drug-policy-in-portugal-portuguese-20111206_0
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VI. A atitude da Polícia<br />
Inicialmente, as forças de segurança adotaram uma atitude negativa em relação à nova<br />
política e à descrim<strong>in</strong>alização da posse para consumo. Para tal existiram várias razões. Em<br />
primeiro lugar, muitos polícias, especialmente os de gerações mais antigas, que sempre<br />
trabalharam na “l<strong>in</strong>ha da frente” consideravam a droga como um mal; estavam menos disponíveis<br />
para aceitar a alteração de paradigma que a nova política requeria do que aqueles<br />
que estavam menos “endurecidos” pelo confronto diário com consumidores problemáticos.<br />
Em segundo lugar, muitos polícias previram a perda de potenciais <strong>in</strong>formadores.<br />
Antes de 2001, as pessoas detidas por posse de drogas eram muitas vezes <strong>in</strong>terrogadas e<br />
questionadas acerca dos seus fornecedores. Com a descrim<strong>in</strong>alização, e sem a sanção penal<br />
com que ameaçar os consumidores, a polícia estava preocupada com uma potencial perda<br />
do poder que poderia usar para levar os consumidores a fornecerem <strong>in</strong>formações relativas<br />
aos traficantes. De acordo com um polícia graduado, este argumento é enganador, uma vez<br />
que os consumidores detidos nunca foram, na prática, uma fonte importante de <strong>in</strong>formação<br />
acerca dos traficantes. Ocasionalmente, graças às <strong>in</strong>formações dos consumidores, terá sido<br />
possível descobrir o local onde drogas estavam armazenadas ou apanhar o rasto de uma<br />
rede de tráfico mas esta situação não era nem comum nem relativamente importante em<br />
termos de tráfico de larga escala. De facto, em retrospetiva, esta preocupação já não é sentida<br />
pelos polícias.<br />
Em terceiro lugar, muitos polícias estavam preocupados com o impacto que a nova<br />
política teria nos seus recursos f<strong>in</strong>anceiros e humanos. Como já discutimos, antes de 2001,<br />
existia uma espécie de descrim<strong>in</strong>alização de facto, com a polícia a deter os consumidores de<br />
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