Sagrados Mistérios: vozes do Brasil - Sesc
Sagrados Mistérios: vozes do Brasil - Sesc
Sagrados Mistérios: vozes do Brasil - Sesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
egistros, já que o canto feminino só pôde se mostrar em mea<strong>do</strong>s daquele século,<br />
interferin<strong>do</strong> a partir daí a escrita para <strong>vozes</strong> agudas.<br />
Ainda na Idade Média e por toda a Renascença, o canto adquire suas variações<br />
mais significativas e suas formas polifônicas e corais mais expressivas, graças<br />
aos grandes compositores ainda liga<strong>do</strong>s ao serviço religioso, ora clérigos, ora<br />
exercen<strong>do</strong> função eminentemente musical como os mestres de capela, ou exercen<strong>do</strong><br />
as duas funções ao mesmo tempo.<br />
Uma lista imensa seria necessária para registrar a valiosa contribuição de to<strong>do</strong>s<br />
os compositores que referenciaram a religiosidade cristã e a estrutura da missa<br />
em suas composições: de Alfonso, o Sábio, passan<strong>do</strong> por Lassus e Palestrina,<br />
até o barroco J.S. Bach, cuja Missa em Si menor é, segun<strong>do</strong> os estudiosos, a<br />
mais perfeita obra no gênero. No <strong>Brasil</strong>, podemos citar desde José de Anchieta,<br />
passan<strong>do</strong> por José Maurício Nunes Garcia e Lobo de Mesquita, até Heitor Villa-<br />
Lobos, que escreveu missas, ave-marias, a Bendita Sabe<strong>do</strong>ria para coro à capela,<br />
entre outros.<br />
A estrutura da missa, 13 assim como as formas de canto medieval são até hoje fonte<br />
de inspiração para composições litúrgicas, sacras e profanas.<br />
Catequese e música<br />
“Ó Virgem Maria<br />
Tupã ci etê<br />
A ba pe para póra<br />
Oicó endê iabê [...]”<br />
D. João III se preocupa com a catequese <strong>do</strong>s nativos e Inácio de Loyola funda a<br />
Companhia de Jesus em 1534, com o propósito de evangelizar os povos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Os primeiros jesuítas aqui chega<strong>do</strong>s foram chefia<strong>do</strong>s por Manoel da Nobrega e<br />
envia<strong>do</strong>s pelo rei com Tomé de Souza. Entre eles, estava João Azpilcueta Navarro,<br />
músico que utilizava o organeto para acompanhar cantos religiosos e primeiro a<br />
substituir o texto em latim <strong>do</strong>s cantos pela língua tupi. Estavam também Leonar<strong>do</strong>,<br />
regente de coro, Salva<strong>do</strong>r e Antonio Rodrigues, este último conheci<strong>do</strong> como o<br />
Orfeu brasileiro.<br />
Se a Igreja que no <strong>Brasil</strong> se instalou durante a colonização confundiu-se com<br />
o Esta<strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r, por outro la<strong>do</strong>, em sua ação humanista, confundiu-se<br />
13. A estrutura da missa divide-se em “próprio” e “ordinário”. O “próprio”, com textos variáveis e repertório <strong>do</strong> cantochão, cujo material melódico<br />
serviu aos organuns, tem as seguintes terminologias: introito, gradual, sequência <strong>do</strong> aleluia (ou trato), ofertório e comunhão. O “ordinário”, onde os<br />
textos são fixos, imutáveis e se apresentam na seguinte ordem: kyrie eleisson, glória in excelsis Deo, cre<strong>do</strong>, sanctus benedictus, agnus Dei, ite missa est<br />
(ou benedicamus <strong>do</strong>mino).<br />
23