24.04.2013 Views

fortuna crítica sobre a análise intertextual do conto - Unesp

fortuna crítica sobre a análise intertextual do conto - Unesp

fortuna crítica sobre a análise intertextual do conto - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />

Como o próprio título <strong>do</strong> <strong>conto</strong> agora estuda<strong>do</strong>- “A volta <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> pródigo”- evidencia,<br />

esse se relaciona, de alguma forma, com a conhecida “parábola <strong>do</strong> filho pródigo”. No<br />

presente caso, a identificação imediata estabelecida pelo título convida o leitor a voltar ao<br />

texto de origem: o título prenuncia <strong>do</strong> que vai tratar a narrativa, não poden<strong>do</strong>, portanto,<br />

essa relação <strong>intertextual</strong> ser encarada como um fragmento qualquer. Muito pelo contrário,<br />

ela praticamente obriga a se pensar no texto bíblico (FERRI, 2002, p. 131).<br />

A autora ainda revela que o protagonista, Lalino Salãthiel, é uma personagem cheia de<br />

cor, vivacidade e alegria, constituin<strong>do</strong> praticamente, toda a razão de ser da narrativa. Sua<br />

trajetória é semelhante à <strong>do</strong> filho pródigo, que aban<strong>do</strong>na a família, levan<strong>do</strong> consigo os seus<br />

bens, com o intuito de viver aventuras em lugares distantes e o regresso após a decepção que<br />

sofre com seus sonhos. Isso é apenas o motivo inicial, a partir <strong>do</strong> qual o narra<strong>do</strong>r delineia a<br />

personalidade <strong>do</strong> “mulatinho” malandro e, pode-se dizer que, até mesmo, louva-a. Portanto, o<br />

texto é visto pela autora como uma homenagem a um tipo de indivíduo considera<strong>do</strong> a<br />

encarnação das características inerentes ao brasileiro, ainda mais pelo fato de Lalino ser, <strong>do</strong><br />

princípio ao fim <strong>do</strong> <strong>conto</strong>, sempre o mesmo.<br />

Com relação à parábola, a autora a caracteriza como sen<strong>do</strong> um texto de forma<br />

simples, básica, sem apresentar profundas estruturas estéticas literárias, a qual o <strong>conto</strong> faz<br />

relação, pois também apresenta o seu texto de forma simples, em que há um narra<strong>do</strong>r<br />

heterodiegético com focalização onisciente, cuja representação temporal é essencialmente<br />

linear.<br />

Além disso, para ela, fica claro que a principal função da parábola é de teor<br />

moralizante, o que não ocorre no <strong>conto</strong> que, por sua vez, não faz apologia a um mo<strong>do</strong> de<br />

conduta. Apesar de estar em relação com esse tipo de texto, a narrativa de Guimarães Rosa<br />

ultrapassa esses limites, pois é uma paródia. Assim, não se deve sair dessa leitura com um<br />

modelo de como se deve ser, mas com a noção de que cada um tem um mo<strong>do</strong> particular de ser<br />

e que cada um deve encontrar o seu.<br />

Ao concluir, Ferri declara em sua dissertação que há uma mensagem no <strong>conto</strong><br />

referente ao tema da conversão, em todas as suas particularidades, que é mais digna de mérito<br />

<strong>do</strong> que se revela na “parábola <strong>do</strong> filho pródigo”, principalmente pelo fato de Lalino não ter volta<strong>do</strong><br />

a uma situação confortável sem ter luta<strong>do</strong> para conquistá-la. Ela interpreta que o que faltava<br />

para a parábola seria a indicação de que o filho pródigo realmente trabalhou duro para conseguir<br />

o que almejava como fez Eulálio Salãthiel. Por fim, ela resume toda essa situação a uma lição,<br />

um julgamento final, uma mensagem, fator que revela um preconceito com relação aos textos<br />

em questão.<br />

10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!