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fortuna crítica sobre a análise intertextual do conto - Unesp

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ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />

A respeito disso, o autor cita Plotino (204-70 d.C), filósofo nasci<strong>do</strong> provavelmente no<br />

Egito, pois teria si<strong>do</strong> o funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Plotinismo ou neoplatonismo. Em certa medida, segun<strong>do</strong><br />

Meller, o Cristianismo retomou muito <strong>do</strong>s conceitos desta filosofia, em que, por exemplo, o Uno<br />

equivale no sistema teológico cristão à noção de Deus. A essência <strong>do</strong> Uno faz com que todas as<br />

coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> tenham em si algo de bom, de positivo. Esse fato gera no homem o desejo de<br />

tornar a ser o que era, de voltar a ser Uno. A esse processo Plotino denomina conversão, no<br />

qual o ponto de partida é o próprio homem, que é limita<strong>do</strong> e fraco, como é o caso <strong>do</strong><br />

personagem Lalino <strong>do</strong> <strong>conto</strong> “A volta <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> pródigo”, de Guimarães Rosa.<br />

Assim, observa-se a convergência <strong>do</strong> Plotinismo com o pensamento cristão, pois a<br />

<strong>análise</strong> de Meller, <strong>sobre</strong> o <strong>conto</strong> em estu<strong>do</strong>, apresenta copiosas referências bíblicas, em que<br />

nesse caso, o "valor de parábola" e a "transcendência" já são indica<strong>do</strong>s no título. Assim, o autor<br />

declara que as referências bíblicas são recorrentes nos escritos de Guimarães Rosa, que<br />

sempre procurou enxertar, em suas narrativas, uma “moral da história”.<br />

A fim de negar este caráter moralizante da arte, tem-se como argumentação teórica<br />

desta pesquisa, o artigo “A literatura e a formação <strong>do</strong> homem” (1972), no qual, Antonio Candi<strong>do</strong><br />

apresenta, primeiramente, uma visão íntegra da literatura, que conciliaria num to<strong>do</strong> explicativo<br />

coerente a noção de estrutura e de função, a fim de delimitar as três funções da literatura: a<br />

psicológica, a educativa e a cognitiva, que se relacionam como força humaniza<strong>do</strong>ra, para<br />

representarem o homem e, depois, atuarem na sua formação da personalidade, porém, não de<br />

acor<strong>do</strong> com os padrões oficiais de uma determinada realidade.<br />

O primeiro tipo de função, apresentada por Candi<strong>do</strong>, é a psicológica, que diz respeito à<br />

produção e fruição da literatura, baseadas em uma espécie de necessidade universal de ficção e<br />

fantasia que se manifesta a cada instante no homem.<br />

Em seguida, o autor expressa a existência de uma função formativa <strong>do</strong> tipo<br />

educacional para a literatura, só que não de uma maneira pedagogizante. Com relação a isso,<br />

demonstra que há uma idéia convencional de uma literatura que exerce uma função moralizante,<br />

na medida em que eleva e modifica o homem conforme os padrões ideologicamente<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pelos interesses <strong>do</strong>s grupos <strong>do</strong>minantes, em contraposição à variada<br />

complexidade linguístico-literária que não corrompe, nem edifica o ser, apenas, traz em si, o<br />

homem como ele é, com seus altos e baixos, erros e acertos, isso é o que se pode chamar de<br />

Bem e de Mal Universais, humanizan<strong>do</strong> em senti<strong>do</strong> profun<strong>do</strong>, porque faz viver.<br />

A respeito disso, Antonio Candi<strong>do</strong> declara que<br />

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